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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CRIMINAL DA LINHARES-ES.

Proc. nº.  0004909-98.2020.8.08.0030

[ PEDIDO DE APRECIAÇÃO URGENTE

Intermediado por seu mandatário ao final firmado, causídicos inscritos OAB/ES


n 19360 e OAB/ES 25021, comparecem, com todo respeito a Vossa
Excelência, na forma do que dispõe o art. 5º, inc. LXV da Constituição
Federal, oferecer pedido de 

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA

em razão da Ação Penal agitada em desfavor de BRUNO DOS SANTOS


COUTINHO, já qualificado na exordial da peça acusatória, consoante abaixo
delineado. 

 1 - Síntese dos fatos  

Colhe-se dos autos que o Réu (MANDADO DE PRISÃO PREVENTIVA EM


ABERTO) fora denunciado pela suposta prática de crime de tráfico de
entorpecentes (Lei de Drogas, art. 33 E 35). Referida denúncia fora recebida
por Vossa Excelência e no mesmo ato decretou a preventiva do BRUNO.    

Ocorre que, foi decretado a prisão do mesmo oriunda de uma investigação da


Polícia Civil , iniciada em 17 de maio de 2020, com a informação que o
denunciado DANIEL MENEZES, iria entregar uma carga de entorpecentes para
outro indivíduo , que ambos seriam integrantes do grupo criminoso voltado para
o tráfico de drogas na região conhecida como “Invasão do Araçá”. Ao
realizarem a abordagem dos dois mencionados na informação que chegara a
polícia civil, identificaram ambos como GABRIEL e DANIEL MENEZES
(DANIEL LÁGRIMA), sendo os mesmos encaminhados ao DPJ de Linhares-
ES.

Nas proximidades do local que os dois foram abordados, GABRIEL E DANIEL,


foi possível encontrar no primeiro ponto 05 buchas de maconha, no segundo
ponto 120 pedras de crack e 15 buchas de maconha, por fim, no terceiro ponto
17 pedras de crack e 03 buchas de maconha, fato este que foram conduzidos a
delegacia.

A denúncia vem bem clara quanto as funções dos envolvidos nesta


investigação a constar fls 05 dos autos, descreve o DANIEL MENEZES
PIMENTA DOS SANTOS (DANIEL LÁGRIMA) este seria envolvido com o
tráfico devido os prints, diálogos, vídeos e fotos extraídos do seu aparelho
celular , cópia dos dados extraídos mencionados junto a denúncia fls 05 as 13.

O importante aqui mencionar, as fls 08, onde consta um print de conversa de


watsapp entre DANIEL LÁGRIMA E UM “LASCAR”, este apontado pela polícia
sendo o BRUNO DOS SANTOS COUTINHO, ocorre que, não tem nos autos
menção, provas e materialidade nenhuma que o aparelho que está sendo
usado pelo tal” LASCAR” é do BRUNO E TÃO POUCO ESSE LASCAR É O
BRUNO DOS SANTOS COUTINHO. A INVESTIGAÇÃO FOI VAGA E AINDA
INJUSTA, pois, o único que a polícia não apontou detalhes e não expos junto a
investigação como chegou a conclusão que BRUNO SANTOS COUTINHO é o
referido LASCAR.

As fls 106, consta a linha utilizada pelo contato salvo “LASCAR”, 27


998600931, NÚMERO ESTE NÃO SENDO IDENTIFICADO AOS AUTOS E
NEM DURANTE A INVESTIGAÇÃO DE QUEM PERTENCIA, pois, o acusado
DANIEL LÁGRIMA pode salvar seus contatos com nomes que bem entender.

A investigação MM Juíz, em face do REQUERENTE não teve fundamento e


nem lógica, provas então inexistentes até presente data e ainda a linha que
supostamente direcionada de propriedade do LASCAR se quer foi identificada
nos autos e pior, nem menciona data e hora da conversa, muito menos de
quem pertence a linha.

Não tem fundamentos para permanecer com a preventiva do BRUNO SANTOS


COUTINHO, MM Juiz.

A polícia em sua investigação (fls 107) menciona que VERIFICADO O


CADASTRO DO NÚMERO 27 998600931 PERTENCE AO BRUNO SANTOS
COUTINHO, porém, esta informação não foi acostada nos autos e tão pouco
comprovada aos autos da investigação e nem comprovação do registro do
número deste celular em CPF DO BRUNO DOS SANTOS COUTINHO.

Todavia, data venia, entende o Acusado que a decisão guerreada não fora
devidamente fundamentada, maiormente no enfoque de justificar, com
elementos nos autos, a necessidade da prisão preventiva, sem provas e sem
materialidade.

Em face disso, o Acusado vem pleitear o relaxamento da prisão em preventiva


em discussão.                              

2 - Ilegalidade da prisão preventiva

–  O Acusado não ostenta quaisquer das hipóteses previstas no art. 312 do


CPP

- Ilegalidade da convolação da prisão em flagrante para prisão preventiva.

Saliente-se, primeiramente, que o Réu é primário, de bons antecedentes, com


ocupação lícita e residência fixa. Como prova disso, acostam-se documentos
com esse propósito. (doc. 01/05)  

Não há nos autos deste processo, maiormente na peça exordial acusatória --


nem assim ficou demonstrado no despacho ora guerreado --, quaisquer
motivos que implicassem na decretação da prisão preventiva do Réu. Sendo
assim, possível a concessão do benefício da liberdade provisória, com ou sem
fiança. (CPP, art. 310, inc. III)
O simples fato do pretenso crime de tráfico trazer inquietude e “clamor público”,
não é razoável como motivo a justificar, por si só, a prisão acautelatória.

Vejamos, a propósito, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: 

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


ORDINÁRIO. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. ANÁLISE DO
MÉRITO. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE. PRISÃO
PREVENTIVA. HOMICÍDIOS QUALIFICADOS. PEDIDO DE
LIBERDADE PROVISÓRIA COMO EXTENSÃO DOS
EFEITOS DE DECISÃO DO TRIBUNAL LOCAL. CORRÉUS
PARADIGMAS. MANDANTES. PACIENTE. INTERMEDIÁRIO.
QUARTO AGENTE. EXECUTOR. DENÚNCIA. SIMILAR
IMPUTAÇÃO. PRONÚNCIA. PACIENTE EM CONDIÇÃO
MAIS BENÉFICA. SIMILITUDE DA SITUAÇÃO FÁTICO-
PROCESSUAL. ART. 580 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. INCIDÊNCIA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.

1. O Superior Tribunal de Justiça, seguindo entendimento


firmado pelo Supremo Tribunal Federal, passou a não admitir o
conhecimento de habeas corpus substitutivo de recurso
ordinário. No entanto, deve-se analisar o pedido formulado na
inicial, tendo em vista a possibilidade de se conceder a ordem
de ofício, em razão da existência de eventual coação ilegal. 2.
A teor do art. 580 do Código de Processo Penal, o deferimento
do pedido de extensão exige que o corréu esteja na mesma
condição fático-processual daquele já beneficiado. 3. Caso em
que ambos os acusados, apesar das atuações distintas, foram
presos com espeque na mesma decisão, para fins de garantia
da ordem pública (clamor público) e conveniência da instrução
criminal, bem como pronunciados pela prática dos mesmos
delitos (com uma agravante a menos em relação ao paciente -
corréu intermediário, o que o coloca em situação benéfica em
relação aos demais). Houve colaboração mais eficaz do
paciente na instrução criminal, para fins de elucidação dos
fatos, e o Tribunal local considerou desnecessária a
manutenção da prisão cautelar em relação aos corréus
paradigmas (mandantes do crime), pois esvaídos os seus
motivos autorizadores. 4. O fato do paciente não ser "figura
pública" não impede dele ter em seu favor a extensão dos
efeitos da ordem. Primeiro porque tal expressão foi utilizada de
maneira genérica. Segundo porque essa característica pessoal,
por si só, não obsta (como, em tese, não impossibilitou) a
prática de condutas ilícitas. Terceiro porque o paciente alberga
condições pessoais favoráveis, assim como os corréus
paradigmas. 5. Evidenciada a identidade de situação fático-
processual entre o paciente e os corréus paradigmas, a ordem
merece ser concedida, de ofício. 6. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para deferir ao paciente
o benefício da liberdade provisória, sob a imposição das
medidas cautelares contidas no art. 319, I, IV, V e IX, como
extensão dos efeitos da ordem concedida aos corréus pelo
Tribunal local, sem prejuízo da fixação de outras medidas
cautelares, e salvo se por outro motivo estiver preso [ ... ]

 –  O decisório se limitou a apreciar abstratamente o clamor público do delito

- Houve a decretação da prisão preventiva sem a necessária fundamentação.

De outro contexto, data venia, a decisão combatida se fundamentou


unicamente no impreciso clamor público do suposto delito. Nada se ostentou,
portanto, quanto ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se
revelaria a prisão cautelar. (CPP, art. 312).

Nesse passo, inexiste qualquer liame entre a realidade dos fatos que dormitam
no processo e alguma das hipóteses previstas no art. 312 da Legislação
Adjetiva Penal.

Não é preciso muitas delongas para se saber que é regra fundamental,


extraída da Carta Magna, o dever de todo e qualquer magistrado motivar suas
decisões judiciais, à luz do que reza o art. 93, inc. IX da Constituição
Federal. Assim, por mais esse motivo, é imperiosa uma decisão devidamente
fundamentada acerca dos motivos da permanência do Acusado no cárcere,
mais ainda sob a forma de segregação cautelar.

Com efeito, ao se convolar a prisão em flagrante para prisão preventiva,


mesmo diante da absurda e descabida pretensa alegação de que o ilícito traz
consigo “clamor público”, reclama completa fundamentação do decisório.
Ao revés disso, lamentavelmente não se cuidou de elencar quaisquer fatos ou
atos concretos que representassem minimamente a garantia da ordem pública.
Igualmente, não há indicação, concreta, seja o Réu uma ameaça ao meio
social, ou, ainda, que o delito fosse efetivamente de grande gravidade que
trouxesse o pretenso clamor da coletividade social.

Ademais, inexiste qualquer registro de que o Réu cause algum óbice à


conveniência da instrução criminal, muito menos se fundamentou acerca a
necessidade de se assegurar a aplicação da lei penal. Não bastasse isso,
inexistem dados (concretos) de que o Acusado, solto, poderá se evadir do
distrito da culpa.

Dessarte, o fato de se tratar de imputação de “crime grave”, como aludido no


decisório, não possibilita, por si só, a decretação da prisão preventiva.

Desse modo, com o devido respeito, a decisão em comento é ilegal, sobretudo


quando vulnera a concepção trazida no bojo do art. 93, inc. IX, da Carta
Magna e, mais, do art. 315 da Legislação Adjetiva Penal.

Colhemos, pois, as lições doutrinárias de Eugênio Pacelli de Oliveira, o qual,


destacando linhas acerca da necessidade de fundamentação no decreto da
prisão preventiva, assevera ipsis litteris:

312.12. Prisões processuais? Desde a Constituição da


República, de 1988, não se pode mais falar em prisões
processuais, isto é, fundamentadas unicamente na ultimação de
atos processuais, como ocorria com as antigas redações do art.
408 (decisão de pronúncia) e do já revogado art. 594 (sentença
condenatória), ambas exigindo o recolhimento do réu ao cárcere
para o processamento do recurso interposto.

A nova ordem constitucional, aliás, como, aliás, todo texto


normativo dessa natureza (constitucional), tem por efeito
essencial revogar todas as disposições com ela incompatíveis.
Há quem diga que se trate de não recepção; preferimos a velha
fórmula: revogação.
Hoje, não há mais espaço para debates: tanto o art. 387,
parágrafo único, quanto o art. 413, § 3º, CPP, exigem decisão
fundamentada para a manutenção ou para a decretação de
prisão preventiva por ocasião da sentença condenatória (art.
387) ou da pronúncia (art. 413).

Toda prisão, portanto, não só em decorrência do princípio da


não culpabilidade, mas, sobretudo, da norma segundo a qual
ninguém será preso senão por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária (ressalvada a prisão em flagrante),
conforme se encontra no art. 5º, LXI, da Carta de 1988, deve se
fundar em necessidade, devidamente justificada.

O registro, então, é meramente histórico [ ... ] 

Em nada discrepando desse entendimento, com a mesma sorte de


entendimento lecionam Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, verbo
ad verbum:

O art. 315 do CPP exige fundamentação no despacho que


decreta a medida prisional. Tal exigência decorre também do
princípio constitucional da motivação das decisões judiciais (art.
93, IX, CF). O magistrado está obrigado a indicar no mandado os
fatos que se subsumem à hipótese autorizadora da decretação
da medida. Decisões vazias, com a simples reprodução do texto
da lei, ou que impliquem meras conjecturas, sem destacar a real
necessidade da medida pelo perigo da liberdade, não atendem à
exigência constitucional, levando ao reconhecimento da
ilegalidade da prisão [ ... ]

( não existem os destaques no texto original ) 

Vejamos, também, o que professa Norberto Avena:

Infere-se do art. 315 do CPP, e também por decorrência


constitucional (art. 93, IX, da CF), o decreto da prisão preventiva
deve ser fundamentado quanto aos pressupostos e motivos
ensejadores [ ... ]
É de todo oportuno gizar julgados do Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
todos inclinados e próprios a viabilizar a concessão da liberdade provisória,
mais especificamente pela ausência de fundamentação: 

PROCESSUAL PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS.


PRISÃO PREVENTIVA. TRÁFICO DE DROGAS.
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. LIMINAR DEFERIDA.
CUMPRIMENTO. PEDIDO PREJUDICADO.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. QUANTIDADE NÃO
EXPRESSIVA DE DROGA. SUPERAÇÃO DA SÚMULA Nº
691/STF. POSSIBILIDADE. ILEGALIDADE. OCORRÊNCIA.
HABEAS CORPUS CONCEDIDO.

1. Encontra-se prejudicado o pedido formulado pela defesa


para que se determine o cumprimento da liminar deferida neste
writ, tendo em vista que houve a expedição de alvará de soltura
na origem. 2. Inidôneos são os fundamentos de prisão por
tráfico sem especificação de circunstâncias anormalmente
gravosas, notadamente ante não expressiva quantidade de
drogas encontradas, tratando-se de 4,5 gramas de cocaína. 3.
Habeas corpus concedido, para soltura do paciente Carlos
GABRIEL Fonseca, o que não impede nova e fundamentada
decisão cautelar penal, inclusive menos gravosa do que a
prisão processual e julgo prejudicado o pedido de fl. 56 [ ... ]

 HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


ORDINÁRIO. ROUBO MAJORADO (CONCURSO DE
PESSOAS). PRISÃO PREVENTIVA. GRAVIDADE
ABSTRATA. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. PACIENTE
PRIMÁRIO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.

1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo de


recurso próprio, a fim de que não se desvirtue a finalidade
dessa garantia constitucional, com a exceção de quando a
ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em que se concede
a ordem de ofício. 2. Para a decretação da prisão preventiva é
indispensável a demonstração da existência da prova da
materialidade do crime e a presença de indícios suficientes da
autoria. Exige-se, mesmo que a decisão esteja pautada em
lastro probatório, que se ajuste às hipóteses excepcionais da
norma em abstrato (art. 312 do CPP), demonstrada, ainda, a
imprescindibilidade da medida. Precedentes do STF e STJ. 3.
No caso, a prisão preventiva do paciente foi decretada sem a
indicação de elementos concretos, com base apenas na
gravidade abstrata do suposto delito (roubo majorado).
Ademais, o próprio Decreto reconhece a primariedade do
paciente, sendo que o crime imputado não envolveu emprego
de arma. Precedentes. 4. Habeas corpus não conhecido.
Ordem concedida de ofício para revogar a prisão preventiva do
paciente mediante a aplicação de medidas cautelares previstas
no art. 319 do CPP [ ... ]

 HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. TRÁFICO DE
ENTORPECENTES. DIREITO DE RECORRER EM
LIBERDADE. PRISÃO REVOGADA EM IMPETRAÇÃO
ANTERIOR, NOVAMENTE DECRETADA NA SENTENÇA.
FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. PEQUENA QUANTIDADE
DE DROGA APREENDIDA. SUFICIÊNCIA DAS MEDIDAS
CAUTELARES ALTERNATIVAS. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. NECESSIDADE DE EXTENSÃO AO
CORRÉU. ART. 580 DO CÓDIGO PROCESSO PENAL - CPP.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA
DE OFÍCIO.

1. Por se tratar de habeas corpus substitutivo de recurso


próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo a
atual orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal
Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça. Contudo,
considerando as alegações expostas na inicial, razoável a
análise do feito para verificar a existência de eventual
constrangimento ilegal. 2. Em vista da natureza
excepcional da prisão preventiva, somente se verifica a
possibilidade da sua imposição quando evidenciado, de
forma fundamentada e com base em dados concretos, o
preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no
art. 312 do Código de Processo Penal - CPP. Devendo,
ainda, ser mantida a prisão antecipada apenas quando não
for possível a aplicação de medida cautelar diversa, nos
termos do previsto no art. 319 do CPP. 3. Na hipótese dos
autos não estão presentes fundamentos idôneos que
justifiquem a prisão processual do paciente. As instâncias
ordinárias não demonstraram a existência de elementos
concretos que demostrem a necessidade da custódia, que,
por sua vez, não constitui consequência imediata da
condenação em primeiro grau. Ademais, conforme já
consignado por esta Corte Superior, no julgamento do HC
n. 387039/SP, no qual foi concedida a ordem ao ora
paciente, "a quantidade de droga apreendida - 5 eppendor
de cocaína e 12 porções de maconha, com peso de 3,71
gramas e 19,82 gramas, respectivamente - não se mostra
exacerbada, o que permite concluir que a potencialidade
lesiva da conduta imputada ao paciente não pode ser tida
como das mais elevadas". Assim, restando deficiente a
fundamentação do Decreto preventivo quanto aos
pressupostos que autorizam a segregação cautelar, e
demonstrando-se a inadequação no encarceramento do
paciente, deve ser revogada sua prisão preventiva,
especialmente ante a demonstração da sua primariedade.
4. Considerando a similitude fático-processual entre a
situação do paciente e do corréu Alexandre de Oliveira
Júnior, considerando que a prisão preventiva de ambos foi
fundamentada de forma idêntica, os efeitos da ordem aqui
concedida devem ser estendidas, nos termos do art. 580
do CPP. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida,
de ofício, para revogar a prisão preventiva do paciente,
ressalvada a possibilidade de decretação de nova prisão,
se demonstrada concretamente sua necessidade, sem
prejuízo da aplicação de medida cautelar diversa, nos
termos do art. 319 do CPP, devendo ser estendidos ao
corréu os efeitos da ordem aqui concedida [ ... ]

Do Supremo Tribunal Federal também se espraiem julgados dessa mesma


natureza de entendimento:

HABEAS CORPUS CONTRA INDEFERIMENTO


MONOCRÁTICO DE PEDIDO DE LIMINAR. TRÁFICO DE
DROGAS (ART. 33, CAPUT, DA LEI Nº 11.343/2006).
FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL FECHADO PARA O
INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE, COM BASE NO ART. 2º, § 1º, DA LEI Nº
8.072/1990. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA. FLAGRANTE
ILEGALIDADE APTA A MITIGAR A APLICAÇÃO DA
SÚMULA Nº 691/STF. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA FIXAR O REGIME
SEMIABERTO.

1. Não cabe ao Supremo Tribunal Federal conhecer de


habeas corpus impetrado contra decisão proferida por
relator que indefere o pedido de liminar em habeas corpus
requerido a tribunal superior, sob pena de indevida
supressão de instância (Súmula nº 691/STF), ressalvada a
hipótese de manifesta ilegalidade. 2. A imposição ao
condenado de regime mais gravoso do que o recomendado
nas alíneas do § 2º do art. 33 do Código Penal deve ser
adequadamente fundamentada. Esse entendimento se
amolda à jurisprudência cristalizada na Súmula nº 719 (A
imposição do regime de cumprimento mais severo do que a
pena aplicada permitir exige motivação idônea). 3. O art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/1990, que prevê a obrigatoriedade
do regime prisional fechado para o início do cumprimento
da pena em razão da prática de crimes hediondos e
equiparados, foi declarado inconstitucional pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal no julgamento do HC 111.840,
Rel. Min. DIAS TOFFOLI, DJe de 17/12/2013. 4. Aplicada a
pena no mínimo legal (5 anos de reclusão) e não sendo
excessiva a quantidade de entorpecente apreendida (1,3 g
de maconha), a fixação do regime prisional fechado em
caso de condenação pelo delito de tráfico de drogas,
apenas porque equiparado a crime hediondo, caracteriza
constrangimento ilegal. 5. Habeas corpus concedido de

ofício para estabelecer o regime inicial semiaberto...

DOS PEDIDOS

Mediante o exposto, REQUER A REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA do


BRUNO DOS SANTOS COUTINHO.

Nestes termos, pede deferimento.


Linhares-ES, 01 de fevereiro de 2023.

TATIANA CARVALHINHO MOTA DEO MORAES DIAS

OAB/ES 19.360 OAB/ES 25021

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