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DECISÃO
se aponta como autoridade coatora Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (HC n. 0078172-
19.2021.8.19.0000).
dos delitos descritos nos art. 126, 155 e 273, § 1º-B, I, todos do Código Penal, e no art. 7º, IX, da Lei n.
gravidade concreta do delito, na periculosidade da agente – o corréu teria praticado mais de teria praticado
mais de 200 abortos ilegais apurados pela polícia do Amazonas, em local inapropriado, com uso de
medicamentos vencidos, colocando em risco a integridade física das gestantes, cobrando cerca de
R$5.000,00 por procedimento, sendo que a paciente teria a função de instrumentadora, além de atuar
A defesa alega que o paciente está sendo vítima de constrangimento ilegal, em face do não
preenchimento dos requisitos ensejadores da segregação cautelar, a qual teria assentando-se somente na
Afirma que "as alegações impostas pela autoridade policial são inverídicas, não há
comprovação nos autos de que a Requerente tenha praticado qualquer fato típico" (fl. 6).
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Publicação no DJe/STJ nº 3292 de 17/12/2021. Código de Controle do Documento: 805cdd49-4986-43c1-be8e-5c1b5df6be5a
Aduz que o decreto prisional carece de fundamentação idônea, sendo possível a fixação de
medidas cautelares alternativas. Ressalta que a paciente possui residência fixa, ocupação lícita, bons
antecedentes e é primária.
Sustenta que a paciente possui saúde frágil, com apenas um rim e que precisa passar por
procedimento cirúrgico.
É o relatório. Decido.
ao recurso constitucional próprio, diante do disposto no art. 654, § 2º, do Código de Processo Penal, o STJ
jurisprudência pacificada dos tribunais superiores, a Terceira Seção desta Corte admite o julgamento
monocrático da impetração antes da abertura de vista ao Ministério Público Federal, em atenção aos
princípios da celeridade e da efetividade das decisões judiciais, sem que haja ofensa às prerrogativas
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe de 10/8/2021; AgRg no HC n. 530.261/SP, relator Ministro Sebastião
evidenciada a existência de circunstâncias que comprovem a necessidade da medida extrema, nos termos
dos arts. 312, 313 e 315 do Código de Processo Penal (HC n. 527.660/SP, relator Ministro Sebastião Reis
preenchimento dos requisitos do art. 312 do CPP, não sendo recomendável a aplicação de medida
cautelar referida no art. 319 do CPP. A propósito, assim se manifestou o Tribunal a quo (fls. 69-70):
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de liberdade do imputado, o receio de perigo e a existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos”.
Eventuais circunstâncias pessoais favoráveis alegadas, ainda que comprovadas, por si sós, não
impedem a prisão cautelar, notadamente quando regularmente determinada, como no presente caso.
Não há dúvida de que a gravidade do fato demanda imediata resposta estatal, garantindo-se a
ordem pública e prevenindo-se a reiteração de condutas, notadamente diante da notícia de que a
paciente está sendo investigada no Estado do Amazonas pela prática de mais de duzentos crimes de
aborto.
Note-se que a necessidade da prisão preventiva exsurgiu dos elementos de informação
colhidos em sede policial, consistentes na oitiva dos policiais civis que atuaram na diligência e
de outras, que prestaram declarações pormenorizadas dos fatos.
Não há dúvida, portanto, de que o risco de reiteração criminosa justificará o manejo
imediato da prisão preventiva, não sendo suficientes medidas cautelares diversas da prisão,
inclusive porque o vínculo da paciente é com o Estado do Amazonas, onde residia, assim como
sua família.
As alegações relacionadas à ausência de provas inserem-se no mérito da ação penal deflagrada
contra a paciente, cujo exame é de ser feito na época própria pelo juiz natural da causa, sob pena de
supressão de instância julgadora.
Da mesma forma, não há que falar em ausência de justa causa, haja vista que a peça acusatória
contém a descrição dos fatos criminosos, com todas as suas circunstâncias, estando de acordo com os
tipos penais indicados. Além disso, a narrativa aponta a existência de indícios suficientes acerca da
autoria e materialidade delitivas, o que impede a sua rejeição no estreito âmbito do habeas corpus.
incabível a substituição por medidas cautelares mais brandas (RHC n. 133.153/MG, relator Ministro
concreta do delito, a periculosidade da agente – o corréu teria praticado mais de teria praticado
mais de 200 abortos ilegais apurados pela polícia do Amazonas, em local inapropriado, com uso de
medicamentos vencidos, colocando em risco a integridade física das gestantes, cobrando cerca de
R$5.000,00 por procedimento, sendo que a paciente teria a função de instrumentadora, além de
clandestina –, e o risco de reiteração delitiva, foram considerados pelo Juízo de primeiro grau
gravidade concreta do crime como fundamento para a decretação ou manutenção da prisão preventiva
deve ser aferida, como no caso, a partir de dados colhidos da conduta delituosa praticada pelo agente, que
revelem uma periculosidade acentuada a ensejar uma atuação do Estado cerceando sua liberdade para
garantia da ordem pública, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal” (HC n. 596.566/RJ,
trabalho lícito, não impedem a prisão preventiva quando preenchidos os requisitos legais para sua
decretação. Essa orientação está de acordo com a jurisprudência do STJ. Vejam-se os seguintes
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precedentes: AgRg no HC n. 585.571/GO, relator Ministro Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, DJe de
8/9/2020; e RHC n. 127.843/MG, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe de 2/9/2020.
Recomendação CNJ n. 62/2020, firmou o entendimento de que a flexibilização da medida extrema não
estabelecimento onde está segregado do que no ambiente social (AgRg no HC n. 561.993/PE, relator
Quanto ao estado de saúde da paciente, verifica-se que a maior parte dos documentos
apresentados não está datada e os documentos que estão remontam ao ano de 2019, inexistindo
demonstração de que que a unidade prisional onde a paciente se encontra custodiada não possua
condições de prestar eventual atendimento médico.
Ademais, não se olvida a emergência na saúde pública provocada pelo novo coronavírus
(COVID-19). No entanto, não se pode afirmar que os estabelecimentos prisionais não estejam
tomando as medidas preventivas necessárias para evitar a propagação da doença.
Da mesma forma, não se ignoram as recomendações exaradas pelo Conselho Nacional de
Justiça, que trazem parâmetros a serem sopesados na análise do caso concreto, os quais, contudo, não
podem esvaziar a necessidade da prisão preventiva quando recomendada.
Assim, como não foram demonstradas as situações descritas, não se verifica desrespeito à
Por fim, no tocante à alegada inconstitucionalidade do art. 273, § 1ºA-B, do CP, o Tribunal
preceito primário do referido dispositivo legal, assim como na inexistência de condenação até o momento,
considerando que a ação penal ainda está em fase inicial e na impossibilidade de análise de
Por fim, não se desconhece que o preceito secundário do caput do artigo 273 do Código Penal
foi declarado inconstitucional pelo STF quando do julgamento do Tema n. 1003 pela sistemática de
repercussão geral, sendo aprovada a Tese: “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do
artigo 273, do Código Penal, com a redação dada pela Lei 9.677/98 (reclusão de 10 a 15 anos), na
hipótese prevista no seu parágrafo 1º-B, inciso I, que versa sobre importação de medicamento sem
registro no órgão de vigilância sanitária. Para essa situação específica, fica repristinado o preceito
secundário do artigo 273, na redação originária (reclusão de 1 a 3 anos, multa)”.
Contudo, nota-se que não houve qualquer alteração no preceito primário do referido
artigo, cuja constitucionalidade é indiscutível. Ademais, não houve condenação, haja vista que a
ação penal está em sua fase inicial, não cabendo a análise da alegada inconstitucionalidade pela
estreita via do habeas corpus.
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Além disso, ressalte-se também que a alteração da decisão que decretou a preventiva no que
Turma, DJe de 20/10/2014.
atuação ex officio.
Publique-se. Intimem-se.
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