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Módulo Incidência e Crédito Tributário

SEMINÁRIO IV - EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA, TRANSAÇÃO,


COMPENSAÇÃO E REPETIÇÃO DO INDÉBITO

Leitura básica
• CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. São
Paulo: Noeses, Item 2.9 (Extinção das obrigações tributárias) da segunda
parte.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Derivação e positivação no direito
tributário. v.2. São Paulo: Noeses, Itens 4 a 8 do tema XVII (Crédito de
ICMS e crédito de indébito tributário – consequências jurídicas desta
distinção).

Vídeo básico

• PRIA, Rodrigo Dalla; CONRADO, Paulo Cesar; VERGUEIRO, Camila


Campos. Canal IBET. A transação da lei nº 13.988/2020 analisada sob a
perspectiva do Constructivismo Lógico Semântico. Disponível em:
https://www.youtube.com/live/1rgoMaz3dbM?si=GS8wNOhtbVvzfdRS .
Acesso em 15 de fevereiro de 2024.

Leitura complementar
• ARAUJO, Juliana Furtado Costa. A ação de repetição de indébito, o
cumprimento de sentença e a nova hipótese de ação rescisória prevista no
Código de Processo Civil de 2015. In: CONRADO, Paulo Cesar. Processo
tributário analítico. v.3. São Paulo: Noeses, 2016.
• CARVALHO, Paulo de Barros. As decisões do CARF e a extinção do crédito
tributário. Revista de Direito Tributário, n. 118.
• CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. São Paulo:
Noese ,Capítulo XIV.
• CANTANHEDE, Luis Claudio Ferreira. A transação tributária no Estado de
São Paulo: a análise de seu cabimento no ciclo de positivação da obrigação
tributária. In: CARVALHO, Paulo de Barros (coord.). SOUZA, Priscila de
(org.). Texto e contexto no direito tributário. São Paulo: Noeses, IBET, 2020,
p. 851-864.
• CONRADO, Paulo Cesar. Compensação tributária e processo. São Paulo:
Max Limonad. Capítulos 7, 8, 11, 12 e 13.
• CONRADO, Paulo Cesar. Impactos do novo código de processo civil na
compensação tributária. In: CARVALHO, Paulo de Barros; TOMÉ, Fabiana
Del Padre; BRITTO, Lucas Galvão de. Programa de Atualização em Direito
– Direito Tributário, volume 3. São Paulo: Artmed Panamericana. (ps. 9/40)
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• CONRADO, Paulo Cesarn; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Introdução –


Transação tributária no direito brasileiro e seus principais aspectos à luz da
lei nº 13.988/2020. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado
Costa. Transação Tributária na prática da lei nº 13.988/2020. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2020.
• CONRADO, Paulo Cesar. O cumprimento de sentença e o conceito de
processo: possíveis impactos.
https://www.conjur.com.br/2021-jul-11/processo-tributario-cumprimento-
sentenca-conceito-processo-possiveis-impactos
• GOMES, Daniel de Paiva; GOMES, Eduardo de Paiva. Exigibilidade
exaurida e tutela jurisdicional reparadora. https://www.conjur.com.br/2021-
abr-27/opiniao-exigibilidade-exaurida-tutela-jurisdicional-reparadora
• GOMES, Daniel de Paiva; GOMES, Eduardo de Paiva. O prazo para exigir a
restituição do indébito tributário.
https://www.conjur.com.br/2021-ago-15/processo-tributario-prazo-exigir-
restituicao-indebito-tributario
• LINS, Robson Maia. Efeitos da decisão do STF em matéria tributária no
regime do art. 543-B do Código de Processo Civil e o limite do art. 170-A do
Código Tributário Nacional. In: X CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDOS
TRIBUTÁRIOS DO IBET.
• MASSUD, Rodrigo G. N. Valorização dos precedentes e compensação
tributária: implicações com o Código de Processo Civil de 2015. In:
CONRADO, Paulo Cesar. Processo tributário analítico, v.3. São Paulo:
Noeses, 2016.
• MASSUD, Rodrigo G. N. Coisa julgada “especialmente soberana” nas ações
de repetição de indébito e na compensação tributária: como ficam os
indébitos no tempo?. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado
Costa. Processo tributário analítico, v.4. São Paulo: Noeses, 2019.
• MOREIRA, André Mendes. Causas extintivas do crédito tributário e a pseudo-
taxatividade do art. 156 do CTN. In: X CONGRESSO NACIONAL DE
ESTUDOS TRIBUTÁRIOS DO IBET.
• PRIA, Rodrigo Dalla. A legitimidade na ação de repetição de indébito
tributário. In: CONRADO, Paulo Cesar. Processo tributário analítico, v.3. São
Paulo: Noeses, 2016.
• RIBEIRO, Diego Diniz. A transação tributária no atual contexto da
processualidade tributária: uma análise crítica da lei nº 13.988/20202. In:
CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Transação
Tributária na prática da lei nº 13.988/2020. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2020.
• RIBEIRO, Diego Diniz. Compensação tributária e tutela de
evidência.https://www.conjur.com.br/2021-ago-08/processo-tributario-
compensacao-tributaria-tutela-evidencia
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• ROSA, Íris Vânia Santos. Transação e Precatórios. In: CONRADO, Paulo


Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Transação Tributária na prática da
lei nº 13.988/2020. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
• VERGUEIRO, Camila Campos. CPC/2015, Regulamentação da transação e
suas modalidades. In: CONRADO, Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado
Costa. Transação Tributária na prática da lei nº 13.988/2020. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2020.
• VERGUEIRO, Camila Campos. Texto x Norma Jurídica: transação é causa
de extinção da obrigação tributária?. Artigo do livro do XVII Congresso
Nacional de Estudos Tributários do IBET.
• VERGUEIRO, Camila Campos. A tutela provisória, o Supremo Tribunal
Federal e a compensação. https://www.conjur.com.br/2021-jul-25/processo-
tributario-tutela-provisoria-supremo-compensacao

Questões

1. Qual é o sentido e a extensão da expressão “crédito tributário” utilizada no


caput do art. 156 do CTN? Ela é aplicável apenas a valores cobrados a título
de tributos ou também a penalidades? Explique incluindo a abordagem
sobre obrigação tributária adotada pelo Professor Paulo de Barros Carvalho.

2. É possível separar as causas de extinção do crédito tributário prescritas no


art. 156 do CTN em “modalidades de fato” e “modalidades de direito”? Há
sentido nessa classificação? Justifique sua resposta.

3. Sobre a previsão de novas causas de extinção do crédito tributário,


pergunta-se:
a) É válida a previsão da dação em pagamento de bens imóveis como causa
de extinção do crédito tributário diante da prescrição contida no art. 3º do
CTN no sentido de que a prestação tributára qualifica-se como estritamente
pecuniária? Justifique sua resposta. (Vide anexo I)
b) Lei municipal pode prever a dação em pagamento de bens móveis como
causa de extinção de créditos tributários municipais? Por quê? (Vide anexos
II e III)

4. A respeito da compensação tributária, pergunta-se:


a) Que é compensação tributária? Quando nasce o direito subjetivo à
compensação tributária? Trata-se de um direito constitucional do contribuinte
ou depende da opção do legislador de cada ente federado?
b) O artigo 4º da medida provisória 1.202/20231 incluiu o artigo 74-A2 na lei
federal 9.430/1996 autorizando que ato do Ministro da Fazenda fixe um
1
Ao tempo de elaboração desta pergunta a referida medida provisória não havia sido convertida em lei e estava
vigente.
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limite mensal para a compensação de crédito (indébito tributário)


reconhecido por decisão transitada em julgado. E, por meio da Portaria
Normativa MF 14/20243 foram estabelecidos os referidos limites.
Imagine que um contribuinte (seu cliente) tenha obtido uma decisão judicial
transitada em julgado e vinha promovendo a compensação tributária nos
termos do artigo 74 da redação da lei federal 9.430/1996. Diante desse
cenário, pergunta-se: essa nova limitação pode ser aplicada a esse
contribuinte? Ele tinha direito adquirido à compensação da forma como
prevista na lei anterior? (Vide anexos IV e V)

5. Considerando que o art. 170-A do CTN proíbe a compensação com o


aproveitamento de tributo que está sendo objeto de discussão judicial antes
do trânsito em julgado da respectiva decisão e considerando o exemplo de
um julgamento de caso repetitivo em recurso extraordinário no qual foi
reconhecida a inconstitucionalidade de determinado tributo federal,
pergunta-se: qual orientação você daria ao seu cliente a respeito da
possibilidade de compensação de indébito em cada uma das seguintes
hipóteses:
a) Hipótese 1: você propôs, na defesa dos interesses de seu cliente,
mandado de segurança para assegurar o direito dele compensar o tributo
federal cuja inconstitucionalidade foi declarada nesse julgamento de caso
repetitivo em recurso extraordinário, sendo que a ação do seu cliente não
possui decisão transitada em julgado;
b) Hipótese 2: o seu cliente não ajuizou ação qualquer medida judicial para
discutir o tributo federal cuja inconstitucionalidade foi declarada nesse
julgamento de caso repetitivo em recurso extraordinário.

6. Considerando os elementos da obrigação tributária (sujeito ativo e passivo,


objeto, direito, crédito, dever e débito) e o conteúdo do artigo 156 4 do CTN,
2
Art. 74-A. A compensação de crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado observará o limite mensal
estabelecido em ato do Ministro de Estado da Fazenda.
§ 1º O limite mensal a que se refere o caput:
I - será graduado em função do valor total do crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado;
II - não poderá ser inferior a 1/60 (um sessenta avos) do valor total do crédito decorrente de decisão judicial transitada
em julgado, demonstrado e atualizado na data da entrega da primeira declaração de compensação; e
III - não poderá ser estabelecido para crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado cujo valor total seja
inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, a primeira declaração de compensação deverá ser apresentada no prazo de
até cinco anos, contado da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do
título judicial.
3
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-normativa-mf-n-14-de-5-de-janeiro-de-2024-535982148
4
. Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda;
VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;
VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164;
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identifique para cada uma das hipóteses de extinção nele elencadas e a


seguir reproduzidas qual elemento da obrigação tributária é diretamente
afetado:
Elementos da obrigação tributária:

a) pagamento
b) compensação
c) transação
d) remissão
e) prescrição
f) decadência
g) conversão do depósito em renda
h) pagamento antecipado e homologação do “lançamento” nos termos do
art. 150, §§ 1º a 4º do CTN
i) consignação em pagamento
j) decisão administrativa irreformável
k) decisão judicial transitada em julgado
l) dação em pagamento de bens imóveis

Sugestão para pesquisa suplementar


• PAULSEN, Leandro. Comentários sobre a transação tributária: à luz da
Lei 13.988/20 e outras alternativas de extinção do passivo tributário. In:
SEEFELDER FILHO, Cláudio Xavier; CALCINI, Fabio Pallaretti;
HENARES NETO, Halley; CAMPOS, Rogério (Coord.). 1. Ed. São Paulo:
Thompson Reuters Brasil, 2021. p. 301-318.

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação
anulatória;
X - a decisão judicial passada em julgado.
XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.
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 LUNARDELLI, Maria Rita Gradilone Sampaio; CONRADO, Paulo Cesar.


Discricionariedade e transação no contencioso. In: CONRADO, Paulo
Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Transação Tributária na prática
da lei nº 13.988/2020. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
 ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Negócio jurídico processual e transação
tributária como instrumentos de conformidade fiscal. In: CONRADO,
Paulo Cesar; ARAUJO, Juliana Furtado Costa. Transação Tributária na
prática da lei nº 13.988/2020. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2020.
• LINS, Robson Maia. Controle de constitucionalidade da norma tributária:
decadência e prescrição. São Paulo: Quartier Latin, Cap. VI, itens 6.6 e
6.7.
• Artigo: “Processualidade e extinção da obrigação tributária”, de Paulo
Cesar Conrado, in Processo tributário analítico, volume I. São Paulo:
Noeses.
• Artigo: “Compensação e restituição de tributos”, de Eurico de Santi,
Repertório de Jurisprudência IOB – jan/96.
• Artigo: “O direito a repetição do indébito tributário”, de José Artur Lima
Gonçalves e Márcio Severo Marques, Repetição do indébito e
compensação no direito tributário. São Paulo: Dialética.
• FORTES, Marcelo. Repetição do indébito tributário: delineamentos de
uma teoria. São Paulo: Max Limonad, Terceira parte, capítulo 4.
• Artigo: “Consequências jurídicas da compensação não homologada no
âmbito dos tribunais federais”, de Antonio Carlos Guidoni Filho, in VIII
Congresso Nacional de Estudos Tributários do IBET. São Paulo: Noeses.

Anexo I
REsp 884.272/RJ
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. EXTINÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DAÇÃO EM PAGAMENTO DE BEM IMÓVEL
(CTN, ART. 156, XI). PRECEITO NORMATIVO DE EFICÁCIA LIMITADA.
1. O inciso XI, do art. 156 do CTN (incluído pela LC 104/2001), que prevê,
como modalidade de extinção do crédito tributário, "a dação em pagamento em
bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei", é preceito normativo
de eficácia limitada, subordinada à intermediação de norma regulamentadora.
O CTN, na sua condição de lei complementar destinada a "estabelecer normas
gerais em matéria de legislação tributária" (CF, art. 146, III), autorizou aquela
modalidade de extinção do crédito tributário, mas não a impôs
obrigatoriamente, cabendo assim a cada ente federativo, no domínio de sua
competência e segundo as conveniências de sua política fiscal, editar norma
própria para implementar a medida.
2. Recurso especial improvido.
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(REsp n. 884.272/RJ, relator Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira


Turma, julgado em 6/3/2007, DJ de 29/3/2007, p. 238.)

Anexo II
ADI 1.917

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUICIONALIDADE. OFENSA AO


PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). I - Lei ordinária distrital -
pagamento de débitos tributários por meio de dação em pagamento. II -
Hipótese de criação de nova causa de extinção do crédito tributário. III - Ofensa
ao princípio da licitação na aquisição de materiais pela administração pública.
IV - Confirmação do julgamento cautelar em que se declarou a
inconstitucionalidade da lei ordinária distrital 1.624/1997.
(ADI 1917, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
26-04-2007, DJe-087 DIVULG 23-08-2007 PUBLIC 24-08-2007 DJ 24-08-
2007 PP-00022 EMENT VOL-02286-01 PP-00059 RDDT n. 146, 2007, p. 234-
235 LEXSTF v. 29, n. 345, 2007, p. 53-63 RT v. 96, n. 866, 2007, p. 106-111)

Anexo III
ADI 2.405

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO


TRIBUTÁRIO. LEI DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 11.475/2000.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COBRANÇA JUDICIAL DE
CRÉDITOS INSCRITOS EM DÍVIDA ATIVA DA FAZENDA PÚBLICA.
REVOGAÇÃO DE PARTE DA NORMA IMPUGNADA. CONHECIMENTO
PARCIAL DA AÇÃO. PRECEDENTES. PREVISÃO DE MODALIDADES DE
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM LEI ESTADUAL.
POSSIBILIDADE. ESTABELECIMENTO DE COMPETÊNCIAS E IMPOSIÇÃO
DE ATRIBUIÇÕES AO PODER EXECUTIVO POR LEI DE INICIATIVA
PARLAMENTAR. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E VIOLAÇÃO À
SEPARAÇÃO DE PODERES. IMPOSIÇÃO DE CONDIÇÃO PARA
REPARTIÇÃO OBRIGATÓRIA DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS POR LEI
ESTADUAL. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPENSAÇÃO DE
PRECATÓRIOS COM DÉBITOS DECORRENTES DE OPERAÇÕES
FINANCEIRAS DE BANCOS PÚBLICOS ESTADUAIS. ALTERAÇÃO DA
SISTEMÁTICA DE INSTITUTO DE DIREITO CIVIL. COMPETÊNCIA
PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22, I, DA CF). INCONSTITUCIONALIDADE.
COMPENSAÇÃO DE DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS COM PRECATÓRIOS.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. CONFIRMAÇÃO DA MEDIDA CAUTELAR
EM MENOR EXTENSÃO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
JULGADA PROCEDENTE EM PARTE. 1. A jurisdição constitucional abstrata
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brasileira não admite o ajuizamento ou a continuidade de ação direta de


inconstitucionalidade de lei ou ato normativo já revogado ou cuja eficácia já
tenha se exaurido, independentemente do fato de terem produzido efeitos
concretos residuais. Perda de objeto parcial da ação em relação aos seguintes
dispositivos: inciso III do art. 114; parágrafo único do art. 118; e arts. 134 a 136,
todos da Lei 6.537/1973 do Estado do Rio Grande do Sul, com redação dada
pela Lei 11.475/2000 do mesmo Estado. Precedentes. 2. Não há reserva de Lei
Complementar Federal para tratar de novas hipóteses de suspensão e extinção
de créditos tributários. Possibilidade de o Estado-Membro estabelecer regras
específicas de quitação de seus próprios créditos tributários. 3. Ao criar órgãos
e estabelecer competências para o Poder Executivo do Estado do Rio Grande
do Sul, bem como para a Procuradoria-Geral do Estado, a lei estadual, de
iniciativa parlamentar, viola regra constitucional que determina a iniciativa
privativa do chefe do Poder Executivo para a disciplina de sua organização
administrativa (CF, art. 61, § 1º, II, “e”). 4. É inconstitucional a norma que
invade a competência própria do Poder Executivo para dar destinação aos
imóveis recebidos por dação em pagamento decorrente de créditos tributários,
bem como a que impõe a instituição de programa de financiamento no banco
do Estado, matéria submetida à reserva de administração (art. 61, § 1º, II, “e”,
c/c art. 84, II e VI, “a”, da CF). 5. Viola o texto constitucional a norma estadual
que impõe condições para a repartição de receitas tributárias, por
contrariedade ao art. 158 da Constituição Federal. Precedentes. 6.
Inconstitucionalidade, com interpretação conforme à Constituição, sem redução
de texto, do § 3º do art. 114, introduzido na Lei 6.537/1973 pela Lei
11.475/2000, com relação ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA). Interferência no sistema constitucional de repartição do
produto da arrecadação do IPVA (50%). 7. Ao estabelecer condicionantes à
compensação de precatórios com dívidas decorrentes de operações
financeiras nos bancos públicos estaduais, a norma estadual alterou a
sistemática da compensação. Norma relativa ao Direito Civil, tema inserido no
rol de competências legislativas privativas da União (art. 22, I, da CF). 8.
Possibilidade de compensação de precatórios com débitos tributários.
Precedentes. 9. Inconstitucionalidade dos seguintes dispositivos legais: o art.
117; a expressão “da Comissão de Dação em Pagamento” contida no
parágrafo único do art. 122; o caput do art. 123, as alíneas “a”, “b”, “c”, “d”, “e”,
“f”, e “g”, e parágrafo único; os §§ 2º e 3º do art. 124; a expressão “por órgão
da Secretaria da Administração e dos Recursos Humanos, podendo esta, para
efetivação da avaliação, requisitar servidores especializados de outros órgãos
públicos da Administração Direta e Indireta”, conforme o caput do art. 125; o §
2º do art. 125; a expressão “salvo se forem área de preservação ecológica e/ou
ambiental”, conforme o caput do art. 127; os §§ 1º e 4º do art. 127; o parágrafo
único do art. 128; a expressão “sendo competente para transigir o Procurador-
Geral do Estado” do art. 130; todos da Lei Estadual 6.537/1973, com a redação
dada pelo art. 1º, III, da Lei 11.475/2000 do Estado do Rio Grande do Sul; e
ainda o art. 98 da Lei 6.537/1973, na redação dada pelo inciso IV do art. 1º da
Lei 11.475/2000 do Estado do Rio Grande do Sul; a expressão “por meio da
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Comissão de Dação em Pagamento, prevista no art. 123 da Lei nº 6.537, de 27


de fevereiro de 1973, e alterações, com a redação dada por esta lei”, veiculada
pelo § 2º do art. 4º da Lei 11.475/2000; o § 3º do art. 4º; o art. 6º; o caput do
art. 7º e parágrafo único; e o art. 8º, todos da Lei 11.475/2000 do Estado do Rio
Grande do Sul. 10. Conhecimento parcial da ação. Medida cautelar confirmada
em menor extensão. Procedência em parte da Ação Direta de
Inconstitucionalidade.
(ADI 2405, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
20-09-2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 02-10-2019
PUBLIC 03-10-2019)

Anexo IV
REsp 1.137.738/SP
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA.
SUCESSIVAS MODIFICAÇÕES LEGISLATIVAS. LEI 8.383/91. LEI 9.430/96.
LEI 10.637/02. REGIME JURÍDICO VIGENTE À ÉPOCA DA PROPOSITURA
DA DEMANDA. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. INAPLICABILIDADE EM
SEDE DE RECURSO ESPECIAL. ART. 170-A DO CTN. AUSÊNCIA DE
INTERESSE RECURSAL. HONORÁRIOS. VALOR DA CAUSA OU DA
CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO. SÚMULA 07 DO STJ. VIOLAÇÃO DO ART.
535 DO CPC NÃO CONFIGURADA.
1. A compensação, posto modalidade extintiva do crédito tributário (artigo
156, do CTN), exsurge quando o sujeito passivo da obrigação tributária é, ao
mesmo tempo, credor e devedor do erário público, sendo mister, para sua
concretização, autorização por lei específica e créditos líquidos e certos,
vencidos e vincendos, do contribuinte para com a Fazenda Pública (artigo 170,
do CTN).
2. A Lei 8.383, de 30 de dezembro de 1991, ato normativo que, pela vez
primeira, versou o instituto da compensação na seara tributária, autorizou-a
apenas entre tributos da mesma espécie, sem exigir prévia autorização da
Secretaria da Receita Federal (artigo 66).
3. Outrossim, a Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, na Seção intitulada
"Restituição e Compensação de Tributos e Contribuições", determina que a
utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão
efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal (artigo
73, caput), para efeito do disposto no artigo 7º, do Decreto-Lei 2.287/86.
4. A redação original do artigo 74, da Lei 9.430/96, dispõe:
"Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal,
atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de
créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer
tributos e contribuições sob sua administração".
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5. Consectariamente, a autorização da Secretaria da Receita Federal


constituía pressuposto para a compensação pretendida pelo contribuinte, sob a
égide da redação primitiva do artigo 74, da Lei 9.430/96, em se tratando de
tributos sob a administração do aludido órgão público, compensáveis entre si.
6. A Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002 (regime jurídico atualmente
em vigor) sedimentou a desnecessidade de equivalência da espécie dos
tributos compensáveis, na esteira da Lei 9.430/96, a qual não mais albergava
esta limitação.
7. Em consequência, após o advento do referido diploma legal, tratando-se
de tributos arrecadados e administrados pela Secretaria da Receita Federal,
tornou-se possível a compensação tributária, independentemente do destino de
suas respectivas arrecadações, mediante a entrega, pelo contribuinte, de
declaração na qual constem informações acerca dos créditos utilizados e
respectivos débitos compensados, termo a quo a partir do qual se considera
extinto o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior
homologação, que se deve operar no prazo de 5 (cinco) anos.
8. Deveras, com o advento da Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de
2001, que acrescentou o artigo 170-A ao Código Tributário Nacional, agregou-
se mais um requisito à compensação tributária a saber: "Art. 170-A. É vedada a
compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação
judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão
judicial."
9. Entrementes, a Primeira Seção desta Corte consolidou o entendimento
de que, em se tratando de compensação tributária, deve ser considerado o
regime jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda, não podendo ser
a causa julgada à luz do direito superveniente, tendo em vista o inarredável
requisito do prequestionamento, viabilizador do conhecimento do apelo
extremo, ressalvando-se o direito de o contribuinte proceder à compensação
dos créditos pela via administrativa, em conformidade com as normas
posteriores, desde que atendidos os requisitos próprios (EREsp 488992/MG).
10. In casu, a empresa recorrente ajuizou a ação ordinária em 19/12/2005,
pleiteando a compensação de valores recolhidos indevidamente a título de PIS
E COFINS com parcelas vencidas e vincendas de quaisquer tributos e/ou
contribuições federais.
11. À época do ajuizamento da demanda, vigia a Lei 9.430/96, com as
alterações levadas a efeito pela Lei 10.637/02, sendo admitida a compensação,
sponte própria, entre quaisquer tributos e contribuições administrados pela
Secretaria da Receita Federal, independentemente do destino de suas
respectivas arrecadações.
12. Ausência de interesse recursal quanto à não incidência do art. 170-A
do CTN, porquanto: a) a sentença reconheceu o direito da recorrente à
compensação tributária, sem imposição de qualquer restrição; b) cabia à
Fazenda Nacional alegar, em sede de apelação, a aplicação do referido
dispositivo legal, nos termos do art. 333, do CPC, posto fato restritivo do direito
do autor, o que não ocorreu in casu; c) o Tribunal Regional não conheceu do
Módulo Incidência e Crédito Tributário

recurso adesivo da recorrente, ao fundamento de que, não tendo a sentença se


manifestado a respeito da limitação ao direito à compensação, não haveria
sucumbência, nem, por conseguinte, interesse recursal.
13. Os honorários advocatícios, nas ações condenatórias em que for
vencida a Fazenda Pública, devem ser fixados à luz do § 4º do CPC que
dispõe, verbis: "Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável,
naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e
nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante
apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do
parágrafo anterior."
14. Consequentemente, vencida a Fazenda Pública, a fixação dos
honorários não está adstrita aos limites percentuais de 10% e 20%, podendo
ser adotado como base de cálculo o valor dado à causa ou à condenação, nos
termos do art. 20, § 4º, do CPC. (Precedentes da Corte: AgRg no REsp
858.035/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 04/03/2008, DJe 17/03/2008; REsp 935.311/SP, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/08/2008, DJe 18/09/2008; REsp
764.526/PR, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
22/04/2008, DJe 07/05/2008; REsp 416154, Rel. Min. TEORI ALBINO
ZAVASCKI, DJ de 25/02/2004; REsp 575.051, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ
de 28/06/2004).
15. A revisão do critério adotado pela Corte de origem, por equidade, para
a fixação dos honorários, encontra óbice na Súmula 07 do STJ. No mesmo
sentido, o entendimento sumulado do Pretório Excelso: "Salvo limite legal, a
fixação de honorários de advogado, em complemento da condenação, depende
das circunstâncias da causa, não dando lugar a recurso extraordinário."
(Súmula 389/STF).
(Precedentes da Corte: EDcl no AgRg no REsp 707.795/RS, Rel. Ministro
CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA
TURMA, julgado em 03/11/2009, DJe 16/11/2009; REsp 1000106/MG, Rel.
Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em
27/10/2009, DJe 11/11/2009; REsp 857.942/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/10/2009, DJe 28/10/2009;
AgRg no Ag 1050032/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 16/04/2009, DJe 20/05/2009) 16. O art. 535 do CPC resta incólume se o
Tribunal de origem, embora sucintamente, pronuncia-se de forma clara e
suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está
obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os
fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.
17. Recurso especial parcialmente conhecido e parcialmente provido,
apenas para reconhecer o direito da recorrente à compensação tributária, nos
termos da Lei 9.430/96. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e
da Resolução STJ 08/2008.
(REsp n. 1.137.738/SP, relator Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado
em 9/12/2009, DJe de 1/2/2010.)
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Anexo V
REsp 1.164.452/MG

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEI


APLICÁVEL. VEDAÇÃO DO ART. 170-A DO CTN. INAPLICABILIDADE A
DEMANDA ANTERIOR À LC 104/2001.
1. A lei que regula a compensação tributária é a vigente à data do encontro de
contas entre os recíprocos débito e crédito da Fazenda e do contribuinte.
Precedentes.
2. Em se tratando de compensação de crédito objeto de controvérsia judicial, é
vedada a sua realização "antes do trânsito em julgado da respectiva decisão
judicial", conforme prevê o art. 170-A do CTN, vedação que, todavia, não se
aplica a ações judiciais propostas em data anterior à vigência desse dispositivo,
introduzido pela LC 104/2001. Precedentes.
3. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e
da Resolução STJ 08/08.
(REsp n. 1.164.452/MG, relator Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção,
julgado em 25/8/2010, DJe de 2/9/2010.)

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