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PROVA

Contencioso Tributário
Advogado

1. Quais as defesas e recursos possíveis no processo administrativo tributário de débitos federais e estaduais
(no âmbito do Estado de São Paulo)? Quais os prazos para os recursos e defesas mencionados acima? (Vale
1,00)
R.: A fase litigiosa do Contencioso Administrativo Tributário Federal inicia-se com a apresentação de
impugnação ou manifestação de inconformidade em face do lançamento fiscal no prazo de 30 dias corridos,
contados da ciência da notificação de lançamento, do auto de infração ou do despacho decisório, nos
termos dos arts. 5º e 15 do Decreto nº 70.235/72, e deve ser endereçada à Delegacia da Receita Federal do
Brasil de Julgamento (DRJ). Da decisão administrativa de primeira instância caberá Recurso Voluntário
endereçado ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), com fundamento no art. 33 do
Decreto nº 70.235/72, a ser interposto pelo contribuinte dentro do prazo de 30 dias seguintes à ciência da
decisão, sendo possível, ainda, a interposição de Recurso de Ofício pela Fazenda se atendidas as hipóteses
de cabimento. Ultrapassada essa fase, caberá Recurso Especial à Câmara Superior de Recursos Federais
(CSRF) do CARF, a ser apresentado dentro do prazo de 15 dias da ciência do acórdão, nos termos do art.
37, § 2º do Decreto nº 70.235/72.
Por sua vez, o contencioso administrativo tributário paulista, regido pela Lei 13.457/2009 e regulamentado
pelo Decreto nº 54.486/2009, é instaurado por meio da Impugnação ao Auto de Infração e Imposição de
Multa a ser apresentada no prazo de 30 dias, conforme previsão do artigo 100 do Decreto n 54.486/09, e
endereçada à Delegacia Tributária de Julgamento, órgão competente apreciação da defesa ofertada pelo
contribuinte. A decisão proferida pela DRT pode ser recorrida por meio de Recurso Ordinário (autuado) ou
Recurso de Ofício (FESP) caso a discussão corresponda a até 5.000 UFESPs, nos termos dos arts. 104 e
105 do Decreto nº 54.486/2009. Na sequência, após a apreciação do recurso, o TIT proferirá seu acórdão e,
havendo irresignação, o autuado ou a Fazenda Pública do Estado de São Paulo poderá interpor Recurso
Especial, conforme inteligência do art. 114 do Decreto 54.486/2009.

2. Quais as alternativas possíveis você daria ao seu cliente no caso de ser concedida liminar em um Mandado
de Segurança para impedir o Fisco de exigir a inclusão do ICMS incidente sobre as vendas de mercadorias
e serviços, na apuração da base de cálculo das contribuições vincendas do PIS e da COFINS? (Vale 1,50)
R.: O cliente poderá aproveitar a liminar de forma imediata, efetuando os ajustes na base de cálculo para
excluir a parcela do ICMS destacado em documento fiscal (EFD Contribuições), ou, caso prefira adotar
procedimento mais conservador e se blindar de quaisquer problemas futuros, já que a liminar possui
eficácia temporária e apenas suspende a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do artigo 151, IV, do
CTN, poderá efetuar o depósito judicial do PIS e da COFINS que estão sendo beneficiados, e,
posteriormente, proceder ao levantamento dos valores após o trânsito em julgado da ação.

3. Existe a possibilidade de ressarcimento do ICMS-ST pago a maior devido à venda da mercadoria por valor
menor do que aquele previsto na base de cálculo presumido pelo Fisco Estadual? Existe discussão judicial a
respeito? Comente o cenário atual. (Vale 1,50)
R.: O direito à restituição de quaisquer valores pagos indevidamente ou a maior pelo contribuinte é
assegurado pelo artigo 165 do CTN, sendo defeso ao Fisco criar mecanismos que impeçam tal devolução.
Nesse contexto, caso haja disparidade entre a base de cálculo presumida e a base de cálculo real, o
contribuinte poderá requerer a restituição da diferença do ICMS pago antecipadamente, na esteira do
entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 593.849/MG, ocasião em
que a Colenda Corte fixou a tese de que “ ‘É devida a restituição da diferença do ICMS
paga a mais no regime de substituição tributária para frente se a base de cálculo
efetiva da operação for inferior à presumida’, ressaltando-se que ‘A garantia do
direito à restituição do excesso não inviabiliza a substituição tributária
progressiva, à luz da manutenção das vantagens pragmáticas hauridas do
sistema de cobrança de impostos e contribuições’, pois, ‘De acordo com o art.
150, § 7º, in fine, da Constituição da República, a cláusula de restituição do
excesso e respectivo direito à restituição se aplicam a todos os casos em que o
fato gerador presumido não se concretize empiricamente de forma como
antecipadamente tributado’ (RE nº 593849, Relator(a): Min. EDSON FACHIN,
Tribunal Pleno, julgado em 19/10/2016, DJe 05/04/2017 - Tema nº 201 da
repercussão geral).”
4. Como advogado da área contenciosa tributária, você é convidado para participar de uma reunião com um
novo cliente, pessoa jurídica que tem como objeto social principal o comércio atacadista e varejista de
mercadorias em geral. Sabe-se que até o momento o novo cliente não é assessorado por nenhum escritório
de advocacia e apura o seu Imposto de Renda sob o regime do lucro real.
Com base em tais fatos, responda aos itens a seguir.

a. Quais teses tributárias você indicaria como potenciais para o referido cliente? (Vale 1,00)
R.: PIS / COFINS – Exclusão do ICMS incidente no valor do custo de aquisição dos bens e serviços
para a apuração dos créditos das contribuições ao PIS e à COFINS – MP nº 1.159/2023 – LEI Nº
14.592/2023.
PIS / COFINS – Exclusão do ICMS e do ISS das bases de cálculo
das contribuições e destas contribuições de suas próprias bases. Teses Secundárias.
Diante do entendimento firmado perante o Supremo Tribunal Federal no RE nº 574.706/PR-RG, que
acolheu a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS nas bases de cálculo das contribuições ao PIS e à
COFINS, os Tribunais Pátrios vêm determinando a não inclusão do ICMS, do ISS e das próprias
contribuições ao PIS e à COFINS em suas próprias base de cálculo:
PIS / COFINS – Aquisição de bens serviços utilizados como insumos – Temas nºs 779/780/STJ
PIS / COFINS – Direito aos créditos sobre o ICMS-ST que integra o valor do custo de aquisição
PIS / COFINS - Descontos condicionais – Não inclusão nas bases de cálculo
IRPJ / CSLL - Não inclusão dos créditos presumidos de ICMS (EREsp nº 1.517.492/PR)
IRPJ / CSLL - Medidas Judiciais Transitada em Julgado
Momento da incidência sobre os juros de mora do indébito tributário
PAT – Programa de Alimentação ao Trabalhador – Decreto nº 10.854/2021 – Ilegalidade da
Limitação do Incentivo Fiscal – IRPJ
Contribuições terceiros – Limitação a 20 salários mínimos
Contribuição previdenciária – Verbas de natureza indenizatória
Contribuição previdenciária – Não incidência – Valores descontados
dos empregados a título de coparticipação em benefícios
MULTA ISOLADA 50% COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA RE 796.939/RS TEMA 736 ADI 4905
ICMS – DIFAL – Operações Interestaduais realizadas com não contribuintes- Anterioridade Geral e
Nonagesimal
ICMS – DIFAL – Operações Interestaduais aquisição bens de uso e consumo e ativo imobilizado –
Ausência de Lei Complementar
ICMS – Energia elétrica – Base de cálculo exclusão das tarifas de uso dos
SIST. de transmissão (TUST) e de uso dos SIST. de distribuição (TUSD) – Tema nº 986/STJ
ICMS – Energia elétrica – Demanda contratada incidência somente sobre a energia consumida –
Tema nº 176/STF
Momento da incidência do IRPJ e da CSLL na restituição de tributos – efetiva incorporação ao patrimônio
– homologação do crédito pela RFB

b. O cliente em questão lhe informa, em reunião, que possui alguns parcelamentos de débitos de
ICMS com o Estado de São Paulo há dois anos, mas que os valores das parcelas se encontram
atualmente muito altos. Há alguma possibilidade de redução das referidas prestações? (Vale 1,00)
R.:
Sendo assim, os novos descontos sobre multas, previstos no alterado artigo 95
da Lei nº 6.374/1989 dispõe:
● Quando ocorrer a notificação da lavratura do auto de infração: desconto de 70% para pagamentos
em até 30 dias ou 55% após 30 dias;
● Quando ocorrer a intimação do julgamento de defesa, sem recurso do contribuinte: desconto de
55% para pagamentos em até 30 dias ou 40% após 30 dias;
● Quando ocorrer a intimação do julgamento de recurso apresentado pelo contribuinte: desconto de
40% para pagamentos em até 30 dias ou 30% após 30 dias.

Por fim, mesmo em caso de parcelamento, quando o contribuinte já tiver


quitado metade das parcelas devidas, os descontos previstos no artigo 95
poderão ainda ser aplicados para as parcelas remanescentes.
5. Após alguns anos da realização de um planejamento tributário em que houve a segregação de atividades
que anteriormente era realizada por apenas uma pessoa jurídica (a venda e a entrega das mercadorias
passaram a ser realizadas por duas pessoas jurídicas distintas, mas como os mesmos sócios), o seu cliente
lhe procura informando que sofreu a lavratura de um auto de infração de débitos federais, com a
desconsideração do planejamento em questão.
Com base em tais fatos, responda aos itens a seguir.

a. Quais os principais argumentos você apresentaria em defesa do citado planejamento tributário


(Vale 1,00)?
R.:https://gilli.adv.br/carf-admite-validade-de-estrutura-de-segregacao-de-atividades-entre-sociedades-
constituidas-pelos-mesmos-socios/?doing_wp_cron=1705797765.6167678833007812500000

b. Atualmente, como encontra-se a jurisprudência do CARF a respeito dos planejamentos tributários


(Vale 1,00)?
R.:

6. Em 2016, o contribuinte X foi citado em uma execução fiscal proposta pelo Estado de São Paulo para
cobrança de débito de ICMS e opôs embargos à execução, sustentando a improcedência da cobrança, eis
que suas atividades não estariam sujeitas ao tributo. A sentença, proferida em 01.01.2018, rejeitou os
embargos e X interpôs apelação. Ocorre que, em 27/02/2019, o TJSP, em arguição de
inconstitucionalidade, deu interpretação conforme à Lei nº 13.918/2009, declarando que o índice de juros
de mora aplicado na atualização de débitos tributários estaduais não poderia superar o índice federal
(Selic). Diante disso, poderia X peticionar nos autos da apelação, requerendo também a redução dos juros
exigidos pelo Estado, ou nesse caso houve preclusão, tendo em vista que a matéria não foi suscitada na
inicial dos embargos? O acolhimento do pedido pelo TJSP resultaria em supressão de instância, já que a
matéria não foi analisada pelo juiz de 1º grau? (Vale 2,00)

R.:A inconstitucionalidade constitui matéria de ordem pública não


sujeita à preclusão, de modo que pode ser invocada originalmente
pelas partes em grau de apelação, conforme já decidiu a Primeira
Seção do STJ ( EAg 724.888/MG , Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Seção, DJe 22/6/2009).

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