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RESUMO PARA PROVA DE COMERCIAL

CAPITULO 1
O SISTEMA FRANCÊS

O sistema francês causa a objetivação do direito comercial, isto é, a sua


transformação em disciplina jurídica aplicável a determinados atos e não a
determinadas pessoas. Isso, pois traz a adoção da “teoria dos atos de
comércio” como critério de identificação do âmbito de incidência do
Direito Comercial.

São quatro os atos considerados comerciais: compra para revenda,


operações bancárias, empresas e seguros. Portanto qualquer um que
pratique esses atos estará sujeito às normas do direito comercial. Nessas
quatro espécies de atos de comércio, identifica então o elemento comum da
troca indireta, isto é, a interposição na efetivação da troca. Na compra para
revenda, dinheiro é cambiado com bens ou títulos; nas operações bancárias,
permuta-se dinheiro presente por dinheiro futuro; nas empresas, resultados do
trabalho são trocados por dinheiro e outros benefícios econômicos; e nos
seguros, o risco individual se troca pela cota-parte do risco coletivo.

O SISTEMA ITALIANO

O sistema italiano tem como núcleo conceitual a empresa, e a partir desse


conceito irá determinará a atuação do direito comercial.

Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação


de bens ou serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem a natureza
jurídica de sujeito de direito nem de coisa. Em outros termos, não se confunde
com o empresário (sujeito) nem com o estabelecimento empresarial (coisa).

CAPITULO 2
PRINCIPIO DA LIBERDADE DE INICIATIVA

O princípio da liberdade de iniciativa (art. 170 CF) é inerente ao modo de


produção capitalista, em que os bens ou serviços de que necessitam ou
querem as pessoas são fornecidos quase que exclusivamente por empresas
privadas.

Há dois vetores no princípio da liberdade de iniciativa:

- Antepõe um freio à intervenção do Estado na economia. Vetor estudado pelo


direito publico.
- Coíbe determinadas práticas empresariais. Vetor estudado pelo direito
comercial e importa a obrigação de todos os demais empresários de não
impedirem o exercício deste direito.

Na complexa sociedade contemporânea, a liberdade de iniciativa não pode ser


absoluta senão haverá anarquia na produção e injustiças na sociedade.O
Estado, então, precisa intervir, não somente por meio de leis que definam os
direitos destes, mas também por organismos que os defendam. A ordem
constitucional brasileira, assim, consagra a liberdade de iniciativa como
fundamental, mas mitiga seus efeitos, determinando, a rigor, o equilíbrio entre
esta medida de eficiência exigida pelo modo de produção capitalista e a
promoção da justiça social (Frontini, 1975:35).

Quatro desdobramentos podem ser extraídos do princípio da liberdade de


iniciativa:

(a) imprescindibilidade, no capitalismo, da empresa privada para o atendimento


das necessidades de cada um e de todos;

(b) reconhecimento do lucro como principal fator de motivação da iniciativa


privada;

(c) importância, para toda a sociedade, da proteção jurídica do investimento;

(d) importância da empresa na geração de postos de trabalho e tributos, bem


como no fomento da riqueza local, regional, nacional e global.

CAPITULO 4: O EMPRESÁRIO:
1. INTRODUÇÃO:

Empresário é a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa de organizar


uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços.

Empresa é atividade econômica explorada pelo empresário.

Portanto: A empresa pode ser explorada por uma pessoa física ou jurídica. No
primeiro caso, o exercente da atividade econômica se chama empresário
individual; no segundo, sociedade empresária.

Sócio não é empresário, pois não é ele que exerce a empresa, mas sim a
pessoa jurídica.

Empresa não se confunde com Empresário.

A maioria das atividades econômicas de alguma relevância são exercidas na


maioria por pessoas jurídicas.
2. SOCIEDADE EMPRESÁRIA:

Das cinco formas de pessoas jurídicas existentes, somente duas são


consideradas sociedades empresárias: sociedade por quotas de
responsabilidade limitada (Ltda.) e a sociedade anônima (S/A).

Capital social é o montante de recursos que os sócios disponibilizam para a


constituição da sociedade. Em outras palavras são os bens e o dinheiro
empregado pela pessoa jurídica para iniciar seu negocio.

Patrimônio social é o conjunto de bens e direitos de titularidade da sociedade


(ou seja, tudo que é de sua propriedade).

No momento da constituição, a sociedade possui somente como patrimônio


social apenas o capital social. Caso o negócio dê certo esse patrimônio irá
aumentar, caso contrario irá diminuir junto com o capital social.

À contribuição que o sócio dá ao capital social, é-lhe atribuída uma participação


societária. Se a sociedade é limitada, esta participação se chama “quota” (ou
“cota”); se anônima, é “ação” e são patrimônios unicamente dos sócios.

3. OBRIGAÇÕES GERAIS DOS EMPRESÁRIOS:

Os empresários (PF ou PJ) estão sujeitos, em termos gerais, às seguintes


obrigações formais:

a) registrar-se na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua

atividade (REGISTRO)

b) manter escrituração regular de seus negócios (ESCRITURAÇÃO)

c) levantar demonstrações contábeis periódicas (DEMONSTRAÇÃO


FINANCEIRA)

Finalidades das obrigações:

- dar publicidade à situação das pessoas e aos atos jurídicos praticados por
estas

- cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País

- manter atualizadas as informações pertinentes

- proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio e ao seu


cancelamento

4. REGISTRO DE EMPRESAS
O registro é normalmente declaratório e excepcionalmente constitutivo

Lei n. 8.934/1994: Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins

As sociedades empresárias, independentemente do objeto a que se dedicam,


devem se registrar na Junta Comercial do Estado em que estão sediadas.

O SINREM - Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis do


Comércio é composto pelos seguintes órgãos:

• DREI - Departamento de Registro Empresarial e Integração

Órgão da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa.

- Competência normativa

- Supervisão e controle do registro de empresas

- Organização do cadastro nacional de empresas mercantis

- Não possui instrumento de intervenção, somente representa as


autoridades competentes.

• Juntas Comerciais dos Estados:

- Estaduais: uma em cada unidade da Federação

- Subordinação de natureza híbrida -vinculação hierárquica:

- Em matéria administrativa e financeira ao Estado;

- Técnica e normativa ao DREI;

- Não cabe ao Estado impor norma de registro

- Exceção: Junta Comercial de Brasília: subordinada


administrativa e tecnicamente à Secretaria Especial da Micro e Pequena
Empresa (conforme Decreto nº 8.579/2015)

- Funções: executa registros e administrativa dos serviços de registro

- Órgãos:

- Presidência

- Plenário: todos os vogais

- Turmas de vogais

- Secretarias
- Procuradoria: consultoria, advocacia e fiscalização.

ATOS DE REGISTROS DAS EMPRESAS:

Alcance formal, não aprecia mérito, apenas requisitos formais de validade e


eficácia.

- MATRICULA: determinados profissionais (leiloeiros, tradutores públicos,


intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais)
precisam ser matriculados para exercer regularmente suas atividades. Caráter
constitutivo do registro.

- ARQUIVAMENTO: se refere à grande generalidade dos atos levados ao


registro de empresas, como: constituição, alteração, dissolução e extinção de
sociedades empresárias, arquivamento a firma individual (com que o
empresário pessoa física explora sua empresa), os atos relativos a consórcio e
grupo de sociedades, as autorizações de empresas estrangeiras e as
declarações de microempresa, qualquer documento que, por lei, deva ser
registrado pela Junta Comercial, como as atas de assembleias gerais de
sociedades anônimas. Esses documentos todos, de registro obrigatório, só
produzem efeitos jurídicos válidos, após a formalidade do arquivamento.
Também podem ser arquivados documentos de interesse do empresário.

- AUTENTICAÇÃO: relacionada aos instrumentos de escrituração (livros


contábeis, fichas, balanços e outras demonstrações financeiras etc.) impostos
por lei aos empresários em geral.

PROCEDIMENTOS E REGIMES:

Os atos sujeitos a arquivamento devem ser encaminhados à Junta Comercial


nos 30 dias seguintes à sua assinatura. Caso respeitado o prazo, os efeitos do
registro retroagem. Caso contrário eles não retroagem.

Caso constatado vício sanável, o empresário tem o prazo de 30 dias para


sana-lo, caso contrário, o saneamento do vicio será tratado como um novo
pedido incidindo as taxas correspondentes. Caso inconformado com a
declaração de vicio, o empresário pode nesses mesmos 30 dias formular um
pedido de reconsideração. Mantida a decisão, o empresário tem 10 dias ára
recorrer o plenário. Caso novamente for mantida a decisão o interessado tem
mais 10 dias para recorrer ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria da Micro
e Pequena Empresa (ultima instância).

Caso constatado vício insanável o pedido é indeferido. O empresário nesse


caso mantém as mesmas possibilidades de recursos que no vicio sanável.

Existem dois regimes de tramitação de processos no âmbito do registro de


empresas: o regime de decisão singular e o de decisão colegiada
- Colegiadas (de Turmas): atos maior complexidade (art. 41 da Lei nº
8.934/1994):

-S.A.s

-Consórcios

-Grupos empresarias

-Operações societárias (fusões, aquisições)

-Julgamento de recursos

- Singulares: as restantes (art. 42 da Lei nº 8.934/1994)

No regime colegiado, a apreciação do ato deve se dar em 5 dias uteis e no


singular em 2 dias úteis. Caso não forem apreciadas no tempo serão
automaticamente aprovados, mas caso houver pedido de interessado, o
arquivamento pode ser examinado formalmente pela Procuradoria.

FALTA DE REGISTRO:

 Responsabilidade ilimitada dos sócios

 Não goza de regime especial (empresarial): não pode requerer


recuperação judicial e não possui legitimidade ativa para pedir falência
de outro empresário

 Não pode autenticar seus livros empresariais e, portanto, não pode se


valer da eficácia probatória dos livros em seu favor

 não pode participar de licitações

 não pode inscrever-se nos cadastros fiscais (ex: CNPJ) nem no INSS

 SITUAÇÕES DISTINTAS:

Sociedade Simples (Art. 1.150 do CC), fundações e associações: Cartório de


Registro Civil de Pessoas Jurídicas

MEse EPPspodem requerer seu registro nas Juntas Comerciais ou nos


Cartórios de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (Decreto 3.474/2000).

Empresário Rural também pode requerer seu registro perante a Junta


Comercial (art. 971 CC).

5. ESCRITURAÇÃO:
Os empresários têm o dever de manter a escrituração dos negócios de que
participam (CC, art. 1.179). Livro é o nome genérico dado ao instrumento da
escrituração.

A escrituração tem 3 funções: a gerencial (tomada de decisões


administrativas, financeiras e comerciais, por parte dos empresários e dos
dirigentes da empresa); documental (serve de suporte para informações do
interesse de terceiros, como sócios, investidores, parceiros empresariais,
bancos credores ou órgão público licitante); e fiscal (serve também para a
fiscalização do cumprimento de obrigações legais, inclusive e principalmente de
natureza fiscal).

Enquanto alguns servem à memória dos valores relacionados às operações de


compra e venda, mútuo, liquidação de obrigações etc. — em síntese, o quanto
o empresário deve gastar ou receber, num determinado período. Outros
servem à memória de dados fáticos, como o livro de registro de empregados
(CLT, art. 41) ou o de atas das assembleias gerais (LSA, art. 100, IV), ou da
prática de atos jurídicos, como o livro de registro de transferência de ações
nominativas (LSA, art. 100, II). Chamem-se os primeiros livros contábeis, e os
outros livros simplesmente memoriais.

6. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PERIÓDICAS

Quando se trata de uma sociedade limitada, a obrigação se resume ao


levantamento do balanço geral do ativo, passivo e a demonstração de
resultados observadas as técnicas geralmente aceitas pela contabilidade (CC,
art. 1.188). Estes balanços terão por base a escrituração mercantil elaborada
ao longo do exercício.

Se a sociedade empresária adota a forma de anônima ou se enquadra no


conceito legal de sociedade de grande porte o balanço patrimonial deve
apresentar determinadas contas de ativo e de passivo. Em relação a este tipo
de empresário, a lei também exige, além do balanço patrimonial, o
levantamento de quatro outras demonstrações contábeis: lucros ou prejuízos
acumulados, resultado do exercício, dos fluxos de caixa e valor adicionado.

A periodicidade para a elaboração de demonstrações contábeis é, em regra,


anual. Apenas as instituições financeiras e as sociedades anônimas que
distribuem dividendos semestrais estão obrigadas a levantá-las em menor
periodicidade.

As consequências para a falta das demonstrações contábeis periódicas são


as seguintes:

a) o empresário terá dificuldade de acesso ao crédito bancário, ou a


outros serviços prestados pelos bancos que se valem do balanço como
instrumento de aferição da idoneidade econômica e patrimonial de seus
clientes;

b) não poderá participar de licitação promovida pelo Poder Público, tendo em


vista as exigências da legislação própria (Lei n. 8.666/93, art. 31, I);

c) os administradores de sociedade anônima e os administradores da limitada


responderão, perante os sócios, por eventuais prejuízos advindos da
inexistência do documento

7. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

EMPRESA INDIVIDUAL

O regime jurídico imposto ao empresário individual é:

 Capacidade do empresário - deve haver capacidade civil. Incapazes


não podem explorar empresa.

 Proibidos de explorar a empresa - além dos incapazes, estão


proibidos de exercer empresa: falidos, o médico de comercializar
medicamentos e estrangeiros de exercer empresa de assistência
medica.

 Casamento - disposto nos artigos 978,979 e 980 do CC.

 Patrimônio (conceito): é todo o conjunto de ativos e passivos


relacionados a um sujeito de direito.

Na empresa individual, o patrimônio em relacionado a empresa e os não


relacionados se confundem, logo há responsabilidade ilimitada das dividas.

EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE ILIMTADA – EIRELI

EIRELI não é um empresário individual (pessoa física). É uma pessoa jurídica


(CC art. 44), no caso, é uma sociedade limitada unipessoal.

O instituidor da EIRELI deve ser pessoa física. Não se confundem o nome,


patrimônio, direitos e obrigações do instituidor e da EIRELI. Assim somente o
patrimônio social da empresa esteja comprometido em casos de dívidas do
negócio, protegendo assim os bens pessoais do instituidor.

TRANSFERENCIA DE REGISTRO

A transferência do registro se refere à alteração do registro do empresário


individual caso ele se torne EIRELI ou outro tipo de sociedade empresária, ou
vice-versa.
Na transferência, há o aproveitamento da inscrição na Junta e dos cadastros
fiscais já cadastrados do empresário.

CAPITULO 5: ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL:


1. CONCEITO DE ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens que o empresário reúne


para exploração de sua atividade econômica. Compreende os bens
indispensáveis ou úteis ao desenvolvimento da empresa, como as mercadorias
em estoque, máquinas, veículos, marca e outros sinais distintivos, tecnologia
etc. Trata-se de elemento indissociável à empresa. Não existe como dar início
à exploração de qualquer atividade empresarial, sem a organização de um
estabelecimento.

Fundo de Comercio ou Aviamento: É o sobrevalor agregado aos bens em


decorrência de sua organização e atividade. Isto é, enquanto esses bens
permanecem articulados em função da empresa, o conjunto alcança, no
mercado, um valor superior à simples soma de cada um deles em separado.
Aquele empresário interessado em se estabelecer no ramo farmacêutico tem,
na verdade, duas opções: adquirir uma farmácia já pronta, ou todos os bens
que devem existir numa farmácia. No primeiro caso, irá despender valor maior
que no segundo. Isto porque, ao comprar o estabelecimento já organizado, o
empresário paga não apenas os bens nele integrados, mas também a
organização, um “serviço” que o mercado valoriza. As perspectivas de
lucratividade da empresa abrigada no estabelecimento compõem, por outro
lado, importante elemento de sua avaliação, ou seja, é algo por que também se
paga.

2. NATUREZA DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

São elementos da natureza do estabelecimento empresarial é:

1) o estabelecimento empresarial não é sujeito de direito;

2) o estabelecimento empresarial é um bem;

3) o estabelecimento empresarial integra o patrimônio da sociedade


empresária.

3. ELEMENTOS DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

O estabelecimento empresarial é composto por elementos materiais e


imateriais: no primeiro consta as mercadorias do estoque, os mobiliários,
utensílios, veículos, maquinaria e todos os demais bens corpóreos que o
empresário utiliza na exploração de sua atividade econômica. No segundo
residem elementos imateriais do estabelecimento empresarial são,
principalmente, os bens industriais (patente de invenção, de modelo de
utilidade, registro de desenho industrial, marca registrada, nome empresarial e
título de estabelecimento) e o ponto (local em que se explora a atividade
econômica)

 Aviamento não é elemento da empresa pois não é bem, não se pode


vender o aviamento, mas é um atributo da empresa.

 Clientela não é elemento da empresa pois não é bem, pois se trata de


pessoas.

4. A PROTEÇÃO AO PONTO: LOCAÇÃO EMPRESARIAL

Ponto é o local em que se encontra o estabelecimento empresarial. A proteção


jurídica do ponto decorre da sua importância para o sucesso da empresa

Quando o empresário é o proprietário do imóvel em que se estabeleceu, o seu


direito de inerência ao ponto é assegurado pelo direito de propriedade de que é
titular.

Quando ele é o locatário do prédio em que se situa o estabelecimento, a


proteção do seu direito de inerência ao ponto decorre de uma disciplina
específica de certos contratos de locação não residencial que assegura, dadas
algumas condições, a prorrogação compulsória.

Titularizam o direito à renovação compulsória do contrato de locação os


empresários (individual ou sociedade empresária) e a sociedade simples,
quando assumirem locação empresarial.

Requisitos para locação empresarial (do art. 51 da LL):

a) contrato escrito, com prazo determinado (requisito formal);

b) mínimo de 5 anos de relação locatícia (requisito temporal). Tal requisito


se preenche se o contrato é firmado com este prazo, ou superior, ou se a soma
dos prazos determinados de contratos sucessivos alcança a mesma marca
(accessio temporis). Na lei vigente, qualquer lapso temporal entre dois
contratos escritos, ainda que diminuto, impede a soma dos respectivos prazos,
mas isso é controvertível.

c) exploração da mesma atividade econômica por pelo menos 3 anos


ininterruptos (requisito material). Este requisito de caracterização da locação
empresarial está relacionado com o sobrevalor agregado ao imóvel, em razão
da exploração de uma atividade econômica no local, de sorte a transformá-lo
em referência para os consumidores. Assim 3 anos é o prazo estipulado pela
lei para que se crie um fundo de comércio que mereça proteção legal.

Exceção por retomada


A renovação compulsória do contrato de locação empresarial não pode ser
incompatível com o exercício do direito de propriedade (direito constitucional),
pelo locador. Por essa razão, admite-se a exceção de retomada, na ação
renovatória nas seguintes situações previstas na lei (LL, arts. 52 e 72, II e III) [

a) realização de obras no imóvel, que importem sua radical transformação, por


exigência do Poder Público;
b) reformas no imóvel, que o valorizem, pretendidas
pelo locador;
c) insuficiência da proposta apresentada pelo locatário, na açãorenovatória;
d) proposta melhor de terceiros;
e) transferência de estabelecimento existente há mais de um ano, pertencente
ao cônjuge, ascendente ou descendente do locador, ou a sociedade por ele
controlada;
f) uso próprio.

Ação Renovatória

O direito à renovação compulsória do contrato de locação empresarial é


exercido pelo locatário, por meio de uma ação judicial específica: a renovatória.
Ela deve ser pleiteada nos primeiros seis meses do ultimo ano de contrato. Sua
petição inicial, além de comprovar o atendimento aos requisitos da locação
empresarial e o exato cumprimento do contrato, inclusive quanto ao pagamento
dos impostos e taxas que lhe cabia, o locatário deve apresentar uma proposta
nova de aluguel clara quanto às condições negociais para a renovação.

O mérito da contestação do locador pode ter três fundamentos:

a) desatendimento dos requisitos da locação empresarial;

b) decadência do direito à renovação;

c) exceção de retomada.

Indenização do Ponto

Os pressupostos para o empresário ter direito à indenização pela perda do


ponto são três:

a) caracterização da locação como empresarial, com o atendimento aos


requisitos formal, temporal e material;

b) ajuizamento da ação renovatória dentro do prazo;

c) acolhimento de exceção de retomada

 Presentes, pois, estes pressupostos, caberá a indenização pela perda


do ponto nas seguintes hipóteses:
a) se a exceção de retomada foi a existência de proposta melhor de
terceiro;

b) se o locador demorou mais de 3 meses, contados da entrega do imóvel,


para dar-lhe o destino alegado na exceção de retomada (por exemplo:
realização de obras, transferência de estabelecimento de descendente etc.);

c) exploração, no imóvel, da mesma atividade do locatário;

d) insinceridade da exceção de retomada.

A indenização deve cobrir os prejuízos e lucros cessantes em decorrência tanto


da mudança como da perda do lugar e desvalorização do fundo.

5. “SHOPPING CENTER”

Shopping Center é o empreendimento em torno de um prédio constituído de


espaços relativamente autônomos, onde o proprietário organiza a distribuição
desses espaços, de forma a locá-los para pessoas interessadas em explorar
determinadas atividades econômicas predefinidas. O proprietário do
shopping é considerado empresário.

Os espaços devem ser planejados, atendendo às múltiplas necessidades do


consumidor, o que atrai mais clientela e beneficia todos os lojistas. O
proprietário do shopping deve ficar atento às exigências do consumo, as
marcas em ascensão, aos novos serviços e tecnologias, aos modismos, bem
como ao potencial econômico de cada negociante instalado no complexo,
investimentos em publicidade, decoração, segurança do prédio, etc.

Por sua vez, o lojista, ao ocupar espaço no centro de compras, passa a fazer
parte de um sistema empresarial, devendo se submeter às normas fixadas
quanto ao horário de funcionamento, padrão dos produtos oferecidos, layout,
bem como participar das promoções conjuntas de vendas, contribuir para a
manutenção dos espaços comuns, integrar a associação dos lojistas etc.

O shopping center é portanto um empreendimento peculiar, em que espaços


comerciais são alugados para empresários com determinados perfis, de forma
que o complexo possa atender diversas necessidades dos consumidores

Entre o empreendedor e o lojista existe um contrato de locação, embora


revestido de cláusulas especiais com vistas ao atendimento das características
próprias do shopping. A lei só impede que sejam cobradas dos lojistas as
despesas com:

a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do


imóvel;

b) pintura das fachadas, esquadrias externas, empenas, poços de aeração e


iluminação;
c) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados,
anteriores ao início da locação;

d) obras ou substituições de equipamentos, que impliquem modificação do


projeto original;

e) obras de paisagismo.

A lei de locações admite a renovação compulsória do contrato de locação de


espaços em shopping centers (LL, art. 52, § 2º). Entretanto, se a renovação
importa prejuízo ao empreendimento, caberá a exceção de retomada, desde
que provado o prejuízo.

6. ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

O trespasse é o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial e


seu objeto da venda é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos envolvidos
com a exploração de uma atividade empresarial.

O adquirente do estabelecimento empresário responde por todas as obrigações


relacionadas ao negócio explorado naquele local, desde que regularmente
contabilizadas, e cessa a responsabilidade do alienante por estas obrigações
no prazo de um ano (art. 1.146).

Sendo o alienante insolvente, deve haver anuência expressa ou tácita dos


credores. Caso o alienante vender o estabelecimento sem anuência, a venda
será considerada ineficaz e o adquirente poderá perder o estabelecimento, em
favor da coletividade dos credores, caso o alienante venha a ter a sua falência
decretada (LF, art. 129, VI).

Considera-se sucessor o adquirente do estabelecimento, quando a obrigação


do alienante se encontrava regularmente contabilizada.Independentemente de
regular escrituração, o adquirente é sempre sucessor do alienante, em relação
às obrigações trabalhistas e fiscais ligadas ao estabelecimento

Mudanças na propriedade da empresa não afetam os contratos de trabalho,


podendo o empregado voltar-se tanto contra o antigo chefe quanto o atual.

Quanto ao passivo fiscal, caso o alienante deixe de explorar atividade


econômica no seis meses seguintes à venda, há responsabilidade direta do
adquirente. No segundo caso, o adquirente só responde em caso de falência
ou insolvência do alienante.

A sucessão tributária somente se caracteriza, em qualquer caso, se o


adquirente continuar explorando, no local, idêntica atividade econômica do
alienante.

Quando o estabelecimento esta em prédio alugado, o adquirente deve negociar


tanto com o alienante como o locador. anuência do locador para a cessão da
locação pode ser expressa ou tácita, caracterizando-se a última pela sua
inércia, no prazo de 30 dias, após a notificação do trespasse. Se não
manifestada a concordância do locador, por uma dessas formas, sujeita-se o
adquirente à retomada do imóvel, a qualquer tempo (LL, art. 9º, II). Além disso,
o empresário não terá direito à ação renovatória, ainda que preenchidos os
requisitos legais característicos da locação empresarial, mesmo que o locador
não tenha manifestado oposição formal (LL, art. 13, § 1º). Pode o locador, nos
90 dias seguintes à publicação do contrato de alienação na imprensa oficial,
rescindir a locação, se houver justa causa independente de receber a
notificação pedindo a anuência ou não.

A cláusula de não restabelecimento representa a garantia da integridade do


valor despendido pelo adquirente, no trespasse, ao remunerar o fundo de
empresa. Com a entrada em vigor do Código Civil, o alienante, salvo
disposição diversa no contrato de trespasse, fica impedido de concorrer com o
adquirente pelo prazo de 5 anos. Caso não haja regulamentação no contrato
sobre restabelecimento dispõe a lei que o alienante não poderá concorrer
com o adquirente pelo prazo de 5 anos subsequentes ao trespasse (CC, art.
1.147)

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