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Para a próxima aula- questionário com três perguntas e as respectivas respostas até
a próxima semana
Nessas duas primeiras fases, esse Direito é subjetivo. Ele só se aplica se o sujeito for
um comerciante. Só se aplica o regime próprio diante de um sujeito específico. Ao
longo do tempo, isso é considerado um privilégio.
Na atual quarta fase, após a edição do código civil italiano de 1942, volta a ideia do
Direito comercial subjetivista em constante alteração, que é dinâmico e que tutela os
interesses capitalistas em constante mudança .
Conceitos básicos
Empresa
● A primeira face é como sujeito de Direito, de forma errônea, vez que o termo
técnico adequado para tanto é “empresário”. É a empresa no perfil subjetivo.
A figura do empresário
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Elementos do empresário:
4- Finalidade: É uma atividade que deve ser voltada ao mercado, com fins lucrativos,
para pessoas incertas ou indeterminadas.
Algumas atividades são excluídas dessa definição. Há muitas decisões judiciais que
confundem essas atividades não empresariais com atividades empresariais típicas.
Há no Direito brasileiro uma dualidade de sistema entre atividades empresariais e não
empresariais. Originalmente, a intenção era que o livro 2 do CC/2002 se denomina
“Da atividade empresarial” - é um contrassenso ali existirem atividades não
empresariais. No centro do sistema está a pessoa que organiza a produção e
circulação do serviço, o empresário. Ele pode ser pessoa natural (pessoa física) ou
pessoa jurídica. A partir de 2010, foi incorporada em nosso sistema a EIRELI
(Empresa Individual de Responsabilidade Limitada). Foi alterado o código civil para
criar uma nova modalidade de pessoa jurídica.
O empresário pode ser pessoa natural ou jurídica. O que qualifica esse sujeito é o
fato de ele exercer uma atividade econômica organizada. Para ser empresário, não
há qualquer requisito formal ou específico. É possível ser empresário sem ter feito um
registro na junta comercial. Basta que o sujeito se enquadre nos elementos para que
seja considerado, para todos os efeitos legais, como empresário. Se ele se qualifica
como empresário, está sujeito ao regime de empresário, com todos os deveres ou
obrigações. Para os fins legais, é importante saber qual regime jurídico se aplica a
uma pessoa.
O empresário pode ser pessoa natural ou jurídica. Ele deve constituir uma sociedade
ou uma EIRELI. As sociedades podem ser unipessoais ou pluripessoais. A vantagem
do registro é que o empresário torna-se regular. Ele não pode emitir nota fiscal, não
pode participar de licitação, não pode usar a recuperação judicial, não consegue obter
licença sanitária, etc. A vantagem é o selo da regularidade. Nada impede que o
empresário seja a própria pessoa natural (física) no exercício da atividade.
A pessoa que se qualifica como empresário tem alguns deveres. Além do registro, o
primeiro dos deveres ( a inscrição no registro público das empresas mercantis - artigo
967-968 do CC), existem outros.
Deveres
O órgão de registro das empresas são as juntas comerciais. O registro público está
disciplinado no código civil (artigo 1150 a 1154) e na lei de registros públicos. Todas
as sociedades empresárias, sociedades individuais e EIRELIS devem estar
registradas. Há uma junta comercial por Estado. Se tenho uma filial em outro estado,
devo registrá-la em outro estado. As sociedades simples, que não exercem atividade
empresarial, não se registram nas juntas comerciais. Elas se registram no registro
civil das pessoas jurídicas junto com as associações.
1- Arquivamento
Os atos que dizem respeito a criação, extinção ou alteração, da sociedade, ou do
pedido
2- Autenticações
As fichas de balanço financeira ou livros mercantis devem ser autenticadas nas juntas
comerciais.
Empresário rural
O empresário rural pode optar pelo registro ou não na junta comercial sem perder sua
regularidade. O registro nesse caso é facultativo.
É preciso entender a empresa em seu eixo principal, nos três principais perfis.
Empresa-
- A empresa é a atividade (série de atos coordenados para uma determinada
finalidade; é a finalidade que unifica os atos na atividade).
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.
ELEMENTOS
FINALIDADE:
Finalidade para o mercado ( e não para o uso pessoal); aptos a satisfazer uma
necessidade qualquer. A doutrina é a que traz esse elemento. Na acepção do
Buonocore, não existe empresa sem fins econômicos.
INSTITUIÇÃO:
A primeira coisa que devemos saber, para fins de registro público, é que existe
uma dualidade de registros. Existe o registro civil de pessoas jurídicas, para pessoas
jurídicas que não exercem atividade empresária. Uma pessoa jurídica empresária ou
uma cooperativa será registrada na junta comercial. Para o professor, o ideal seria
um registro unificado para todas as pessoas jurídicas de Direito privado. O registro
feito no órgão inadequado tem como consequência a não obtenção da personalidade
jurídica. As sociedades de advogados, em particular, fazem seu registro perante a
OAB. Há uma junta comercial para cada Estado da federação. O órgão federal é o
DREI (Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração). Ele faz a
supervisão e a normatização dos Direitos que dizem respeito ao registro.
PRAZO E EFEITOS:
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos
os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto
o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e
seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com
as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua
sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade
empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de
inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação.
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma
da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
Exemplos:
Pode-se admitir que uma sociedade se desqualifique como sociedade empresária por
decorrência de sua finalidade ou organização ?
Erasmo considera que não é empresário quem exerce atividade intelectual, por
qualquer meio ou organização, por qualquer volume ou quantidade. A sociedade de
advogados é uma sociedade simples. Mesmo uma sociedade enorme de advogados
não se converte em sociedade empresária em razão do tamanho da sua organização.
O exercício das atividades de natureza intelectual está excluído do conceito de
empresa. As profissões intelectuais se distinguem da profissão do empresário,
portanto, devido a uma diversa valoração social. É uma opção legislativa. Esse é o
regime de nosso código civil. O acesso à profissão de natureza intelectual não é livre
como à profissão de natureza empresária. Elas dependem de uma formação
específica e dependem de regular inscrição nos órgãos empresariais. Nas profissões
intelectuais, imperam normas de decoro, que impedem o exercício da livre
concorrência. Há pisos salariais, proibição de publicidade (para advogados, por
exemplo). Não existe produção em massa da atividade intelectual. O advogado que
subscreve uma petição assume uma responsabilidade pessoal pelos atos que pratica,
uma responsabilidade pessoal e ilimitada. Mesmo que feita com o concurso de
auxiliares e colaboradores, a profissão intelectual está excluída do raciocínio
empresário. Não importa se a profissão é organizada ou não. Essa decisão do STJ
faz pouco caso do texto normativo.
Aqui há uma ressalva: as sociedade anônimas são empresárias pela forma, mesmo
que exerçam atividade intelectual. Trata-se de uma opção que os sócios realizam.
Na sociedade simples, o sócio que se retira ou seus herdeiros não têm direito a
haveres.
TJSP: a sociedade civil não está sujeita à falência sobre a ótica do código civil, que a
considera sociedade simples. As sociedades simples estão sujeitas ao regime da
insolvência civil.
Túlio Ascarelli percebeu que a doutrina como um todo havia descuidado do regime
jurídico específico da atividade. Se o que qualifica o empresário é uma atividade
econômica, é preciso, para compreendê-la, construir o regime jurídico da atividade. É
algo que parece simples e irrelevante, mas não o é.
Quando falamos da sociedade comum, vemos que essa questão do regime jurídico
da atividade faz parte de nossas discussões. Quando falarmos da lei de recuperação
e falência de empresas, novamente o regime jurídico da atividade será objeto de
nossa preocupação. É preciso fazer um corte mais teórico para compreender isso.
São atos jurídicos em sentido estrito ou um conjunto de atos em sentido estrito que
comporão a atividade. Eles devem ser imputáveis a uma pessoa ou centros de
interesse (sujeitos de Direitos não personificados - espólio, massa falida ou
condomínio). A massa falida pode ser compreendida em seu aspecto subjetivo, é a
qualificação que se dá ao sujeito depois de decretada sua falência. Massa falida
objetiva é o nome que se dá ao conjunto de bens . O juiz pode decretar a continuidade
da atividade de massa falida.
SUJEITO DA ATIVIDADE
Capacidade do sujeito
Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade
civil e não forem legalmente impedidos.
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos
riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada
pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo
dos direitos adquiridos por terceiros.
§ 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do
alvará que conceder a autorização.
§ 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar
contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de
forma conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399,
de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser
representado por seus representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
Legitimidade do sujeito
Habilitação do sujeito
A lei pode exigir de certos sujeitos uma habilitação. Um exemplo para a atividade não
empresarial é o do advogado, que deve ter a habilitação da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) para praticar sua atividade. Para um exemplo empresarial,
temos os corretores de imóveis, que têm que estar inscritos em um órgão de classe.
Algumas sociedades empresárias precisam ter registro junto ao BACEN (Banco
Central do Brasil), por exemplo. Isso não se aplica a todas as atividades, sendo
apenas necessário o registro perante a junta comercial.
ATIVIDADE EM SI
Licitude da atividade
Eficácia da atividade
Existem ainda outras questões lançadas no texto. O núcleo existe para distinguir o
regime dos atos do regime das atividades. Em relação à atividade, ele se refere à
eficácia. O exercício de certas atividades pode conceder ao sujeito uma qualidade
especial. Há um conjunto de Direitos e deveres impostos ao empresário. Se o sujeito
pratica uma atividade especialmente qualificada, tem uma eficácia (distinta da eficácia
do negócio jurídico), por decorrência do exercício da atividade. Ele está obrigado a
fazer o registro, a fazer o registro das atividades contábeis. Ele terá alguns benefícios.
Ele poderá se utilizar, como empresário, da recuperação judicial ou extrajudicial, em
caso de crise. O não empresário não tem esse benefício. Porque o empresário tem
esse direito? É um efeito da atividade qualificada que exerce. Está longe de ser uma
questão meramente teórica. É abstrato, mas tem consequências práticas.
Destinação da atividade
O que Ascarelli propõe é que a atividade é um fato jurídico. Ela produz efeitos
independente da vontade do agente. Os atos isolados da atividade negocial
constituem negócios jurídicos. Como se sabe, os negócios jurídicos só produzem
efeitos conforme a vontade das partes. A vontade do agente está nos negócios
jurídicos isolados. Ela é um conjunto de manifestações de vontade, que se
concatenam entre si para uma finalidade específica.
A atividade pode ser meramente aparente, como no caso de uma atividade prevista
no objeto social da empresa que não é prática. Isso não aplica a doutrina da
simulação, que só vale para negócios jurídicos. É um vício do negócio jurídico. Uma
atividade não praticada pela sociedade não é uma sociedade que se enquadra no
campo de simulação.
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
Não se faz distinção entre bens materiais e imateriais.
Compreendido o estabelecimento como tal e sabendo que ele pode ser objeto unitário
de negócios jurídicos translativos de sua titularidade, precisamos compreender os
elementos
daquele local por questão contratual. O empresário inquilino tem até direito à
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição
do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de
publicado na imprensa oficial.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da
alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos
outros, da data do vencimento.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.
O terceiro ponto é o do artigo 1.147 que é uma cláusula legal de não restabelecimento
que proíbe o alienante de fazer concorrência. Trata-se de uma cláusula geral que
precisa ser preenchida no caso concreto. É preciso determinar o local e a área que
está impedida. Se não está determinado, convém que prestemos atenção, reduzindo
esse prazo, ou definido o que significa fazer concorrência. Se isso não for feito, caberá
ao juízo preencher essa lacuna no caso concreto. A área de atuação do alienante
pode corresponder a um bairro ou a uma cidade, por exemplo. É preciso se abster de
concorrer no local e no objeto da concorrência (posso realizar uma atividade distinta).
Se o alienante pretende concorrer, é conveniente que obtenha uma autorização
expressa.
Por diversas vezes, o poder judiciário teve de se manifestar quanto a esse problema.
A jurisprudência criou uma regra clássica da chamada companhia de juta. Nesse
caso, se construiu uma ideia em torno do princípio da boa fé que estabelecia a
proteção genérica do estabelecimento. Se consideram regras como o dever de fazer
boa forma e coisa valiosa do objeto da alienação.
Essa cláusula pode ser considerada abusiva se violar o princípio da livre iniciativa. O
princípio da liberdade de iniciativa tem uma dimensão tão importante quanto o
princípio da liberdade de trabalho.
O alienante do estabelecimento, ainda que tenha uma grande clientela, não tem como
transferi-la para o adquirente. Trata-se de um critério de avaliação.
O título se confunde com o chamado “nome fantasia” ? O professor não gosta muito
dessa expressão. Há uma espécie de nome social que é a denominação social, uma
matéria em que estamos retrógrados. É um nome que se opõe à chamada firma
social, que é o nome empresarial junto ao nome de um ou alguns dos sócios.
Nome comercial
O nome pode ser de duas espécies: a firma dotada pela sociedade ou a firma adotada
pelo empresário individual. O nome empresarial tem a função de identificação do
sujeito. Ele não se confunde com a marca ou o título do estabelecimento, nem com a
loja física ou outros tipos de proteção conferidos ao empresário.
A lei nº 8.934/94 que trata do registro perante as juntas comerciais foi alterada
recentemente pela lei nº 13.833/19 (lei de liberdade econômica), com alguns pontos
relevantes mais relacionados à estrutura dos contratos mercantis. A proteção ao
nome também tem amparo constitucional no art. 5º inciso XXIX da Constituição. O
nome empresarial tem como função identificar o sujeito que exerce a atividade.
Tradicionalmente, a proteção ao nome está alicerçada em dois principais princípios:
o princípio da veracidade e o princípio da novidade.
Princípio da veracidade
O empresário individual (MEI) é aquela pessoa natural que exerce uma atividade em
seu próprio nome e que faz registro sem constituir EIRELI ou sociedade unipessoal,
não tendo assim limitação de responsabilidade ou separação de patrimônio. Ele pode
compor sua firma social com seu nome ou sobrenome, acrescido de outra expressão
indicativa de sua profissão.
As sociedades, salvo certos tipos societários, podem compor seu nome utilizando-se
de uma expressão de fantasia, um nome figurativo. Uma loja de brinquedos pode se
chamar “la casa da magia limitada”. O nome comercial do McDonald '' s no Brasil é
“arcos dourados comércio de alimentos”.
Princípio da novidade
Em matéria de nome empresarial não é possível que haja homônimos, para não gerar
problemas de concorrência desleal. Por isso, é sempre necessário fazer a consulta
de disponibilidade do nome empresarial antes do registro. Há uma instrução
normativa do DREI (Departamento nacional de Registro Empresarial e Integração)
nesse sentido.
A firma social, por sua vez, é um nome que contém o nome de um, alguns ou todos
os sócios que componhem a sociedade ou EIRELLI, como se verifica no nome de
sociedades de advogados. No caso específico da EIRELI, o nome comercial sempre
deverá conter o termo “EIRELI”.
O professor acredita que essa distinção poderia ter sido suprida. Mas há uma razão.
Como o nome identifica o empresário, nas sociedades nas quais o sócio responde
pelas dívidas é obrigatório que a sociedade tenha uma firma social, como no caso
dos escritórios de advocacia e sociedades em nome coletivo. Para as sociedades
limitadas, é facultativa a escolha entre a firma e a denominação social.
Uma sociedade cooperativa deve identificar que é cooperativa em seu nome. Uma
sociedade anônima deve opera com denominação procedida de de “companhia” ou
seguida de “sociedade anônima”, abreviado ou por extenso.
Toda regra não aplicável à estrutura unipessoal não será aplicada, como a regra de
exclusão de sócio.
As regras para sua constituição são as mesmas das demais sociedades limitadas.
Não há uma previsão de critérios específicos. Há uma inexistência de regra da
composição do nome empresarial. Se não há regra específica para constar o nome
“unipessoal”, não será possível distinguir quais sociedades são unipessoais ou não,
algo que seria útil para o mercado. Outrossim, não existe regra para a proteção do
capital social. No artigo 1004 do código civil, consta que que o sócio deve apenas
subscrever o capital social no ato constitutivo.
EIRELI
Há uma controvérsia se uma pessoa jurídica pode constituir uma EIRELI. Não há
previsão quanto ao tipo de pessoa na lei. Há quem entenda que isso é possível. O
professor Assis advoga levando em consideração a razão de ser da EIRELI. Ele
entende que ela nasceu para limitar a responsabilidade do empresário individual. Não
faz sentido limitar a responsabilidade de algo que já nasce para ser uma limitação de
responsabilidade (uma sociedade). Para ele beira ao absurdo permitir que uma
sociedade constitua uma EIRELI. A principal razão para permitir isso vem do histórico
de tramitação. Originalmente na redação original foi suprimida a expressão “natural”
da lei (onde constava “pessoa natural”), o que só pode ser interpretado como uma
mudança intencional. Para sedimentar isso, o DREI autorizou expressamente que a
EIRELI seja constituída por pessoa jurídica. Na instrução normativa número 81 do
DREI foi reafirmada essa possibilidade, inclusive no caso de ser a sociedade
estrangeira. O professor vê isso como incompreensível.
Há quem advogue que é possível que a EIRELI pode exercer atividade não
empresária. Nesse sentido, o professor Assis coloca em voga a questão que quem
faz esse exercício deve poder ser responsabilizado por eventual erro, como um
médico, por exemplo. Em outro sentido ele traz de novo a razão de ser, criada para
regular o empresário individual, o que é o bastante para evitar que ela exerça
atividade não empresária.
Natureza da EIRELLI
Aqueles que defendem que a EIRELI nãos eria uma nova pessoa jurídica, defendem
que o legislador não colocou a EIRELI como sociedade. Há um rol taxativo no código
civil (artigo 44) que elenca as modalidades de pessoa jurídica. Lá constam tanto
sociedades como EIRELI.
Alguns autores sustentam que isso não faria sentido. As organizações religiosas e os
partidos políticos são associações, mas também estão elencadas nesse rol. O artigo
983 diz que que a sociedade empresária deve se organizar de acordo com os artigos
1.039 a 1.092, enquanto a EIRELI está no artigo 980-A.
O professor Valladão leciona que há vários institutos societários que não se aplicam
à EIRELI, e constituiram meras ficções jurídicas. O professor Callisto explica que não
existe uma organização específica para a EIRELLI. O professor ASSIS explica que a
EIRELI é um novo ente que se interpõe à sociedade e ao empresário individual.
Muitas das questões trazidas neste debate, do ponto de vista prático, parecem estar
superadas. Mas às vezes esses problemas retornam. É preciso discutir as
particularidades. A questão de natureza jurídica está aparentemente superada.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única
pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100
(cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou
a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441,
de 2011) (Vigência)
É difícil imaginar uma nova personalidade jurídica que não se enquadra em um dos
modelos pré-existentes. Já havia normativa da comunidade europeia, da década de
90, de modo a uniformizar o regime jurídico nos estados membros. Essa opção da
EIRELI foi feita por questões fiscais, por oposição da receita federal. O professor
Calisto, entretanto, já havia introduzido essa possibilidade.
A lei confere todas essas proteções para assegurar o bem jurídico de concorrência
no mercado. Se o sujeito desenvolve um marca, a marca passa a ser um diferencial.
Um terceiro concorrente não pode copiar aquela marca sem concorrer de forma
desleal. Toda vez que o empresário imita a marca de outro empresário faz uma
tentativa de apropriação de bem jurídico. No exemplo de desenho industrial (o
conjunto ornamental de linhas e cores que designa um produto), não se pode admitir
cópia, igualmente. O concorrente não pode se apropriar do desenho industrial de
outro. As patentes de invenção servem para proteger a inovação, proteger a coisa
nova a ser lançada. A patente de invenção contribui a seu titular um monopólio de
produção por um determinado produto por um certo período. A patente tem uma
proteção máxima, no Direito brasileiro, de 20 anos. Pode ser um pouco maior se
houver um atraso na análise das patentes. Após esses período a lei estabelece que
essa invenção cai em domínio público. Os outros concorrentes poderão se utilizar da
mesma invenção. Essa proteção às patentes é limitada no tempo para proteger a
inovação. Se a proteção fosse muito maior do que 20 anos, o sujeito não iria mais
investir em inovação. Ele somente colheria os benefícios de uma inovação. É um
incentivo do Direito para que o empresário tenha um desenvolvimento, uma inovação.
Se a apple patenteou uma nova tecnologia, os outros concorrentes não poderão
chegar ao mesmo resultado usando a mesma tecnologia. Há um monopólio legal
assegurado. O modelo de utilidade é o aprimoramento a uma invenção já existente.
Nas marcas, faz sentido estabelecer um limite temporal ? As marcas tem proteção ad
eternum, desde que o sujeito continue a usá-la e pleitear as formalidades junto aos
órgãos de registro. A proteção do desenho industrial é protegida por tempo limitado,
também, para fomentar a inovação nos desenhos. No caso do desenho industrial, o
prazo é de 15 anos, havendo a possibilidade de renovação.
Patentes
Porém, se o INPI demorar mais de 10 anos para fazer essa análise, há um prazo extra
de 10 anos mínimo a contar do deferimento do pedido. Se o INPI demora doze anos
para conceder um registro, por exemplo, terei 10 anos a mais após o deferimento. Há
um prazo mínimo de 10 anos após a concessão da patente. Se entre o depósito e o
deferimento tiver passado mais de 10 anos, há esse prazo extra.
O modelo de utilidade tem uma proteção de 15 anos a partir da data do depósito, mas
é preciso ter no mínimo 7 anos de proteção após a concessão da patente.
Requisito 1: Novidade.
Quando se pleiteia algo, é preciso fazer uma descrição técnica, explicitando onde
estão os primeiros três requisitos. Isso precisa ser aberto ao público. A invenção será
aplicada na revista de propriedade industrial, inclusive para que ela possa ser
impugnada pelo mercado. Há uma ou outra informação mantida em sigilo. O que é
muito importante compreender ? Não há uma proteção ao fim buscado, apenas ao
processo. Se a samsung desenvolve um sistema de touch screen para um celular, ela
deve publicar como o sistema funciona. A Apple pode chegar no mesmo resultado,
mas por um processo inventivo distinto. Não se protege o resultado final ( a tela
touchscreen) mas o processo utilizado. Esses são os pressupostos. É preciso
demonstar que a invenção não decorre do estado de técnica. Se quero criar um Air-
bag, preciso mostrar como cheguei no resultado, mostrar que isso não decorre da
realidade técnico-científica. É a descrição técnica da invenção.
Há certos agentes privados que não buscam a proteção junto ao INPI, porque
consideram que 20 anos não é tempo suficiente. É o caso da Coca-cola, que não
registrou seu produto. Ela não protege sua fórmula secreta com patente. Ela as
protege com as fórmulas de segredo contratual. Isso é muito utilizado na indústria de
perfumes e alimentos. Mais importante que a patente, hoje, são os contratos de
segredo industrial.
Modelo de utilidade
1. O titular desse direito pode licenciar esse Direito para terceiros. O artigo 61 da
lei de propriedade industrial trata da licença voluntária da patente de invenção.
Posso licenciar isso com ou sem exclusividade. A segunda é a função da
proteção. Incentiva-se a
2. A lei também tem um mecanismo de licenciamento compulsório. Isso mostra
bem a conexão entre concorrência e proteção aos bens de propriedade
industrial. O titular desse monopólio pode abusar desse direito e evitar o
acesso de terceiros de modo que a lei estabelece um licenciamento
compulsório quanto preenchidos os artigos 68 e 69 da lei de propriedade
industrial.
3. O sujeito desenvolve uma vacina eficaz contra o COVID-19, pela lei, se obtiver
a patente, terá o monopólio. Nessa situação, ocorre a chamada quebra de
patente. Pagam-se royalties e compensações para o inventor, mas a patente
é “quebrada”, aberta ao mercado e ao Estado.
Marca
A marca é um sinal distintivo utilizado pelo empresário para distinguir os produtos que
por ele são colocados em circulação no mercado. A marca protege a identificação do
produto pelo empresário, mas não a novidade desenvolvida pelo empresário. Se eu
quiser lançar um chocolate no mercado, posso. Posso identificar o produto de forma
distinta. Não é uma novidade absoluta em termos de relação do produto que protejo
com a marca. Posso ter marcas de 4 tipos diversos. As marcas nominativas, as
marcas figurativas , as marcas mistas e as marcas tridimensionais.
Marca Figurativa
O logo da Nike, por exemplo. Essa é a marca figurativa, a figura ou imagem que não
está acrescida de qualquer locução ou palavra.
Marca mista
Marca nominativa
Marca tridimensional
Princípio da especificidade
Há uma outra espécie de proteção especial, a marca notória. Esta proteção especial
é em termos territoriais. O INPI vai ampliar a proteção da marca notória para todos os
países signatários de tratados comerciais. É possível ser uma marca notória sem ser
uma marca de alto renome. Ou seja, a proteção notória só se aplica a um certo ramo
de atividade.
Desenho industrial
A marca tridimensional não implica a criação de uma forma nova. O sujeito não
desenvolveu algo novo. A pirâmide estendida da Toblerone não é passível de
proteção por desenho industrial.
Marca tridimensional
Para registrar uma marca tridimensional, é necessária uma novidade relativa.
Entretanto, o formato que se pretende registrar não pode ser funcional ou necessário.
Há a questão do “tato”. O chocolate batom tem a forma de um cilindro, uma forma não
funcional para o produto (um chocolate).
O desenho industrial não se confunde com a marca tridimensional. Ele opera com a
novidade absoluta. Não se pode registrar o batom como desenho industrial porque
ele é um cilindro, que não é algo novo.
A forma é protegida. Mesmo que eu faça uma garrafa igual a da yakult mas com um
nome diferente, uma cor diferente, não posso lançá-la no mercado.
O sinal tridimensional apenas será registrável como marca quando constituído pela
forma plástica singular, não habitual e não estritamente funcional em relação ao
produto.
No exemplo das pecinhas de Lego, houve uma tentativa de registro como marca
tridimensional. Mas é algo irregistrável, pois os pinos da peça de lego são
imprescindíveis ao desempenho da função a que o brinquedo se propõe.
Há um autor muito bom nessa questão, o Dênis Barbosa. Ele deixou vários trabalhos
disponíveis para o público sobre Direito marcário.
Trade-dress
Conceito: Ocorre quando concorrente desleal assinala seus produtos e serviços com
sua própria marca, mas, com o objetivo de usufruir do bom conceito de uma empresa
com maior prestígio.
Nesse caso acima, a Hintz imitou o conjunto imagem do produto. O trade-dress imitou
o conjunto imagem, que não é protegido pela marca mista ou pela marca
tridimensional. Os elementos singulares não violam o Direito marcário, mas o conjunto
sim.
Nesse exemplo acima, não há como registrar uma marca tridimensional, por exemplo.
O formato é uma caixa retangular, um formato usual e funcional.
STJ:
Concorrência desleal.
Há sujeitos que usam seu nome empresarial como marca. No recurso especial nº
1.673.450 -RJ, o STJ decidiu o caso do “ JFC FRANZ ALIMENTOS LTDA”. Havia
uma marca com esse nome a nível nacional e um empresário - distinto - em Santa
Catarina. Foi feita uma interpretação sistemática baseada nas convenções de Paris.
Entendia-se que o sujeito que usava seu nome empresarial como marca, em razão
da cronologia, obtia o Direito de uso exclusivo da locução nominativa. O impugnante
(o empresário cujo nome empresarial era igual à marca, que havia registrado seu
nome antes da marca) podia fazer a impugnação ao pedido de registro e pedir, dentro
de 6 meses, o registro da marca. Neste caso, a empresa Franz Chocolates já vinha
usando seu nome desde 1995. Mas o STJ mudou de entendimento.
Nem toda sociedade é empresária. Existem sociedades simples. Nem toda sociedade
é pessoa jurídica (existem tipos societários não personificados). Nem toda pessoa
jurídica é exercente de atividade empresarial (como associações). Existem pessoas
jurídicas de Direito público que não exercem atividade empresarial (os municípios, os
estados, a união).
O empresário é o sujeito de Direito que exerce a atividade empresarial, que pode ser
pessoa jurídica ou natural. Aschinni considera a empresa a partir de 4 perfis, o
objetivo, funcional, subjetivo e o corporativo. Desses, os três primeiros são os
principais. Quando falamos de empresário, falamos de perfil subjetivo.
No exemplo de uma EIRELI com registro irregular, há regência será aquela concedida
ao empresário individual, não aquela da sociedade em comum. O regime da
sociedade em comum só se aplica à sociedade com pluralidade de sócios que tenha
registro irregular.
Quando falamos do perfil funcional, falamos do regime específico que se aplica a uma
atividade. A atividade pode ser regular ou irregular, mas nunca válida ou inválida. A
sociedade , por sua vez, pode sim ser válida ou inválida.
O estabelecimento como local no qual se exerce a atividade pode ter título distinto do
nome empresarial, e nenhum desses será necessariamente equivalente às marcas
utilizadas pelo empresário. O empresário pode ter um nome, um título diverso para
seu estabelecimento - que pode ser uma de suas marcas registradas - e uma série
de marcas registradas independentes.
Nada impede que um empresário abra uma sociedade para cada um de seus
estabelecimentos, o que o professor considera como algo ruim do ponto de vista
tributário, mas que é perfeitamente possível. Nesse caso você poderia fazer o
trespasse do estabelecimento ou vender as próprias cotas da sociedade.
O professor fala ainda do trade dress, o conjunto imagem, protegido pela cláusula
geral contra a concorrência desleal da lei de propriedade industrial. Trata-se de uma
proteção ao bem jurídico da concorrência leal. É necessária essa cláusula geral para
evitar novas violações oportunistas da concorrência leal.
O bem jurídico de concorrência leal é tutelado, ainda, por duas outras cláusulas.