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DIREITO EMPRESARIAL

Unidade 1 - O Direito Comercial e o


Direito de Empresa

GINEAD
Unidade 1

O Direito Comercial e o
Direito de Empresa

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vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda,

compartilhamento e distribuição.
Apresentação

Seja muito bem-vindo a esta unidade de ensino, em que você será apresentado ao Direito
Comercial e ao Direito Empresarial, ramos do Direito que são de extrema relevância para o
universo jurídico.

Este material tem o objetivo de estimular o desenvolvimento de habilidades profissionais e


acadêmicas ao apresentar as características do Direito Comercial e do Direito Empresarial, bem
como a evolução histórica das questões jurídicas ligadas ao tema. Além disso, você verá também
sobre a autonomia do Direito Empresarial e os princípios e fontes do Direito Empresarial.

Ótimos estudos!

Objetivos
Esta disciplina tem como objetivo principal proporcionar as bases gerais para o conhecimento
e aprofundamento no Direito Empresarial, de modo que você adquira acuidade e senso crítico
em relação à temática e tenha condições de aplicar o aprendizado adquirido, seja na vida
acadêmica ou profissional, de forma técnica e prática.

Objetivos de aprendizagem
Ao final desta unidade você:

• Conhecerá a evolução histórica, princípios e fontes do Direito Comercial.

• Compreenderá a teoria e a prática do Direito Comercial.

• Conhecerá a aplicação do Direito de Empresa, atentando-se para a autonomia do


Direito Empresarial.

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1.1 O Direito Comercial e o Direito
Empresarial
O termo Direito Comercial é originário da expressão latina commutatio mercium, que significa
a troca de mercadorias por mercadorias. Sua origem remonta às antigas corporações de ofício,
que, já no final da Idade Média, viam a necessidade de amparo para as negociações visando
regular a atividade mercantil. De acordo com Fabio Ulhôa Coelho (2016), esse ramo do Direito
surge por meio de contratos bilaterais entre as pessoas que comercializavam.

Em sua fase inicial, o Direito Comercial praticado pelos artesãos organizados corporativamente
não tinha regras rígidas, mas um regramento próprio, cotidiano, cujo objetivo principal era
livrar os comerciantes da dominação dos poderosos monarcas.

Figura 1.1: É necessário regras comerciais para prosperar

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Com o passar dos anos, como veremos adiante, o Direito sentiu a necessidade de expandir
o escopo de ação do Direito Comercial. Surge, então, o Direito Empresarial, de sentido mais
amplo e que abarca diversas atividades, seja do comércio, indústria ou serviços.

Hoje, o Direito Comercial e o Empresarial não teriam força não fosse pelo Estado de Direito,
que, com os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, cuida da aplicação prática dos princípios
norteadores das questões jurídicas.

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Em nossa sociedade, a lei deve ser feita por representantes do povo, de maneira aberta e
transparente. Sua administração está sujeita a críticas de toda a população, que deve se reunir
sem medo de retaliações. Justamente pela existência e manutenção do Direito Positivo no
Estado Democrático de Direito, as leis devem ser aplicadas de forma igual e justa, de modo que
ninguém, nem empresa nem indivíduo, esteja acima da legislação.

O sistema de proteção jurídica, de características complexas, é um elemento essencial em todas


as ordens legais – seja para o indivíduo, seja para a empresa – na medida em que permite fazer
valer os direitos e obter reparação.

1.1.1 O Direito Comercial


Antes da Idade Média, os dados históricos apontam que a normatização sobre o assunto era tímida
e a única forma de regulamentação mais próxima de uma norma de que se tem registro, mesmo
que sem estrutura normativa, é o código, como o de Hamurabi, que remonta a aproximadamente
1780 a.C., na Babilônia, e o de Manu, na Índia de 1000 a.C. (TOMAZETTE, 2016).

Figura 1.2: Código de Hamurabi, rei da Babilônia

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

O Direito Romano, conjunto de regras e normas vigentes em Roma desde sua fundação (753 a.C)
até a elaboração do Código de Justiniano (529 a.C.), dá origem ao termo Jus Civile, ou Direito Civil.

Naquela época, de acordo com Coelho (2016), ainda não havia a designação de regras próprias
ao comércio. A palavra commercium era utilizada apenas para a troca de produtos entre

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pessoas como um ato jurídico, a expressão negotiatio (negociação) era utilizada para a indústria
(produção de algo), enquanto que mercatura nomeava a mercadoria, com sentido restrito ao
objeto em si.

Nesse sentido, de acordo com Requião (2010), a atividade comercial tal como a conhecemos
hoje tem início com a aquisição e venda de mercadorias diversas por qualquer pessoa.

Como vimos, as corporações de ofício foram as organizações que primeiro empreenderam


a tentativa de regular a comercialização de produtos. Naquelas organizações, as ordens
não eram aplicadas aos indivíduos que trocavam mercadorias entre si, mas apenas aos que
praticavam atos de comércio. As regras do Direito Comercial nascem por meio dos costumes
essencialmente profissionais, que regiam muito as ações dos comerciantes.

1.1.2 O regime jurídico dos atos de comércio


Os atos de comércio são regulados pelo Estado, inicialmente, para controle das ações dos
cidadãos. Na França de Napoleão (século XIX), por exemplo, o Direito Privado e o Comercial
foram distinguidos, este último destinado ao controle dos atos comerciais dos burgueses.

A melhor explicação para o surgimento dos atos de comércio é a que justifica sua existência
devido à necessidade de se definir as ações que seriam reguladas pelo Direito Comercial.
Os atos que não estivessem abarcados na lei deveriam ser atendidos pelo Direito Privado
(TOMAZETTE, 2016).

Atos de comércio
Era necessário nomear aquilo que seria contemplado pelo Direito Co-
mercial. Surge, então, no Código Comercial francês de 1807, o termo
atos de comércio.

A teoria francesa dos atos de comércio


Após o surgimento da teoria francesa, os atos especificados na lei come-
çam a ser regulados pelo Direito Comercial e todos os comerciantes têm
a obrigação de seguir as normas que regem o assunto.

Os atos de comércio no Brasil


Em 1850, o Brasil estipulou as regras dos atos de comércio, seguindo a
tradição francesa.

O surgimento dos atos de comércio marca a passagem do Direito pautado no costume para o
Direito unificado, baseado na norma escrita e regido por regras gerais e abstratas.

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Figura 1.3: As leis escritas

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

1.1.3 O Direito Empresarial


Para muitos, o Direito Comercial e o Direito Empresarial são sinônimos; um mesmo ramo do
Direito. Entretanto, não se pode concebê-los como iguais.

O Direito Comercial é tido como o princípio da Teoria dos Atos de Comércio e foi somente
após o surgimento da Teoria da Empresa, em meados do século XX, que surgiu o chamado
Direito Empresarial, com um entendimento mais completo para abarcar a atividade comercial
como um todo (TOMAZETTE, 2016). O Direito Empresarial não se preocupa unicamente com
a mercancia e troca de mercadorias, mas com toda e qualquer forma de atividade organizada
que vise ao ganho de capital.

Houve não apenas a divisão entre o Direito Comercial e o Empresarial, mas, acima de tudo,
uma alteração nos paradigmas e entendimentos enquanto ramificações do Direito.

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Figura 1.4: O Direito Empresarial e os diferentes tipos de comércio

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Nesse passo, o Direito Empresarial preocupa-se em basear sua atuação e defesa sobre a atividade
econômica organizada, seja no comércio, indústria ou nos serviços. Sendo assim, todos os que
exercem alguma prática empresarial são empresários e, portanto, sujeitos do Direito Empresarial.

Figura 1.5: O Direito Comercial e o Direito Empresarial

Teoria dos
Atos de Comércio Direito Comercial Teoria da Empresa

Sentido irrestrito
que abrange mais Direito Empresarial
características

Fonte: Elaborada pelo autor (2018).

O Direito Empresarial abrange, então, todas as esferas do ramo, o que inclui não só as empresas,
enquanto organizações formais, mas, em uma percepção integral, qualquer ação mercantil.

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Figura 1.6: A empresa tem amparo no Direito Empresarial

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Sabemos que a empresa é um ente fictício do mundo jurídico que adquire personalidade
para que possa desempenhar seus objetivos e, por esse motivo, é uma atividade e não um
sujeito de direitos e deveres. Se analisarmos o Código Civil de 2002, veremos que o texto não
se preocupa em conceituar o termo empresa, limitando-se a tratar unicamente da organização
dos dispositivos que são utilizados pelo intérprete para o entendimento e aplicação das leis.
Diante dessa omissão legislativa do conceito, podemos então apontar a nossa concepção:
uma empresa pressupõe uma atividade organizada e não um sujeito acobertado de direitos
personificados.

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1.1.4 A Teoria da Empresa
A teoria que rege a atividade empresarial consolidou-se por meio do Código Comercial italiano,
em meados do século XX. Os pontos de vista sobre os negócios empresariais até então
tinham respaldo na Teoria dos Atos de Comércio, que abrangia especificamente atividades de
mercancia. A Teoria da Empresa, mais completa, abarca a maioria das práticas econômicas,
seja no comércio, na produção ou na prestação de serviços (TOMAZETTE, 2016).

Figura 1.7: O Direito Empresarial abrange a maioria das atividades econômicas

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

A Teoria dos Atos de Comércio não se preocupava com algumas ocupações, ligadas, por
exemplo, à questão da mineração e até mesmo ao campo agropecuário, daí a necessidade de
se pensar em algo que não se restringisse a cuidar da comercialização de produtos.

Não era necessário apenas expandir o alcance das regras comerciais. Era preciso pensar na
caracterização do Direito Comercial sem vínculo pessoal com o titular da ocupação e mais
ligado à própria atividade, que poderia ser de qualquer ramo ou tipo.

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Figura 1.8: As ideias sobre as atividades empresariais se expandem

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

O Direito Empresarial, apoiado na Teoria da Empresa, que discute as questões corporativas,


surge então para regular as atividades dos empresários e das sociedades empresárias. Ele vai
além da normatização dos atos de comércio, que era a única preocupação de outrora.

Para Alberto Asquini (apud NEGRÃO, 2013), o conceito de empresa é baseado em uma visão
poliédrica, em que existem os perfis subjetivo, objetivo, funcional e corporativo ou institucional:

• A empresa tem perfil subjetivo porque por trás dela está uma pessoa física ou
jurídica (no caso das sociedades empresariais) que exerce o seu comando.

• O perfil objetivo da empresa está relacionado ao aparato de que ela faz uso para
o exercício de suas atividades. Esse perfil tem respaldo na Teoria do Estabele-
cimento Comercial, que entende que bens corpóreos e incorpóreos são instru-
mentos básicos da vida empresarial.

• O aspecto funcional da empresa está intimamente ligado à questão prática e diá-


ria da vida do empresário. A empresa existe por meio do real exercício da ativida-
de, que se traduz em um conjunto de atos componentes do dia a dia de negócios.

• A ideia do perfil corporativo ou institucional da empresa coloca em cena os cola-


boradores (empregados, trabalhadores), os quais dão vida à atividade empresa-
rial, submetendo-se ao regime jurídico da legislação trabalhista.

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1.1.5 As atividades empresariais como um todo
A mudança na concepção do que é uma atividade empresarial ganhou força ao longo dos anos.
Na atualidade, por exemplo, até mesmo o trabalho no campo tem escopo na moderna Teoria
da Empresa, o que faz com que os negócios rurais equiparem-se muitas vezes ao exercício de
uma instituição empresarial usual e pré-concebida.

Figura 1.9: Muitas atividades rurais têm as características formais de uma empresa

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Seguindo a legislação, o que se prevê é que uma empresa, para receber esse título, depende
de seu aspecto funcional, o que caracteriza a sua essência ou conceituação prática. Nesse
sentido, uma organização empresarial nada mais é do que um conjunto de atos organizados
para promover uma atividade baseada na circulação de bens ou serviços visando ao lucro.

Atenção
A empresa não é constituída de um ato isolado, mas sim de um conjunto de
atos de forma reiterada. A atividade empresarial em caráter profissional gera
atos vinculados e coordenados que se coadunam com um objetivo final: a
obtenção de lucro.

É preciso, no entanto, deixar claro que nem toda ocupação que almeja fins lucrativos pode ser
concebida como um exercício empresarial. Segundo o artigo 966 do Código Civil de 2002, é
necessária a organização de fatores de produção para a caracterização do elemento empresa.

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Sendo assim, não podemos tratar as atividades de cunho intelectual ou de natureza artística ou
literária como ofícios de caráter empresarial.

Figura 1.10: O Direito Empresarial não abrange todas as atividades

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Para Tomazette (2016), a clareza na organização e padronização das atividades desempenhadas


é que se coadunam para a caracterização da empresa. As atividades de cunho artístico,
intelectual ou literário, quase sempre pautadas na exclusividade de sua produção, não podem
ser consideradas como empresariais, mas como uma condição secundária da atividade.

A esse respeito, é importante dizermos que a III Jornada de Direito Civil, do Conselho da Justiça
Federal, aprovou alguns enunciados sobre a temática. O Enunciado 194 do CJF, por exemplo,
trata dos profissionais liberais e de sua condição de não empresários.

Atenção
Enunciado 194, da III Jornada de Direito Civil, do Conselho da Justiça Fede-
ral: “Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a
organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade
pessoal desenvolvida.” Disponível em: <http://www.cjf.jus.br/enunciados/
enunciado/374>. Acesso em: 30 jun. 2018.

No Enunciado 195, redigido no mesmo evento do Conselho da Justiça Federal, o assunto é a


necessidade de a empresa ter demanda econômica e absorver a atividade intelectual. Vejamos
a sua redação:

A expressão “elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser


analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literá-
ria ou artística, como um dos fatores da organização empresarial. (CONSELHO, 2002).

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Até agora, falamos bastante do que é uma empresa. Mas, quem é o empresário? Vamos
analisar o artigo 966 de nosso Código Civil de 2002: “Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços.” (BRASIL, 2002).

O empresário é, então, o titular da atividade, sendo este uma pessoa física agindo de forma
isolada, como na empresa individual, ou jurídica, no caso da sociedade empresária de que
participam diversas pessoas naturais. É de bom tom lembrarmos que a Lei nº 12.441, de
2011, alterou o Código Civil de 2002 para permitir a constituição da Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada, a chamada Eireli:

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por


uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado,
que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.
(BRASIL, 2011).

Figura 1.11: O empresário e a empresa – quem são?

O Enunciado 194 do CJF


O empresário é o titular trata dos profissionais
da atividade, seja uma liberais e de sua condição de
pessoa física agindo de não empresários.
forma isolada, como na
empresa individual, ou
jurídica, no caso da
sociedade empresarial de
que participam diversas
pessoas naturais.

“Art. 966. Considera-se Segundo o Enunciado 195


empresário quem exerce do CJF, a empresa deve ter
profissionalmente atividade demanda econômica e
econômica organizada para a absorver a atividade
produção ou a circulação de intelectual.
bens ou de serviços.”
(BRASIL, 2002).
O empresário é aquela
pessoa que desempenha
determinada atividade
organizada visando ao
lucro, seja na produção e
circulação de bens ou
prestação de serviços.

Fonte: Elaborada pelo autor (2018).

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Também é necessário distinguirmos empresário e sócio. Enquanto o sócio é uma pessoa
natural que se une a outra para uma melhor organização da atividade empresarial típica, o
empresário é uma pessoa física revestida de personalidade jurídica.

1.2 O Direito Empresarial como ramo


autônomo do Direito
O Direito Empresarial ganha escopos característicos nas decisões judiciais, doutrina e leis
após sua consolidação como uma área ou ramo específico do Direito. Apesar de encontrar
guarida nos Direitos Privado e Civil, ele é autônomo, pois tem fundamentos próprios e muitas
diferenças intrínsecas e extrínsecas com relação ao Direito Civil geral.

Figura 1.12: O Direito Empresarial tem autonomia

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

É certo que o Direito Empresarial atua em conjunto com o Direito Civil. Assim como os ramos
tributário e trabalhista, ele não se desvencilha totalmente de algumas áreas, às quais está ligado
pela própria norma. Contudo, é necessário salientar que ele mantém uma separação peculiar
em diversos aspectos que o fazem ter a autonomia que justifica sua existência e consolidação.

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Características distintivas do Direito Empresarial
Ele é cosmopolita, oneroso, informal e fragmentário.

Cosmopolitismo
Ele atua em conjunto com regras e leis de cunho internacional que re-
gem as atividades empresariais.

Onerosidade
Ele visa ao lucro.

Informalismo
Tem a necessidade de menos intervenção do Estado e mais desburocra-
tização.

Fragmentarismo
Mesmo com regras e normas próprias, ele se utiliza muito de outros ra-
mos do Direito, com normas fragmentadas para compor seu escopo de
regras específicas.

1.2.1 A importância do Direito Empresarial


Sabemos que as atividades empresariais são reguladas pelo Estado, que detém a fiscalização
das leis, aplicadas na prática diária do cidadão. O regime de normas e regras emanadas e
controladas pelos poderes do Estado de Direito – Legislativo, Executivo e Judiciário – pode ser
traduzido como sendo o regime jurídico da empresa.

É certo que todos entendem que hoje a empresa é um elemento essencial da sociedade, seja
porque produz algo que consumimos, seja porque compra de outra um produto de que fazemos
uso, seja porque somos usuários de seus serviços (CHAGAS, 2016). Sendo assim, o Direito
Empresarial tem extrema relevância, afinal faz parte do dia a dia de todos e rege a vida coletiva.

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O Direito Empresarial alcança todos os indivíduos...

pois atua na sociedade como um todo e...

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e faz com que haja crescimento econômico, político e social no país.

Suas normas, em constante atualização, também fazem parte do Direito


Consuetudinário.

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A importância econômica e social da empresa é inquestionável, o que faz com que as questões
empresariais, regidas pelo Direito Empresarial, sejam objetos basilares da sociedade moderna.
As atividades empresariais fazem a economia “girar”: o salário de um trabalhador da empresa
A, por exemplo, serve para a compra de produtos e contratação de serviços das empresas B,
C, D, E... Esse dinheiro sustenta a família, paga a escola dos filhos, as contas de consumo diário
etc. A empresa merece respeito, pois faz parte da sociedade como um todo.

Figura 1.13: O Direito Empresarial impulsiona a economia e a vida em sociedade

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Também é pertinente apontar que o Direito Empresarial renova as questões normativas que
atingem as empresas e cria novas regras que porventura sejam cabíveis e necessárias frente
aos acontecimentos. Um exemplo é o fato de as atividades do ramo sempre terem visado ao
lucro, mas as ideias atuais interpretarem como ultrapassada a visão de que a obtenção de
ganhos deve ser “a qualquer preço”. Hoje, entende-se que a função social da empresa deve
prezar pela responsabilidade diante das atitudes de seus comandos (FINKELSTEIN, 2015).

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A empresa é importante
Ela não se limita a gerar lucro para o seu proprietário, pois suas ativida-
des envolvem pessoas, famílias, o próprio empresário, o estabelecimen-
to empresarial, a economia, a questão dos impostos; a sociedade como
um todo.

O Direito Empresarial promove uma constante renovação na


sociedade
Ele caminha junto com novas regras e normas, com a mutação da visão
de empresa.

O Direito Empresarial é fundamental


O lucro e a função social da empresa são questões modernas que só
encontram guarida no novo patamar do entendimento das atividades
empresariais.

1.2.2 Os princípios e fontes do Direito


Empresarial
Os princípios e fontes do Direito Empresarial, assim como nos demais ramos do Direito, existem
para conceder certo grau de confiabilidade, força e certeza da norma.

As fontes do Direito – a lei, os costumes, as jurisprudências etc. – são de amplo conhecimento.


Contudo, quando falamos de princípios, há uma certa relativização, pois os doutrinadores da
área não chegaram a um consenso a respeito do assunto. O certo é que podemos elencar
quatro princípios próprios que regem o Direito Empresarial:

• Princípio da livre iniciativa.

• Princípio da autonomia da vontade.

• Princípio da liberdade de concorrência.

• Princípio da valorização do trabalho humano.

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1.2.3 Os princípios do Direito Empresarial
Primeiramente, é preciso destacar que os princípios gerais encontrados na sociedade, como a
ética e o direito à igualdade e liberdade, devem ser prezados, haja vista que sustentam o corpo
social em que a empresa está inserida.

Figura 1.14: A sociedade moderna é estruturada por diversos princípios

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

A competência do Direito Empresarial tem como principais princípios: liberdade de iniciativa,


livre concorrência, garantia e defesa da propriedade privada e preservação da empresa.

O princípio da liberdade de iniciativa tem base na ideia de que a atividade empresarial deve
ser livre. Ele prescreve que a empresa é um ente privado contribuinte e gerador de empregos e
que, portanto, merece proteção do Estado e deve ter liberdade para atuar no seu fim precípuo
de gerar riquezas, lucros, empregos e contribuir socialmente.

O princípio da liberdade de concorrência preza pela oferta de produtos e serviços de maneira


honesta, seguindo os ditames, porque a disputa desleal coloca em risco a empresa, que pode falir
e deixar de atender a uma determinada área geográfica com empregos, produtos, contribuição
em impostos etc. Esse princípio também cuida do número de empresas trabalhando em prol
da sociedade.

O princípio da garantia e defesa da propriedade privada é oriundo da ordem econômica e


prevê que a empresa depende de sua gerência interna, cabendo ao Estado interferir somente
em casos relevantes. Ele forma, juntamente com os princípios da livre iniciativa e da livre
concorrência, um tripé para o Direito Empresarial.

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O princípio da preservação impõe que as atividades empresariais precisam de proteção.
Ele tem amparo no entendimento de que a empresa, sendo de grande interesse no campo
social, econômico e legal, precisa de cuidados, porque uma eventual falência prejudica diversas
pessoas: consumidores, clientes, fornecedores etc. Por isso, há prevalência pela recuperação
diante da iminência do fechamento do negócio.

Princípios do Direito Empresarial

Liberdade de iniciativa
Soberania para atuar como bem quiser, respeitadas as normas existentes.

Liberdade de concorrência
Mais empresas oferecendo os mesmos produtos ou serviços = mais pes-
soas atendidas e mais opções de escolha.

Garantia e defesa da propriedade privada


Proteção de ordem econômica que forma, em conjunto com os princí-
pios da liberdade de iniciativa e da livre concorrência, o tripé do Direito
Empresarial.

Preservação da empresa
Cuidado com a manutenção da empresa, que deve ser protegida tendo
em vista a sua importância social, econômica e política.

1.2.4 As fontes do Direito Empresarial


As fontes do Direito Empresarial são primordialmente as leis, as normas gerais e os costumes,
as quais se agrupam em duas subdivisões: materiais ou formais e primárias ou secundárias.

A normatização jurídica é a principal fonte de amparo para essa área do Direito, sendo
necessário frisar que as diretrizes do Direito Civil também são usadas como alicerce.

As fontes materiais desdobram-se nos fenômenos sociais (costumes), econômicos e políticos,


enquanto que as fontes formais partem do conteúdo da norma jurídica.

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Figura 1.15: As fontes do Direito Empresarial

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Didaticamente, as fontes do Direito Empresarial podem ser separadas em primárias e


secundárias.

As fontes primárias provêm do Código Comercial, Código Civil, leis, tratados e regulamentos
comerciais. As secundárias têm base no Código Civil, nos usos e costumes, na analogia e nos
princípios gerais do Direito.

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Figura 1.16: As fontes primárias e secundárias do Direito Empresarial

Fontes primárias Fontes secundárias

Código Civil
Código Comercial
de 2002

Código Civil de
2002 (Direito Usos e costumes
de Empresa)

Leis, tratados e
regulamentos Analogias
comerciais

Princípios gerais
do Direito

Fonte: Elaborada pelo autor (2018).

É importante dizer que a jurisprudência e a doutrina não são exatamente fontes do Direito
Empresarial, mas constituem formas de interpretação e aplicação de suas normas.

Jurisprudência
É uma interpretação da lei com base em decisões judiciais semelhantes.
Não é uma fonte usual do Direito Empresarial.

Doutrina
Parte da livre visão de autores e juristas e por isso não pode ser conside-
rada uma fonte primária do Direito Empresarial.

A jurisprudência e a doutrina são fontes secundárias


Na atualidade, fazem parte do rol das fontes secundárias do Direito Em-
presarial, porque por vezes fundamentam a aplicação das normas e não
apenas sua compreensão ou interpretação.

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Síntese

Nesta unidade, aprendemos que o Direito Comercial, em seu berço, nas chamadas corporações
de ofício, não era aplicado aos indivíduos que trocavam mercadorias entre si, mas apenas aos
que praticavam atos de comércio. As diretrizes sobre a comercialização de produtos entre os
artesãos da Idade Média surgiram para livrar seus autores da dominação dos poderosos.

Vimos que o Direito Comercial e o Empresarial são confundidos entre si e para muitos poderiam
ser sinônimos. Entretanto, o Direito Empresarial tomou forma após o surgimento da Teoria
da Empresa, que tornou necessário um ramo jurídico que abarcasse a atividade comercial
como um todo. O Direito Empresarial, portanto, veio para renovar as questões normativas
que atingem as ocupações empresariais e criar novas regras que se façam necessárias frente
à sociedade.

A respeito da autonomia do Direito Empresarial, estudamos que ela foi conquistada após a
consolidação da importância dessa área jurídica como um ramo específico que ganha escopos
próprios nas decisões judiciais, doutrina e leis.

Ao final de nossa aprendizagem, elencamos os princípios do ramo do Direito Empresarial – livre


iniciativa, autonomia da vontade, liberdade de concorrência e valorização do trabalho humano
– e analisamos suas fontes – primordialmente as leis, costumes, normas gerais –, subdivididas
em materiais ou formais e primárias ou secundárias.

Saiba mais
Sabemos que muito se questiona a respeito da nomenclatura e autonomia
do Direito Empresarial. Quanto à sua soberania e autossuficiência, pode-se
dizer que existem diversos estudos e discussões sobre o assunto. O texto “A
autonomia do Direito Comercial e o Direito de Empresa”, do Prof. Dr. Mar-
cos Paulo de Almeida Salles, da Universidade de São Paulo (USP), é um dos
exemplos de análise do tema e um ótimo material de estudo. Acesse <http://
www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67933> e boa leitura!

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Referências

BRASIL. Congresso Nacional. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui


o Código Civil. Brasília: Diário Oficial da União, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 31
out. 2018.

______. ______. Lei no 12.441, de 11 de julho de 2011. Altera a Lei nº 10.406, de


10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para permitir a constituição de empresa
individual de responsabilidade limitada. Brasília: Diário Oficial da União,
12 jul. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso em: 31 out. 2018.

CHAGAS, E. E.; LENZA, P. (Coord.). Direito Empresarial esquematizado. 3. ed.


São Paulo: Saraiva, 2016.

COELHO, F. U. Curso de direito Comercial: Direito de Empresa. v. 1. São Paulo:


Saraiva, 2016.

CONSELHO da Justiça Federal. Jornada de Direito Civil III: Enunciado 195.


Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2002. Disponível em: <http://www.cjf.jus.
br/enunciados/enunciado/375>. Acesso em: 31 out. 2018.

FINKELSTEIN, M. E. (Coord.). Direito Empresarial. São Paulo: Revista dos


Tribunais, 2015.

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NEGRÃO, R. Manual de Direito Comercial de Empresa: Teoria geral da
Empresa e Ddireito Societário. São Paulo: Saraiva, 2013.

REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial: teoria geral e direito societário.


7. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

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