Você está na página 1de 19

I- DIREITO EMPRESARIAL

1. CONCEITO
Conceitos clássicos - É o ramo do Direito Econômico que disciplina a atividade
econômica privatista, repetida com regularidade. É o conj. sistemático de normas jurídicas
disciplinadoras do comércio.
Conceito moderno - É o ramo do direito que cuida do exercício da atividade
econômica organizada para fornecimento de bens ou de serviços, dos quais precisamos para
viver, denominada EMPRESA.
2. OBJETO
De acordo com Fábio Ulhôa Coelho, “seu objeto é o estudo dos meios socialmente
estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou
relacionados às empresas que exploram”.
3. DENOMINAÇÃO
Modernamente, o Direito Comercial também é denominado Direito Empresarial,
Direito Mercantil ou Direito dos Negócios.
4. ORIGEM
O Direito Comercial só surgiu como ramo autônomo do Direito na Idade Média,
embora o Direito Romano identificasse alguns de seus institutos como a Falência. Visando
propiciar maior segurança à atividade mercantil, os próprios comerciantes criaram suas
corporações, numa época em que se vislumbravam manifestas desagregações nas áreas
política e social.
Assim, em sua origem, o Direito Comercial emanou de uma classe social, em vez de
se enfocar no Estado. Tinha um caráter consuetudinário (baseado nos costumes dos
mercadores) e corporativo (surgido no seio das corporações de mercadores, como
organizações profissionais e aplicado por estas a seus membros). Com o tempo, ganhou
legitimidade do próprio Estado que se ocupou em sistematizar suas regras.
5. CÓDIGO NAPOLEÔNICO
Em 1807, na França, foi editado o primeiro grande Código de Direito Comercial,
conhecido como Código Napoleônico, considerado pela doutrina como um marco para o
Direito Mercantil.
Sob o influxo dos ideais da revolução francesa, que não admitia a existência de
privilégios, suas normas passaram a regular a atividade de qualquer indivíduo que viesse a
praticar determinados atos, havidos como de comércio, independentemente de quem os
realizasse. Surgiu a teoria dos atos de comércio,cujo estudo sempre foi um problema de
difícil solução para aqueles que se ocupavam do Direito Comercial. Com o tempo, caiu em
descrédito, surgindo a teoria da empresa, advinda do sistema italiano.
6. NOTÍCIA HISTÓRICA
(O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL)
Fortemente influenciado pelos Códigos Francês, Espanhol e Português, surgiu entre
nós o Código Comercial do Império do Brasil, promulgado pela Lei 556 de 25.06.1850, que
permanece parcialmente em vigência até os nossos dias. Por não identificar objetivamente
qual matéria deveria ser analisada como de natureza mercantil, surgiu no mesmo ano, o
Regulamento 737, de cunho processual, que acabou por enumerar quais eram os atos que
identificavam a mercancia, adotando-se, desta forma, a teoria objetiva dos atos de
comércio.

1
Com o tempo, esta disposição legal deixou de vigorar. A partir de 1875, com a
extinção dos Tribunais do Comércio e a unificação da jurisdição civil e comercial em uma
só, o comerciante deixou de ser aquele que praticava determinados atos delimitados pela
lei, passando a ser aquela pessoa que, profissionalmente, pratica a mercancia considerada
como atividade de intermediação entre o produtor e o consumidor, exercida com fim
lucrativo.
7. ATOS DE COMÉRCIO
Para Rocco, “ato de comércio é todo ato que realiza ou facilita uma interposição na
troca”. Doutrinariamente, podemos dizer que ato de comércio é a atividade que se
caracteriza pela troca e intermediação, praticado com profissionalidade, visando a
especulação (lucro), apesar de modernamente existirem alguns que não objetivam essa
finalidade, tais como o aval.
Desta forma, na lista de atos de comércio não se encontravam algumas atividades
econômicas que, com o tempo, passaram a ganhar importância equivalente às de comércio,
banco, seguro e indústria. Assim, a insuficiência da teoria dos atos de comércio forçou o
surgimento de outro critério identificador do âmbito de incidência do Direito Comercial: a
teoria da empresa.
A título ilustrativo, vale ressaltar a consagrada classificação dos atos de comércio
proposta por J.X. Carvalho de Mendonça, baseada estritamente no Direito brasileiro, que
leva em conta a existência de três classes de atos de comércio:
a. atos de comércio por natureza comerciais ou profissionais, que são aqueles
“negócios jurídicos referentes diretamente ao exercício normal da indústria
mercantil, que consistam propriamente na operação típica, fundamental (a
compra e venda), ou naqueles outros atos que imprimem uma feição
característica ao comércio”;
b. atos de comércio por conexão ou dependência, que são aqueles “atos praticados
pelo comerciante no interesse e em virtude do exercício do seu comércio,
mesmo que de forma graciosa”;
c. atos de comércio por força ou autoridade da lei, que são todos aqueles “atos
que, independentemente de sua essência ou da qualidade da pessoa que o
pratica, é tido como comercial porque assim determina a lei”.
8. AUTONOMIA DO DIREITO EMPRESARIAL
Segundo Ascarelli, o Direito Comercial é um direito especial, necessariamente
autônomo. No Brasil, essa autonomia é referida, inclusive, na própria Constituição Federal,
que, ao listar as matérias da competência legislativa privatista da União, menciona “direito
civil” em separado de “comercial”. Hoje, no entanto, há uma tendência mundial buscando a
reunião dos dois ramos do direito privado (civil e comercial. Ex. Itália).
Atualmente o Código Civil Brasileiro revogou grande parte do Código Comercial
brasileiro que permaneceu apenas com a sua Segunda Parte (arts. 457 a 796) a respeito do
direito marítimo. Assim, a tendência de unificação do Direito Privado fortaleceu-se com o
novo Estatuto Civil, que dá ênfase à teoria da empresa.
É de se ressaltar que a paulatina adoção, no Brasil, da teoria da empresa, nos moldes
do sistema italiano, é verificável em diversas legislações mais modernas, tais como a Lei
8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor, art. 3º), que conceitua indistintamente como
sendo fornecedor.
9. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO EMPRESARIAL
Cosmopolitismo – necessidade de intercâmbio entre os povos (ex.: Convenção

2
de Genebra que unificou as regras sobre títulos de crédito)
Onerosidade – intuito econômico e especulativo
Informalismo- por sua dinâmica, deve ser simplificado.Conseqüência é a boa-fé
que deve caracterizar as relações comerciais e a facilitação dos meios de prova,
isto porque as transações são normalmente dotadas de um menor número de
mecanismos de proteção justamente em benefício da celeridade.
Fragmentarismo – O Direito Empresarial está longe de contar com um sistema
jurídico harmônico e completo, tratando-se, isto sim, da reunião de várias
normas jurídicas.
10. RELAÇÃO DO DIREITO EMPRESARIAL COM OUTRAS MATÉRIAS.
O Direito Empresarial mantém estreita ligação com diversas outras matérias do
Direito em geral, sendo que com algumas, revela ampla solidariedade.
Direito Civil – O novo Código Civil revogou os quatrocentos e cinqüenta e sete
primeiros artigos do Código Comercial, passando a tratar de matérias de cunho
exclusivamente empresarial.
Direto Penal – Há uma relação tão íntima, que se fala em criar um Direito Penal
Empresarial. O Direito Criminal trata de crimes de concorrência desleal, contra a
propriedade imaterial e falimentares, entre outros.
Direito Administrativo – Relacionamento tende a aumentar cada vez mais, diante da
crescente ingerência do Estado na vida econômica. É a chamada Proteção Administrativa.
Ex. CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica
Direito Tributário – Suas regras se reportam aos conceitos de Direito Comercial à
caracterização da incidência tributária.
Direito Internacional – Convenções e tratados internacionais. Ex.: Convenção de
Genebra sobre títulos de crédito.
Direito Processual Civil – Serve-lhe de apoio em inúmeras ações, tais como o
processo de falência.
Direito Constitucional – A Carta Magna prevê, entre outros, o regime de livre
concorrência.
11. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL
As fontes do DireitoEmpresarial seguem os aspectos inerentes às outras disciplinas
do Direito, sendo imediatas, quando decorrentes de lei (também chamadas primárias) e
mediatas, quando provenientes dos usos e costumes.
Os usos e costumes comerciais devem se revestir de determinados requisitos, tais
como:
a. modo uniforme de sua prática,
b. iteratividade (reiteração) de sua aplicação,
c. e registro na Junta Comercial (os assentamentos de usos e costumes são
regulados por lei especial);
12. REGIME DE LIVRE INICIATIVA
A Constituição do Brasil atribuiu a iniciativa privada à exploração de atividades
econômicas (produção de bens e serviços necessários à vida das pessoas em sociedade),
reservando ao Estado apenas uma função supletiva, ou seja, em caso de relevante interesse
coletivo (arts. 170 e 173).
Efetivamente, sem um regime econômico de livre iniciativa, de livre competição,
não há direito comercial, razão pela qual, o sistema reprime o abuso do poder econômico e
a concorrência desleal.

3
II- DA EMPRESA E DOS EMPRESÁRIOS
1. CONCEITO DE EMPRESA
A idéia básica de empresa é a que ela encerra uma atividade, a de produção ou
circulação de bens ou serviços.
Assim, na linguagem cotidiana a expressão “empresa” é utilizada de maneira
imprópria. Se uma pessoa exclama “a empresa foi reformada, ficou mais bonita”, está
empregando o conceito equivocadamente. Não se pode confundir a empresa com o local em
que a atividade é desenvolvida. O conceito correto nessa frase é o de estabelecimento
empresarial; este sim pode ser embelezado, nunca a atividade.
Empresa é a atividade econômica organizada à produção ou circulação de bens ou
serviços. Sendo uma atividade, a empresa não tem natureza jurídica de sujeito de direito
nem de coisa. Em outros termos, não se confunde com o empresário (sujeito), nem com o
estabelecimento empresarial (coisa).
2. CONCEITO DE EMPRESÁRIO
De acordo com o art. 966 do Código Civil, “empresário é o profissional exercente
de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços”.
Destacam-se desta definição, as noções de:
a) profissionalismo - habitualidade, pessoalidade (enquanto o empresário, na
condição de profissional, exerce pessoalmente a atividade empresarial, os empregados,
quando produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em nome do empregador) e
monopólio de informações (as informações sobre os bens ou serviços que oferece ao
mercado – especialmente as que dizem respeito às suas condições de uso, qualidade,
insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos potenciais à saúde ou vida dos
consumidores – costumam ser de seu inteiro conhecimento).
b) atividade econômica - atividade empresarial é econômica no sentido de que busca
gerar lucro para quem a explora.
c) atividade organizada - a empresa é atividade organizada no sentido de que nela se
encontram articulados, pelo empresário, os quatro fatores de produção: capital, mão-de-
obra, insumos e tecnologia.
d) produção de bens ou serviços - produção de bens = fabricação.
Toda atividade industrial (fabricação de produtos ou mercadorias), é por definição,
empresarial. Exemplos de empresários: os donos de montadoras de veículos, confecção de
roupas, etc.
-produção de serviços= prestação de serviços
Exemplos de empresários que produzem serviços: os de banco, seguradora, hospital, escola,
estacionamento, provedor de acesso à internet.
e) circulação de bens ou serviços - a atividade de circular bens é a do comércio, em
sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para trazê-lo ao consumidor.
Circular serviços, por sua vez, é intermediar a prestação de serviços. A agência de turismo
não presta os serviços de transporte aéreo, traslados e hospedagem, mas, ao montar um
pacote de viagem, os intermedia.

Obs.- O empresário pode ser pessoa física ou jurídica. No primeiro caso,


denomina-se “empresário individual”; no segundo, “sociedade empresária”.

4
3. PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO
Como organizador de atividade empresarial, o empresário (pessoa física ou jurídica)
necessariamente deve contratar mão-de-obra, que é um dos fatores de produção. Esses
trabalhadores, independentemente da natureza do vínculo contratual mantido com o
empresário (CLT ou representante autônomo, pessoal ou tercerizado), são chamados
prepostos (arts. 1.169 a 1.178 do Código Civil).
Dois prepostos têm sua atuação especificamente prevista no Código Civil: o gerente
e o contabilista, sendo que o primeiro é facultativo (o empresário pode, simplesmente, não
ter este tipo de preposto), enquanto o segundo é obrigatório (salvo se nenhum houver na
localidade – art. 1.182 do CC).
Os demais agentes auxiliares do empresário têm suas atividades reguladas por
legislação própria. Como exemplos.: leiloeiros (Dec. 21.981/32), corretores de imóveis (Lei
6.530/78) e despachantes aduaneiros (Dec.-lei 4.014/42).
4. OBRIGAÇÕES COMUNS A TODOS OS EMPRESÁRIOS
Todos os empresários estão sujeitos às três obrigações:
a. registrar-se no Registro de Empresas antes de iniciar as suas atividades (art. 967
do CC);
b. escriturar regularmente os livros obrigatórios (no direito brasileiro, só há
atualmente um livro obrigatório, o diário) e
c. levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano (art. 1.179 do
CC);
A inobservância de cada uma dessas obrigações não exclui o empresário do regime
jurídico-comercial, mas importa conseqüências diversas, que visam mais estimular o
cumprimento das obrigações que, propriamente, punir o empresário pelo descumprimento.
A título ilustrativo, indicam-se a seguir, as sanções de ordem civil e penal para o
empresário que não cumpre as obrigações inerentes a todos os empresários:
-Não tem legitimidade ativa para pedir a falência de seu devedor (art. 9º, III, a, da
LF).
-Não pode impetrar concordata, em regra (LF, art. 140, I).
-Falta de prova a seu favor no litígio entre comerciantes – CPC – Art. 379.
Dá-se exatamente quando é solicitada pelo juiz a exibição dos livros contábeis cujos
contornos são fixados por legislação processual civil, art. 378 a 380. Por ser um documento
unilateral, o livro mercantil não serve para prova plena. Se o conjunto probatório não vê
nos lançamentos contábeis correspondência com a verdade, cabe ao juiz conferir-lhe o
valor ou desconsiderá-lo. Portanto, esses livros servem tanto como prova a favor do
empresário como contra ele.
-Falência considerada fraudulenta (art. 186, VI, da LF).
-Impossibilidade de participar de licitações públicas (Lei 8666/93, art. 28, II e III).
-Presumir-se-ão verdadeiros os fatos contra si (art. 359, I, do CPC).
Quando forem requeridos documentos pela parte contrária numa ação, e o requerido
não efetuar a exibição dos documentos ou livros obrigatórios, nem fizer qualquer
declaração no prazo de 5 (cinco) dias subseqüentes à sua intimação, (art. 357, CPC),
presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados contra si.

III- REQUISITOS AO EXERCÍCIO

5
DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
1. CAPACIDADE CIVIL
À semelhança do que estabelecia o art. 1º do Cód. Comercial, o novo Código óCivil,
em seu art. 972, determina que “podem exercer a atividade de empresário os que estiverem
em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.”
2. EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL
Como se observou, podem exercer a atividade empresarial os ditos “capazes”.
Assim, os absolutamente incapazes (menores de dezesseis anos; os que por enfermidade ou
deficiência mental não tiverem o necessário discernimento à prática dos atos da vida civil e
os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade) e os relativamente
incapazes (maiores de dezesseis anos e menores de dezoito, os ébrios habituais, os viciados
em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; os
excepcionais, sem desenvolvimento completo e os pródigos) , estão impedidos de
praticarem atos comerciais, sendo os dos primeiros considerados nulos e dos segundos,
anuláveis.
3. PROIBIDOS DE COMERCIAR
Estão legalmente impedidos de comerciar no Brasil:
a. Funcionários públicos – Constituição Federal (arts. 54,95, parágrafo único,
128,§ 5º, II, etc), estatutos em geral do funcionalismo público. Não há restrições
em serem simples acionistas ou cotistas de sociedade empresária.
b. Militares, integrantes das forças armadas (marinha, exército ou aeronáutica).
c. Auxiliares do comércio (leiloeiros, corretores, despachantes aduaneiros).
d. Falidos (durante o período de 5 anos após o trânsito em julgado da sentença que
declarar extinta a falência).
OBS – De regra os estrangeiros podem desempenhar a atividade empresarial, desde
que regularmente respeitadas as normas atinentes à sua permanência no território nacional,
nos termos do Estatuto dos Estrangeiros (Lei 6.815/80). Restrições: jornal, rádio e televisão
(parcial), recursos minerais e energia hidráulica.
4. O MENOR EMPRESÁRIO
Existe a possibilidade da pessoa adquirir a capacidade mesmo antes de completar 18
anos, por meio da emancipação, que regulada pelo parágrafo único do art. 5º do CCB, pode
ser outorgada por concessão dos genitores, pelo casamento, pelo exercício de emprego
público, colação de grau superior e estabelecimento com economia própria.
5. CONSEQUÊNCIAS DO EXERCÍCIO IRREGULAR
Aquele que é proibido de comerciar e mesmo assim, exerce atividade empresarial
estará desenvolvendo uma atividade irregular e sujeito a uma série de penalizações
estabelecidas em leis próprias, respondendo em relação a terceiros. Além do mais, a Lei de
Contravenções Penais (Dec-lei nº 3.688/41), em seu art. 47, tipifica tal conduta como ilícito
penal.

IV- DO REGISTRO DE EMPRESAS

1. CONCEITO
Em sentido amplo, registro significa a soma de formalidades legais, de natureza
extrínseca a que estão sujeitos certos atos jurídicos, a fim de que se tornem públicos e

6
possam valer contra terceiras. Tem, portanto, a função de atribuir existência legal ao ato
jurídico praticado.
Em sentido estrito, registro público significa a transcrição ou inscrição de
documentos, em livros públicos, mantidos pelos ofícios públicos ou departamentos e
repartições públicas.
2. DECLARATÓRIO DA CONDIÇÃO DE EMPRESÁRIO
Sabemos que empresa é a atividade econômica organizada para produção e
circulação de bens e serviços, e que empresário é o exercente desta atividade. Porém esse
conceito de empresário não se vincula a sua necessária inscrição no registro de empresas
existindo, portanto, o empresário de fato, ou seja, aquele que exerce sua atividade, porém
não é registrado, e o empresário de direito, aquele regularmente registrado. A este último
são conferidas vantagens especiais advindas dessa inscrição.
Assim, uma pessoa pode exercer atividade empresarial sem ser inscrita ou
matriculada na Junta Comercial.
O registro não é constitutivo, mas simplesmente, declaratório da qualidade de
empresário.
3. FINALIDADE
A finalidade do registro é a atribuição de personalidade jurídica às sociedades
mercantis, assim como declara o artigo 45 do CC: “começa a existência legal das pessoas
jurídicas de Direito Privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedido quando necessário de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-
se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”.
Deve, portanto, o empresário, antes de dar início à exploração de sua atividade
econômica, inscrevê-la no Registro de empresas, que consiste num sistema integrado por
órgãos do governo nos âmbitos federal (Departamento Nacional de Registro Comercial) e
estadual (Juntas Comerciais).
4. NATUREZA
O Registro de Empresas é órgão administrativo de natureza híbrida já que se
compõe de divisões nas administrações federal e estadual, provocando repercussão no
tocante à vinculação hierárquica das mesmas, que variará em função da matéria.
5. DIPLOMA LEGAL
O Registro das Empresas está estruturado de acordo com a Lei 8.934, de 1994
(LRE), que dispõe sobre o registro público de empresas mercantis e atividades afins.
6. ÓRGÃOS DO REGISTRO DE EMPRESAS
6.1. NO ÂMBITO FEDERAL
Departamento Nacional do Registro Comercial (DNRC)
O DNRC integra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. É um
órgão de registro de empresa executiva, não realizando qualquer ato de registro de empresa,
fixando somente as diretrizes para a prática do atos registrários, feitos pelas Juntas
Comerciais. Tem por funções:
a. Supervisionar e coordenar, no plano técnico, a execução do registro de empresa,
exercendo essas atribuições através de resoluções, Instruções Normativas e
outros atos administrativos dirigidos às Juntas Comerciais.
b. Orientar e fiscalizar as juntas comerciais frente à regularidade na execução do
registro de empresa.
c. Promover medidas correicionais do Registro de Empresas. Não deve, porém,
intervir-se unilateralmente nos serviços da Junta Comercial: só poderá ocorrer

7
essa intervenção se esta for em concordância com a autoridade estadual
hierarquicamente superior a Junta.
d. Organizar e manter atualizado o Cadastro Nacional das Empresas Mercantis,
cadastro este que não possui efeitos registrários, não suprindo o registro na Junta
Comercial.
6.2. NO ÂMBITO ESTADUAL
Junta Comercial
É órgão da administração estadual que executa o Registro de Empresa. As Juntas
Comerciais funcionam como tribunal administrativo, examinando previamente todos os
documentos levados a registro e arquivamento. Subordinando-se ao DNRC quando se trata
de matéria de registro de empresa, e, tratando-se de matéria administrativa, subordina-se ao
governo estadual. A estrutura básica das Juntas Comerciais é formada pelos seguintes
órgãos: Presidência (órgão diretivo e representativo), Plenário (órgão deliberativo superior),
Turmas (órgãos deliberativos), Secretaria (órgão administrativo) e Procuradoria (Órgão de
fiscalização e de consulta jurídica).
Tem por competência:
a. Assentamento dos usos e práticas mercantis – devem ser devidamente coligidos e
assentados em livro próprio, por provocação da Procuradoria ou de entidade de
classe interessada, verificando-se a inexistência de disposição legal contrária ao
uso ou prática mercantil a ser assentada.
b.Habilitação e nomeação de tradutores públicos e intérpretes comerciais.
c. Expedição de carteira de exercício profissional de comerciante.
7. ATOS DO REGISTRO DE EMPRESAS
Os atos de registro praticados pelas Juntas Comerciais são a matrícula, o
arquivamento e a autenticação (Lei n. 8.934/94, art. 32).
Matrícula é o modo pelo qual se procede ao registro dos auxiliares do comércio
como os leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e
administradores de armazéns-gerais.
Arquivamento é o modo pelo qual se procede ao registro na Junta Comercial dos
atos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas individuais e
sociedades mercantis, atos relativos a consórcios, grupo de sociedades, autorizações de
empresas estrangeiras e declarações de microempresas. O arquivamento abrange também as
cooperativas, embora estas não sejam entidades comerciais. Também se procede ao
arquivamento de todos os documentos que a lei exige que sejam registrados pela Junta
Comercial para produzirem efeitos jurídicos válidos, como, por exemplo, atas de
assembléias gerais de sociedades anônimas.
Documentos que não estão sujeitos ao registro obrigatório, mas são do interesse de
empresários ou das empresas, como procurações, podem ser registrados para conferir maior
segurança e publicidade nas relações jurídicas. Esses atos registrários também são
arquivados nas Juntas Comerciais.
Autenticação, como o próprio nome diz, é a autenticação de instrumentos de
escrituração como livros contábeis, fichas, balanços, demonstrações financeiras etc., que só
produzem efeitos com sua autenticação.
As Juntas analisam apenas a formalidade dos atos e não o mérito desses atos
praticados. O decreto regulamentar e instruções do DNRC determinam as formalidades
exigidas pela lei.
8. PROCESSO DECISÓRIO

8
Os artigos 41 e 42 da LRE prevêem duas maneiras para a execução do registro de
empresa:
• Colegiada, que é o arquivamento enquanto sociedade anônima, estatutos, atas
de assembléias gerais, do conselho de administração, etc., também o arquivamento de todo
processo de evolução e cisão da sociedade comercial, dos consórcios ou grupos de
sociedades. Os órgãos colegiados são: o Plenário e as Turmas. Este tipo de decisão compete
às Turmas (3 membros em cada uma) que deliberam pela maioria, com prazo para até 10
dias, podendo os interessados requerer o arquivamento independentemente de deliberação.
• Singular, que são a matrícula, a autenticação e todos os demais arquivamentos.
Ato este, determinado pelo Presidente da Junta ou pelo vogal por ele designado. Exemplo
de fácil entendimento é o contrato social de uma sociedade limitada, sua alteração
contratual e a inscrição do comerciante individual, são arquivados por decisão singular.
Podendo também recair sobre os funcionários públicos do órgão que possuam
conhecimentos comprovados de direito comercial e de registro de empresa. Esta decisão
tem prazo de até 03 dias.
Os atos praticados pela Junta são julgados pelo regime de decisão colegiada, mesmo
que o ato ocorrido tenha sido praticado em outro regime, e o recurso pelo Plenário (LRE
art. 19).

V- LIVROS COMERCIAIS

1. CONCEITO
Livros comerciais são aqueles cuja escrituração é obrigatória ou facultativa ao
empresário, em virtude da legislação.
Constituem-se numa parte dos documentos que são atinentes ao empresário, já que
ele se encontra obrigado a escriturar uma série de outros livros, não mais por causa do
direito mercantil, mas, sim, por força de legislação de natureza tributária, trabalhista ou
previdenciária.
2. EXCEÇÃO À OBRIGATORIEDADE
O empresário, pessoa física ou jurídica, independentemente de quaisquer
circunstâncias, é obrigado a escriturar os livros obrigatórios. Há somente uma categoria de
empresários que se excetuam desta obrigação, ou seja, os microempresários e os
empresários de pequeno porte não optantes pelo SIMPLES (art. 970 do Código Civil :“ A
lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes” e 1.179, inc. 2º CC –
“É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art.
970.”). Quando são optantes pelo SIMPLES, regime tributário que permite o recolhimento
de diversos impostos e contribuições mediante pagamento único, os microempresários de
pequeno porte são obrigados a manter uma escrituração simplificada, nos livros “Caixa” e
“Registro de Inventário”. Já aos empresários individuais, os microempresários e
empresários de pequeno porte não optantes pelo SIMPLES, não existe a obrigação de
escriturar os livros.
3. ESPÉCIES
a. Obrigatórios – são aqueles cuja escrituração é imposta ao comerciante. A sua
ausência, por isso, traz conseqüências sancionadoras (inclusive no campo penal).
Subdividem-se em duas categorias:

9
- Obrigatórios comuns – são aqueles cuja escrituração é imposta a todos os
comerciantes, independentemente da natureza do comércio que exploram ou outras
condições.
No Direito Comercial Brasileiro, há somente um livro empresarial obrigatório
comum, que é o “Diário” (art. 1.180, CC – “Além dos demais livros exigidos por lei, é
indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica.”). Quaisquer e todos empresários devem escriturar esse livro, ou
instrumentos contábeis que legalmente os substituem.
- Obrigatórios especiais – são aqueles cuja escrituração é imposta apenas a uma
determinada categoria de comerciantes.
Nos livros obrigatórios especiais, mencionamos o livro “Registro de Duplicatas”, ou
seja, a escrituração é imposta a todos os empresários que emitem duplicatas (art 19 da Lei
n. 5.474/74). A relação completa desses livros é bastante extensa e variada.
b. Facultativos – são os livros que o comerciante escritura com vistas a um melhor
controle sobre os seus negócios e cuja ausência não importa em qualquer sanção. Entre
eles, os mais comuns são o “Caixa”, o “Razão”, o Conta-Corrente” e o “Copiador de
Cartas”.
4. REQUISITOS
Um livro comercial obrigatório, comum, especial ou facultativo, para produzir
efeitos jurídicos, tem de atender a dois requisitos de duas ordens: intrínsecos e extrínsecos.
Intrínsecos são os requisitos pertinentes à técnica contábil (art. 1183, CC – “A escrituração
será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem
cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras,
emendas ou transporte para as margens”).
Em eixo separado, o empresário pode assentar códigos numéricos ou abreviaturas
utilizadas em sua escrituração. Se houverem erros, essa correção só poderá ser feita por
estornos e assim, os livros poderão ser apresentados.
Extrínsecos são requisitos relacionados com a segurança dos livros empresariais.
Estes são autenticados pela junta comercial (art. 1.181, CC – “Salvo a disposição especial
em lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser
autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis”), e devem conter termos de
abertura e encerramentos em cada um deles.
5. OUTROS INSTRUMENTOS DE ESCRITURAÇÃO
Há a possibilidade também, de o empresário optar por proceder à escrituração pelo
processo mecânico, ou seja, por fichas soltas datilografadas, que devem ser encadernadas,
com termo de abertura e encerramento, antes de serem liberadas para a junta comercial para
serem autenticadas.
Além das fichas, neste caso, o empresário pode substituir o livro “Diário” pelos
“Balancetes Diários e Balanços” (art. 1.185, CC – “O empresário ou sociedade empresária
que adotar o sistema de fichas de lançamento poderá substituir o livro Balancetes Diários e
Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele”). É
admissível a microfilmagem da escrituração (Lei n. 5.433/68).
Também o empresário tem a disponibilidade do processo eletrônico, encadernando
os contínuos papéis ou formulários impressos, semelhantes as fichas, geradas por
microfilmagem de saída direta de computador (IN-DNRC 65/97).
Apenas para relembrar, não importando a forma da escrituração, tem de obedecer os dois
requisitos, intrínsecos e extrínsecos.

10
Para fins penais, os eixos comerciais se equiparam ao documento público, ou seja,
quem falsificar a escrituração dos eixos estará sujeito a pena mais grave que a reservada
para o crime de falsificação de documentos administrativos não-contábeis do comerciante
(art. 297, inc. 2º, CP – “Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o
emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações
de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.”).

6. AUTENTICAÇÃO DOS LIVROS E INSTRUMENTOS DO COMÉRCIO


O DNRC (Departamento Nacional do Registro do Comércio) tem editado
sucessivas instruções normativas, visando verificar normas esparsas relativas à autenticação
dos livros e instrumento de escrituração mercantil.
A instrução normativa atualmente em vigor é de nº 65/77.
7. LIVRO IRREGULARMENTE ESCRITURADO
Se faltar a um livro obrigatório do comerciante um dos requisitos legais –
intrínsecos ou extrínsecos, ou se o comerciante não possuir um livro obrigatório, estará ele
sujeito à conseqüência nas áreas civil e penal;
a. Área Cível
- Não poderá promover ação de verificação de contas para fins de pedido de falência
com base na impontualidade com aproveitamento de sua escrituração (II, § 1º do
art. 1º da LF).
- Não poderá valer-se da eficácia probatória que o Código de Processo Civil
concede aos livros comerciais (art. 379 – “Os livros comerciais, que preencham os
requisitos exigidos por lei provam também a favor de seu autor no litígio entre
comerciantes”).
- Não poderá impetrar recuperação judicial.
- Não poderá efetuar a exibição de livro nos termos do CPC, sendo admitidos como
verdadeiros os fatos alegados e que só provar-se-iam pela apresentação dos
mesmos.
b. Área Penal
- É considerado crime falimentar culposo, a inexistência de livros obrigatórios ou se
sua escrituração estiver atrasada, lacunosa, defeituosa ou confusa (VI do art. 186 da
LF).
- Os livros mercantis se equiparam a documentos públicos para fins penais (Código
Penal -art. 297, § 2º: “Assim sendo, quem falsificar a escrituração de um livro comercial
estará sujeito a pena mais grave que a reservada para o crime de falsificação de documentos
administrativos não-contábeis do comerciante”).
8. EFICÁCIA PROBATÓRIA
Os livros comerciais têm eficácia probatória nos termos estabelecidos CPC.
O livro comercial não precisa necessariamente atender aos requisitos legais de
escrituração para que tenha eficácia probatória contra o seu titular, já que a lei só os exige,
quando utilizado a favor do comerciante que os escriturou.
9. EXIBIÇÃO JUDICIAL
A exibição dos livros em juízo pode ser:
a. Parcial – destina-se a garantir a proteção do princípio do sigilo, resguardando da
curiosidade alheia as partes da escrituração mercantil que não interessa a uma certa
demanda judicial. Processa-se pela extração de suma que interesse ao Juízo, restituindo-se
imediatamente o livro ao comerciante.

11
Pode ser decretada de ofício ou a requerimento da parte, em qualquer ação judicial,
sempre que útil à solução da demanda
b. Total – Não assegura o sigilo dos dados constantes nos livros comerciais já que podem
permanecer retidos em Cartório durante todo o andamento da ação.Só pode ser determinada
pelo Juiz em algumas ações, como falência e concordata.
10. PRESCRIÇÃO
Os livros comerciais devem ser conservados até a extinção, por prescrição, das
obrigações nele escrituradas, nos termos do art. 4º do Decreto-lei nº 486/69. Após o decurso
do prazo prescricional de todas as obrigações escrituradas em certo livro comercial, a sua
inexistência não acarreta as conseqüências civis e penais já enunciadas.

VI - DO NOME EMPRESARIAL

1. CONCEITO
“Considera-se nome empresarial, a firma ou a denominação adotada, de
conformidade com este Capítulo, para o exercício da empresa” (art. 1155 do Código Civil).
“É aquele sob o qual a empresa mercantil exerce sua atividade e se obriga nos atos a
ela pertinentes” (art. 1º da Instrução Normativa nº 53 de 06 de março de 1996 do
Departamento Nacional de Registro do Comércio).
2. NATUREZA
O empresário, seja pessoa física ou jurídica, tem um nome comercial, que é aquele
com que se apresenta no mercado.
Sua natureza é a de um elemento integrante do estabelecimento comercial, tendo
proteção jurídica específica.
Não se confunde com outros elementos de identificação comercial tais como a
marca e o título de estabelecimento, embora na maioria das vezes, por conveniência
econômica ou estratégia mercadológica, opta-se pela adoção de expressão idêntica ou
assemelhada empresarial.

Nome Empresarial Marca


Definição Nome dado à sociedade Individualiza serviços e
produtos

Órgão de registro Junta Comercial Estadual INPI (Instituto Nacional


de Propriedade Industrial)

Âmbito territorial Estado da Junta Nacional e Internacional


Comercial onde foi (estando de acordo com a
de validade
efetuado o registro Convenção de Paris

Âmbito material Geral Somente nas categorias


em que pediu a proteção

12
Âmbito temporal Enquanto a sociedade 10 anos, podendo ser
estiver funcionando prorrogado.

Já a distinção entre nome empresarial e título de estabelecimento é mais simples,


sendo comum haver a adoção como título de estabelecimento da marca registrada,
geralmente oriunda do núcleo do nome empresarial. Mas o que vem a ser título de
estabelecimento? Ele indica o lugar do exercício da atividade. Em outras palavras, você
nunca vai ao Irmãos Russi Limitada e sim ao Russi. Fazendo uma comparação com o nome
de uma pessoa, nome empresarial seria o nome completo do indivíduo (José Carlos da
Silva) e o título de estabelecimento, o modo como é identificado (José, Carlos, Zeca ou
qualquer outro apelido).
3. ESPÉCIES
– Quanto à estrutura
Tem por base os elementos lingüísticos. Pode ser:
FIRMA ou RAZÃO SOCIAL – tem por base o nome civil do empresário ou dos
sócios da sociedade empresarial. O seu núcleo é sempre um ou mais nomes civis. Ex: Silva
& Pereira Ltda., A. Silva & Pereira Cosméticos Ltda, etc.
DENOMINAÇÃO: deve designar o objeto da empresa e pode adotar por base
nome civil ou qualquer outra expressão lingüística (elemento fantasia). Ex: Alvorada
Cosméticos Ltda.
– Quanto à função:
Trata da utilização que se pode imprimir ao nome empresarial.
FIRMA: além de identidade do empresário é também a sua assinatura, ou seja, para
obrigar a sociedade deverá assinar o nome empresarial da sociedade, na forma com que
assinou o contrato social, reproduzindo com seu estilo individual as expressões
constituintes da firma, inclusive “e Cia. e Ltda.”
DENOMINAÇÃO: é exclusivamente elemento de identificação do exercente da
atividade empresarial. O representante legal da “Alvorada Cosméticos Ltda” para obrigar a
sociedade, deve lançar a sua assinatura civil sobre o nome empresarial da sociedade,
escrito, impresso ou carimbado, ou seja, o representante não pode assinar a denominação.
O que diferencia FIRMA de DENOMINAÇÃO é uma cláusula do contrato social
ou estatuto:
- se dele constar cláusula em que o representante legal assenta a assinatura que usará
nos instrumentos obrigacionais relativos aos negócios da sociedade, então é FIRMA.
- na ausência de tal cláusula, será DENOMINAÇÃO.
4. FORMAÇÃO E REGISTRO DO NOME EMPRESARIAL
O direito contempla regras específicas de formação do nome empresarial. Há tipos
de sociedades empresárias que podem adotar firma ou denominação, segundo a vontade de
seus sócios, e há tipos que só podem adotar uma ou outra espécie de nome empresarial.
O empresário individual só está autorizado a adotar firma. Poderá ou não abreviá-lo
e poderá agregar o ramo de atividade a que se dedica. Exemplos: Antônio Silva Pereira; A
S. Pereira; Silva Pereira; S. Pereira Livros Técnicos etc.
A sociedade em nome coletivo está autorizada apenas a adotar firma social que pode
ter por base o nome civil de um, alguns ou todos os seus sócios. Caso não conste o nome de

13
todos os sócios, é obrigatória a utilização da partícula “& Cia”. Poderá agregar o ramo de
empresa.
A sociedade em comandita simples também só pode compor o nome empresarial
através de firma.
A sociedade limitada poderá utilizar firma ou denominação. Deve adotar a
denominação “Ltda”sob pena de responsabilidade ilimitada. Também é opcional a
colocação do ramo de atividade.
A sociedade anônima (S/A) só pode utilizar denominação. É obrigatório utilizar
“S/A”.
A sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou denominação.
O microempresário deve agregar ao nome a sigla “ME” e o Empresário de pequeno
porte deve adicionar ao nome “EPP”.
5. PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL
O direito protege o nome empresarial com vistas à tutela de dois diferentes
interesses: de um lado a clientela e de outro lado a preservação do crédito.
O titular de um nome empresarial tem o direito à exclusividade de uso, podendo
impedir que outro empresário se identifique com nome idêntico ou semelhante, que possa
provocar confusão em consumidores ou no meio empresarial.
Mas, o que seja um nome idêntico ou semelhante, isto a lei não esclarece.
Os elementos identificadores do tipo societário, do ramo de atividade, bem como as
partículas gerais (& cia; Irmãos; sucessor de, etc) devem ser desprezados na análise da
identidade ou semelhança entre dois nomes empresariais. Por núcleo do nome empresarial
se entende a expressão que é própria do seu titular, aquela que o torna conhecido, tanto
entre os consumidores como entre os fornecedores.
No campo do direito penal, a lei define a usurpação de nome empresarial como
crime de concorrência desleal.

VII – DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL


1. CONCEITO
“É a organização econômica aparelhada para o exercício do comércio” - Carvalho de
Mendonça.
“É o complexo de bens organizados pelo empresário para o exercício da empresa” -
legislação italiana.
O estabelecimento seria uma unidade econômica, conjunto de bens, organizados
economicamente para o exercício do comércio.
2. DESIGNAÇÕES
- fundo de comércio (influência francesa)
- “azienda” (inspiração italiana)
(usados indistintamente pelos nossos doutrinadores como expressões sinônimas de
estabelecimento comercial).
3. NATUREZA
Existem nada menos que nove teorias diferentes sobre a natureza do estabelecimento,
compondo um leque de visões que vão desde a personificação do complexo de bens até a negativa
de sua relevância para o direito (CF. Barreto Filho, 1969:77-109; Correia, 1973:121/134; Ferrara,
1952:161/162). Da rica discussão, basta apenas destacar três pontos essenciais: 1.º) O

14
estabelecimento empresarial não é sujeito de direito; 2º) O estabelecimento empresarial é
uma coisa e 3º) o estabelecimento empresarial integra o patrimônio da sociedade
empresarial. Esses tópicos são suficientes para completa e adequada compreensão do instituto e
dispensam maiores considerações sobre o infértil debate acerca da natureza do estabelecimento
empresarial.
Ou seja, o estabelecimento empresarial não pode ser confundido com a sociedade
empresária (sujeito de direito) nem com a empresa (atividade econômica).
Conforme o Código Civil, arts. 1142 a 1149, a natureza jurídica do estabelecimento
comercial é a universidade própria, que se fundem num todo, pela vontade de seu titular.
É um bem móvel incorpóreo que é objeto de direito e suscetível de negociação.
- Tem existência real e não meramente fictícia.
- É criado pela vontade do homem e reconhecido pela lei.
- É constituído unicamente de bens materiais ou imateriais, não incluindo relações
jurídicas ativas ou passivas dos titulares.
NATUREZA JURÍDICA – TEORIAS
a) Teorias imaterialísticas – o estabelecimento constitui-se num bem imaterial incorpóreo
(autores franceses).
b) Teorias atomísticas – negam configuração unitária ao estabelecimento. Seus elementos
organizados seriam autônomos (Vivante).
c) Teoria da universalidade - o estabelecimento seria uma universalidade de direito ou
uma universalidade de fato (correntes distintas).
d) Teoria da personalidade jurídica – o próprio estabelecimento é sujeito de direito
(Endemann).
e) Teoria do Patrimônio de Destinação – o patrimônio estaria adstrito a seus fins
(Zwecknermogen).
No Brasil, unidade econômica e jurídica como bem incorpóreo. (a mais aceitável).Ex:
“valor incorpóreo do fundo de comércio”.
4. PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS
O Direito brasileiro acolhe o regime de pluralidade de domicílios, embora rejeitado pelo
Direito Falimentar em virtude de seu princípio básico de unidade de juízo da falência.
A sociedade empresária pode ser titular de mais de um estabelecimento. Em relação a cada
um de seus estabelecimentos, a sociedade empresária exerce os mesmos direitos, sendo irrelevante
entre sede e filiais, para o Direito Comercial. Para os objetivos das regras de competência judicial,
no entanto, ganha relevo a identificação da categoria própria do estabelecimento, porque a ação
contra a sociedade empresária deve ser proposta no foro do lugar de sua sede, ou no de sua filial,
segundo a origem da obrigação (CPC, artigo 100, IV, a e b). Quando se trata, por outro lado, de
pedido de falência ou impetração de concordata preventiva, o juízo competente será o do principal
estabelecimento da sociedade devedora, sob o ponto de vista econômico, independentemente de
ser a sede ou uma filial.
5. RELAÇÃO EMPRESA-ESTABELECIMENTO
Carnelutti: empresa é o ato, estabelecimento é a empresa em quietude.
Valéry – estabelecimento é instrumento da empresa
Santoro – Passarelli – estabelecimento é gênero, empresa é espécie.
Grecco – estabelecimento é parte da empresa
6. DISTINÇÕES ELEMENTARES
a. Estabelecimento: instrumento da atividade empresarial
b. Empresa: atividade exercida pelo empresário

15
c. Patrimônio – complexo de relações jurídicas comerciais; universalidades.
d. Sociedade – é pessoa jurídica que dirige o complexo patrimônio, estabelecimento e
empresa. Sujeito de direito.
A Sociedade Irmãos Levada Ltda. (pessoa jurídica) dedica-se a empresa de transporte de
ouro (atividade) com estabelecimento em várias cidades (instrumentos de atividade), tendo um
patrimônio avultado (relação jurídico-comercial).
OBS.: Ruy de Souza distingue na empresa a instituição jurídica não personalizada,
caracterizada pela organização, organização esta que põe em funcionamento o estabelecimento ao
qual ela está vinculada através do empresário (“Direito das Empresas”, pág. 299).
7. ELEMENTOS
Teoria de Rocco (três elementos básicos):
a) CAPITAL – tem caráter real (bens corpóreos)
b) TRABALHO – tem caráter pessoal (desdobra-se em serviços)
c) ORGANIZAÇÃO – tem caráter misto (a capacidade da empresa em (ou de) produzir
resultados econômicos)
7.1 Bens Corpóreos
Caracterizam-se por ocuparem espaço no mundo exterior.
Ex: formas de propriedade mobiliária. Entre elas: mercadorias, instalações, máquinas e
utensílios.
7.2 Bens Incorpóreos
São coisas imateriais que não ocupam espaço no mundo exterior.
Para Rubens Requião, “são frutos da elaboração abstrata da inteligência ou do
conhecimento humano”. “Existem na consciência coletiva”.
Embora alguns doutrinadores não os especifiquem, eles também integram o
estabelecimento empresarial. Ex: os direitos que o titular integra no estabelecimento. Entre eles,
direito ao arrendamento, à locação, à clientela, etc. ou aqueles protegidos pelo Código de
Propriedade Industrial.
Modernamente, o estabelecimento é composto apenas por elementos do ativo do
comerciante, seus bens materiais ou imateriais.
Como bens materiais, têm-se coisas corpóreas (imóveis e móveis). Exemplo: Imóveis
(depósitos, edifícios, terrenos etc.). Móveis (utensílios, veículos, mobiliário, máquinas etc.).
Como bens imateriais têm-se coisas incorpóreas. Exemplos:
- Sinais distintivos: nome comercial, título do estabelecimento, marcas de indústria, de
comércio e serviço.
- Os privilégios industriais, patentes de invenção, desenhos industriais.
- Ponto comercial e direito à renovação judicial do contrato de locação.
- Clientela e sua proteção contra a concorrência desleal.
- Serviços de pessoal.
8. AVIAMENTO
“É a aptidão do estabelecimento para conseguir sua finalidade de lucro” (Casanova). Idéia
básica: capacidade de dar lucro; organização da empresa. Não é elemento que o integra, mas é
considerada uma qualidade do estabelecimento.
FATORES DO AVIAMENTO
a) instalações
b) aparelhamento
c) crédito que é desfrutado pelo mesmo

16
d) clientela (maior significação) é o fluxo, a corrente de adquirentes de bens ou serviços
do estabelecimento.
Concorrência desleal – crime previsto no Código Penal, embora não seja fácil caracterizá-
la, já que não se pode eliminar a liberdade de escolher do consumidor.
OBS: Importante – É possível a cessão de clientela, mas no sentido indicado de abstenção,
limitada no tempo e no espaço, do exercício do mesmo ramo de comércio objeto da transferência
(relação jurídica meramente pessoal entre o vendedor e o comprador).
9. PONTO COMERCIAL
Dentre os elementos do estabelecimento empresarial, figura o chamado “ponto”, que
compreende o local específico em que ele se encontra. Em função do ramo de atividades explorado
pelo empresário, a localização do estabelecimento empresarial pode importar acréscimo, por vezes
substantivo, no seu valor.
Se o empresário se encontra estabelecido em imóvel de sua propriedade, a proteção jurídica
deste valor se faz pelas normas ordinárias de tutela da propriedade imobiliária do direito civil. Já,
se está estabelecido em imóvel alheio, que locou, a proteção jurídica do valor agregado pelo
estabelecimento seguirá a disciplina da locação não-residencial.
No direito brasileiro, duas grandes espécies de locação predial podem ser discernidas. São
elas: a locação residencial e a não-residencial. O uso que o locatário está autorizado a imprimir ao
imóvel é o critério de distinção entre essas duas modalidades de regime locatício. Ao locatário da
locação residencial não é possível, em regra, explorar qualquer atividade econômica no imóvel
objeto de locação; já o locatário da locação não-residencial está contratualmente autorizado a
explorar atividade econômica no imóvel locado. Se a locação não-residencial atender a certos
requisitos, o direito reconhecerá ao locatário a prerrogativa de pleitear a renovação compulsória do
contrato.
10. ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO – “TRESPASSE”
Se ocorrer o trespasse (venda) do estabelecimento comercial, o adquirente responderá pelos
débitos de natureza trabalhista e tributária, se não for acordado a transferência do passivo.
Há também uma cláusula implícita, na venda do fundo de comércio, que é a de não se
estabelecer, logo em seguida, com o mesmo ramo de negócios. A lei, porém, não restringe a
liberdade de exercer a empresa.
O trespasse do estabelecimento pode também significar sinal de insolvência, por que, em
determinadas circunstâncias, significa a supressão da garantia comum dos credores.
Mauro Delphim de Moraes sistematiza dez regras para trespasse:
A - As relações jurídicas ativas e passivas constituídas pelo empresário, para organização e
exploração do estabelecimento, dele não fazem parte. Elementos do fundo são os bens e serviços.
As relações jurídicas do titular são estranhas ao conceito de estabelecimento, de onde se infere que
a transferência dos contratos bilaterais em curso de execução, e dos créditos e dos débitos do
alienante não é efeito necessário, mas somente eventual, do trespasse do estabelecimento,
ressalvadas imposições legais. No entanto, esta regra apresenta exceção: transferem-se com o
estabelecimento comercial as relações jurídicas que tem como pressuposto material o
estabelecimento comercial.
B - Sendo o estabelecimento universalidade de fato, em princípio, deve ser excluída a
hipótese de sucessão ex lege nas obrigações do titular, por efeito do trespasse do estabelecimento.
No entanto, excepcionalmente, as obrigações decorrentes de determinados contratos, firmados pelo
alienante, passam para o adquirente, em virtude de não oferecerem utilidade ou interesse, senão
para o titular do fundo.

17
C - O novo titular do estabelecimento tem obrigação solidária pelas dívidas do cedente, em
dois casos: incorporação do estabelecimento ao patrimônio de uma sociedade; pagamento do
imposto de renda, referente aos lucros do cedente, desde a última declaração fiscal.
D - O titular do estabelecimento pode, voluntariamente, ceder seus créditos ao adquirente,
se a isso não se opuser a lei, ou a convenção com o devedor, ou a natureza da obrigação.
E - Não são cessíveis as relações jurídicas provenientes de contratos bilaterais, cujas
obrigações, recíprocas, ainda não estejam executadas por nenhuma das partes. A transferência,
assim, do contrato integral, importa em passar ao adquirente, obrigações, o que não se pode
realizar sem o consentimento da parte.
F - Os créditos passam para o adquirente com as restrições e vícios que já existiam,
relativamente, ao transmitente. A condição jurídica do sucessor não poderia ser melhor do que a do
autor. Ao contrário, o direito do adquirente pode ter menos extensão e intensidade do que o do seu
autor.
G -Os créditos e obrigações ainda que relativas à exploração do fundo do comércio são
pessoais a seu titular, em razão disso são suscetíveis de serem afetadas pela sua morte e não se
transferem de pleno direito ao adquirente.
H - Haverá sucessão nos direitos e obrigações quando ocorra, em concreto, identidade de
finalidade econômica, entre sucessor e sucedido, com permanência do pessoal.
I - Os créditos e débitos do transmitente, proprietário do estabelecimento, não podem passar
para o comprador, sem cláusula expressa a esse respeito. Se no contrato não houver referência a
eles, ficam excluídos da venda de estabelecimento comercial. O comprador, assumindo o passivo
do transmitente, terá sua responsabilidade limitada às dívidas expressamente determinadas no
contrato de trespasse. Os credores, no caso de passagem dos débitos e obrigações, adquirem direito
contra o comprador, mas não perdem o mesmo contra o transmitente, salvo se anuírem,
concordarem com a sucessão.
J - Poderá haver cessão de contratos, transferindo-se juntas a posição ativa e passiva do
conjunto de direitos e obrigações desde que: haja um contrato bilateral, ainda não cumprido, e haja
consentimento do cedido, que pode ser dado na própria cessão, ou em cláusula do contrato cedido.
11. COMÉRCIO ELETRÔNICO (Internet)
Com a rede mundial de computadores (INTERNET), criou-se um novo conceito para
realização de negócios e um tipo diferente de estabelecimento utilizado, o virtual. Quanto ao
estabelecimento físico, por sua vez, é necessário o deslocamento para chegar até ele; no virtual, o
acesso é feito por meio eletrônico. Ao adquirir algum objeto através de transferência de dados, via
rede mundial (WORLD WIDE WEB), o produto não possui nenhuma característica virtual, porém
como se efetuou a negociação via recepção eletrônica, considera-se realizada através do
estabelecimento virtual. Portanto, o comércio eletrônico significa os atos de circulação de bens,
prestação ou intermediação de serviços em que as condições contratuais são definidas via
transmissão e recebimento de dados por via eletrônica, normalmente no ambiente da internet.
São três tipos diferentes de estabelecimento virtual:
“BUSINESS TO BUSINESS” – os internautas são empresários que negociam insumos. São
regidos pelo regime contratual cível.
“BUSINESS TO CONSUMER” – os internautas são consumidores. Regem-se pela normas
do direito do consumidor.
“CONSUMER TO CONSUMER” – os internautas realizam negócios através da rede, e o
empresário faz a intermediação (leilões virtuais). Também regidos pelo direito do consumidor e os
contratos pelo regime contratual cível.

18
Os estabelecimentos virtuais possuem endereço eletrônico, que se denomina nome de
domínio, conhecido como “site”, por exemplo, www.nomedoestabelecimento.com.br, que possui
duas funções:
Função Técnica – proporciona a interconexão dos equipamentos (computadores).
Função Jurídica – possibilita a identificação da página do estabelecimento virtual na rede, o
acesso na internet.
No Brasil, o registro do domínio é realizado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo).
12. PROTEÇÃO AO FUNDO DE COMÉRCIO
Bens incorpóreos – Propriedade Comercial (direito à locação, etc) e Propriedade Industrial
(patentes de marcas, etc)

19

Você também pode gostar