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Introdução:
A actividade comercial já era praticada desde a antiguidade por vários povos, no entanto, neste
período, esta actividade ainda não se encontrava bem difundida e organizada, posto que a
mesma ainda não era submetida a normas e princípios específicos, mas sim a um direito
comum dos cidadãos e aos usos e costumes vigentes em cada região.
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Nesse sentido, o Direito Comercial/Empresarial como um sistema autónomo de normas só veio
desencadear-se na idade média, na medida em que o fomento das relações comerciais se
encontrava tão consolidado na sociedade, que os comerciantes passaram a organizar-se em
corporações, com intuito de definir as regras e directrizes que deveriam orientar o
desenvolvimento do comércio. O Direito Comercial/Empresarial surge e ganha autonomia
frente ao Direito Civil para regular o intenso comércio marítimo na região do Mar
Mediterrâneo.
A partir daí, através de uma estrutura de classe organizada, os comerciantes passaram a
elaborar as normas que iriam regular a sua actividade quotidiana, e que deveriam ser aplicadas
por eles mesmos, já que era designado um julgador, denominado de cônsul, necessariamente
membro da corporação, para com base nas normas estabelecidas mediar os conflitos que por
ventura aparecessem. Nota-se que os comerciantes na idade média não só elaboravam suas
próprias leis, como também estavam sujeitos à jurisdição própria.
O Direito Comercial, na sua origem autónoma, surgiu como um direito corporativo, o qual
deveria ser aplicado apenas aos comerciantes inscritos nas corporações, característica esta que
culminou na construção da teoria subjectiva, marcando o estudo deste ramo de direito.
O Direito Comercial era classista (de determinada classe), corporativo e fechado.
Considerava-se comerciante quem estivesse inscrito em uma corporação de ofício;
Cada corporação tinha seus próprios usos e costumes, e os aplicava, através de cônsules
pelos próprios associados, para reger as relações entre os membros;
O Direito Comercial era costumeiro, não havia participação estatal, não havia normas
ditadas por órgãos legitimados para tal (era apenas usos e costumes).
Com andar do tempo, a concepção do Direito Comercial como o Direito dos Comerciantes
inscritos nas corporações foi perdendo sentido, pois paralelamente a esta realidade, o comércio
também era praticado por pessoas que não faziam parte dessas organizações de classe, com
efeito, o DCE extrapolou o seu âmbito, alcançando todos os indivíduos que praticassem actos
comerciais.
Então, dada essa abrangência, além das corporações, bem como de surgimento de alguns
institutos do Direito Comercial, como títulos de crédito (ex. a letra de câmbio), criados na
época para facilitar a circulação de mercadorias. Por outro lado, com o crescimento do
mercantilismo e o consequente enfraquecimento do sistema feudal, o Estado passou por um
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processo de consolidação que exerceu influência na elaboração de legislações comerciais que
possuíam aplicabilidade ampla a todos os cidadãos que exercessem o comércio, através do
poder do Estado, sobrepondo, desta maneira as normas editadas pelas corporações. Tais
documentos legislativos, sobretudo o famoso código Napoleónico, deram origem a chamada
fase objectiva, baseada na teoria dos actos de comércio.
Segundo a teoria de actos de comércio, um sujeito passa a ser considerado comerciante se
praticar os actos de comércio elencados na lei. Portanto, a condição subjectiva da inscrição
numa corporação de comércio deixou de ser requisito para a qualificação de comerciante,
passando esta a ser definida pela prática habitual dos actos referentes à exploração de uma
actividade económica determinada na lei. É a chamada Teoria Objectiva, influenciada pelos
ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, influenciados pela Revolução Francesa, que
procurou afastar o privilégio de classe, ampliando a tutela do direito comercial a todos os
sujeitos que exercessem o comércio, independentemente de estarem matriculados em
corporações.
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através da articulação dos quatro elementos básicos de produção: capital, trabalho (mão-de-
obra), insumos (matéria-prima) e tecnologia.
Em algumas Universidades pelo mundo fora, como cá entre nós, ensina-se o Direito Comercial
ou Empresarial, mas o conteúdo da matéria coincide na totalidade, em especial, com o que se
ensina em Direito Comercial e Empresarial, por isso, tratar esta cadeira de Direito Empresarial
como Comercial é equiparável a tratar de cadeira de Direito Comercial e Empresarial.
O Direito Comercial e Empresarial tem uma definição clássica, que considera o DCE o Direito
privado especial do comércio.
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Direito Civil, como ramo comum, estabelece para a generalidade das relações jurídicas
privadas.
O Direito Comercial e Empresarial é o ramo de Direito Privado que, historicamente constituído
e autonomizado, para regular as relações dos empresários relativas ao exercício das respectivas
empresas.
Com efeito, está sujeito ao regime das normas jurídico-comerciais aquilo que estas normas
determinam que se inclui no seu âmbito de aplicação. A delimitação do âmbito do Direito
Comercial e Empresarial terá, pois, de basear-se nas próprias normas jurídicas positivas,
nomeadamente, nas chamadas normas qualificadoras: as que caracterizam como comercial
certa matéria, dizendo que pessoas são empresários comerciais e que negócios são
empresariais.
O Direito Comercial e Empresarial é estruturado por uma concepção essencial de liberdade de
iniciativa, liberdade de concorrência, mobilidade de pessoas e mercadorias, objecto legitimo de
lucro, internacionalismo das relações económicas.
A delimitação do âmbito do DCE baseia-se nas normas jurídicas positivas – normas qualificadoras: que
qualificam como comercial certa matéria, dizendo igualmente que actividades são empresariais e que
pessoas são empresários comerciais.
No entanto, sobre a matéria de delimitação do objecto do DCE é imperioso falar sobre duas correntes
que divergem na abordagem desta matéria:
No entanto, não há sistemas puros: em ambos existem actos de comércio objectivos e regras
próprias da profissão do empresário comercial. E, deste modo, pode-se dizer que, na essência, a
diferença entre as duas concepções se resume a isto: no sistema subjectivista, só são comerciais
os actos praticados por empresários comerciais e no exercício da sua empresa, pelo que não se
admitem actos comerciais isolados ou avulso, em especial, de não empresários comerciais. Já
no sistema objectivista, uma vez que assenta nos actos de comércio, independentemente de
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quem os pratica, são também considerados os actos do comércio os actos ocasionais, mesmo
que não praticados por Empresários comerciais ou alheios à actividade profissional de um
empresário comercial, desde que pertençam a um dos tipos de actos regulados na lei comercial.
No entanto, a teoria da empresa trouxe o conceito de empresa e empresário e para ela, qualquer
actividade negocial que seja exercida de forma empresarial vai reclamar a incidência da
legislação comercial, sem a necessidade de tipificação prévia. Assim:
c) Posição Legal
A posição legal consta do artigo 1 do Código Comercial, de onde se extrai que o Direito
Comercial e Empresarial regula a actividade empresarial e os sujeitos que a exercem, bem
como as relações jurídicas que decorra do exercício de actividade empresarial para apenas um
dos sujeitos.
Neste sentido, qualquer actividade empresarial (comércio, indústria, prestação de serviço, etc.)
que for exercida de forma profissional, organizada, com intuito de lucro, caracteriza a figura
de um empresário e portanto reclama a aplicação da legislação comercial.
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2.3.Características do Direito Comercial e Empresarial
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f) Presunção de solidariedade - em direito empresarial vigora a presunção de
solidariedade entre os sócios e tem em vista dar maior segurança no fluxo comercial;
g) Onerosidade - o Direito Empresarial envolve em regra actos não gratuitos, a
gratuitidade não é norma em Direito Empresarial. Por exemplo, o mandato civil pode
ser gratuito ou oneroso nos termos do art.1158 do CC, porém, o Mandato Comercial é
sempre oneroso (porque é feito e exercido no âmbito da profissão).
h) Liberdade de concorrência - é uma característica associada ao modelo económico em
vigor, do qual, resulta a liberdade de exercício da actividade empresarial (Ex. Economia
de Mercado ou contraposição a Economia Centralizada);
i) Protecção do crédito e da boa-fé - exactamente pelo facto de ser um ramo
tendencialmente informal e flexível preocupa-se com a protecção do crédito
(confiança). A boa-fé entre os operadores comerciais permite que as negociações e a
contratação corra com maior fluidez e respeito entre as partes.
j) Facilidade da prova - a matéria da prova em Direito Empresarial não é tão forte como
em Direito Civil. O simples recibo de compra de certa mercadoria constante da escritura
mercantil do empresário prova a existência do contrato de compra e venda mercantil.