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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA DE MOÇAMBIQUE

LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

Cleide Paula Miguel Muguio

Eliana Luís Cumbana

Ernélio Chavango

Líria Mathe

Mário Olímpio

Sónio Humberto Domingos

Turma:01 2o Semestre

EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL

Maputo, Outubro de 2022


Cleide Paula Miguel Muguio
Eliana Luís Cumbana
Ernélio Chavango
Líria Mathe
Mário Olímpio
Sónio Humberto Domingos

EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL

Trabalho de pesquisa apresentado ao


Instituto Superior de Contabilidade e
Auditoria de Moçambique (ISCAM),
em cumprimento dos requisitos
parciais da disciplina de Direito Fiscal
para a obtenção do grau de
Licenciatura em Contabilidade e
Auditoria.

Docentes: Msc.Cesário Mutaquiha / Msc. Stella


Charles

Maputo, Outubro de 2022


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 2

3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO.............................................. 2

4. OBJECTIVOS .................................................................................................................... 3

4.1. Objectivo geral ............................................................................................................ 3

4.2. Ojectivos específicos ................................................................................................... 3

REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................. 4

5. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL ......................................................................... 4

5.1. Obrigação fiscal........................................................................................................... 4

5.2. Formas de extinção da obrigação fiscal ...................................................................... 5

5.2.1. Cumprimento ....................................................................................................... 5

5.2.2. Dação em cumprimento ....................................................................................... 5

5.2.3. Prescrição da obrigação fiscal .............................................................................. 6

5.2.4. Compensação ....................................................................................................... 6

5.2.5. Confusão .............................................................................................................. 7

3.3.5 Anulação do imposto ................................................................................................. 8

3.3.6 Transmissão da obrigação fiscal ................................................................................ 8

6. METODOLOGIA ............................................................................................................... 9

7. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 10

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 11


1. INTRODUÇÃO
O convívio humano é marcado por relações interpessoais que são reguladas pelo Direito, que
as ordena, proibe ou permite. Assim, os actos humanos são classificados com actos devidos
(ordenados ou proibidos) ou actos permitidos. Os actos são ordenados, proibidos ou
permitidos no sentido de proteger e beneficiar a comunidade, os grupos, ou os indivíduos
determinados ou indeterminados. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que as relações
interpessoais reguladas pelo Direito são conhecidas como relações jurídicas que, segundo
Amaral (1998), como citado em Júnior (2006), são definidas como “relação social
disciplinada pelo direito e, concrectamente, é uma relação entre sujeitos, um titular de um
poder, outro, de um dever”.
O presente trabalho de pesquisa encontra-se dividido em 5 partes de seguinte sequencia;
elementos introdutórios, de sguida a revisão de literatura, a metodologia, a conclusão e por
fim as referências bibliográficas.

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2. JUSTIFICATIVA
Verificado o facto gerador do imposto (legalidade, economicidade e a capacidade jurídica),
nasce por força da lei e nos seus exactos termos, uma relação entre dois sujeitos (o que tem a
obrigação de pagar o imposto – sujeito passivo e o que tem direito de recebê-lo – sujeito
activo). Trata-se de uma relação obrigacional fiscal, resultante do exercício de determinadas
actividades ou percepção de determinados rendimentos, colocando como partes o Estado ou
outro ente público e o particular contribuinte.

O particular contribuente ao cumprir a sua obrigação deparamo-nos com a extinção da


relação jurídica pois depara-se com a inexistência de elementos que sustentam a obrigação
por ter sido extinguida assim sendo, há uma necessidade de apresentar os motivos ou a forma
da extinção da relação jurídica gerada pelo imposto.

3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO


O conceito da relação jurídico-fiscal é complexo, inclui para além da obrigação fiscal nuclear
do contribuinte, todas outras relações que aquela obrigação central dá origem, directa ou
indirectamente (ex: a obrigação de apresentar declarações e respectivos justificativos, emitir
facturas, entre outros) e que obrigam não só o próprio contribuinte, mas também outras
pessoas ligadas aos pressupostos de facto da tributação. O principal problema que o trabalho
visa responder são as formas da extinção da relação jurídica e dos seus procedimentos; esses
problemas serão respondidos ao longo do trabalho.

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4. OBJECTIVOS
4.1. Objectivo geral
O presente trabalho tem como objectivo geral abordar a extinção das obrigações diversas
previstas na lei.
4.2. Ojectivos específicos
 Descrever a relação jurídica fiscal, no seu sentido restrito;
 Apresentar a obrigação fiscal;
 Identificar as formas de extinção da obrigação fiscal.

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REVISÃO DA LITERATURA

5. EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL


5.1. Obrigação fiscal
De um modo coerente, a obrigação fiscal pode ser tida como o vínculo jurídico nascido de
verificação de situação ou das condições abstractamente previstas na lei tributária e cujo
objectivo e a prestação do imposto.
Assim, Waty (2007), considera a obrigação fiscal como parte da relação jurídica, pois esta é a
mais vasta e complexa. Para Waty, a obrigação fiscal inclui todas as relações de diferente
objecto e conteúdo que resultam daquela obrigação central, na qual os sujeitos passivos são o
contribuinte e outras pessoas estranhas a essa obrigação de imposto. A relação jurídica é
composta de um núcleo constituido pelos contribuintes e pelos terceiros que, de algum modo,
estão ligados aos pressupostos do facto de tributação, que podem ser designados de obrigação
ou deveres tributários acessórios.

A primeira obrigação, nuclear, é a obrigação fiscal que se traduz no pagamento do imposto. O


segundo tipo de obrigações , as obrigações acessórias, definem-se como aquelas que auxiliam
o cumprimento da obrigação central de pagamento do imposto.
Nas relações jurídicas pressupõe-se um acto devindo ou permitindo, e dois sujeitos um dito
activo e outro passivo. Sujeito activo não é necessariamente aquele que pratica o acto, mas
aquele que na situação jurídica encontra-se na posição de subordinante.
Simetricamente a este está o sujeito passivo, aquele que se encontra na posição subordinada
em relação ao acto considerado. A subordinação é estabelecida ao direito em benefício de
quem pratica o acto, a benefício de terceiro ou da comunidade.

Na visão de (Muhacha 2021) relação jurídica fiscal é constituida pela obrigação fiscal ou de
imposto que, apesar de ser uma obrigação ou direito de crédito tem características especiais
que diferenciam das demais.
A extinção da relação jurídica fiscal seria a morte ou o desaparecimento da obrigação fiscal
ou imposto.

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5.2. Formas de extinção da obrigação fiscal
5.2.1. Cumprimento
De acordo com Waty (2007), o cumprimento que se dá com o pagamento pontual do imposto
pelo sujeito passivo1, é a forma normal de extinção da obrigação do imposto. Este
pagamento, ou cumprimento tem como princípio fundamental a pontualidade, o que significa
que o cumprimento há-de corresponder, em todos os aspectos ao montante à época, ao local e
ao modo.
O pagamento da dívida de imposto pode ser voluntário ou coercivo. O pagamento coercivo
insere-se no processo de execução fiscal. Instaurado o processo executivo o devedor pode
optar pelo pagamento na totalidade ou em prestações, pela dação em cumprimento ou pela
nomeação de bens a penhora. Caso o devedor não assuma nenhuma das posições retro
referidas o credor pode exercer inteira coactividade através da penhora e na venda de certo
património do devedor para pagar a dívida
A prestação deverá ser reslizada no prazo e no local estabelecidos e pela forma legalmente
prevista. Quanto ao prazo do cumprimento, ele é muitas vezes estabelecido directamente pela
lei, que tem definido um período de cobrança à “boca do cofre”, durante o qual os impostos
podem ser pagos sem juros de mora, um período de cobrança voluntária, durante o qual os
impostos já só podem ser pagos acrescidos dos respectivos juros de mora, e um período de
cobrança coerciva, iniciando com o relaxe das contribuições. Assim, acontece com os
impostos directos periódicos.

5.2.2. Dação em cumprimento


A dação em cumprimento, prevista nos termos gerais nos art. 837 e seguintes do CC e no que
respeita ao direito fiscal no art. 45, é também uma forma de extinção da obrigação de
imposto, e consiste em o devedor do imposto cumprir a obrigação de imposto mediante a
entrega de bens móveis ou imóveis.
Não deverão ser entendidas como casos de dação em cumprimento as formas de pagamento
por cheques, por vale de correio, ou por transferência de conta. Pela liquidez imediata que
aquelas formas envolvem, elas não correspondem à figura da dação em cumprimento, a qual,
para mais, implica a prestação ao credor de uma coisa diversa da inicialmente prevista e
estipulada.

1
No âmbito jurídico, numa relação jurídica comum, o sujeito passivo é o ser que deve assumir uma obrigação
imposta pelo sujeito activo, que é o ser ou entidade que tem o poder de exigir algo.

5
Esta forma de cumprimento da divida tributária encontra-se consagrada, por exemplo, no art.
9 da Lei nº 12/2007, de 27 de Junho que refere que o imposto sobre a produção do petróleo
pode ser pago em espécie por opção do Estado.

5.2.3. Prescrição da obrigação fiscal


Como qualquer outra obrigação também a relação jurídica do imposto se extingue quando o
cumprimento respectivo não é realizado num certo período de tempo, tempo este que foi de
vinte e quinze anos, hoje é de dez anos. Este prazo conta-se do início do ano civil seguinte
àquele em que tiver ocorrido o facto tributário2.
A prescrição, como resulta do art. 304 do CC, traduz-se na faculdade concedida ao devedor
de, após ter decorrido determinado prazo, previsto na lei recusar o cumprimento da prestação
e opor-se ao seu exercício coercivo com a consequente extinção do direito de o credor
proceder à cobrança (a prescrição não implica uma extinção da obrigação). A propósito,
Jorge Lopes De Sousa refere que decorrido o prazo de prescrição, a obrigação deixa de existir
como obrigação coercivamente exigivel subsistindo apenas como obrigação natural. Segundo
o art. 402 do CC, a obrigação natural “se funda num mero dever de ordem moral ou social,
cujo cumprimento não é judicialmente exigível, mas corresponde a dever de justiça".
Portanto, decorrido o prazo de prescrição, a obrigação espontaneamente realizada (ainda que
com ignorância da prescrição) não pode ser repetida e a realização é considerada como
cumprimento.

5.2.4. Compensação
Nos termos do art. 44 da LGT as dívidas tributárias podem extinguir -se, total ou
parcialmente, por compensação. Quando o sujeito activo e sujeito passivo forem
reciprocamente credor e devedor aquele pode livrar-se da sua obrigação por meio da
compensação, nos termos estabelecidos na legislação tributária, e em relação a créditos
reconhecidos por acto administrativo ou decisão judicial, a que tenha direito o sujeito passivo
em razão de pagamentos indevidos de tributos. Conforme se depreende e como dispõe o nº 1
do art. 3 do Regulamento de Compensação das Dívidas Tributárias (RCDT), aprovado pelo
Dec. n° 56/2010, de 2 de Novembro, a compensação materializa-se através do encontro de
contas procedentes de débito ou crédito fiscal (PENE, 2014, p.103).

2
É todo e qualquer acontecimento que gera uma relação jurídica fiscal, contribuindo com a criação, modificação
ou extinção de direitos

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De acordo com o disposto nos arts 150 e 151 da LGT a compensação pode ocorrer por
iniciativa do sujeito activo ou do sujeito passivo.
Nos casos em que o sujeito passivo tenha efectuado pagamento de imposto superior ao
devido a AT pode tomar a iniciativa de compensar qualquer outra dívida tributária (presente)
do sujeito passivo ou, com o consentimento deste, compensar qualquer dívida tributária
futura.
A compensação por iniciativa do próprio sujeito passivo de dívidas tributárias presentes ou
futuras deve ser requerida ao Ministro das Finanças antes da instauração do processo
executivo.
Segundo o art. 5 do RCDT a compensação efectua-se observando a seguinte ordem de
preferência:
 Com dívidas da mesma natureza e, se respeitarem a impostos periódicos, em primeiro
lugar as relativas ao mesmo período de tributação, e só depois as respeitantes a
diferentes períodos de tributação;
 Com dívidas provenientes de impostos retidos na fonte ou legalmente repercutidos a
terceiros e não entregues; e
 Com dívidas provenientes de outros impostos.

Sendo crédito do sujeito passivo insuficiente para cobrir a totalidade da dívida tributária,
segue-se a seguinte ordem de compensação:
 Juros de mora;
 Outros encargos legais;
 Multas; e
 Dívida tributária, incluindo juros compensatórios.

Dentro da mesma hierarquia (ex. juros de mora) a compensação segue a seguinte ordem:
 As dívidas mais antigas;
 Sendo a mesma a antiguidade, as de maior valor; e
 Sendo igual a antiguidade e o valor, qualquer delas.

5.2.5. Confusão
De acordo com Pene (2014), segundo o art. 46 da LGT a confusão ocorre quando se reúnem
as qualidades de credor e devedor de uma mesma obrigação de imposto na mesma entidade

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pública. O instituto da confusão, que no direito fiscal moçambicano não encontra nenhuma
particularidade em relação ao direito civil, encontra-se desenvolvido nos artigos 868 e
seguintes do CC, sendo de aplicação subsidiária por força da al. a) do nº 3 do art. 2 da LGT.
Um exemplo da confusão como forma de extinção da obrigação de imposto, é quando a
herança é deferida ao Estado, por falta de todos os parentes sucessíveis e do cônjuge – artigo
2152 do Código Civil ou quando, relativamente ao imposto sucessório, o Estado é chamado à
sucessão do contribuinte.

3.3.5 Anulação do imposto


de anulação, não devendo ser confundida com a remissão de que nos ocupamos de seguida.
Na visão de (Pene 2014), A anulação do imposto constitui uma forma extintiva da obrigação
tributária, quando expressamente prevista na Lei.
A anulação do imposto é feita por título
3.3.6 Transmissão da obrigação fiscal
Segundo Waty (2007), pelo lado activo, a transmissão da obrigação só é possível quando um
terceiro que paga o imposto fica subrogado nos direitos da fazenda para com o sujeito
passivo; pelo lado passivo, a transmissão só é possível por morte do contribuinte.
O Código dos impostos sobre o Rendimento admitia já o pagamento dos impostos por
terceiro: este ficará subrogado nos direitos da Fazenda nacional, se requerer previamente a
declaração de sub-rogação e houver já decorrido o prazo para pagamento voluntário.

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6. METODOLOGIA
Segundo (Gil, 2002), metodologia é um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos
utilizados para atingir o conhecimento. Para que seja considerado cientifico, é necessária a
identificação dos passos para a sua verificação, ou seja, determinar o modo que possibilitou
chegar ao conhecimento.
Ainda na visão de (Gil, 2002), pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema, com vista a torna-los mais explícitos ou a constituir hipóteses.
Seu planeamento é, portanto, bastante flexível e na maioria dos casos envolvem
levantamentos bibliográficos, entrevistas e analise de exemplos.
Assim, no presente trabalho de pesquisa, foi utilizado o método de pesquisa exploratória, com
a finalidade de colher informação sobre a Extinção da Obrigação Fiscal. Foi realizada uma
busca bibliográfica em Manuais, Legislação e outras bases legais em vigor no Estado
Moçambicano.

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7. CONCLUSÃO
Conforme demostrado ao longo deste trabalho, não é apenas o cumprimento ou o pagamento
que põe fim a uma obrigação fiscal poi, o Código Civil prevê expressamente outras formas de
extinção da obrigação, nomeadamente: a dação em cumprimento, a confusão, a compensação,
a prescrição. Estas formas de extinção da obrigação sem pagamento apresentam
peculiaridades que não podem passar despercebidas pelo operador de direito, haja vista a
grande repercussão prática que possuem no cotidiano jurídico.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KPMG, A. e. (2021). Codigo Civil. Maputo: Plural Editores.

KPMG, A. e. (2021/2022). Legislação Fiscal. Maputo: Plural Editores.

Muchacha, B. (2021, Fevereiro 26). Relação Jurídica Fiscal e Obrigação Fiscal em


Moçambique . Retrieved Outubro 26, 2022, from SóPRA EDUCAÇAO: https://sopra-
educacao.com

Pene, C. (2014). Apontamentos de Direito Fiscal Moçambicano. Maputo: Escolar Editora.

Waty, T. A. (2007). Direito Fiscal. Maputo: W&W - Editora, Limitada.

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