Você está na página 1de 15

ESCOLA SUPERIOR DE GOVERNAÇÃO

LICENCIATURA EM ADMINSTRAÇÃO PÚBLICA

Cadeira: Direito Fiscal

Tema: O Imposto: Conceito, natureza, classificação e fases

Discentes:

Isaías Júnior

Jacinto Matsolo

Muniro ija

Yasmine Azize

Docente:

Dr. António Patrício Daniel

Maputo, Março de 2023

1
Índice
I. Introdução ..................................................................................................................... 3
1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 3
1.2.1 Objectivos gerais.............................................................................................. 4
1.2.2 Objectivos específicos...................................................................................... 4
1.3 Metodologia ............................................................................................................ 4
II. Imposto ......................................................................................................................... 5
2.1 Noção .......................................................................................................................... 5
2.2 Natureza do imposto .................................................................................................... 6
2.3 Classificação dos impostos .......................................................................................... 8
2.3.1 Quanto a competência ........................................................................................... 8
2.3.2 Quanto a repercussão económica do imposto ........................................................ 8
2.3.3 Quanto a função ............................................................................................. 10
2.3.4 Quanto da situação do contribuinte ................................................................ 10
2.3.5 Quanto ao tipo e estrutura da taxa ....................................................................... 11
2.3.6 Quanto a estabilidade .......................................................................................... 11
2.4 As fases da Vida do Imposto ...................................................................................... 11
2.4.1 Incidência ........................................................................................................... 12
2.4.2 Momento administrativo ..................................................................................... 12
2.4.2.1 Lançamentos .................................................................................................... 12
2.4.2.2 Liquidação ....................................................................................................... 13
2.4.2.3 Cobrança ou pagamento ................................................................................... 13
III. Conclusão ................................................................................................................. 14
IV. REFERENCIAS ....................................................................................................... 15

2
I. Introdução

O presente trabalho enquadra-se na cadeira de Direito Fiscal e tem como tema; O imposto,
conceito, natureza, classificação e fases.

Direito Fiscal é um conjunto de normas juridicas que regulam as relações que se estabelecem
entre o Estado e outros entes públicos e privados. É um ramo do Direito Público que lida com
leis que regulam a arrecadação de tributos, bem como a sua fiscalização.

Os indivíduos tem uma obrigação criada por lei de pagar ao Estado com vista a satisfação de
algumas necessidades como saúde, educação e segurança, obrigação esta que se dá o nome de
tributo.

Os impostos são um tipo de tributo que assumem um papel muito importante na


redistribuição de riqueza e constitui o principal meio de financiamento do Estado devido ao
seu nivel de abrangência e natureza obrigatória. Nos últimos tempos cresce a necessidade da
fiscalização dos mesmos e achamos um privilégio abordar esse assunto pois acreditamos que
irá ilucidar da melhor forma a noção real dos impostos.

Problematização

A discussão acerca da problemática do imposto é antiga, dado que por um lado nem todos os
membros de uma sociedade compreende a necessidade e a importância do pagamento do
imposto na sociedade, por outro lado verifica se situações de cobranças indevidas por parte
do estado devido ao fraco conhecimento sobre alguns aspectos cruciais do imposto. Observa
que uma sociedade é um conjunto de pessoas que se juntam com vista a preservar a
sobrevivência da colectividade. Essas pessoas necessitam que suas despesas sejam supridas
daí que o Estado pela necessidade de realizar despesas (como a provisão de bens públicos e
prestação de serviços) vê a necessidade de cobrar impostos pois não existe uma forma de
reafectar sem fazer com que alguns indivíduos percam.
Decerto que se essa função estivesse na responsabilidade dos indivíduos haveriam algumas
injustiças por isso que a lei cria os impostos que são regulados por normas com vista a
garantir o bem-estar dos contribuintes. A criação e alteração dos impostos e o
estabelecimento dos seus elementos essenciais está reservado a lei.
Por falta de conhecimento ou informação as pessoas confundem os impostos com outras
normas como as taxas ou ainda as contribuições daí que é necessário esse estudo com vista a
facilitar a distinção desses aspectos.
Para não se dar o caso de ser enganado com falsas cobranças, é fundamental que tenha
conhecimentos básicos sobre o assunto.
portanto surgem vários problemas com a falta de conhecimento sobre os impostos e pretende-
se compreender com o presente estudo, Qual é o conceito, natureza, classificação e fases dos
impostos

1.2 Objetivos

3
1.2.1 Objectivos gerais
 Analisar o conceito, a natureza, a classificação e as fases do imposto.

1.2.2 Objectivos específicos


 Identificar e avaliar as diferentes definições do imposto
 Explicar a natureza, a classificação e as fases do imposto
 Distinguir os impostos dos outros tipos de tributos

1.3 Metodologia
Técnicas de recolha de dados

No nosso trabalho será usada a pesquisa bibliográfica e documental que permitirá reunir
informações que possibilitarão sustentar teoricamente a pesquisa.

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de matéria já elaborada e é constituído


principalmente de livros científicos. Neste caso, fez-se a revisão bibliográfica relevante ao
tema em estudo,foram consultados livros, monografias e artigos científicos.

A pesquisa documental vale-se de matéria que não receberam ainda um tratamento analítico,
ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objectivos da pesquisa.

4
II. Imposto

2.1 Noção
Antes de abordar o conceito de impostos importa nos referir que o funcionamento de uma
sociedade implica despesas de caracter coletivo pela provisão de bens e serviços públicos,
isto é, bens para o usufruto de todos, sendo o governo o ente responsável na gestão deste
processo, ora este usufruto implica contrapartida cabendo somente ao governo 1 que no uso
das suas atribuições se encarrega de arrecadação de receitas, ou seja toma iniciativa de exigir
aos contribuintes a honrarem com as suas obrigações fiscais para na sequencias satisfazer os
fins ou despesas publicas. (Teófilo 2009:14)

Segundo José nabais (citado por Cláudio Pene 2014:58), os impostos podem ser definidos
observando três elementos, objetivos, subjetivos e teológico.

Compreende-se que o imposto é objetivo a medida que, diferente das taxas que tem um
caracter bilateral, os impostos são unilaterais, são estabelecidos por lei sendo assim de
caracter obrigatório.

São subjetivos visto que são cobrados aos cidadãos de forma individual ou colectiva e são a
favor de entidades que exerçam funções públicas.

Por fim considera-se que são teológicos pois os impostos são usados para a satisfação de fins
públicos.

Segundo Pene (2014:61), podemos definir o imposto como uma prestação patrimonial,
unilateral, definitiva, estabelecida por lei, exigida a detentores de capacidade contributiva, a
favor de entidades que exerçam funções públicas, para a realização das suas funções que não
constituam sanções de actos ilícitos.

Por outro lado José Teixeira ribeiro (2013:258) define imposto como sendo uma prestação
pecuniária, coativa e unilateral, sem o caracter de sanção, exigida pelo estado com vista a

realização de fins públicos.

O imposto é pecuniário: porque é uma prestação que deve ser satisfeitas em dinheiro; É
coactiva: porque ela existe por força da lei, ou seja não depende da nossa anuência, se
estamos de acordo ou não. A nós apena nos cabe cumprir a lei que define o imposto;
Unilateral: a unilateralidade do imposto traduz o seguinte, se um indivíduo pagar uma certa
porção do imposto, o Estado não tem obrigação de dar ou propor-lhe por conta da porção que
tiraste, ou seja não podemos exigir do Estado daquele porção que paguei do imposto. Mas,
sim, Estado irá usar aquele imposto para satisfazer as necessidades da colectividade.
É uma prestação definitiva: porque quando pagamos o imposto, não teremos de volta o valor;
Exigida pelo Estado: o Estado como detentor de poder, pode exigir algum tipo de imposto ao

1
Artigo 202 da Constituicao da Republica de Mocambique (CRM)
5
cidadão, porém a Constituição estabelece certos limites quanto a exigência. Sem caráter de
sanção: ou seja o imposto não é um castigo

Por seu turno Pereira et al (204 citado por Massimbe 2009:15), define o imposto como sendo
é uma prestação pecuniária de natureza corrente, definitiva, com caracter coercivo e
unilateral, porque sem contrapartida imediata e directa para quem a paga/suporta, de que são
beneficiário o estado, autarquia local, outros níveis de governo ou outro ente publico.

Analisadas as definições acima descritas compreende se exaustivamente que os impostos são


uma prestação pecuniária, unilateral, no sentido de que o pagamento do imposto não envolve
qualquer contrato prestação definitiva, estabelecida por lei e que no entanto é obrigatório,
coactiva contudo sem carácter sancionatório e são definidos para prossecução de fins
públicos.

Contudo as definições não coincidem em tudo, principalmente no concernente a natureza do


sujeito activo 2 da relação jurídica tributaria ou titular do direito de exigir impostos. Ora
vejamos, Pene (2014:61), atribui a titularidade de exigir direitos de exigir o imposto, a toda
pessoa que exerça funções públicas, por outro lado Ribeiro (2013:258) atribui o mesmo
direito somente a pessoa coletiva publica Estado. Por sua vez perreira et al (204 citado por
Massimbe 2009:16), é mais abrangente na sua definição ao atribuir este direito não apenas a
pessoa colectiva publica Estado mas também aos diferentes níveis de governo, autarquias
locais e outras entidades públicas. Sendo esta ao nosso ver uma definição que mais se
aproxima a definição legal.

No presente trabalho consideramos a definição legal segundo a qual os impostos são


prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade pública, para a
prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada, e cujo facto tributário
assenta em manifestações de capacidade contributiva, devendo estar previstas na lei. 3

2.2 Natureza do imposto


O conceito de imposto apresentado é um conceito jurídico, com natureza própria que não se
confunde com o conceito de taxas e nem com as contribuições financeiras.

A palavra, "natureza" refere-se a Valores que garantem ao Direito a sua legitimidade para
regular a vida social. Deste modo os valores que caracterizam ou atribuem a legitimidade dos
impostos segundo Ribeiro 2013:258 são:

Prescrição pecuniária: este refere-se a uma prestação em dinheiro ou equivalente a dinheiro;

Coativa: refere-se a obrigatoriedade do imposto, visto que, a sua montante é estabelecido na


lei ou por força da lei;

2
É a entidade de direito publico, titular de direito de exigir o cumprimento das
obrigações tributarias quer directamente quer através de representante. 3onr 2 do art. 3 da
Lei Geral do Tributo
6
Unilateral – diferentemente das taxas, o pagamento do imposto não corresponde qualquer
contraprestação por parte do Estado;

Sem o caracter de sanção - visto que o imposto não tem caracter de penalidade, como a multa.

Ora se os impostos não têm uma natureza própria analisemos os demais tipos de tributo
(taxas, e contribuições financeira).

No que concerne as taxas afirma Nazaré Cabral (2014:156), que as taxas constituem tributos
bilaterais, no sentido de que o seu pagamento pressupõe uma determinada contrapartida
específica, tendencialmente directa e imediata.

Estabelece ainda o nr 3 do art. 3 da LGT as taxas são prestações avaliáveis em dinheiro,


exigidas por uma entidade pública, como contrapartida individualizada pela utilização de um
bem do domínio publico, ou de um serviço publico, ou pela remoção de um limite jurídico a
actividade dos particulares, desde que previstas na lei.

Depreende se dos argumentos acima citados que ao contrário dos impostos as taxas tem um
caracter bilateral, sendo este um elemento crucial que separa os impostos das taxas

Quanto as contribuições financeiras, a lei3 refere que são prestações devidas, em virtude de
uma vantagem económica particular resultante do exercício de uma actividade administrativa,
por parte daqueles que tal actividade beneficia contribuições de melhorias.

Deste modo tanto as taxas assim como as contribuições financeiras apresentam um caracter
bilateral que se distancia da natureza dos impostos, pois estes tem um caracter unilateral.

Não bastando, observasse ainda que a constituição e a lei consagram um regime jurídico
específico dos impostos diversos do regime jurídico aplicável as taxas4

Com isso entende-se que no que diz respeito aos impostos, o tipo fiscal e os respetivos
elementos (incidência, taxas, benefícios fiscais e garantias do contribuinte) sejam criados por
lei. Já no que diz respeito as taxas e as contribuições apenas se impõem que da lei resulte a
aprovação do regime geral. O tipo em concreto de cada taxa ou contribuição financeira
poderá então fazer se por diploma legal não autorizado. Nazaré da costa 2014:158

Resultando deste modo a obrigatoriedade do imposto, pois ela é criada por força da lei
devendo deste modo ser coactiva sem carácter sancionatório, o que não ocorre com as taxas
devido a sua indeterminação, que abre espaço para que o legislador defina aspectos que
integrem ou devem integrar.

As taxas não obedecem ao princípio da legalidade fiscal com a reserva absoluta de lege
scripta da assembleia da república, ou da capacidade contributiva, mas ao princípio da
proporcionalidade

3
. Lei nr 1/2008 de 16 de janeiro alínea a nr 1 artigo 56 e atigo 69.
4
Art 100, 127, al, o) nr 2 art 178 todos da CRM
7
Ainda no âmbito da obrigatoriedade, o pagamento do imposto é obrigatório a todos sujeitos
passivos, independentemente da sua vontade, o que não ocorre com as taxas.

Finalmente podemos afirmar categoricamente sem sombra de dúvidas e com base na lei que o
imposto tem uma natureza unilateral e obrigatória. 5

2.3 Classificação dos impostos


Para começar é importante referir que a matéria relativa a organização da classificação dos
impostos é ambígua, visto que cada autor apresenta uma estrutura segundo a sua percepção.
Não obstante pode se constatar que todos autores apresenta uma classificação respeitando a
doutrina.

No âmbito da realização do presente trabalho de pesquisa apresentar-se-á uma classificação


que não só respeita a doutrina mas também baseia-se nas obras de diferentes autores.

A classificação dos impostos é uma repartição sistemática dos impostos, que podem ser
agrupadas observando alguns critérios: critério da competência, critério da repercussão
económica critério da função, etc.

2.3.1 Quanto a competência


Estes baseiam se no âmbito da aplicação territorial do imposto, deste modo podem ser
classificados em impostos nacionais e autárquico. (Pene, 2014:69)

São considerados nacionais os impostos que no seu âmbito de aplicação territorial abrangem
a totalidade do território nacional.

Por outro lado são considerados autárquicos ou locais aqueles que têm aplicação território
circunscrita a uma parte do território nacional, independentemente da natureza do sujeito
passivo. (ibidem)

2.3.2 Quanto a repercussão económica do imposto


Trata-se de um critério económico. Segundo o mesmo, são directos os impostos em que se
verifica uma coincidência entre sujeito passivo devedor de imposto e a pessoa que suporta o
encargo do imposto, não são repercurtiveis.

Indirectos, são os impostos em que o devedor procede a sua repercussão para terceiro, que é
quem suporta economicamente o encargo do imposto. Tradicionalmente tem se considerado
repercurtiveis os impostos sobre o consumo, e irrepercurtiveis os impostos sobre o
rendimento e sobre património.

Segundo Cláudio pene os impostos directos e indirectos não tem por base um critério
uniforme, ou seja para além do critério de repercussão económica acima apresentada,
apresentam outros critérios, nomeadamente: critério da permanência ou intermitência das

5
nr 1, art4, lei 15/2002 de 26 de junho de 2002
8
faculdades contributivas, critério do rol nominativo, critério do lançamento e por fim critério
das manifestações imediatas de capacidade contributiva.

1. Critério da permanência ou intermitência das faculdades contributivas

Segundo Pene (2014:67) nesse critério são directos os impostos em que é possível
presumir a permanência das faculdades contributivas e, portanto, a tributação tende a
repetir-se periodicamente e a configurar-se como imposto periódico. Enquanto que os
indirectos são os impostos em que a tributação tem carácter trasitório ou ocasional, ainda
que o pagamento seja realizado em prestações.

2. Critério do rol normativo

São directos os impostos cujo lançamento tem base na existência junta da administração
da relação nominal dos contribuintes, isto é, é feito baseado na lista preexistente na
administração fiscal. Assim, os impostos indirectos são aqueles cujo lançamento não se
baseia em listas pré- elaboradas pela administração fiscal.

3. Critério do lançamento

Segundo Pene (2014:68) nesse critério são directos os impostos em que as operações de
lançamento são efectuadas pela administração e, indirectos aqueles em que o lançamento
não é efectuado pela administração.

4. Critério das manifestações imediatas de capacidade contributiva

Segundo este critério, os impostos directos incidem sobre manifestações directas ou


imediadas de capacidade contributiva e têm por pressuposto a própria existência dum
sujeito, dum património ou de um rendimento e os impostos indirectos incidem sobre
manifestações mediatas ou indirectas de capacidade contributiva, tributam a despesa ou a
transferência de bens.

 Os Impostos directos e indirectos

Esta classificação encontra se consagrada na lei nr 15/2002, de 26 de junho, é uma das mais
antigas classificações dos impostos.

O património e o rendimento podem ser diretamente tributados; quer dizer, o estado pode
imposicionar o património possuído ou o rendimento obtido por cada contribuinte. Os
impostos incidem sobre a matéria coletável directamente tributada são os impostos directos
(Ribeiro, 2013:309).

Mas o estado, em vez de atingir directamente a matéria coletável, através da sua posse ou
obtenção, pode atingi-la indirectamente, através da utilização que dela se faz. E os impostos
que incidem, não sobre o património possuído ou rendimento obtido mas sobre o património
9
ou rendimento utilizado, isto é, os impostos que recaem sobre a matéria coletável
indirectamente tributada, são os impostos indiretos. (ibid).

 É importante referir que os impostos directos e indirectos não agem isoladamente ou


seja estas corrigem-se mutuamente. Visto que a matéria coletavel que o fisco
determina não corresponde muitas vezes a matéria coletavel real. O contribuinte
consegue esconder, em parte, o seu património ou rendimento; ou porque o fisco,
apesar de suspeitoso da fraude, não lhe atribui um património ou rendimento igual,
mas inferior ao que de facto ele possui ou obteve.
Ora, nestes casos, que são frequentes, em que a matéria colectável determinada é
menor do que a matéria colectável real, e o é em diversa proporção de contribuinte
para contribuinte, a tributação indirecta corrigi as disparidades resultantes da
tributação directa.

2.3.3 Quanto a função


Estes enquadram se no âmbito do papel que elas desempenham e ou dos objectivos impostos.
Neste contexto consideramos os seguintes impostos: impostos fiscais, impostos extrafiscais.

 Impostos fiscais

Os impostos é classificado como fiscal quando a sua função preponderante é a arrecadação de


valores para compensar as despesas publicas. Nestas aplicam se os princípios e preceitos da
constituição fiscal. (Waty 2013: 268)

 Impostos extrafiscais

De referir ainda que, embora a obtenção de recursos financeiros pelo Estado seja a razão de
ser do imposto, através do mesmo podem ser prosseguidos importantes objectivos
extrafiscais, como por exemplo: Objectivos de redistribuição do rendimento e da riqueza
nacional, Penalização e desencorajamento de consumos socialmente nocivos (tributação
fortemente gravosa do tabaco e do álcool), Incentivo de determinadas actividades
económicas, sujeitando a taxas efectivas mais favoráveis os correspondentes rendimentos, e
bem assim a orientação de investimentos para zonas menos desenvolvidas do território
nacional.

Um outro objectivo extra-fiscal tradicionalmente associado aos direitos de importação (que


em muito justificava a própria razão de ser dos mesmos) era a protecção da indústria
nacional.

2.3.4 Quanto da situação do contribuinte


Em termos de situação do contribuinte os impostos podem ser classificados de reais e
pessoais.

 Impostos reais e pessoais

10
Todos impostos são simultaneamente reais e pessoais. Com efeito, todos eles incidem sobre a
matéria coletavel, sobre coisas, dai o seu caracter real; todos eles são pagos pelos possuidores
das coisas, pelos titulares da matéria colectavel, e dai o seu caracter pessoal.

Estes são também conhecidos por objectivos e subjetivos, respetivamente. Nesta


classificação, os reais devem ser entendidos os impostos que se referem por predominância a
aspectos reais, isto é, os que visam a tributação de bens económicos, de riquezas, em termos
objectivos, sem que se reflitam as condições especiais do contribuinte.

Os impostos pessoais atendem a concreta situação económica do contribuinte, isto é, atendem


ao rendimento global do contribuinte. (Waty: 2013:264)

Quer dizer: nos impostos reais tributa-se a riqueza em função dela própria; nos impostos
pessoais tributa-se a riqueza em função das pessoas.

2.3.5 Quanto ao tipo e estrutura da taxa


Em termos do tipo e estrutura da taxa os impostos podem ser classificados de (proporcionais,
progressivos, degressivos e regressivos).

 Proporcionais: quando a respectiva taxa permanece fixa, qualquer que seja o


montante da matéria colectável (é exemplo o IRPC);
 Progressivos: Quando a respectiva taxa é tanto mais elevada quanto maior seja o
montante da matéria colectável (é exemplo o IRPS);
 Degressivos: Quando o imposto é essencialmente de taxa proporcional, mas se
estabelecem taxas mais suaves aplicáveis no patamar inferior da pirâmide dos
rendimentos colectáveis (constituiu exemplo em Moçambique o antigo Imposto:
Profissional);
 Regressivos: Quando a respectiva taxa varie em função inversa do rendimento
colectável (o Imposto Pessoal Autárquico e o Imposto de Reconstrução Nacional, com
as suas taxas de quantitativo fixo.

2.3.6 Quanto a estabilidade


(permanente ou transitória) da situação tributaria: Em termo de estabilidade os impostos
podem ser classificados: periódicos e de obrigação única.

 Impostos periódicos: são aqueles eu se pode estabelecer uma presunção de


permanecia da faculdade contributivas, e como tal, a tributação tende a repetir-se
periodicamente (em regra anualmente)
 Imposto de obrigação única: são os que a tributação baseia-se em situação sem
continuidade, a tributação não se renova periodicamente.

2.4 As fases da Vida do Imposto


As fases da vida do imposto são de extrema importância, quando se faz um estudo sobre o
imposto, pois é a partir dessas fases que pudemos, perceber o processo de reembolso e seus
problemas. Sob ponto de vista da disciplina jurídica do imposto, podemos identificar dois
momentos essenciais em que se desdobra a sua vida a incidência e o momento administrativo.

11
2.4.1 Incidência
Na incidência, que é a fase da criação ou instituição do imposto, trata-se de definir, através da
lei e da forma geral e abstracta, o complexo de pressupostos de cuja conjugação nasce a
obrigação do imposto, bem como os elementos da mesma obrigação.

Determina se em abstracto o sujeito activo e os sujeitos passivos (incidência subjectiva), a


matéria colectável ou tributáveis, isto é, os valores económicos sobre os quais recai a
tributação (incidência objectiva).

As normas que determinam as taxas do imposto, as deduções a colecta e os benefícios fiscais


também se enquadram na incidência. Segundo americo bras Carlos citado por claudio pene
74 a incidência é um momento legislativo qualificado, por a sua disciplina estar subordinada
as exigências do princípio da legalidade fiscal.

Percebe se do acima dito que nem todos factos ou pessoas podem ser tripificados na
incidência. Tais factos ou pessoas que não se enquadram na enumeração da incidência, não
estão sujeitos a tributação estaremos diante da não sujeição ou não incidência.

Fora os casos implícitos de não incidência, a lei consagra por vezes normas expressas de não
incidência, também conhecidas por delimitações negativas expressas da incidência, ou como
refere nuno de sa gomes citado por pene 75, normas fiscais de conteúdo negativo. A doutrina
não so diverge quanto a natureza destas normas, bem como, quanto a relevância das mesmas,
em face da dificuldade ou impossibilidade de enumeração de todas situações de não
incidência.

A não sujeição ou não incidência difere da isenção. A isenção é um beneficio fiscal atribuído
a um facto ou uma pessoa que esta abrangido pela norma de incidência. Segundo la rosa
(citado por pene, 2013) estamos perante uma isenção sempre que a lei sutrai ou afasta a
tributação, através de previsão normativa de um facto impeditivo, situações e sujeitos que de
outra feita, ficariam dentro âmbito de previsão de norma tributaria.

2.4.2 Momento administrativo


Se como vimos a incidência é uma fase normativa, no momento administrativo procedesse a
aplicação, administracao e gestão do imposto, através das operações de lançamento
liquidação e cobrança. Conforme se depreende, não se trata nesta fase de instituir ou criar
imposto, mas antes e so de o administrador gerir.

A administracao ou gestão esta longe de caber exclusivamente a administracao fiscal, sendo


cada vez mais frequente a administracao total ou parcial de alguns impostos pelos próprios
particulares, seja na qualidade de contribuintes, seja na qualidade de terceiros.

2.4.2.1 Lançamentos
O lançamento consiste num conjunto de actos e operações pelos quais a administracao
tributaria, ou o sujeito passivo, no caso de auto lançamento, determina em concreto os
elementos da obrigação de impostos, isto é, identificam se contribuites, determina se em
concreto a matéria coletável ou tributável e a taxa ( no caso de impostos com mais de ma
taxa). Não se trata da definição legal desses elementos, que cabe as normas de incidência,
12
mas sim da fixação, em concreto, individual, desses elementos, integrados numa determinada
obrigação do imposto

2.4.2.2 Liquidação
Conhecida a matéria coletável de cada contribuinte, tem de fixar-se, agora a quota de imposto
que lhe compete. Chgamos assim a terceira fase da fixação da quota individual ou liquidação
do imposto.

Pela liquidação determinasse a colecta aplicandose a taxa a matéria colectavel ou tributável.


Quando não haja deduções a colcta ou adcionais liquidados conjuntamente com os impostos
principais, a liquidação coincidira com o imposto a pagar pelo contribuinte. Quando haja
deduções à colecta ou adcionais liquidados conjuntamente com os impostos principais, a

Liquidação abrangera também estas operações.

Nos termos do nr 1 art. 31 da lei nr 15/2002, de 26 de junho e art nr 1 do 86 conjugado com o


nr 1 art. 53, ambos da LGT, a liquidação deve ocorrer dentro dos cinco anos seguintes aquele
a que a matéria coletável ou tributável respeita e a mesma so produz efeitos em relação ao
contribuinte uma vez que lhe seja validamente notificada com a respectiva fundamentação
sob pena de caducidade.

A liquidação pode ser efectuada pela administração (liquidação administrativa) ou pelo


próprio contribuinte (autoliquidado). A liquidação pode ser provisoria, definitiva, presumida,
adcional, oficiosa, ou ate pode verificar se anulação oficiosa da liquidação, quando tenha sido
liquidado imposto superior ao devido.

Sustenta ainda Ibraimo (2000:60, citado por Massimbe 2009:26 ), A fase da liquidação,
consiste no cálculo da colecta do imposto aplicando-se a matéria colectável a taxa do
imposto. Em geral a liquidação é feita nos impostos directos pela administração fiscal e nos
impostos indirectos pelo contribuinte (2000;60).

2.4.2.3 Cobrança ou pagamento


Escolhido o método de determinação da matéria colectavel e o processo de fixação da quota,
há que decidir, agora, a cobrança do imposto. A cobrança é o momento final da vida do
imposto, que se resume na operação administrativa que visa a entrada do imposto nos cofres
do Estado.

A cobrança visa a arrecadação do imposto liquidado e demais encargos legais e a


consequente extinção da divida. Segundo o art. 142 da LGT a cobrança da divida tributaria
pode ocorrer sob a modalidade de pagamento voluntario ou cobrança coerciva.

O pagamento voluntario é efectuado ate a instauração do processo de execução fiscal, sem


prejuízo do vencimento de eventuais juros, no caso de não pagamento da divida dentro do
prazo, conforme disposto no art. 143 conjugado com o nr 4 do art. 168, ambos da LGT.

13
III. Conclusão

Terminado o trabalho podemos concluir que num estado de direito democrático como
Moçambique o é, não há espaço para arbitrariedade nos processos da arrecadação do imposto.
A lei estabelece os parâmetros legais para a definição do imposto respeitando e
salvaguardando os princípios da justiça, igualdade e legalidade. Engana se quem pensa que o
imposto tem apenas a finalidade da afectação das despesas públicas pois vimos que o imposto
para alem de financiar as despesas públicas serve como um meio de internalização das
externalidades negativas.
Sempre que falamos dos impostos vem à mente um sentimento de rejeição, por se tratar de
uma obrigação imposta a todos, e que não resulta nas contraprestações. Mas sabemos também
que é um "bem ou mal " (dependendo da visão de cada um), necessário para a vida em
sociedade, e portanto a sua prestação é anterior a vontade dos cidadãos. Afirma Benjamin
Franklin "nada é mais certo neste mundo que a morte e os imposto".

14
IV. REFERENCIAS
Pene.C, (2014), apontamentos do direito fiscal moçambicano, escolar editora, Maputo.

WatyT,(2013), direito tributário, w&w editora, Maputo

Cabral.N, Waldemar.G, et al, (2014) finanças públicas e direito financeiro, aafdl, Lisboa

Acis, et al, (2011), o quadro legal para impostos em Moçambique, 2 edição, Maputo

Ribeiro.J, (2013), licoes de financas publicas, 5 edicao, coimbra editora, coimbra

Massimbe.M, (2009), o pappel do imposto na provisao de bens publicos, UJC, Maputo

Legislação

Lei geral de tributo;

Lei 15/2002 de 26 de junho

Lei n.˚1/2018, de 12 de Junho, aprova a revisão pontual da constituição

15

Você também pode gostar