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Nomes:
Jacinto Matsolo
Muniro Ija Ismail
1
Índice
CAPITULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
2
CAPITULO 3: Descentralização fiscal e a prestação dos serviços aos contribuintes ............ 15
5. Conclusão ................................................................................................................. 27
6. Recomendações ........................................................................................................ 28
3
CAPITULO 1: INTRODUÇÃO
O presente trabalho é realizado no âmbito do cumprimento dos requisitos para realização de
jornadas científicas na Universidade Joaquim Chissano (UJC), cujo tema é Análise do
Contributo da Descentralização Fiscal na Prestação dos Serviços aos Contribuintes. Caso do
Município de Maputo (2019-2021)
A partir dos anos 1980 muitos países da africa subsariana iniciaram os processos de
descentralização.1 Materializados por programas de reforma do sector publico, em muitos
casos, estas reformas podem ser vistas como uma resposta a crise do estado que se manifestou
por um lado na regulação política e por outro lado na provisão de serviços públicos.
Por sua vez, moçambique iniciou o seu processo de descentralização a partir de meados dos
anos 1990. O governo de moçambique constatou a necessidade de se criar as autarquias locais
efectivado pela lei 2/97 bem como autonomizar o processo de arrecadação de receitas e a
realização de despesas das autarquias locais conforme n° 1 artigo7 lei 2/97. Nesse sentido a
descentralização fiscal é entendida como a autonomia financeira que é atribuída as autarquias
locais.
1
https://www.iese.ac.mz/descentralizacao-governacao-local-servicos-publicos-e-construcao-do-estado/
consultado as 10 horas do dia 19 de Agosto 2023
4
1.1.Delimitação Espacial e Temporal
A presente pesquisa centra-se na análise do Contributo da Descentralização Fiscal na Prestação
dos Serviços aos Contribuintes. O estudo foi realizado na autarquia de Maputo. A escolhe deste
espaço deve-se ao facto do presidente do conselho municipal2 ter destacado avanços
inquestionáveis na prestação de serviços de qualidade nas áreas de saneamento, emprego,
educação, habitação conforme o plano de desenvolvimento municipal 2019-2023.
Sob o ponto de vista temporal, o estudo compreende o período 2019-2021, a escolha deste
espaço deve-se ao facto de ter-se verificado avanços, nas políticas de descentralização fiscal
(Lei nº 16/2019 de 24 de Setembro e decreto 95/2020), o lançamento do Sistema de Gestão,
Planificação e Execução das Despesas Municipais denominado e-SISTAFE Autárquico , pelo
Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças (CEDSIF)3. O estudo parte
de 2019 por apresentar-se apropriado para verificar o impacto do Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Local Sustentável (2017), Plano de Operacionalização das Reformas da
Descentralização (PORD) bem como avaliar impacto da Lei nº1/2018 de 12 de Junho, sobre a
reforma da descentralização, e a escolha de 2021 como limite deve-se ao facto de ser o ano
que marca o fim do cenário fiscal de medio prazo 2019-2021 do governo, Havendo deste modo
condições favoráveis para analisar o contributo da descentralização fiscal na prestação dos
serviços aos contribuintes
1.2. Contextualização
A presente análise enquadra-se no âmbito da descentralização, cuja base legal foi estabelecida
em 1997 com a aprovação da lei 2/97, a descentralização consiste na aproximação da
administração a comunidade local permitindo que a autoridade local defina as suas reais
necessidades, bem como a sua satisfação de maneira flexível, eficaz e eficiente.
Sobre o processo de descentralização importa referir que a guerra que opôs a Frelimo, no
governo desde a independência, e a Renamo é em larga medida responsável pela degradação
da situação de Moçambique, o acordo de paz entre a Frelimo e a Renamo, assinado em 1992
em Roma, é um ponto de viragem na situação de Moçambique, confirmando e consolidando
mudanças económicas e políticas fundamentais em curso já desde finais de 80. Em 1987,
Moçambique iniciou um programa de reabilitação económica. (Faria e Chichava 1999:3)
2
Disponível em https://opais.co.mz/maputo-celebra-hoje-134-anos-de-elevacao-a-cidade/ consultado aos 23 de
agosto 2023
3
disponível em https://www.mef.gov.mz/index.php/imprensa/noticias/522-financas-autarquicas-com-novo-
processo-de-gestao-e-execucao-das-despesas consultado aos 23 de agosto
5
Em 1990, a reforma da Constituição introduziu o pluralismo e a democracia multipartidária em
1994 antes das eleições gerais foi aprovada pela assembleia mono-partidária a primeira lei da
descentralização a lei 3/94, no âmbito do programa de reforma dos órgãos locais (PROL) em
curso desde 1991, que criava o quadro legal e institucional de reforma dos órgãos locais, o
PROLE suscitou vários debates na arena política devido a sua inconstitucionalidade, visto que
a constituição não previa a existência de órgãos locais, o que levou a emenda da Constituição
em 1996 através da Lei nº 9/96, de 22 de Novembro, que acomoda o capítulo destinado aos
órgãos locais, facto que culminou na aprovação da Lei nº2/97, de 18 de Fevereiro que cria as
autarquias locais e órgãos do poder local dotadas de autonomia administrativa, politica e
financeira (Faria e Chichava 1999:3)
No âmbito da autonomia financeira, foi criada a Lei nº 11/97 de 31 de Maio, que estabelece o
regime jurídico das finanças autárquicas, contudo para se adequar por um lado ao actual
Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) criado pela Lei nº 9/2002, de 12
de Fevereiro, e por outro lado ao Sistema Tributário Nacional (STN), definido pela Lei nº
15/2002, de 26 de Junho, a Lei nº 11/97 teve que ser revogada pela Lei nº 1/2008, de 16 de
Janeiro, e o respetivo Código de Tributação Autárquica (CTA), definido pelo Decreto nº
63/2008, de 30 de Dezembro. É neste contexto que se enquadra o tema em alusão, ao analisar
o contributo da descentralização fiscal na prestação de serviços aos contribuintes.
1.3.Justificativa
O processo de autarrcização em moçambique é irreversível em 1997 moçambique contava com
33 municípios e actualmente conta com 53 municípios o que traduz-se em mais despesas a
realizar e receitas a arrecadar a nível local. Contudo a descentralização fiscal revela-se
deficitária a medida que as autarquias locais dependem em grande média do financiamento do
governo central.
Este estudo é relevante do ponto de vista acadêmico, a medida que contribui para a expansão
do conhecimento sobre a descentralização fiscal em Moçambique, ajuda à orientar as políticas
públicas, tornando-as mais eficazes e a melhora a qualidade de vida da população.
No âmbito social destaca-se a qualidade dos serviços públicos, como saúde, educação e
infraestruturas, que está intrinsecamente ligada á descentralização fiscal. Por tanto, entender
como essa politica afecta directamente a vida dos contribuintes é fundamental para melhorar o
bem-estar da população.
6
Actualmente a situação econômica e político de Moçambique, caracterizada pela instabilidade
política, pressões fiscais e emergências sanitárias, torna-se relevante avaliar como a
descentralização fiscal influencia a resiliência do município de Maputo na prestação de
serviços.
1.4.Problematização
Os conflito de atribuições entre os municípios que já cobram taxas nos respectivos territórios
e os órgãos de governação descentralizada provincial (OGDP) que passam a cobrar taxas para
si próprios. Tem consequência negativas na arrecadação de receita, observa-se por exemplo o
caso da taxa de mercados, que é uma importante fonte de receita local, não esta claro se quem
deveria cobrar a receita, é o município ou o governo provincial. Portanto essa dificuldade,
afecta a arrecadação de receita e propicia o fracasso na prestação dos serviços aos contribuintes.
(cip)
Por sua vez Weimer et al (20124) citado por Banze (2019:7) consideram que a perspectiva de
uma descentralização dinâmica, forte e de governos locais responsáveis e bem dotados é difícil
devido a aspectos como a dificuldade de abertura política suficiente para o envolvimento dos
governos locais na economia formal limitando apenas na informal.
1.5.Objectivos
1.5.1. Objectivo geral
Analisar o contributo da descentralização fiscal na prestação dos serviços aos
contribuintes.
4
Weimer, B et al (2012) Moçambique: Descentralizar O Centralismo? Economia Política, Recursos e Resultados.
Disponível em: http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/Descent/IESE_Decentralizacao.pdf (consultado a 21
de Dezembro de 2019)
7
1.5.2. Objectivos específicos
Identificar estratégias de arrecadação de receitas usadas pelo conselho municipal da
cidade de Maputo.
Identificar os desafios enfrentados pelo conselho municipal da cidade de Maputo na
gestão financeira
Avaliar o contributo da descentralização fiscal na prestação de serviços aos
contribuintes do município de Maputo
1.6.Hipóteses
As estratégias de arrecadação de receitas usadas pelo conselho municipal da cidade de
Maputo não tem sido satisfatórias devido a conflitos de atribuições entre os OGD.
O município de Maputo tem enfrentado dificuldades na gestão financeira devido a
complexidade das despesas.
No município de Maputo a descentralização fiscal exerce um papel fundamental na
prestação de serviços aos contribuintes a medida que assegura maior compreensão das
reais necessidades do município.
1.7.Metodologia de trabalho
Entende-se por metodologia a determinação das formas que serão utilizadas para reunir os
dados necessários para a consecução do trabalho (Moresi 2003:79). Nesta etapa definimos
como pesquisa foi realizada.
8
1.7.4. Métodos de pesquisa
a) Método de abordagem
b)Métodos de procedimentos
a) Técnica bibliográfica
b) Técnica documental
Na óptica de Lundi (2016:147) Trata-se de fontes primárias que são usadas como suporte para
a pesquisa em combinação com outros métodos.
c) Questionário
Trata-se de uma técnica usada para guiar entrevistas, visa levantar ou recolher dados,
informações ou opiniões através de uma serie de perguntas escritas dispostas de forma
sistematizada. Lundi (2016:147)
5
Lakatos,.E.M. (1979), Ciências Sociais e Sociologia, 3 ed, Editora atlas SA, São Paulo
9
entrevistados. Aplicou-se a amostragem aleatória simples para os residentes e intencional para
os peritos.
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CAPITULO 2: ENQUADRAMENTO TEORICO E CONCEPTUAL
Neste capítulo debruça-se sobre as teorias que sustentam o estudo e os conceitos relevantes
para a realização da pesquisa de modo a permitir uma melhor compreensão do tema em análise.
Na óptica de MEYER; ROWAN, (19776) citado por Bobsin (2021: 2) as estruturas formais são
compreendidas como sistemas de atividades coordenadas e controladas, que irão propiciar o
surgimento de organizações formais em ambientes altamente institucionalizados. Assim, as
organizações que adotam essas práticas e procedimentos garantem sua legitimidade em
determinado campo institucional, e, consequentemente, a sobrevivência em longo prazo,
independentemente de sua eficácia organizacional. As próprias práticas e procedimentos
advêm de um processo de institucionalização, baseado em isomorfismos miméticos,
normativos e coercitivo. as autarquias podem sentir pressões coercitivas para aderir a
determinadas politicas fiscais do governo central, bem como normativas para adoptar praticas
fiscais que são consideradas socialmente legitimas.
6
MEYER, J. W.; ROWAN, B. (1977), Institutionalized organizations, v. 83, n. 2, p. 340-363
11
garantia de sua sobrevivência em longo prazo (Bobsin2 2021 et al citando a MEYER ROWAN,
19777).
A teoria institucional, como qualquer abordagem teórica, não está isenta as críticas nesse
âmbito apresenta-se as seguintes críticas:
Pressupostos
A teoria funcional é criticada por não aprofundar os processos sociais em si, mas apenas estuda-
los de maneira superficial, sem dar muita atenção as causas, problemas, dificuldades, e
7
MEYER, J. W.; ROWAN, B. (1977), Institutionalized organizations, v. 83, n. 2, p. 340-363
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mecanismos de aperfeiçoamento. A sua concepção é positiva, vê a sociedade organizada e bem
estruturada, o que impede de identificar falhas. (André 2017:19)
A complementaridade entre essas duas teorias surge quando se reconhece que as instituições
governamentais (teoria institucional) desempenham um papel fundamental na implementação
e operacionalização da descentralização fiscal, afetando diretamente a prestação de serviços
(teoria funcional). Essa abordagens integram se a medida que a teoria institucional pode ser
usada para examinar as regras e estruturas institucionais que governam a descentralização
fiscal. Isso incluiria leis de autonomia fiscal, acordos intergovernamentais e a organização de
agências governamentais responsáveis pela administração fiscal e prestação de serviço. e a
teoria funcional pode ser aplicada para avaliar como a descentralização fiscal impacta a
qualidade dos serviços prestados aos contribuintes, a capacidade dos governos locais de
responder às necessidades locais e a eficiência na alocação de recursos fiscais.
Na óptica de Banze (2019:7) citando aos estudos do Banco Mundial (2019 9) a descentralização
fiscal é descrita como um conjunto de regras que definem o papel e as responsabilidades entre
8
TANZI, V. Fiscal federalism and decentralization: a review of some efficiency and macroeconomic aspects. In
M. Bruno e B. Pleskovic (eds), Annual World Bank Conference on Development Economics 1995. Washington,
DC: World Bank, 1995.
9
http://siteresources.worldbank.org/EXTSOCIALDEVELOPMENT/Resources/244362-1164107274725/Fiscal-
Decentralization-web.pdf
13
os diferentes níveis de governação em termos de funções fiscais, nomeadamente, ciclo de
planificação orçamental, execução do orçamento, geração de receitas e financiamento.
Descentralização fiscal é o centro de qualquer sistema de governação local, uma vez que as
suas regras definem como serão geridos os recursos e, por conseguinte, distribuídos (entre e
intra-governos) para a satisfação das necessidades dos cidadãos.
Deste modo, para o presente estudo privilegia-se a definição do Banco Mundial onde a
principal meta é transferir as autarquias os poderes de planificação, execuçao do orçamento,
taxação e arrecadação tributária bem como o poder de gerir as despesas locais.
Entretanto, entende-se por serviços públicos as actividades desenvolvidas por cada pessoa
colectiva publica com vista a realizar as suas atribuições de maneira regular e continua.
2.2.3 Município
o município é uma unidade de governo local que toma decisões políticas dentro de sua
jurisdição e envolve os cidadãos na tomada de decisões por meio de processos democráticos.
( Robert Dahl, 1971:23)
Segundo Charles Cooley ( 1929: 30) o município como uma comunidade geograficamente
definida onde os indivíduos interagem, formam relações sociais e cooperam para atender às
necessidades locais.
Deste modo, entende-se por município o espaço territorial politico dentro de um Estado, na
qual os cidadãos, associados pelas relações comuns de localidade, vivem sob uma
organização livre e autônoma.
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CAPITULO 3: Descentralização fiscal e a prestação dos serviços aos contribuintes
O presente capítulo tem por objectivo apresentar a abordagem literária que gira em torno da
descentralização fiscal e o seu contributo na prestação dos serviços aos contribuintes. Portanto,
Por sua vez Nguenha et al (201210) citado por Banze (2019:7) afirma que ter orçamentos
adequados é uma condição fundamental da descentralização, pois, para que os governos locais
possam ser capazes de dar respostas às necessidades dos cidadãos, eles requerem recursos e
autonomia suficientes
Em geral a doutrina jurídica destaca duas grandes categorias de tributo os impostos e as taxas.
Contudo para Pene (2014:62) na ciência das finanças e no direito financeiro, ao lado dos
impostos e das taxas encontramos outras figuras como as contribuições ou impostos especiais,
as tarifas, os preços públicos, os tributos parafiscais
De acordo com Passos (201411) citado por Buanaheira (2021:9), O sistema tributário é o
conjunto de impostos, taxas e contribuições através dos quais o Estado obtém recursos para
cumprir suas funções, como a oferta de bens e serviços públicos de qualidade.
Por sua vez, Weimer (363ª) afirma que as fontes de receitas atribuídas aos municípios no
âmbito da descentralização fiscal em Moçambique é definida pelo quadro institucional legal
da descentralização e autonomia fiscal, conforme a lei sobre as Finanças Autárquicas (Lei
1/2008) e o Código Tributário Autárquico definido no Decreto 63/2008. Esta legislação
substitui a legislação anterior, baseada na Lei 11/ 1997.
10
Nguenha et al (2012), Finanças Locais: Desempenho e Sustentabilidade dos Municípios Moçambicanos.
Disponível em : http://www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/Descent/IESE_Decentralizacao_2.2.FinLoc.pdf
(consultado em 3 de Fevereiro de 2019)
11
. PASSOS, N. (2014). O que é o Sistema Tributário e por que no Brasil ele é tão injusto? Redacção Pragmatismo.
Disponível em: https://www.pragmatismopolitico.com.br. Acesso em 03 jul. 2020.
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Ao abrigo do artigo 51, lei nr° 1/2008, de 16 de janeiro o sistema tributário autárquico é
constituído pelos seguintes impostos e taxas:
5. Contribuição de melhorias
Os serviços públicos autárquicos são, de uma certa maneira, a razão de ser da administração
autárquica. (cistac 2012:12)
Que a lei concede uma certa liberdade de criação dos serviços públicos às autarquias locais e
que, por outro lado, concede-lhes uma relativa liberdade nos modos de gestão destes serviços.
A lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro estabelece, verdadeiramente, um princípio de liberdade de
criação dos serviços públicos autárquicos. A alínea b) do n.º 2 do Artigo 7 da referida lei, em
especial, deixa uma grande margem de manobra, aos órgãos da autarquia local, para criar
serviços destinados à prossecução das suas atribuições: “… a autonomia administrativa
16
compreende os seguintes poderes: [...] b) criar, organizar e fiscalizar serviços destinados a
assegurar a prossecução das suas atribuições”. Assim no âmbito destas atribuições definidas
pelo Artigo 6 da Lei n.° 2/97, de 18 de Fevereiro, nomeadamente nos sectores de
desenvolvimento económico e social, ambiente, saúde, educação, cultura, urbanismo e
construção, as autarquias locais podem criar e organizar serviços públicos.
No lado da despesa, o regime jurídico estabelece que as autarquias são responsáveis pela
prestação de uma série de serviços nas áreas de: Desenvolvimento Económico e Social Local;
Ambiente; Saneamento Básico; Serviços Públicos; Saúde; Cultura, Lazer e Desportos;
Educação; Polícia Municipal; e Desenvolvimento Urbano, Construção e Habitação (Lei 2/97 e
Lei 01/08).
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CAPITULO 4: Descentralização Fiscal e a Prestação de Serviços Públicos: Caso do
Município de Maputo (2019-2020)
4.1.1 Organograma
Figura 1: Estrutura orgânica do município de Maputo
12
http://www.cmmaputo.gov.mz/?s=populacao consultado aos 27 de setembro de 2023
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um sistema financeiro funcionais. As receitas próprias provêm dos impostos de natureza
municipal e são directamente controladas pelas autarquias. As transferências provêm de um
conjunto de recursos destinados a despesas de capital e recorrentes, controlados pelo Governo
nacional. A ajuda vem de fontes externas, na maioria dos casos para o financiamento de
despesas de capital. (Banco Mundial 2009: 115)
Fonte: Elaboração própria com base na conta geral do estado ano 2019, 2020 e 2021
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65% 65%
49%
36%
26%
22%
13% 15%
9%
RP TG Capital
Fonte: elaborado pelo autor com base com base na conta geral do estado ano 2019, 2020 e
2021.
A Lei 01/08 constitui também um limite para o município de Maputo a medida que estabelece
uma isenção de 5 anos às novas construções de propriedade urbana, que poderiam representar
uma importante base tributária para o município, dado que se verifica um elevado
desenvolvimento imobiliário na cidade de Maputo. A estrutura de recurso ao crédito das
autarquias é muito limitada e rígida, o que na prática torna esta fonte de receita inoperante para
o município de Maputo (Banco mundial 2009:131).
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os investimentos a serem levados a cabo no município com vista a satisfazer as necessidades
da mesma. 97% Dos questionados no município de Maputo afirma que não participam no
momento a definição das necessidades locais. Por outro lado 3% afirma que participam no
processo de tomada de decisão sobre as necessidades a realizar mas chamam atenção que esta
participação não é integra a medida que está mais para uma consulta, que o governo municipal
faz a comunidade local.
21
Chart Title
2021
100%
39%
2020
100%
35%
2019
100%
38%
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
RP DBS
Conjugando o depoimento acima citado com os dados recolhidos por meio do questionário a
população, estima-se que 37% afirmam que é razoável a medida que se verifica uma gradual
redução de vendedores informais nos passeios. contudo 43% considera a prestação de serviços
13
Éneas comiche (2022), entrevistado ao 10 de novembro de 2022 STV: Maputo
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não satisfatórias, argumentando que em tempos de chuva as suas residências são inundadas
pelas aguas das chuvas, associado a ma gestão de resíduos sólidos, queixam-se do lixo e do
cheiro nauseabundo que é causado pelas chuva o que cria condições para o desenvolvimento
de doenças como a cólera. Não obstante a esses problemas 13% residentes expressam que a
prestação de serviços é satisfatório a medida que se verifica um esforço por parte do município
em responder as preocupações dos munícipes expostos por meio de manifestações como é o
caso da expansão dos serviços de recolha de lixo em alguns bairros. Por sua vez 7% dos
munícipes afirma que a prestação de serviços é muito satisfatório a medida que o município
tem efeituado esforços para organizar e melhor a qualidade dos mercados.
Em relação ao serviço de saneamento básico (SSB) 37% afirmam que a situação é satisfatório
a medida que o município assegura o abastecimento regular de água potável e uma qualidade
aceitável dado que não gera surtos de doenças transmitidas pela agua. Associado ao período da
vigência da covid19 o município procurou aperfeiçoar a os serviços de saneamento básico. Não
obstante 39% consideram que o serviço de saneamento básico não é satisfatório a medida que
se verifica sistemas de esgoto inadequados. 20 %. Destaca que o serviço é razoável a medida
que o serviço de saneamento básico no município atende às necessidades mínimas, e procura
melhorar os sistemas de esgoto. Por sua vez 4% dos residentes destacam que o serviço de
saneamento básico é muito satisfatório a medida que se desenvolveu um programa de
reciclagem que incentiva os residentes a reduzir, reutilizar e reciclar, o que é benéfico para o
meio ambiente
Quanto ao Serviço de Saúde (SS), 67% afirma que o serviço não é satisfatório devido as filas
para consultas médicas que são excessivamente longas, e às vezes esperam semanas para obter
atendimento médico e a higiene em hospitais é questionável, o que pode aumentar o risco de
infecções nos pacientes. Contudo 18% acreditam que o serviço de saúde é razoável a
argumentando que a qualidade dos cuidados de saúde é aceitável, mas é preciso melhorar o
acesso a especialistas médicos em certas áreas, no mesmo pensamento 15% dos munícipes
afirmam que o serviço é satisfatório a medida que no contexto da covid19 as instituições de
saúde conseguiram responder aos impasses que a pandemia impunha. Associada a realização
de campanhas de conscientização e programas de vacinação realizada pelo serviço de saúde
que contribuíram para o controle de doenças contagiosas. E nenhum residente afirmou que o
serviço de saúde era muito satisfatório
23
No que refere ao serviço educação (SE) 28% expressam que o serviço não é satisfatório pois
as escolas carecem de recursos e infraestrutura adequadas. Contudo 26% afirma que o serviço
é satisfatório a medida que se verifica um acesso à educação amplo. 37 % Afirmam que é
razoável, interpreta-se que embora existam escolas de boa qualidade há espaço para melhorias
na infraestrutura, e algumas áreas do município ainda carecem de acesso igualitário à educação
de qualidade.
Quanto ao serviço de transporte (ST), 71% dos questionados afirma que o serviço não é
satisfatório devido aos congestionamentos de trânsito, tornando o deslocamento demorado e
estressante os residentes clamam por soluções de alívio ao tráfego, agravado pelo aumento dos
preço e a falta de manutenção dos veículos. 15% dos questionados considera o serviço razoável
a medida que o sistema de transporte público oferece um serviço básico, não obstante precise
de mais investimentos para torná-lo uma opção viável para todo, em consonância 10 % afirma
que é satisfatório pois apresenta uma boa cobertura na cidade 4% afirma que é muito
satisfatório devido ao investimento do município em transporte público sustentável, como bus
a gas, reduzindo a poluição e o impacto ambiental
Gráfico 2: opinião dos munícipes em torno da dos serviços públicos prestados pelo município
de Maputo
100%
20% 18% 15%
90%
37%
80%
70%
39%
60%
67% 28% 71%
50%
40%
30%
37% 26%
20%
15% 10%
10% 9%
4% 0 4%
0%
SSB SS SE ST
Fonte: elaborado pelo autor com base no questionário dirigido aos munícipes
24
25
Hipótese 1: "As estratégias de arrecadação de receitas usadas pelo conselho municipal da
cidade de Maputo não tem sido satisfatórias devido a conflitos de atribuições entre os OGD".
Com base nos dados apresentados no ponto 3.1.1 da revisão da literatura e da analise feitas e
interpretações no 4.2, esta hipótese é invalida, na medida em que se apresenta um sistema
tributário eficaz e uma evolução de arrecadação de receita no município de Maputo satisfatório
durante o período em analise.
De acordo com os dados apresentados, analisados e interpretações feitas no ponto 4.3 constata-
se que a hipótese é valida na medida em que a lei 1/2008 estabelece algumas isenções na
arrecadação de receitas.
A hipótese acima é inválida, considerando a analise feita no ponto 3.3 Na revisão da literatura
e da análise feita e interpretações no 4.4 o Descentralização fiscal no município de Maputo é
acompanhado por uma forte evolução financeira no município de Maputo principalmente da
receita própria. Contudo a mesma não se traduz numa melhoria na prestação de serviços básicos
aos munícipes.
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5. Conclusão
No presente trabalho analisamos a descentralização fiscal e o seu contributo na prestação de
serviços no município de Maputo. A nossa conclusão é de que durante o período de 2019-2021
a despeito da geração de receita o município registou uma grande evolução, não obstante as
limitações legais para explorar mais impostos. O estudo constata uma a falta de prestação
adequada de serviços básicos, apesar da contribuição da descentralização fiscal para a geração
de receita no município de Maputo. É essencial abordar a capacidade institucional, a
transparência, e a responsabilização para garantir que os benefícios da descentralização fiscal
alcancem os cidadãos de forma eficiente. É preciso promover a participação ativa da sociedade
civil e o envolvimento dos cidadãos pois desempenham um papel fundamental na promoção
de serviços públicos de qualidade. A descentralização fiscal pode ser uma ferramenta poderosa
para o desenvolvimento local, desde que seja acompanhada por práticas de governança sólidas
e compromisso com o bem-estar dos cidadãos.
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6. Recomendações
De acordo com o estudo feito no município de Maputo foi possível perceber que a
descentralização fiscal apresenta dificuldades para a prestação de serviços aos contribuintes,
sendo assim, é evidente a necessidade de adopção de mecanismos para superar as dificuldades,
entretanto, para o efeito faz-se as seguintes recomendações:
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7. Referências Bibliográficas
Amaral, F. (2015), Curso de Direito Administrativo, volume I, Almedina: Coimbra
Banze, C. (2019), Descentralização fiscal sem enquadramento no contexto actual das finanças
públicas, CIP: Maputo
Gil, A. (2008), Métodos e Técnicas de Pesquisa Social, 6ª ed, Editora Atlas S.A, São Paulo
Lundin, I.B. (2016), metodologia de pesquisa em ciências sociais, escolar editora, Maputo
29
Pene, C. (2014), apontamentos do direito fiscal moçambicano, escolar editora, Maputo.
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