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Universidade Rovuma
Lichinga
2023
Bruno Gabriel Remígio Cansope
Universidade Rovuma
Lichinga
2023
Índice Geral
Lista de Abreviaturas................................................................................................................III
Lista de Tabelas..........................................................................................................................4
1. Introdução ..........................................................................................................................5
1.1. Contextualização..........................................................................................................5
1.2. Objectivos.....................................................................................................................5
1.2.1. Geral......................................................................................................................5
1.2.2. Específicos............................................................................................................5
1.3. Metodologias................................................................................................................5
2. Sistema Fiscal Moçambicano..............................................................................................6
2.1. Sistema Tributário........................................................................................................6
2.2. Reforma Tributária.......................................................................................................7
2.2.1. Principais Tipos de Reforma Tributária................................................................8
2.2.2. A Primeira Reforma Tributária de 1978...............................................................8
2.2.3. A Segunda Reforma de 1987..............................................................................10
2.2.4. A Terceira Reforma de 2002...............................................................................12
3. Actual Sistema Tributário..................................................................................................13
3.1. Eficácia do Sistema Tributário...................................................................................15
3.2. A Implementaçao do e-Tributação.............................................................................15
3.3. Os Impostos Do Sistema Tributário...........................................................................17
3.3.1. Classificação dos Impostos.................................................................................17
3.3.2. Principais Impostos do Estado............................................................................19
3.3.3. Imposto Sobre os Rendimentos das Pessoas Colectivas (IRPC)........................19
3.3.4. Imposto Sobre os Rendimentos das Pessoas Singulares (IRPS).........................21
3.3.5. Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes (ISPC)..............................22
3.3.6. Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA)......................................................23
3.3.7. Imposto do Selo..................................................................................................25
4. Perspectivas Futuras do Sistema Fiscal Moçambicano.....................................................25
4.1. Medidas de Política Fiscal Advocacia e Alargamento da Rede Tributária................25
4.2. Arrecadação de Receitas ao Nível Municipal............................................................26
4.3. Arrecadação de Receitas ao Nível Descentralizado...................................................26
5. Conclusão..........................................................................................................................27
6. Referências Bibliográficas.................................................................................................28
III
Lista de Abreviaturas
AT – Autoridade Tributária de Moçambique
Lista de Tabelas
Tabela 1: Benefícios do e-Tributação......................................................................................17
Tabela 2: Taxas do IRPC Aplicáveis a Situações Particulares................................................20
Tabela 3: Taxas Aplicáveis do IRPS.......................................................................................22
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1. Introdução
O presente trabalho tem como tema o Sistema Fiscal Moçambicano, no qual abordaremos
sobre as principais reformas no sistema tributário, as características dos mesmos e os
principais impostos pertencentes a este sistema.
O novo sistema fiscal Moçambicano inclui já soluções adaptadas às novas realidades
económicas, quer através da diferenciação das regras aplicáveis em função dos tipos de
contribuintes, quer através das preocupações de integração internacional já reveladas. O
sistema está em conformidade com os padrões internacionalmente exigidos e bem enquadrado
nos países em desenvolvimento, tendo como principais fontes de receita os impostos.
1.1. Contextualização
O sistema fiscal Moçambicano possui hoje uma estrutura equiparável aos mais modernos
sistemas fiscais, apresentando uma estrutura tripartida, através da qual se tributa,
separadamente, o rendimento, o consumo e o património. Em qualquer caso, a actual
configuração do sistema fiscal moçambicano é relativamente recente, derivando da reforma
de 2002, altura em que foi totalmente reformulado o sistema então vigente e que apresentava,
ainda, um relevante matriz da pró-independência.
1.2. Objectivos
1.2.1. Geral
Compreender a temática da fiscalidade no sistema Fiscal Moçambicano.
1.2.2. Específicos
Apresentar as diferentes reformas do Sistema Fiscal Moçambicano;
Vislumbrar as caracteristicas do Sistema Fiscal Moçambicano;
Descrever os diferentes Tipos de Impostos.
1.3. Metodologias
O presente trabalho de pesquisa foi desenvolvido com a obtenção de informações teóricas
fruto de uma pesquisa bibliográfica abalizada e exaustiva, junto de autores consagrados no
tema em alusão e baseou-se na análise crítica da operacionalização dos 3 códigos de
tributação nomeadamente: o código do IVA, IRPS e IRPC usando vários indicadores tais
como, Base Tributável, Sistema Informático, Pessoal qualificado, Base legal, Cobertura
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Fazendo uma análise ao debate acima evidenciado percebemos que enquanto Passos (2014),
olha para o sistema tributário como o conjunto de tributos, e Correia (2019), por sua vez
defende que o sistema tributário como o conjunto de regras que disciplinam a instituição,
cobrança, a arrecadação e a partilha de tributos, sendo que ambos autores acabam por
apresentar apenas uma parte do que é o sistema tributário, no entanto para o presente trabalho
a definição que é utilizada é a de Musgrave (s/d ), pois ela é mais abrangente e o
entendimento aceite é que o sistema tributário engloba tanto os tributos, assim como os
princípios e normas que os regem.
Por sua vez Rubin e Kelly (2007), defendem que o processo de reforma tributária é uma área
da reforma da gestão de finanças públicas. Um dos elementos desta é a reforma para o
equilíbrio orçamental, que pode aparecer sobre diferentes facetas: priorização de despesas,
cortes e reforma tributária. Em outras palavras, a redução de déficits orçamentais pode figurar
como um dos objectivos das reformas na gestão de finanças públicas.
Outro ponto que tem sido avançado é abranger áreas que não são devidamente tributadas
como o comércio electrónico e outras questões relacionadas ao emergente mundo digital. Em
geral Santos (2011), defende que a implementação do e-Tributação enquadra-se na tendência
das reformas na gestão de finanças públicas, enfocando o aumento na eficiência na
arrecadação dos tributos e sua devida canalização aos cofres do Estado.
Para Rezende (1996), estas mudanças devem ser conduzidas com firmeza e cautela para evitar
paralisias e retrocessos. O importante, agora, não é brigar por um modelo ideal, mas sim pela
instauração de um ciclo virtuoso de mudanças. Nele, o açodamento cede lugar à prudência. As
mudanças pretendidas vão sendo implementadas paulatinamente, de modo a propiciar uma
acomodação não-traumática dos distintos interesses envolvidos. À medida que as mudanças
ora propostas mostrarem seus frutos ficará mais fácil evoluir na direção de um modelo ideal
que poderia ser alcançado.
Desde logo, o sistema clamava por uma Reforma. Reforma que se concretizou em Fevereiro
de 1978, que se basearia nos princípios de política fiscal definidos na Resolução 5/77 da
Assembleia Popular (AP) que incluía taxas progressivas e outras medidas que visavam a
prossecução da justiça social.
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Fins da Reforma
Aliás, houve muita indiferença nos contribuintes para com o fisco, pois a cobrança não incidia
sobre o mercado paralelo, vulgo “candonga”, daí os prejuízos enunciados, que não satisfaziam
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Por assim dizer, a Reforma implicava a revogação da Resolução 5/77, cujos princípios já não
solucionavam os problemas da altura, pela Lei 3/87 que fixava novos princípios em que
deveria assentar o sistema fiscal de modo a:
Directos:
Efeitos da Reforma
Em jeito de conclusão, extrai-se que a lei 3/87 contribuiu para o aumento das receitas fiscais e
para a reposição de alguns princípios que orientam as leis do mercado. Dado que as posições
divergem em função da preferência de um ou outro sistema, não nos cabe aqui tomar posições
sobre a perfeição ou não de um sistema.
Este sistema vigorou até 31 de Dezembro de 2002, altura em que começou a funcionar o novo
sistema aprovado pela Lei 15/2002 de 26 de Junho, conhecida pela sigla LBST.
Estes novos impostos visavam alargar da base tributária, reduzir a carga fiscal no conjunto da
tributação directa, aumentar o nível das receitas fiscais, modernizar o sistema de impostos e
racionalizar o sistema de benefícios fiscais.
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como ficou dito, nem toda a legislação fiscal colonial foi revogada, restando para tal tudo o
que não fosse contrário à Constituição de 1975. Por assim dizer, assistiu-se a uma
reformulação da tributação, substituindo também a matéria do Código dos Impostos sobre o
Rendimento de 1987.
pessoas colectivas (IRPC) e os demais impostos que existem, mas, com uma fraca
contribuição. Embora o sistema fiscal moçambicano (SFM) esteja inserido num contexto de
padrões internacionais, existem alguns aspectos que fragilizam a transformação do que a
Constituição da República de Moçambique (CRM) e a legislação fiscal exigem na no contexto
prático, neste caso na operacionalização, porque para tornar um sistema fiscal a operar ao
mesmo nível dos padrões internacionais.
A AT foi criada em 2006, tendo entrado em funcionamento ainda no mesmo ano. São
objectivos da AT, designadamente, assegurar a eficácia, a eficiência e a equidade na aplicação
das políticas tributária e aduaneira, garantindo uma maior comodidade para os contribuintes
no cumprimento das obrigações fiscais e criando uma maior capacidade de detecção sobre o
incumprimento e evasão fiscais. A sua criação visava fundamentalmente a melhoria no
desempenho da arrecadação das receitas do Estado, com vista à redução do défice orçamental
e, consequentemente, da dependência externa do Orçamento do Estado.
Como se pode depreender que no sentido de melhorar o sistema tributário, numa perspectiva
de modernização e fortalecimento dos órgãos de gestão da administração tributária, criou-se
uma nova entidade a quem compete a administração e controlo de receitas públicas de
natureza tributária, sendo esta a AT, através dos seguintes diplomas legais:
Por sua vez Viol (2005), defende indubitavelmente, que a finalidade primordial da tributação
é o financiamento do Estado, pois sem recursos o Estado não pode exercer suas atribuições
mínimas. É nesse sentido que a tributação dá vida ao ente público e estabelece uma relação
clara entre governante e governados. Nisso para Nguenha (2016), os Estados modernos usam
a tributação como a forma de transferência de recursos financeiros da esfera privada para a
pública para a satisfação das necessidades da colectividade.
De acordo com a AT (2018), em 2007 com a aprovação do PDTI pelo CD da AT. No âmbito
das acções voltadas para o desenvolvimento tecnológico da AT recomendadas pelo PDTI,
estão pressupostas as especificações de fluxos de processos, mecanismos de segurança,
requisitos e necessidades de hardware indispensáveis para o e-Tributação. Basicamente, o
PDTI culminou, entre outros aspectos, com a aprovação do business case4 e do e-Tributação.
Nisso na sequência do PDTI, nasceram duas ferramentas nomeadamente o da JUE para a
gestão de tributos externos e o e-Tributação para gestão de tributos internos, ou seja, o e-
Tributação é concebido para ser uma plataforma electrónica de fornecimento de serviços
dentro do contexto da governação electrónica, o qual é especificamente reservado para a
tributação dos impostos internos, por oposição aos impostos do comércio internacional
cobrado pelo JUE.
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Fonte: AT(2018)
Seja qual for a respectiva base de incidência, o imposto dirige-se sempre, em última análise, a
atingir directa ou indirectamente o rendimento do contribuinte, obtido num certo período (o
“exercício fiscal”), ou acumulado na forma de património ou riqueza.
Proporcionais – quando a respectiva taxa permanece fixa, qualquer que seja o montante da
matéria colectável (é exemplo o IRPC);
Progressivos – quando a respectiva taxa é tanto mais elevada quanto maior seja o montante
da matéria colectável (é exemplo o IRPS);
O sistema tributário actualmente em vigor é o produto da reforma iniciada em 1998, e que tem
como pilares principais:
No âmbito da tributação directa dos rendimentos, o IRPC - Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Colectivas e o IRPS - Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, os quais
vieram substituir o anterior sistema de tributação do rendimento instituído em 1968 e regulado
pelo Código dos Impostos sobre o Rendimento.
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Isenções:
Fonte: AT(2018)
O exercício económico, para efeitos de tributação, coincide em regra com o ano civil, sem
prejuízo da possibilidade de ser adoptado período anual de tributação diferente, quando a
natureza da actividade o justifique, ou quando se trate de estabelecimento estável de
sociedades e outras entidades sem sede nem direcção efectiva no território nacional, na
condição sempre de o período assim adoptado dever ser mantido durante os cinco exercícios
seguintes, pelo menos.
O lucro das sociedades comerciais e demais entidades que exerçam a título principal
uma actividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, considerando-se como
tal todas as actividades que consistam na realização de operações económicas de
carácter empresarial, incluindo a prestação de serviço;
Os prejuízos fiscais apurados em determinado exercício, das referidas sociedades e
demais entidades, são deduzidos aos lucros tributáveis, havendo-os, de um ou mais
dos cinco exercícios posteriores.
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Regras de Incidência:
O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) incide sobre o valor global
anual dos respectivos rendimentos, expressos quer em dinheiro quer em espécie, seja qual for
o local onde se obtenham e a moeda e a forma por que sejam auferidos, mesmo que
provenientes de actos ilícitos, classificados nas seguintes categorias:
Não são englobados para efeito de tributação os rendimentos aos quais seja aplicado o regime
de taxa liberatória, sem prejuízo da opção pelo englobamento.
Taxas Aplicáveis:
Fonte: AT(2018)
Foi aprovado pela Lei nº 5/2009, de 12 de Janeiro, o Imposto Simplificado para Pequenos
Contribuintes com o objectivo de reduzir custos de cumprimento das obrigações tributária,
encargos de fiscalização e controlo através das simplificação dos procedimentos, bem como
incentivar os contribuintes registar-se e pagar imposto.
Refira-se que a tributação dos sujeitos passivos no ISPC é de carácter optativo. Para os
sujeitos passivos que optem pela tributação em ISPC, sobre as transmissões de bens e
prestações de serviços que realizem não há lugar ao IVA e, sobre os rendimentos obtidos, não
incide IRPS ou IRPC.
Os sujeitos passivos de ISPC que aufiram outros rendimentos, para além de rendimentos
classificados como da segunda categoria em sede de IRPC (rendimentos empresarias e
profissionais), são tributados em ISPC apenas relativamente aos rendimentos desta categoria,
devendo os restantes rendimento serem declarados para efeitos de tributação em IRPS.
Regras de Incidência:
Isenções:
Taxas Aplicáveis:
Regras de Incidência:
O imposto sobre o Valor Acrescentado incide sobre o valor das transmissões de bens e
prestações de serviços realizadas no território nacional, a título oneroso, por um sujeito
passivo agindo como tal, bem como sobre as importações de bens.
O valor tributável das transmissões de bens e das prestações de serviços sujeitas a imposto é,
em regra, o valor da contraprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de
um terceiro, nele se incluindo os impostos, direitos, taxa e outras imposições, com excepção
do próprio imposto sobre o valor acrescentado.
Taxa do Imposto:
A taxa do imposto é de 16%.
Direito à Dedução:
O Imposto do Selo incide sobre os documentos, contratos, livros, papéis e actos designados
na Tabela anexa ao respectivo Código, compreendendo designadamente, entre outros:
também se relaciona com a vontade de pagar. O fraco contracto social entre o governo e os
cidadãos, bem como a falta de confiança de que o sistema usará os recursos contribuídos com
prudência podem explicar por que uma grande parte dos economicamente activos permanece
fora da rede tributária. A divulgação das dívidas ocultas pode ter consolidado ainda mais esta
visão. Além disso, o contexto actual em que as grandes empresas, especialmente os
megaprojectos, gozam de isenções e benefícios fiscais generosos, enquanto outras devem
pagar impostos a taxas legais elevadas, mesmo quando se verificam grandes atrasos nos
reembolsos do IVA por parte do governo, perpetua o sentimento de injustiça do sistema
tributário. Estes desafios precisam ser atendidos antes dos esforços com vista a aumentar a
rede tributária.
5. Conclusão
Chegado ao fim deste trabalho conclui-se que o sistema fiscal Moçambicano apresenta uma
conjuntura complexa e robusta, dinâmica e que está em constantes reformas com vista a
melhorar os desafios da nossa economia.
O Estado sendo o maior responsável pelo funcionamento dinâmico do País, é constituído com
o fim de atender o bem comum de uma sociedade organizada e como organizador máximo de
sua soberania, tem de dispor do aparelhamento indispensável e capaz de garantir à consecução
de seu objectivo de criar uma sociedade economicamente sólida e confiável. Visando atender
os interesses dessa sociedade buscar meios, para cumprir seus fins. Um dos aspectos da
soberania deste Estado, é o seu poder de penetrar no património dos particulares, exigindo-
lhes as contribuições de que necessita, desde que legalmente previstas, para ser capaz de
financiar, e sustentar sua existência e propósitos.
Até então constatou-se que Moçambique passou por três reformas tributárias desde sua
independência, sendo estas as ocorridas em 1978, 1987 e 2002.
6. Referências Bibliográficas
AICPA. (2017).Guiding principles of good tax policy: a framework for evaluating tax
proposals. Association of International Certified Professional Accountants.