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Berta Chatala
Código: 51210203
BEIRA
Maio, 2022
FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO
Berta Chatala
Código: 51210203
A Tutora
Msc. Afonso Jorge
BEIRA
Maio, 2022
Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.......................................................................................................1
1.1. Introdução.........................................................................................................................1
1.2. Objectivos.........................................................................................................................2
1.3. Metodologias.....................................................................................................................3
2.1.2. Características...............................................................................................................5
2.3.6.2. Sisa...........................................................................................................................16
3.1. Conclusão........................................................................................................................20
1.1. Introdução
Direito Tributário ou Fiscal é o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos, bem
como de sua fiscalização. Regula as relações jurídicas estabelecidas entre o Estado e o
contribuinte, no que se refere à arrecadação dos tributos.
O sistema fiscal moçambicano possui hoje uma estrutura equiparável aos mais modernos
sistemas fiscais, apresentando uma estrutura tripartida, através da qual se tributa, separadamente,
o rendimento, o consumo e o património.
O fisco foi e continua a ser a maneira decisiva de penetração administrativa nas regiões
afastadas dos tradicionais circuitos comerciais. Assegura o controlo de entradas e saídas das
cidades, passagem de fronteiras quando se estabilizam e acompanham o processo de formação de
nação. Deste modo se processa simultaneamente o aumento de impostos, o controlo das
transações e a vigilância sobre as deslocações de bens e de pessoas, garantes da permanência do
Estado.
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O actual sistema tributário em vigor em Moçambique encontra-se, em termos gerais, em
conformidade com os padrões internacionais de boas práticas nos países em desenvolvimento,
com as principais fontes de receitas provenientes do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e
dos impostos modernos sobre os rendimentos de pessoas colectivas e singulares (IRPC e IRPS,
respectivamente) e com os impostos sobre o comércio a perderem importância. Em 2008, o total
da receita atingiu cerca de 16,0 por cento do PIB, com as receitas fiscais em 13,5 por cento do
PIB.
1.2. Objectivos
Este trabalho tem como objectivo analisar o Direito Tributário ou Fiscal Moçambicano e
regras fiscais.
1.3. Metodologias
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A metodologia de pesquisa adotada foi definida como bibliográfica. A pesquisa é
elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de
periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.
Em sua atividade financeira, o Estado necessita captar recursos materiais para manter sua
estrutura, disponibilizando ao cidadão-contribuinte os serviços que lhe compete, como autêntico
provedor das necessidades coletivas.
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A principal fonte de receitas públicas é a cobrança de tributos direcionada aos objetivos
fundamentais, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do
desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à redução das
desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem-estar da coletividade. Daí
haver a necessidade de uma positivação de regras que possam certificar tão relevante desiderato
de percepção de recursos o que se dá por meio da ciência jurídica intitulada Direito Tributário,
também denominado Direito Fiscal.
Sousa, o Direito Tributário é “(...) o ramo do direito público que rege as relações jurídicas
entre os Estados e os particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere
à obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributos”.
Para Hugo de Brito Machado, o Direito Tributário é o “ramo do direito que se ocupa das
relações entre fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando
o poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder”.
Mediante tais definições torna-se possível segundo (Sabbag, 2009) extrair desse plano
conceitual que - o Direito Tributário como ramificação autônoma da Ciência jurídica, associada
ao direito público concentrando o plexo de relações jurídicas que imantam o elo “Estado versus
contribuinte”, na atividade financeira do Estado, quanto à instituição, fiscalização e arrecadação
de tributos. É de extrema importância destacar que “o Direito Tributário é o conjunto de normas
que regula o comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos”.
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2.1.2. Características
Formas de estabelecimento
Taxas de juro
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Princípios contabilísticos
Incentivos fiscais
Ano fiscal
O ano fiscal coincide com o ano civil, embora as empresas possam utilizar outro ano
contabilístico, mediante autorização.
Informações vinculativas
Os contribuintes têm o direito de obter informações e esclarecimentos por parte das Autoridades
tributárias, as quais se encontram obrigadas a prestar e divulgar toda e qualquer informação
sobre impostos.
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2.3. Os principais impostos em moçambique
• Regras de Incidência
• Transparência fiscal
• Isenções
• Taxas Aplicáveis
• Determinação do Rendimento das Matéria Colectável
Taxa – O rendimento empresarial está sujeito à taxa de imposto de 32%. No entanto, até
31 de Dezembro de 2015, as actividades agrícolas e pecuárias beneficiam de uma taxa reduzida
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de 10%. Os encargos não devidamente documentados e as despesas de carácter confidencial ou
ilícito são tributados, autonomamente, à taxa de 35%.
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Pagamento – As entidades que exerçam, a título principal, actividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola e as não residentes com estabelecimento estável em território
moçambicano devem proceder ao pagamento do imposto nos seguintes termos:
(i) em três pagamentos por conta, com vencimento nos meses de Maio, Julho e
Setembro, do próprio ano a que respeita o lucro tributável (ou no quinto, sétimo e
nono mês no caso de entidades que adoptem período diferente do ano civil) sendo
este calculado pela aplicação da percentagem de 80% sobre o imposto liquidado
no exercício anterior;
(ii) em três pagamentos especiais por conta, com vencimento nos meses de Julho,
Agosto e Outubro, incidindo o mesmo sobre o montante que será igual à diferença
entre o valor correspondente a 0,5% do respectivo volume de negócios, com
limite mínimo de 30.000,00 MT e máximo de 100.000,00 MT, e o montante de
pagamento por conta efectuados no ano anterior;
(iii) até ao termo do prazo fixado para apresentação da declaração periódica de
rendimentos, pela diferença positiva que existir entre imposto total calculado e as
importâncias entregues por conta.
• Regras de Incidência.
• Isenções.
• Valor Tributável.
• Taxa de Imposto.
• Direito de Dedução.
• Pedidos de Reembolso.
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Incidência real - O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) incide sobre as
transmissões de bens e prestações de serviços efectuadas a título oneroso em território
moçambicano, e ainda, sobre as importações de bens.
Sujeitos passivos - O IVA é devido pelas pessoas singulares ou colectivas que, com
carácter de habitualidade, pratiquem actividades de produção, comércio ou prestação de serviços,
embora seja economicamente suportado pelo consumidor final.
Taxa – A taxa normal de IVA é de 17%. No entanto, os serviços bancários, bem como
alguns serviços de saúde e educação estão isentos de IVA, sendo certo que sobre as exportações
de bens e serviços incide uma taxa 0% (isenção com direito à dedução).
Pagamento – O IVA deve ser pago mensalmente até ao último dia do mês seguinte ao
mês a que respeitem as operações.
• Regras de Incidência.
• Determinação do Rendimento Coletável.
• Taxas Aplicáveis.
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Residência – São considerados residentes, para efeitos fiscais, as pessoas que, no ano a
que respeitem os rendimentos:
(i) 75% do seu valor quando forem detidas durante menos de doze meses;
(ii) 60% do seu valor quando forem detidas por período entre 12 e 24 meses;
(iii) 40% do seu valor quando forem detidas por período entre 24 e 60 meses; e,
finalmente, (iv) 30% do seu valor quando forem detidas durante 60 ou mais
meses.
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Deduções – Existem deduções específicas de cada categoria e ainda deduções globais à
colecta, como as despesas de saúde, educação, entre outras.
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Pagamento – O IRPS deve ser pago até ao dia 31 de Maio, do ano seguinte àquele a que
respeitam os rendimentos, excepto nos seguintes casos:
(i) quando a liquidação seja efectuada até dia 30 de Maio, caso em que o imposto
devido deve ser pago até 30 de Junho; e
(ii) quando seja efectuada autoliquidação obrigatória, caso em que o imposto
liquidado deve ser pago até 31 de Agosto, acrescido dos juros compensatórios que
se mostrem devidos.
Incidência real – O Imposto Predial Autárquico incide sobre o valor patrimonial dos
prédios urbanos situados no território da respectiva autarquia, ou na sua falta, o valor declarado
pelos proprietários desses mesmos prédios.
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(ii) 0,7% quando se trate de prédios destinados a actividade de natureza comercial,
industrial ou para o exercício de actividades profissionais independentes, bem
como os destinados a outros fins.
Pagamento – O Imposto Predial Autárquico deve ser pago em duas prestações iguais,
com vencimento em Janeiro e Junho. De referir, que as prestações resultantes não podem ser
inferiores a 200,00 MT, devendo as colectas até 400,00 MT ser pagas de uma só vez, no mês de
Janeiro.
• Regras de Incidência.
• Isenções.
• Determinação do Rendimento Colectável.
• Taxas Aplicáveis.
O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes tem como o objectivo reduzir custos de
cumprimento das obrigações tributária, encargos de fiscalização e controlo através das
simplificações dos procedimentos, bem como incentivar os contribuintes registar-se e pagar
imposto.
Refira-se que a tributação dos sujeitos passivos no ISPC é de carácter optativo. Para os
sujeitos passivos que optem pela tributação em ISPC, sobre as transmissões de bens e prestações
de serviços que realizem não há lugar ao IVA e, sobre os rendimentos obtidos, não incide IRPS
ou IRPC.
Os sujeitos passivos de ISPC que aufiram outros rendimentos, para além de rendimentos
classificados como da segunda categoria em sede de IRPC (rendimentos empresarias e
profissionais), são tributados em ISPC apenas relativamente aos rendimentos desta categoria,
devendo o restantes rendimento serem declarados para efeitos de tributação em IRPS.
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Regras de Incidência:
Isenções:
Taxas Aplicáveis:
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2.3.6.1. Imposto sobre Sucessões e Doações
2.3.6.2. Sisa
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Taxa – A taxa da Sisa é de 2% e incide sobre o montante declarado da transmissão ou do
valor patrimonial do prédio urbano, consoante o valor mais elevado, a não ser que este se afaste
do preço normal de mercado. Nos casos em que o adquirente ou os sócios adquirentes tenham a
residência em território sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável, tal como definido
pelo Código de IRPC, a taxa é sempre de 10% não se aplicando qualquer isenção ou redução.
Pagamento – A Sisa deve ser paga no próprio dia da liquidação ou no primeiro dia útil
seguinte, sob pena de esta ficar sem efeito. Se a transmissão se operar por acto ou contrato
celebrado no estrangeiro, o pagamento do imposto deve efectuar-se no prazo de 90 dias
posteriores a realização do acto.
Incidência real – O Imposto do Selo tem incidência múltipla, incidindo sobre diferentes
realidades, tais como, documentos, contratos, livros, papéis, acções e obrigações, alvará de
empreitada, cartões de crédito, cheques, garantias de obrigações, jogo, licenças, notariado e actos
notariais, marcas e patentes, operações aduaneiras e financeiras, seguros, títulos de crédito e
transferências de fundos, entre outras.
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Sujeitos passivos – São sujeitos passivos do Imposto do Selo as entidades com interesse
económico nas realidades supra enumeradas, suportando o respectivo encargo. Nos termos da
legislação moçambicana não existe diferenciação entre a figura do sujeito passivo e da pessoa
que suporta economicamente o imposto.
Taxas – São aplicáveis várias taxas de imposto, com o máximo de 10% (uma taxa de
50% é também aplicável no caso de actos e documentos relacionados com actividades de jogo).
Em certos casos, o Imposto do Selo é liquidado com base em montantes fixos pré-determinados.
Pagamento – O Imposto do Selo é sempre pago por meio de guia, pelas entidades a
quem incumba essa obrigação, nas Repartições de Finanças ou qualquer outra entidade
autorizada nos termos da lei, até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que a obrigação tributária
se tenha constituído.
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CAPÍTULO III: CONCLUSÕES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
3.1. Conclusão
Após as leituras feitas percebe-se que o Direito Tributário ou Fiscal é o conjunto das leis
reguladoras da arrecadação dos tributos, e fiscalização exercidos em todo país, valendo salientar
que, mesmo com algumas divergências, o objetivo é captar recursos materiais para manter sua
estrutura, disponibilizando ao cidadão-contribuinte os serviços que lhe compete, como autêntico
provedor das necessidades coletivas.
O estudo do Direito Fiscal, como ficou assentado nas linhas alhures tecidas, traz consigo
a importância de todos os conceitos que o estruturam, voltados para os princípios norteadores de
sua regência fiscal positiva, não se fazendo, olvidar que tais normas nunca se desgarrarão dos
princípios que regem o ordenamento comunitário.
O sistema fiscal moçambicano possui hoje uma estrutura equiparável aos mais modernos
sistemas fiscais, apresentando uma estrutura tripartida, através da qual se tributa, separadamente,
o rendimento, o consumo e o património. Em qualquer caso, a actual configuração do sistema
fiscal moçambicano é relativamente recente, derivando da reforma de 2002, altura em que foi
totalmente reformulado o sistema então vigente e que apresentava, ainda, uma relevante matriz
da pré-independência. O novo sistema fiscal Moçambicano inclui já soluções adaptadas às novas
realidades económicas, quer através da diferenciação das regras aplicáveis em função dos tipos
de contribuintes, quer através das preocupações de integração internacional já reveladas.
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3.2. Referências bibliográficas
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Decreto n.º 7/2008 de 16 de Abril (BR n.º 16, I Série) - Aprova o Regulamento do
Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado.
Decreto n.º 46/2004 SISA (Código da Sisa) - incide sobre as transmissões, a título
oneroso, do direito de propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre bens
imóveis.
Decreto n.º 46/2002 De 26 de Dezembro; RGIT (Regime das Infracções Tributárias).
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GOMES, Sá Nunes – Manual de Direito Fiscal IBRAIMO, Ibraim (2000). O Direito e a
Fiscalidade WATY, Teodoro Andrade (2007). Direito Fiscal. W&W Editora
Lei nº 19/2013 (BR n.º 76, I Série) - Altera os artigos 5, 7, 25, 36, 62, 72 e 73 do Código
do Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas, aprovado pela Lei n.º 34/2007,
de 31 de Dezembro.
Lei nº 20/2013 (BR n.º 76, I Série) - Altera os artigos 17, 36, 61, 62, 67 e 76 do Código
do Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares, aprovado pela Lei n.º 33/2007,
de 31 de Dezembro.
Lei nº 3/2012 (BR n.º 3, I Série) - Altera os artigos 9, 12, 14, 15, 18, 19, 21 e 25 do
Código do imposto Sobre o Valor Acrescentado, aprovado pela Lei n.º 32/2007, de 31 de
Dezembro.
Lei nº 4/2012 (BR n.º 3, I Série) - Altera os artigos 17, 36, 61, 62, 67 e 76 do Código do
Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas, aprovado pela Lei n.º 34/2007, de
31 de Dezembro.
Lei nº 20/2009, de 10 de Setembro - Altera os artigos 18, 20, 21, 22,24, 26, 28,36 e 40;
elimina a alinea h) do artigo 68 e introduz os artigos 36-A e 41-A, no Código Imposto
sobre Rendimentos das Pessoas Colectivas aprovado pela Lei nº 34/2007, de 31 de
Dezembro, para implementação das Normas Internacionais de Relato Financeiro
(NIRFs).
Lei nº 05/2009 - Cria o ISPC- Imposto Simplificado para Pequenos Contribuídos.
Lei nº 4/2009 de 12 de janeiro - Aprova o Código dos Benefícios Fiscais.
Lei nº 34/2007 de 31 de dezembro - Aprova o Código do Imposto Sobre o Rendimento de
Pessoas Colectivas, Página 3 de 2
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Lei nº 33/2007 de 31 de dezembro - Aprova o Código do Imposto Sobre o Rendimento de
Pessoas Singulares.
Lei nº 32/2007 de 31 de dezembro - Aprova o Código do Imposto Sobre o Valor
Acrescentado.
Manual do Direito Fiscal (2016) – UNISCED MARTINEZ, Soares (1998). Direito Fiscal.
10ª Edição, Almedina, Coimbra.
NABAIS, José Casalta (2000). Direito Fiscal. 3ª ed., 2000.
PEREIRA, Manuel Henrique de Freitas (2013) Fiscalidade, 4.ª edição, Almedina
PALMA, Clotilde Celorico, (2012). Introdução ao Imposto Sobre o Valor Acrescentado
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SABBAG. Eduardo. (2009). Manual de Direito tributário. Editora Saraiva
SOUSA, Domingos Pereira de (2013). Direito Fiscal e Processo Tributário. Coimbra
Editora
XAVIER, A. Fisco, in Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira da Cultura, Edição Século
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