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Roda Macheruca Alberto

O sistema fiscal moçambicano e suas reformas antes e depois da


independência.

Licenciatura em Administração e Políticas Públicas.


Cadeira: Direito Fiscal, 3º Ano.

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE


BEIRA
2023
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Roda Macheruca Alberto

O sistema fiscal moçambicano e suas reformas antes e depois da


independência.

Licenciatura em Administração e Políticas Públicas.

Docente:

Dr. Eusébio Lambo

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE


BEIRA
2023
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Índice

Introdução..................................................................................................................................2
1. Sistema fiscal Moçambicano e suas reformas antes e depois da independência...............3
1.1. A Primeira Reforma Tributária de 1978........................................................................3
1.1.1. A Resolução 5/77 da Assembleia Popular..................................................................4
1.1.2. Fins da Reforma..........................................................................................................4
1.2. A Segunda Reforma de 1987.........................................................................................6
1.2.1. Impostos adoptados pela Reforma de 1987................................................................7
1.2.2. Efeitos da Reforma.....................................................................................................8
1.3. A Terceira Reforma de 2002..........................................................................................8
1.3.1. O Sistema Tributário de 2002.....................................................................................9
1.3.2. Tipos de impostos da última Reforma......................................................................10
Conclusão................................................................................................................................11
Referências bibliográficas.......................................................................................................13
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Introdução

O presente trabalho arpoa acerca do sistema fiscal moçambicano e suas reformas antes e
depois da independência. Ao longo do trabalho é possível verificar-se alguns subtítulos que
apeiam sobre o sistema fiscal moçambicano, como a primeira reforma de 1978, onde dentro
deste encontramos a reforma 5/77 da Assembleia Popular e seus fins; a segunda reforma de
1987, onde é possível encontrar o imposto adoptado pela reforma e seus efeitos. E, a terceira
reforma de 2002, neste encontramos o sistema tributário de 2002 e, os tipos de impostos
desta reforma, que este impostos vigoram até os dias de hoje, referente a IRPS, IRPC, IVA,
entre outros.

O tema deste trabalho justifica-se pela necessidade de reflectir sobre o sistema fiscal
moçambicano antes e depois da independência. Uma vez que é importante que os estudantes
saibam sobre a trajectória do sistema económico do seu país desde que foi introduzida um
sistema tributário que pudesse alavancar a economia e despesas do país.

O objectivo é de identificar e reflectir sobre a trajectória do sistema fiscal moçambicano


desde antes do Moçambique independente e, até ao Moçambique independente. Identificar
quais as etapas ou fases do sistema fiscal moçambicano e, saber qual deles foi mais eficaz,
eficiente e teve mais efectividade para os gajos do país.

A realização desse estudo, foi possível mediante uso das seguintes metodologias: técnica de
leitura de algumas obras; observação directa de alguns factos vistos e ouvidos fazendo um
exame minucioso. Método de abordagem em destaque o hermenêutico, através da qual
permitiu-me na leitura, interpretação e análise das informações recolhidas sobre o sistema
fiscal moçambicano antes da independência e depois da independência.

É relevante estudar este tema, tanto culturalmente, ou cientificamente. Porque através deste,
resultou-me amplos conhecimentos sobre o sistema fiscal moçambicano. Ademais, sobre as
três (3) reformas tributárias. Outrossim, quanto a relevância científica, com este trabalho,
servir-se-á como manual de apoio nas pesquisas para aquele estudante que queira saber sobre
a trajectória do sistema fiscal moçambicano antes e depois dependência.
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1. Sistema fiscal Moçambicano e suas reformas antes e depois da independência.

De altear que a proclamação da Independência total e completa de Moçambique e a adopção


do socialismo em 1977 trouxe uma grande virada para o sistema fiscal que se pretendia de
justiça social. Por assim dizer, como era de esperar em contradição com o sistema anterior,
tornou-se inadequado com o sistema fiscal colonial que não se baseava nos princípios de
justiça social, o que implicava uma tributação pesada sobre os rendimentos de trabalho, cujas
taxas eram consideravelmente elevadas. Só para ilustrar, até à data da independência, as
estatísticas mostram que 82% do valor das despesas era financiado pelas receitas fiscais.

Ademais, a saída dos portugueses originou um declínio na Administração fiscal em termos


de pessoal qualificado, queda na produção de bens, sabotagem nas empresas privadas e
indústrias ora existentes e um assalto às propriedades privadas. Em resultado desta situação
nefasta, os impostos vindos ou que dependiam destes organismos ficaram de certo modo
inexistentes, porquanto estes mesmos impostos dependiam de lucros das indústrias e
sociedades ou empresas comerciais. Assim, a queda da produção industrial causou
igualmente a queda nas cobranças em impostos de produção e de consumo, daí a
impossibilidade de manter as receitas ora atingidas (entenda-se no tempo colonial, ou antes
da independência).

1.1. A Primeira Reforma Tributária de 1978

A necessidade de garantir o funcionamento dos sectores sociais, nomeadamente a saúde e a


educação trouxe para o Estado moçambicano a problemática dos meios para assegurar a
realização das receitas para os objectivos de justiça social traçados (os supracitados), cuja
exequibilidade não passa de simples sonho, mas de concretização.

Desde logo, o sistema clamava por uma Reforma. Reforma que se concretizou em Fevereiro
de 1978, que se basearia nos princípios de política fiscal definidos na Resolução 5/77 da
Assembleia Popular (AP) que incluía taxas progressivas e outras medidas que visavam a
prossecução da justiça social.
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1.1.1. A Resolução 5/77 da Assembleia Popular

O princípio da legalidade e a observância das normas constantes da Constituição


evidenciavam uma profunda razão para a Reforma (Cfr. Art. 13 CRPM), pois dispunha que o
rendimento e a propriedade privada estavam sujeitos a impostos progressivos, fixados
segundo os critérios de justiça social. Ainda, a Resolução supracitada, enquadrava os
impostos adoptados na política orçamental do país assentes na política económica da
“ideologia” concebida, virada à solução de problemas sociais de todo o povo, na defesa da
soberania e numa economia centralmente planificada em que o sector público tinha papel
preponderante na arrecadação de receitas do Orçamento Geral do Estado.

1.1.2. Fins da Reforma

Os objectivos que a Reforma visava assentavam, em suma, na arrecadação de receitas com


base numa fórmula que fizesse face às exigências orçamentais. Analiticamente destaca-se:
 simplificação do processo de captação do rendimento das empresas, retendo-o no
processo de circulação de mercadorias e facturação de serviços;
 manutenção da contribuição industrial e do Imposto Complementar apenas como
impostos correctivos;
 fusão das diversas formas de tributação do Rendimento do Trabalho num só imposto,
estabelecendo-se taxas progressivas nos termos da Constituição vigente.
 agravamento das taxas dos impostos sobre o lucro das empresas;
 simplificação da legislação fiscal em vigor1

A Reforma foi materializada pelos Decretos do Conselho de Ministros, que tinham


prerrogativas para definir as bases da política fiscal. (art. 44 al. d) CRPM), DC. n os 2/78 que
aprovava o Código do Imposto de Circulação e 4/78 que introduzia alterações do Código dos
Impostos sobre Rendimentos.
O Imposto do Consumo, que agravava a contribuição dos produtos supérfluos em detrimento
dos produtos de primeira necessidade foi alterado pelo Decreto-Lei 27/76. Dentro dos
1
Cfr. Ibraimo Ibraimo, Um Contributo para a Fiscalidade, p. 92 e Teodoro Waty, Introdução ao Direito
Fiscal, p. 211
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moldes da Resolução 5/77 da AP introduziu-se o Imposto de Reconstrução Nacional (IRN)


com tendências a ser temporário, Imposto de Circulação e, por fim, foi revisto e alterado o
Código dos Impostos sobre o Rendimento.

Todavia, esta Reforma funcionou eficazmente até 1983 com reflexo no PIB que passou de
9% em 1976 para 16% em 1983 2. Porém, em 1984, o PIB baixou para 13%, o que
demonstrou a inadequação do sistema adoptado à realidade da época. Tal situação deveu-se
porque o sistema estava concebido para vigorar num ambiente de paz e segurança social
onde o mercado oficial fosse controlado pelo Estado. A não ser assim, dos estudos feitos em
1986, notou-se que o estado detinha 30% do controlo tributário em detrimento dos 70% que
escapavam, debilitando deste modo a economia nacional e tornando o sistema fiscal cada vez
mais ineficaz.

Aliás, houve muita indiferença nos contribuintes para com o fisco, pois a cobrança não
incidia sobre o mercado paralelo, vulgo “candonga”, daí os prejuízos enunciados, que não
satisfaziam os objectivos preconizados na Resolução 5/77. Ainda, o agravamento das
receitas públicas e a inadaptação das receitas fiscais à economia prejudicou o Estado na
aceleração progressiva do PIB. Quer dizer, a redução da distribuição das riquezas pelo
Estado por via dos impostos era notável por seguintes causas:
 graves distorções na estrutura económica e comercial;
 inadequação do sistema tributário que não incidia sobre o mercado paralelo;
 progressiva deterioração da economia por causa da guerra.

As consequências deste sistema não tardaram, pois dificultavam a captação de excedentes


gerados pelos agentes económicos, factor que fez com que do lado da procura aumentasse
cada vez mais o dinheiro e do lado da oferta, os preços oficiais não correspondessem o valor
da oferta. Por conseguinte, assistiu-se ao nascimento da candonga.
Neste período, importa referir a queda da matéria colectável e o crescimento excessivo dos
lucros, rendimentos de transacção tributáveis das pessoas singulares no mercado oficial. De
todo o exposto, em função das situações demonstradas, impunha-se nos fins de 1986, a

2
O Dr. T. Waty considera que o enfraquecimento deste período seja o fim da primeira Reforma enquanto que o
Dr. I. Ibraimo não. Este faz uma fusão de períodos. Vide Waty, Introdução ao Direito Fiscal p. 211.
8

alteração do sistema tributário e a moralização do Direito fiscal, sendo este instrumento


fundamental do conjunto das normas do Direito Financeiro e a reactivação das leis universais
da economia que se circunscreviam no domínio dos preços, câmbios, salários, créditos e
outros. Desta feita, uma nova Reforma se exigia para repor a situação à normalidade.

1.2. A Segunda Reforma de 1987

Dadas as circunstâncias da guerra e a preocupação em minimizar os seus efeitos para


melhorar o estado da economia nacional foi lançado em 1987 o Programa de Reabilitação
Económica (PRE). Este programa consistia numa série de acções nas áreas de formação dos
preços, de taxa de câmbio, alteração da política e legislação fiscal e outras estruturais e
administrativas, visando melhorar a eficiência dos agentes económicos, aumentar o
abastecimento e a produção e ajudar a restabelecer o equilíbrio financeiro.

Por assim dizer, a Reforma implicava a revogação da Resolução 5/77, cujos princípios já não
solucionavam os problemas da altura, pela Lei 3/87 que fixava novos princípios em que
deveria assentar o sistema fiscal de modo a:
 aumentar a elasticidade das receitas em relação ao crescimento do PIB;
 alargar a base tributária.

Porém, mantiveram-se os seguintes Impostos: sobre o Rendimento de Trabalho, sobre Lucro


de Empresas, sobre as Transacções e sobre o Consumo e Importação, e alterou-se:
 a amplitude e a base de incidência dos impostos sobre o consumo e importação, com
objectivo de captar para o Estado de forma selectiva os proveitos anormais que em
condições de novos preços e salários se encontravam nas mãos de um número
reduzido de cidadãos;
 a gravosidade do imposto sobre transacções – imposto de circulação – repercutindo
sobre o consumidor, obrigou a partilhar com o Estado uma porção maior dos lucros
realizados pelo sector comercial;
 a redistribuição da tributação dos rendimentos do trabalho fazendo com que: os
trabalhadores do estado ficassem isentos, a adaptação das taxas não desvirtuasse o
significado do aumento salarial;
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 o imposto complementar que passou a incidir sobre os rendimentos de trabalho;


 a sujeição das empresas estatais ao regime geral dos impostos;
 o IRN, passando a designar-se Imposto de capitação e;

Criou-se o calendário fiscal que introduziu o sistema de cobranças antecipadas em lugar de


sistemas de correcção. Em 1988, completou-se a Reforma adoptando-se algumas medidas
adicionais no domínio aduaneiro. (DC 20/78).

1.2.1. Impostos adoptados pela Reforma de 1987

Com a Reforma de 1987, o sistema fiscal da RPM passou a integrar: Impostos Directos e
Impostos Indirectos dos quais se destacam:

i. directos:

 Contribuição industrial, incidente sobre os lucros da actividade Comercial;


 Imposto sobre os Rendimentos de Trabalho, Secção A e B;
Secção A: incidente sobre remunerações;

Secção B: incidente sobre o valor da produção e dos serviços.


 Imposto Complementar, incidente sobre o rendimento global de pessoas singulares,
rendimento de aplicação de capitais (singulares e colectivos) e sobre rendimento de
trabalho independente.

ii. Indirectos, ou sobre despesas

 Imposto de Circulação, com incidência sobre todos os bens e serviços;


 Imposto de Consumo, incidente sobre produtos nacionais e importados;
 Direitos Aduaneiros;
 Outros impostos cuja situação concreta o justificasse como a sisa, imposto do selo, o
imposto sucessório, etc.
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1.2.2. Efeitos da Reforma

Em concordância com os objectivos da elasticidade das receitas em relação ao crescimento


do PIB, o nível da fiscalidade alterou a situação até então existente, passando-se da
tributação que abrangia os produtos transaccionados no mercado não oficial. Assim, os
impostos de consumo passaram a ter relevância deveras decisiva e eficaz. Contudo, os
mesmos significavam maior sacrifício do rendimento das populações.

Entretanto, a adequação do sistema de liquidação e cobrança e a correcção do calendário


fiscal como antecipação da cobrança da Contribuição Industrial através da tributação das
mais-valias nas exportações e da Contribuição Industrial provisória possibilitaram a
arrecadação em tempo útil dos impostos devidos, atestando os resultados benéficos de uma
escalonação dos impostos no tempo e no espaço dada a pontualidade com que as obrigações
fiscais passaram a ser cumpridas. Isto atenuou o índice de evasão e contribuiu para a
correcção monetária da dívida fiscal, permitiu uma maior eficácia das cobranças e elevou as
receitas dos orçamentos provinciais.

Em jeito de conclusão, extrai-se que a lei 3/87 contribuiu para o aumento das receitas fiscais
e para a reposição de alguns princípios que orientam as leis do mercado. Dado que as
posições divergem em função da preferência de um ou outro sistema, não nos cabe aqui
tomar posições sobre a perfeição ou não de um sistema. Este sistema vigorou até 31 de
Dezembro de 2002, altura em que começou a funcionar o novo sistema aprovado pela Lei
15/2002 de 26 de Junho, conhecida pela sigla LBST3.

1.3. A Terceira Reforma de 2002

A terceira Reforma teve como prenúncio a introdução do IVA como substituição do imposto
de circulação que apesar de ter constituído grande fonte de receita para os cofres do Estado
fomentava o mercado informal e aumento dos preços dos produtos produzidos internamente;
e introdução do Imposto de Consumo de Produtos Específicos (ICE) que substituía o

3
Pelo facto de a LBST ter entrado em vigor a 1 de Janeiro de 2003, o Dr. Waty prefere dizer Reforma de 2003
e não de 2002, ano da publicação da LBST. Vide T. Waty, Introdução ao Direito Fiscal. P.219
11

Imposto de Consumo, que pelas características dava azo ao contrabando e evasão fiscal 4.
Estes novos impostos visavam alargar da base tributária, reduzir a carga fiscal no conjunto
da tributação directa, aumentar o nível das receitas fiscais, modernizar o sistema de impostos
e racionalizar o sistema de benefícios fiscais.

Como ficou dito, nem toda a legislação fiscal colonial foi revogada, restando para tal tudo o
que não fosse contrário à Constituição de 1975. Por assim dizer, assistiu-se a uma
reformulação da tributação, substituindo também a matéria do Código dos Impostos sobre o
Rendimento de 1987.
Nesta reforma de 2002, estabeleceram-se as bases para a implementação do novo sistema
de tributação do rendimento (Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares - IRPS e
Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas - IRPC) com carácter progressivo. Ainda,
foram constituídos os princípios de organização tributaria no país, as garantias e as
obrigações tributárias dos contribuintes e da Administração fiscal, os procedimentos básicos
de liquidação e cobrança de impostos, o regime geral de infracções tributárias, introduz-se a
tributação das empresas pelo seu rendimento real.

1.3.1. O Sistema Tributário de 2002

A última Reforma introduz alterações profundas na estrutura dos impostos e coloca


princípios que foram deixados à parte pelas duas anteriores Reformas designadamente de
1978 e 1987 de forma a alcançar melhor eficiência de execução face à realidade da época
quer quanto `a capacidade técnica do pessoal administrativo quer dos contribuintes. A lei
15/2002 introduz técnicas modernas de tributação e consagra os princípios de generalidade,
da justiça material, da eficiência e simplicidade do sistema, requisitos necessários para um
sistema fiscal ideal5. Ainda, revoga a Lei 3/87 de 19 de Janeiro e a Lei 8/88 de 21 de
Dezembro.

Uma outra inovação consistiu na materialização dos princípios e na fixação de regras de


interpretação e integração de lacunas da mesma, no tratamento dos elementos da relação

4
Desde logo, o Dr. Waty considera a esta situação uma Reforma Fiscal. Vide Waty, op. Cit. p. 217
5
Ibraimo Obrarmos, Um Contributo para a Fiscalidade em Moçambique, p.105 e Teodoro Waty, Introdução
ao Direito Fiscal, p.219.
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jurídico tributária, conceituação de substituição fiscal e de retenção na fonte, garantias dos


contribuintes, apresentação das formas de extinção da responsabilidade tributária, das
modalidades de cobrança dos impostos e do conceito de infracção tributária (arts. 5, 6, 11 e
12, 17, 32, 37 e 41 todos da LBST). Ainda mais, introduz uma alteração na tributação
directa, passando do clássico modelo cedular para um modelo de tributação de Rendimentos.

1.3.2. Tipos de impostos da última Reforma

O sistema tributário integra impostos nacionais e autárquicos 6. De todo resulta que os


impostos do sistema fiscal nacional classificam-se em directos e indirectos e actuam da
seguinte maneira:

i. Tributação Directa (art. 57 LBST)

Actuam com base em:


 IRPS; e
 IRPC.

ii. Tributação Indirecta (art. 66 LBST)

Actuam com base em:


 Imposto sobre a despesa;
 IVA;
 ICE; e
 Direitos Aduaneiros

Contudo, a LBST manteve os seguintes impostos das Reformas anteriores: Imposto do selo,
sobre sucessões, sisa, especial sobre o jogo, IRN, sobre veículos.

6
A Lei 11/97 de 31 de Maio fixa os seguintes impostos autárquicos: O Imposto Predial Autárquico, o Imposto
Pessoal Autárquico, o Imposto Autárquico de Comércio e Indústria, o Imposto sobre o Rendimento de Trabalho
secção B. A introdução desta Lei constitui uma outra Reforma para o sistema fiscal, cfr. T. Waty, op. Cit. P.
216
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Conclusão

Findo o estudo, de realçar que o trabalho foi de grande impacto, porque dele obtive mais
conhecimento sobre Sistema fiscal Moçambicano e suas reformas antes e depois da
independência. O sistema fiscal moçambicano é uma realidade que tem vindo a evoluir desde
os tempos antigos. Assim sendo, desde a Independência até hoje, vivemos três épocas
“fiscais” distintas, ou, tivemos três (3) sistemas fiscais moçambicanos que aspiravam fins de
justiça social.

Contudo, de referir que a primeira reforma tributária aconteceu em 1978, onde a necessidade
de garantir o funcionamento dos sectores sociais, nomeadamente a saúde e a educação trouxe
para o Estado moçambicano a problemática dos meios para assegurar a realização das
receitas para os objectivos de justiça social traçados (os supracitados), cuja exequibilidade
não passa de simples sonho, mas de concretização.

Outro sim, desde logo, o sistema clamava por uma Reforma. Reforma que se concretizou em
Fevereiro de 1978, que se basearia nos princípios de política fiscal definidos na Resolução
5/77 da Assembleia Popular (AP) que incluía taxas progressivas e outras medidas que
visavam a prossecução da justiça social.

Ademais, a Segunda Reforma deu-se em 1987. Dadas as circunstâncias da guerra e a


preocupação em minimizar os seus efeitos para melhorar o estado da economia nacional foi
lançado em 1987 o Programa de Reabilitação Económica (PRE). Este programa consistia
numa série de acções nas áreas de formação dos preços, de taxa de câmbio, alteração da
política e legislação fiscal e outras estruturais e administrativas, visando melhorar a
eficiência dos agentes económicos, aumentar o abastecimento e a produção e ajudar a
restabelecer o equilíbrio financeiro. Por assim dizer, a Reforma implicava a revogação da
Resolução 5/77, cujos princípios já não solucionavam os problemas da altura, pela Lei 3/87
que fixava novos princípios em que deveria assentar o sistema fiscal de modo a: aumentar a
elasticidade das receitas em relação ao crescimento do PIB; alargar a base tributária.

A terceira Reforma teve como prenúncio a introdução do IVA como substituição do imposto
de circulação que apesar de ter constituído grande fonte de receita para os cofres do Estado
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fomentava o mercado informal e aumento dos preços dos produtos produzidos internamente
e, introdução do Imposto de Consumo de Produtos Específicos (ICE) que substituía o
Imposto de Consumo, que pelas características dava azo ao contrabando e evasão fiscal.
Estes novos impostos visavam alargar da base tributária, reduzir a carga fiscal no conjunto
da tributação directa, aumentar o nível das receitas fiscais, modernizar o sistema de impostos
e racionalizar o sistema de benefícios fiscais.

Como ficou dito, nem toda a legislação fiscal colonial foi revogada, restando para tal tudo o
que não fosse contrário à Constituição de 1975. Por assim dizer, assistiu-se a uma
reformulação da tributação, substituindo também a matéria do Código dos Impostos sobre o
Rendimento de 1987. Nesta reforma de 2002, estabeleceram-se as bases para a
implementação do novo sistema de tributação do rendimento (Imposto sobre Rendimento de
Pessoas Singulares - IRPS e Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas - IRPC) com
carácter progressivo. Ainda, foram constituídos os princípios de organização tributária no
país, as garantias e as obrigações tributárias dos contribuintes e da Administração fiscal, os
procedimentos básicos de liquidação e cobrança de impostos, o regime geral de infracções
tributárias, introduz-se a tributação das empresas pelo seu rendimento real.

A última Reforma introduz alterações profundas na estrutura dos impostos e coloca


princípios que foram deixados à parte pelas duas anteriores Reformas designadamente de
1978 e 1987 de forma a alcançar melhor eficiência de execução face à realidade da época
quer quanto `a capacidade técnica do pessoal administrativo quer dos contribuintes. A lei
15/2002 introduz técnicas modernas de tributação e consagra os princípios de generalidade,
da justiça material, da eficiência e simplicidade do sistema, requisitos necessários para um
sistema fiscal ideal. Ainda, revoga a Lei 3/87 de 19 de Janeiro e a Lei 8/88 de 21 de
Dezembro.

Uma outra inovação consistiu na materialização dos princípios e na fixação de regras de


interpretação e integração de lacunas da mesma, no tratamento dos elementos da relação
jurídico tributário, conceituação de substituição fiscal e de retenção na fonte, garantias dos
contribuintes, apresentação das formas de extinção da responsabilidade tributária, das
modalidades de cobrança dos impostos e do conceito de infracção tributária.
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Referências bibliográficas

Primárias

WATY, T. A. (2004). Introdução ao Direito Fiscal, W&W Editora, Maputo.

IBRAIMO, I. (s.a) O Direito e a fiscalidade, Um Contributo para o Direito Fiscal


Moçambicano, Maputo.

Secundárias
CRPM de 1975
CRM de 2004
LBST
Lei das Finanças autárquicas.

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