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FACULDADE DE DIREITO
Licenciatura em Direito
2º Ano
Código: 11220350
FACULDADE DE DIREITO
Licenciatura em Direito
2º Ano
Código: 11220350
3. Conclusão ...................................................................................................................... 13
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2. Referencial Teórico
2.1.Direito Fiscal: Breve Historia
Actualmente o Direito Fiscal consiste num conjunto de normas jurídicas e técnicas que
estabelecem o regime e a disciplina da exigência de impostos. Naturalmente nem sempre foi
tratado do mesmo modo, se bem que servindo sempre o objectivo de angariar receitas para
os entes públicos.
O poder tributário, noção muito anterior à de soberania fiscal inerente aos Estados, revestia
um direito do detentor do poder a ser sustentado pelos seus súbditos ou como penalização
imposta aos vencidos na guerra. Já no período romano, assumiria um cariz essencialmente
real, porque se circunscrevia à propriedade da terra ou do território, por direito de conquista
ou de defesa da terra conquistada.
Na época posterior ao Renascimento, designada por “época clássica”, já o imposto surge com
algumas feições legitimadas e não apenas como um tributo dependente da vontade
discricionária do soberano. Tal postura era a consequência lógica do humanismo
renascentista e do jusnaturalismo, cujas preocupações gravitavam à volta da legitimidade da
relação entre governantes e governados, enquanto homens em sociedade organizada. O
detentor do poder público mantinha a prerrogativa de criar impostos, mas, já de forma
fundamentada na lei e delimitada pela função do bem comum, numa época em que, aliás,
eram diminutas as necessidades colectivas e da respectiva satisfação.
Mais, não era possível definir políticas fiscais com base quase exclusiva nos impostos sobre
o rendimento. Mesmo considerando que a vertente dos direitos aduaneiros (praticamente os
únicos impostos indiretos tolerados pelos teóricos do liberalismo) permitisse regular a
política comercial, a questão essencial mantinha-se: quem deve e quanto deve pagar?
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que a tributação do rendimento era mais injusta porque penalizava, dupla e sucessivamente,
o aforro (poupança) e o investimento, termos em que apenas o rendimento não multiplicável,
ou seja, aquele que é destinado ao consumo, deveria ser tributado, sob pena de se tributar
duplamente o rendimento e o rendimento gerado pelo originário (o proveniente do comércio,
da indústria nascente e do capital), atrofiando o desenvolvimento da riqueza nacional.
Esta teoria veio a ser refutada e complementada pela ideia de que, o facto de todas as pessoas
com o mesmo rendimento deverem pagar o mesmo imposto – igualdade horizontal – em nada
impede, antes pelo contrário, que pessoas com rendimentos diferentes paguem impostos
diferentes, à medida das suas capacidades – igualdade vertical – através de um sistema de
tributação proporcional ao rendimento, abandonando-se o sistema regressivo que vigorou até
à Revolução Francesa.
Este sistema proporcional, em que tanto os pequenos como os maiores rendimentos pagavam
o imposto pela mesma taxa, acabou por se tornar incompatível com as subsequentes
preocupações sociais, tendo evoluído para o sistema de tributação progressiva do rendimento.
Mas, porque a progressividade tem limites e porque a tributação dos rendimentos – impostos
directos – exige o cumprimento de muitas formalidades, despoja os contribuintes dos seus
rendimentos ou dos seus patrimónios impedindo-os de os afectar às suas necessidades de
consumo e satisfação, os Estados viram-se impelidos a adoptar um sistema de tributação
mista, baseado no equilíbrio entre os impostos directos e indirectos. Na verdade, estes são
pagos sem obrigatoriedade de renúncia prévia dos cidadãos aos seus rendimentos, à medida
que optam por certos bens de sua satisfação e/ou necessidades.
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Desenvolveram-se, então, as teses da troca de utilidades, em que o imposto seria uma espécie
de preço: ora o preço da protecção estatal, ora da paz e da segurança.
Os novos desafios serão, por tudo isto, no sentido do equilíbrio, retomando-se o consenso
social necessário à razoável aceitação do imposto pelos cidadãos contribuintes e conjugando
os níveis de tributação com objectivos socialmente sustentáveis, tais como a saúde, a
segurança e o ambiente, bem como de assegurar a simplificação dos deveres acessórios que,
em alguns aspectos e não obstante toda a evolução informática, revestem ainda alguma
burocracia para os contribuintes.
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desenvolvimento, com as principais fontes de receitas provenientes do imposto sobre o valor
acrescentado (IVA) e dos impostos modernos sobre os rendimentos de pessoas colectivas e
singulares (IRPC e IRPS, respectivamente) e com os impostos sobre o comércio a perderem
importância.
Em 2008, o total da receita atingiu cerca de 16,0 por cento do PIB, com as receitas fiscais em
13,5 por cento do PIB. Estes dois valores representam um aumento em mais de dois pontos
percentuais relativamente ao PIB entre 2005 e 2008, apesar das reduções registadas na taxa
máxima dos direitos aduaneiros, da implementação do comércio preferencial da SADC, dos
limites mais elevados para se entrar na rede fiscal para o IVA e para o imposto sobre os
rendimentos e o adiamento temporário do imposto sobre o combustível em 2008 com o
objectivo de amainar os efeitos dos preços mundiais exorbitantes do petróleo. Estes factos
indicam que os esforços do governo com vista a melhorar a administração tributária e a
alargar a base tributária têm vindo a produzir frutos.
Diversos autores são unânimes em considerar que o Direito Fiscal se enquadra no ramo do
Direito Público. Na realidade a aplicação de qualquer critério para distinguir entre dois
grandes ramos de direito, Direito Público e Privado, leva-nos a concluir que o Direito Fiscal
é um sub-ramo do Direito Público pelos seguintes fundamentos:
Os Fiscalistas defendem a ideia de autonomia do Direito Fiscal, argumentando que este tende
a organizar-se segundo princípios e regras próprias, como por a natureza das regras de
incidência, liquidação, lançamento e cobrança dos impostos, bem como o relevo especial dos
princípios da legalidade e da igualdade.
Oliveira Salazar diz que, o Direito Fiscal é o Direito autónomo com uma formação própria,
com princípios especiais que dominam o seu desenvolvimento, e não é preciso lançar as mãos
dos princípios estranhos senão quando nesse ramo a parte do Direito os não encontramos
provas. Os administradores defendem ao contrário dos fiscalistas, defendendo-se que é o
ramo especial do Direito Administrativo. Os juristas moçambicanos apoiam a ideia dos
fiscalistas embora, a matéria do Direito Fiscal esteja em constante modificação e mexe vários
ramos do conhecimento, e que precisa sempre actualização dos juristas.
Embora autónomo, O Direito Fiscal não é uma disciplina estanque, portanto, na enciclopédia
jurídica se encontra dependente e ligada com outros ramos de Direitos, que são:
Importa, porem, que se domine a conceito de fonte uma vez que o seu sentido não é único.
A expressão “fonte de direito”, numa acepção técnico - jurídico formal, refere-se aos modos
de formação e revelação das regras jurídicas, ou seja, as formas do seu aparecimento e
manifestação. As principais fontes do Direito Fiscal são:
A Lei - norma jurídica criada e importa por uma autoridade com poder para o fazer
(poder legislativo), Lei no sentido restrito.
Costume – norma jurídica resultante da prática repetida e habitual de uma conduta
encarada como obrigatória.
A Jurisprudência – orientações que, em matéria de determinação e aplicação da lei,
decorrem da actividade prática da aplicação do direito pelos órgãos da sociedade para
tal encarregados (os tribunais)
A Doutrina – actividade de estudo teórico ou dogmática do direito.
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2.3.7. Princípios gerais do direito fiscal
Perante uma lacuna da lei, por omissão ou ausência de regulamentação de certas situações
reais, poderá aplicar-se a disciplina dos casos análogos ou semelhantes. Na falta de casos
análogos a situação será segundo a norma que o próprio interprete criaria se tivesse que
legislar dentro do espírito do sistema.
No entanto, analogia deve ser afastada no domínio dos elementos essenciais no imposto,
nomeadamente: na incidência, na inserção, na taxa e nas Infracções fiscais, sendo, porém,
permitido no lançamento, na liquidação e na cobrança do imposto.
2.4. Impostos
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Segundo IBRAIMO, (2002) “imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e
unilateral, estabelecida por lei, sem caracter de sanção, a favor do Estado, para realização de
fins públicos.
Com uma definição similar, WATY (2002), define o imposto como, uma prestação coactiva,
patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de sanção, estabelecida por
lei, a favor de uma entidade pública, ou com funções públicas para a satisfação de
necessidades públicas e redistribuição de riqueza, independentemente de qualquer vínculo
anterior.
De acordo com NABAIS (2003), o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral, definitiva
e coactiva.
De uma forma simples e clara, pode-se definir o imposto como, o valor pago pelas pessoas
físicas ou colectivas (empresas), a título obrigatório, a favor do Estado ou entidades públicas
para financiar as despesas e investimentos de carácter público.
Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e necessidades
colectivas dos cidadãos, expressão que engloba objectivos fiscais (obtenção de receitas
publicas) e extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo (IBRAIMO 2002), Os impostos
foram criados com vista a atender os seguintes objectivos:
De acordo com este objectivo os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento
de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do Estado.
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2.4.4. Objectivos Económicos
Existem várias formas de classificação dos impostos, no entanto, a forma clássica usada na
classificação dos mesmos e, mais antiga é aquela que classifica os impostos em directos e
indirectos, reais e pessoais, principais e acessórios, periódicos e de obrigação única,
proporcionais, progressivos e degressivos. De acordo com (IBRAIMO, 2008), os impostos
classificam-se de acordo com os seguintes critérios:
2.4.5.2.Critérios Económicos
2.4.5.3.Critérios Jurídicos
De acordo com este critério, serão considerados impostos directos, quando for possível
determinar previamente os contribuintes, organizando um rol nominativo destes. O imposto
será directo quando essa possibilidade não existe, por o contribuinte não ser previamente
conhecido.
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O critério de classificação dos impostos directos e indirectos usado pelo legislador
moçambicano é o critério jurídico.
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Sucessões e Doações, SISA, Imposto de Reconstrução Nacional, Imposto sobre
Veículos.
Esta distinção tem sido acolhida em diversas convenções internacionais. Os impostos reais,
também chamados de objectivos, atingem a matéria colectável directamente, isto é, sem levar
em conta a situação económica do sujeito passivo e do seu agregado familiar. Os impostos
pessoais, também chamados de subjectivos, atendem às condições pessoais do sujeito
passivo.
Por vezes, sobre a matéria colectável ou sobre a colecta de determinado imposto- imposto
principal, recaem novos impostos- impostos acessórios, cobrados a favor do Estado ou outra
pessoa colectiva. Se os impostos acessórios recaem sobre a colecta consideram-se adicionais,
se recaem sobre a matéria colectável chama-se adicionamentos.
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3. Conclusão
Direito Fiscal é o ramo de Direito Público constituído pelo conjunto de normas que visam
regular as relações jurídicas fiscais que se traduzem nas posições jurídicas do devedor e de
credor de imposto. Quer se adopte o critério dos interesses, quer o da situação relativa dos
sujeitos, quer o critério da qualidade dos sujeitos, os autores são unânimes em considerar que
o Direito Fiscal é um ramo de Direito Público. O sujeito activo (o Estado) aparece na sua
veste de ente público, revestido das garantias e poderes - ius imperium – de que não beneficia
o sujeito passivo.
A história do direito fiscal que partiu desde o período primitivo até à época colonial servindo
os interesses dos soberanos e depois dos exploradores, respectivamente, tem hodiernamente
o sentido verdadeiro do fisco, que visa a financiar a carência do Estado de forma a satisfazer
os fins a que ele se obriga a prosseguir desde a Independência até hoje.
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4. Referências Bibliográficas
Vide Prof. Doutor Vítor F. (1984), Noções fundamentais de direito fiscal português, I Vol.,
Coimbra Editora.
Prof. Doutor Teixeira R. (1977) – Lições de Finanças Públicas, Coimbra Editora, págs. 268
e ss.
1. CRPM de 1975
2. CRM de 2004
3. Lei das Finanças autárquicas.
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