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UNIVERCIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Licenciatura em Direito

Modulo de Direito Fiscal e Aduaneiro

2º Ano

Tema: Âmbito e natureza do Direito Fiscal (Evolução, conceito e impostos).

Alima Victorino Maquitoamala Fulumeiro

Código: 11220350

Beira, Março 2023


UNIVERCIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Licenciatura em Direito

Modulo de Direito Fiscal e Aduaneiro

2º Ano

Tema: Âmbito e natureza do Direito Fiscal (Evolução, conceito e impostos).

Alima Victorino Maquitoamala Fulumeiro

Código: 11220350

Trabalho de pesquisa remetida a Universidade


Aberta ISCED, na Faculdade de Direito para a
Avaliação.

Beira, Março, 2023


Índice
1. Introdução........................................................................................................................ 1

2. Referencial Teórico ......................................................................................................... 2

2.1. Direito Fiscal: Breve Historia .................................................................................. 2

2.2. O sistema Fiscal Moçambicano ............................................................................... 4

2.3. Conceito de Direito fiscal ........................................................................................ 5

2.3.1. Âmbito do direito fiscal .................................................................................... 5

2.3.2. Natureza jurídica do direito fiscal .................................................................... 6

2.3.3. Autonomia do direito fiscal .............................................................................. 6

2.3.4. Direito fiscal e a relação com os outros ramos de direito................................. 6

2.3.5. Características do direito fiscal ........................................................................ 7

2.3.6. Fontes do direito fiscal ..................................................................................... 7

2.3.7. Princípios gerais do direito fiscal ..................................................................... 8

2.3.8. Integração da lei fiscal ...................................................................................... 8

2.3.9. Aplicação da lei fiscal no espaço ...................................................................... 8

2.4. Impostos ................................................................................................................... 8

2.4.1. Objectivos dos Impostos e das Politicas Tributárias ............................................. 9

2.4.2. Objectivos Fiscais ................................................................................................. 9

2.4.3. Objectivos sociais ............................................................................................. 9

2.4.4. Objectivos Económicos .................................................................................. 10

2.4.5. Tipos de Impostos e suas características ............................................................ 10

2.4.5.1. Impostos Directos e Indirectos.................................................................... 10

2.4.5.2. Critérios Económicos .................................................................................. 10

2.4.5.3. Critérios Jurídicos ....................................................................................... 10

2.4.6. Exemplos dos impostos directos e indirectos d e acordo a legislação


moçambicana ................................................................................................................. 11
2.4.7. Impostos Reais e Pessoais .............................................................................. 12

2.4.8. Impostos Principais e Acessórios ................................................................... 12

3. Conclusão ...................................................................................................................... 13

4. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 14


1. Introdução

No presente trabalho, abordarei acerca da compreensão de como o Estado atua, pensa,


estrutura e regula a forma como obtém receita. Situar-nos-emos no lado dos impostos.

Pensar o direito público é diferente de pensar o direito privado. A área público-económico-


financeira apresenta especificidades. Passando da Economia Pública para as Finanças
Públicas, compreendemos que estamos a tentar perceber um modelo de pensamento que tem
a ver com uma intervenção do Estado e a forma como o Estado regula a sua intervenção e
como arranja os meios para financiar a intervenção mais ou menos circunscrito a um modelo
de pensamento estruturado, com regras específicas (há uma espécie de autolimitação). Nas
Finanças Públicas, olhámos para a consequência de termos um Estado e de ele ter de intervir.

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2. Referencial Teórico
2.1.Direito Fiscal: Breve Historia

Actualmente o Direito Fiscal consiste num conjunto de normas jurídicas e técnicas que
estabelecem o regime e a disciplina da exigência de impostos. Naturalmente nem sempre foi
tratado do mesmo modo, se bem que servindo sempre o objectivo de angariar receitas para
os entes públicos.

O poder de exigir prestações sem contrapartida dependeu sempre da sua legitimidade em


razão das funções da sociedade politicamente organizada.

O poder tributário, noção muito anterior à de soberania fiscal inerente aos Estados, revestia
um direito do detentor do poder a ser sustentado pelos seus súbditos ou como penalização
imposta aos vencidos na guerra. Já no período romano, assumiria um cariz essencialmente
real, porque se circunscrevia à propriedade da terra ou do território, por direito de conquista
ou de defesa da terra conquistada.

Na época posterior ao Renascimento, designada por “época clássica”, já o imposto surge com
algumas feições legitimadas e não apenas como um tributo dependente da vontade
discricionária do soberano. Tal postura era a consequência lógica do humanismo
renascentista e do jusnaturalismo, cujas preocupações gravitavam à volta da legitimidade da
relação entre governantes e governados, enquanto homens em sociedade organizada. O
detentor do poder público mantinha a prerrogativa de criar impostos, mas, já de forma
fundamentada na lei e delimitada pela função do bem comum, numa época em que, aliás,
eram diminutas as necessidades colectivas e da respectiva satisfação.

Mais, não era possível definir políticas fiscais com base quase exclusiva nos impostos sobre
o rendimento. Mesmo considerando que a vertente dos direitos aduaneiros (praticamente os
únicos impostos indiretos tolerados pelos teóricos do liberalismo) permitisse regular a
política comercial, a questão essencial mantinha-se: quem deve e quanto deve pagar?

De facto, a questão da igualdade tributária post Revolução Francesa, ao generalizar os


impostos, i.e., ao acabar com distinção de classes e de privilégios políticos, deixou ainda por
resolver se as pessoas haveriam de ser tributadas pelo que gastavam (consumo) ou pelo que
poderiam gastar (rendimento) e foi a partir dessa discussão que Stuart Mill viria a concluir

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que a tributação do rendimento era mais injusta porque penalizava, dupla e sucessivamente,
o aforro (poupança) e o investimento, termos em que apenas o rendimento não multiplicável,
ou seja, aquele que é destinado ao consumo, deveria ser tributado, sob pena de se tributar
duplamente o rendimento e o rendimento gerado pelo originário (o proveniente do comércio,
da indústria nascente e do capital), atrofiando o desenvolvimento da riqueza nacional.

Esta teoria veio a ser refutada e complementada pela ideia de que, o facto de todas as pessoas
com o mesmo rendimento deverem pagar o mesmo imposto – igualdade horizontal – em nada
impede, antes pelo contrário, que pessoas com rendimentos diferentes paguem impostos
diferentes, à medida das suas capacidades – igualdade vertical – através de um sistema de
tributação proporcional ao rendimento, abandonando-se o sistema regressivo que vigorou até
à Revolução Francesa.

Este sistema proporcional, em que tanto os pequenos como os maiores rendimentos pagavam
o imposto pela mesma taxa, acabou por se tornar incompatível com as subsequentes
preocupações sociais, tendo evoluído para o sistema de tributação progressiva do rendimento.

Mas, porque a progressividade tem limites e porque a tributação dos rendimentos – impostos
directos – exige o cumprimento de muitas formalidades, despoja os contribuintes dos seus
rendimentos ou dos seus patrimónios impedindo-os de os afectar às suas necessidades de
consumo e satisfação, os Estados viram-se impelidos a adoptar um sistema de tributação
mista, baseado no equilíbrio entre os impostos directos e indirectos. Na verdade, estes são
pagos sem obrigatoriedade de renúncia prévia dos cidadãos aos seus rendimentos, à medida
que optam por certos bens de sua satisfação e/ou necessidades.

Do liberalismo até à época pós-revolução industrial, elegeu-se a expressão contribuição,


retirando-lhe a carga autoritária, quási penalizante do tributo, antes conferindo-lhe uma
natureza contratualista (então também atribuído ao Direito Púbico), compatível e inerente ao
contrato social do Estado social de Direito, proporcionador do bem-estar e administrador da
Justiça.

O imposto passou, assim, de um instrumento de poder e concentração, para um instrumento


de equilíbrio social, em que o imposto deveria ser igual para todas as pessoas e proporcional
aos seus patrimónios, i.e., à sua capacidade contributiva.

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Desenvolveram-se, então, as teses da troca de utilidades, em que o imposto seria uma espécie
de preço: ora o preço da protecção estatal, ora da paz e da segurança.

Os desequilíbrios sociais gerados pela revolução industrial, impuseram então ao Estado a


função de realizar a justiça social, servindo-se para tal do instrumento tributário.

Nascem aí as taxas progressivas à capacidade tributária de cada cidadão, com o duplo


objectivo de igualdade e redistribuição, começando-se a tributar o capital e os consumos
considerados supérfulos.

É precisamente a citada necessidade de receita – o objectivo fiscal – que, afinal, ainda


predomina embora complementada com as justificações extra fiscais da tributação indirecta,
nomeadamente a da necessidade de redução de certos consumos através do agravamento dos
preços induzidos pelo aumento das taxas dos impostos especiais (IEC).

A diferença entre a filosofia anterior à do Estado intervencionista e a adoptada actualmente


assenta no facto de, através de opções fiscais socialmente ponderadas, se procurar atenuar,
ou não, os efeitos perversos da incidência dos impostos, tendo em conta não apenas as
necessidades de receita (sempre crescentes no Estado de Direito), mas também as
consequências nos consumidores, na balança comercial e no próprio respeito pelos
contribuintes numa perspectiva de justiça social, constitucionalmente garantida, i.e., na
criação de liquidez aplicada e distribuída com justiça e no bem social. Sobre este aspecto é
muito importante o pensamento de A Theory of Justice de John Rawls.

Os novos desafios serão, por tudo isto, no sentido do equilíbrio, retomando-se o consenso
social necessário à razoável aceitação do imposto pelos cidadãos contribuintes e conjugando
os níveis de tributação com objectivos socialmente sustentáveis, tais como a saúde, a
segurança e o ambiente, bem como de assegurar a simplificação dos deveres acessórios que,
em alguns aspectos e não obstante toda a evolução informática, revestem ainda alguma
burocracia para os contribuintes.

2.2.O sistema Fiscal Moçambicano

O actual sistema fiscalista em vigor em Moçambique encontra-se, em termos gerais, em


conformidade com os padrões internacionais de boas práticas nos países em

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desenvolvimento, com as principais fontes de receitas provenientes do imposto sobre o valor
acrescentado (IVA) e dos impostos modernos sobre os rendimentos de pessoas colectivas e
singulares (IRPC e IRPS, respectivamente) e com os impostos sobre o comércio a perderem
importância.

Em 2008, o total da receita atingiu cerca de 16,0 por cento do PIB, com as receitas fiscais em
13,5 por cento do PIB. Estes dois valores representam um aumento em mais de dois pontos
percentuais relativamente ao PIB entre 2005 e 2008, apesar das reduções registadas na taxa
máxima dos direitos aduaneiros, da implementação do comércio preferencial da SADC, dos
limites mais elevados para se entrar na rede fiscal para o IVA e para o imposto sobre os
rendimentos e o adiamento temporário do imposto sobre o combustível em 2008 com o
objectivo de amainar os efeitos dos preços mundiais exorbitantes do petróleo. Estes factos
indicam que os esforços do governo com vista a melhorar a administração tributária e a
alargar a base tributária têm vindo a produzir frutos.

2.3.Conceito de Direito fiscal

É o conjunto de normas que disciplinam as relações que se estabelecem entre o estado e


outros entes públicos por um lado e os cidadãos pelo outro por via do imposto. Também
regula as Infracções a normas fiscais e das conseguintes penalidades, ou seja, trata do Direito
Penal Fiscal e do Direito Processual Fiscal.

De igual modo o Direito Fiscal regula o exercício da soberania financeira e da formulação de


leis fiscais, normas que informam a constituição fiscal e por último o Direito Fiscal disciplina
os conflitos internacionais, e.g., a dupla tributação.

2.3.1. Âmbito do direito fiscal

Abrange princípios e normas de diversos tipos:

a) Princípios Jurídicos Fundamentais


b) Normas Fiscais da Constituição
c) Normas de Organização dos Serviços de Administração
d) Normas Materiais Positivas e Negativas que Regulam as Situações Jurídicas
e) Normas Instrumentais ou Formais
f) Normas de Contencioso
5
g) Normas Fiscais Sancionatórias
h) Normas de Conflitos

2.3.2. Natureza jurídica do direito fiscal

Diversos autores são unânimes em considerar que o Direito Fiscal se enquadra no ramo do
Direito Público. Na realidade a aplicação de qualquer critério para distinguir entre dois
grandes ramos de direito, Direito Público e Privado, leva-nos a concluir que o Direito Fiscal
é um sub-ramo do Direito Público pelos seguintes fundamentos:

1. Critérios de interesse – visam titular os interesses da colectividade


2. Critérios dos sujeitos da relação jurídica – privilegio ou beneficio de execução
previa.

2.3.3. Autonomia do direito fiscal

Os Fiscalistas defendem a ideia de autonomia do Direito Fiscal, argumentando que este tende
a organizar-se segundo princípios e regras próprias, como por a natureza das regras de
incidência, liquidação, lançamento e cobrança dos impostos, bem como o relevo especial dos
princípios da legalidade e da igualdade.

Oliveira Salazar diz que, o Direito Fiscal é o Direito autónomo com uma formação própria,
com princípios especiais que dominam o seu desenvolvimento, e não é preciso lançar as mãos
dos princípios estranhos senão quando nesse ramo a parte do Direito os não encontramos
provas. Os administradores defendem ao contrário dos fiscalistas, defendendo-se que é o
ramo especial do Direito Administrativo. Os juristas moçambicanos apoiam a ideia dos
fiscalistas embora, a matéria do Direito Fiscal esteja em constante modificação e mexe vários
ramos do conhecimento, e que precisa sempre actualização dos juristas.

2.3.4. Direito fiscal e a relação com os outros ramos de direito

Embora autónomo, O Direito Fiscal não é uma disciplina estanque, portanto, na enciclopédia
jurídica se encontra dependente e ligada com outros ramos de Direitos, que são:

1. Com o Direito Público – Relação de Paternidade


2. Com o Direito Privado – Relação de Subsidiariedade
3. Com o Direito Constitucional – Relação de Dependência
6
4. Com o Direito Administrativo – Relação de Complementaridade
5. Com o Direito Criminal – Relação de Interdependência
6. Com o Direito Internacional – Relação de Coordenação

2.3.5. Características do direito fiscal

É um direito de sobreposição porque vai buscar conceitos em direito privado e transforma


segundo seus interesses no direito fiscal. Ao redefinir os conceitos é entendido como o direito
de equilíbrio de riquezas daí o princípio da riqueza tributiva.

2.3.6. Fontes do direito fiscal

Não se estuda nenhuma disciplina da enciclopédia jurídica sem se conhecer e discutir as


respectivas fontes.

Importa, porem, que se domine a conceito de fonte uma vez que o seu sentido não é único.

A expressão “fonte de direito”, numa acepção técnico - jurídico formal, refere-se aos modos
de formação e revelação das regras jurídicas, ou seja, as formas do seu aparecimento e
manifestação. As principais fontes do Direito Fiscal são:

 A Lei - norma jurídica criada e importa por uma autoridade com poder para o fazer
(poder legislativo), Lei no sentido restrito.
 Costume – norma jurídica resultante da prática repetida e habitual de uma conduta
encarada como obrigatória.
 A Jurisprudência – orientações que, em matéria de determinação e aplicação da lei,
decorrem da actividade prática da aplicação do direito pelos órgãos da sociedade para
tal encarregados (os tribunais)
 A Doutrina – actividade de estudo teórico ou dogmática do direito.

A lei e o costume internacional - são fundamentais, modo de formação de normas Fontes


directas ou imediatas

A jurisprudência e a Doutrina – são modo de revelação – Fontes indirectas ou mediatas


– pois não criam normas jurídicas.

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2.3.7. Princípios gerais do direito fiscal

 Princípio de Legalidade - reservam a Lei formal e a lei material. É o acto próprio a


Assembleia da Republica, Ex: artigo 100 e 179, Nº 2 alínea o) 127 todos da CRM;
 Princípio de Tipicidade - este principio tem duas funções: Função de garantia - no
sentido de que só pode ser tributável aquele que tem capacidade tributaria. Função da
solidariedade - na medida em que todos os que tenham capacidade tributaria deve
pagar os impostos, na medida que dispõem dessa mesma capacidade.
 Princípio de Igualidade tributária - impõem a proibição da discriminação,
arbitrariedade no âmbito do direito fiscal. É de consagração constitucional directa.
 Princípio de Capacidade Contributiva
 Princípio de Consentimento ou Regra de Aprovação Orçamental

2.3.8. Integração da lei fiscal

Perante uma lacuna da lei, por omissão ou ausência de regulamentação de certas situações
reais, poderá aplicar-se a disciplina dos casos análogos ou semelhantes. Na falta de casos
análogos a situação será segundo a norma que o próprio interprete criaria se tivesse que
legislar dentro do espírito do sistema.

No entanto, analogia deve ser afastada no domínio dos elementos essenciais no imposto,
nomeadamente: na incidência, na inserção, na taxa e nas Infracções fiscais, sendo, porém,
permitido no lançamento, na liquidação e na cobrança do imposto.

2.3.9. Aplicação da lei fiscal no espaço

No Direito Fiscal, vigora a regra de territoriedade, e é, as normas fiscais aplicam-se apenas


dentro do território em que o rendimento é tributável, ou seja, em que as normas foram
aprovadas. Também para a aplicação da lei fiscal no território nacional exige-se a existência
de elementos de ligações reveladoras da capacidade contributiva.

Algumas vezes existe a presença no território nacional da matéria colectável (rendimento) e


outras vezes é necessária a presença física no território nacional a pessoa do titular desta
matéria colectável.

2.4. Impostos

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Segundo IBRAIMO, (2002) “imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e
unilateral, estabelecida por lei, sem caracter de sanção, a favor do Estado, para realização de
fins públicos.

Com uma definição similar, WATY (2002), define o imposto como, uma prestação coactiva,
patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de sanção, estabelecida por
lei, a favor de uma entidade pública, ou com funções públicas para a satisfação de
necessidades públicas e redistribuição de riqueza, independentemente de qualquer vínculo
anterior.

As duas anteriores definições são bastante similares, no entanto, o autor da segunda


definição, veio acrescentar um novo tópico, a redistribuição da riqueza.

De acordo com NABAIS (2003), o imposto é uma prestação pecuniária, unilateral, definitiva
e coactiva.

De uma forma simples e clara, pode-se definir o imposto como, o valor pago pelas pessoas
físicas ou colectivas (empresas), a título obrigatório, a favor do Estado ou entidades públicas
para financiar as despesas e investimentos de carácter público.

2.4.1. Objectivos dos Impostos e das Politicas Tributárias

Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e necessidades
colectivas dos cidadãos, expressão que engloba objectivos fiscais (obtenção de receitas
publicas) e extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo (IBRAIMO 2002), Os impostos
foram criados com vista a atender os seguintes objectivos:

2.4.2. Objectivos Fiscais

De acordo com este objectivo os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento
de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do Estado.

2.4.3. Objectivos sociais

Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das


desigualdades, tendo em conta as necessidades e rendimentos do agregado social, operando-
se assim uma verdadeira redistribuição de riqueza.

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2.4.4. Objectivos Económicos

Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e,


consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo (tributando mais
pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como o tabaco, o jogo, certas bebidas e as
antiguidades), proteger as indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros protectores
durante um certo período), incentivar a poupança e o investimento (indirectamente através
dos desagravamentos fiscais).

2.4.5. Tipos de Impostos e suas características

No presente trabalho, abordarei acerca de 3 tipos de impostos e suas características

2.4.5.1.Impostos Directos e Indirectos

Existem várias formas de classificação dos impostos, no entanto, a forma clássica usada na
classificação dos mesmos e, mais antiga é aquela que classifica os impostos em directos e
indirectos, reais e pessoais, principais e acessórios, periódicos e de obrigação única,
proporcionais, progressivos e degressivos. De acordo com (IBRAIMO, 2008), os impostos
classificam-se de acordo com os seguintes critérios:

2.4.5.2.Critérios Económicos

Segundo o critério do modo de avaliação da capacidade tributária, consideram-se impostos


directos àqueles que incidem sobre a matéria colectável (rendimento ou património) possuída
ou obtida. Deste modo, serão impostos indirectos àqueles que incidem sobre o património ou
rendimento utilizado (em consumo ou transferência da riqueza).

2.4.5.3.Critérios Jurídicos

De acordo com este critério, serão considerados impostos directos, quando for possível
determinar previamente os contribuintes, organizando um rol nominativo destes. O imposto
será directo quando essa possibilidade não existe, por o contribuinte não ser previamente
conhecido.

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O critério de classificação dos impostos directos e indirectos usado pelo legislador
moçambicano é o critério jurídico.

A divisão dos impostos em directos e indirectos remonta aos fisiocratas (indivíduos


defensores da fisiocracia). Para os fisiocratas, a terra era o único factor produtivo, pelo que,
todos os impostos acabavam sempre por ser suportados pela terra, estabelecendo-se a partir
daí, a distinção entre impostos directos, aqueles que tributavam a posse do solo ou o produto
líquido da agricultura, e impostos indirectos todos os restantes que, tributando outras
realidades, acabavam por indiretamente recair sobre a agricultura (VOUGA, 2011 apud
SANTOS, 2003).

Segundo VOUGA (2011), a distinção entre impostos directos e indirectos faz-se,


essencialmente, com base em três critérios: o critério económico, o critério fiscal e o critério
da avaliação. O critério económico baseia-se na repercussão do imposto. O imposto é directo
se o sujeito sobre o qual incide, não puder repercutir para outrem o encargo do imposto. O
critério fiscal ou administrativo assenta na diferente natureza do facto gerador. Os impostos
directos incidem sobre fontes regulares e estáveis de rendimento, já os impostos indirectos
incidem sobre factos intermitentes, acidentais ou transitórios que traduzem a mobilização ou
o emprego de recursos financeiros. O critério da avaliação considera impostos directos, todos
os que incidem sobre manifestações directas e imediatas de capacidade contributiva, como
seja a posse de um património ou a obtenção de rendimento por parte dos sujeitos da relação
de imposto. Serão indirectos os impostos cuja matéria tributável só é alcançada através da
utilização do património ou do rendimento ou seja, através do consumo ou da transferência
da propriedade.

2.4.6. Exemplos dos impostos directos e indirectos d e acordo a legislação


moçambicana

 Impostos directos: Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS),


Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas (IRPC);
 Impostos Indirectos: Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), Imposto Sobre
Consumo Específico, Direitos Aduaneiros, impostos de Selo, Imposto sobre

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Sucessões e Doações, SISA, Imposto de Reconstrução Nacional, Imposto sobre
Veículos.

2.4.7. Impostos Reais e Pessoais

Esta distinção tem sido acolhida em diversas convenções internacionais. Os impostos reais,
também chamados de objectivos, atingem a matéria colectável directamente, isto é, sem levar
em conta a situação económica do sujeito passivo e do seu agregado familiar. Os impostos
pessoais, também chamados de subjectivos, atendem às condições pessoais do sujeito
passivo.

Os impostos pessoais, respeitam aos rendimentos das pessoas, neles se incluindo os


rendimentos empresariais e profissionais quando exercidos em nome individual. Por ele
tributa-se o rendimento global das pessoas singulares, pois só assim se pode avaliar a
capacidade de pagamento individual e, consequentemente, tributar tomando em consideração
os elementos reveladores da sua situação socioeconómica, tendo em conta o rendimento e as
necessidades do individuo ou do agregado familiar, portanto, desta forma, pode-se dizer que
os impostos pessoais, tributam as pessoas em função da sua riqueza (VOUGA, 2011).

2.4.8. Impostos Principais e Acessórios

Por vezes, sobre a matéria colectável ou sobre a colecta de determinado imposto- imposto
principal, recaem novos impostos- impostos acessórios, cobrados a favor do Estado ou outra
pessoa colectiva. Se os impostos acessórios recaem sobre a colecta consideram-se adicionais,
se recaem sobre a matéria colectável chama-se adicionamentos.

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3. Conclusão

Direito Fiscal é o ramo de Direito Público constituído pelo conjunto de normas que visam
regular as relações jurídicas fiscais que se traduzem nas posições jurídicas do devedor e de
credor de imposto. Quer se adopte o critério dos interesses, quer o da situação relativa dos
sujeitos, quer o critério da qualidade dos sujeitos, os autores são unânimes em considerar que
o Direito Fiscal é um ramo de Direito Público. O sujeito activo (o Estado) aparece na sua
veste de ente público, revestido das garantias e poderes - ius imperium – de que não beneficia
o sujeito passivo.

A história do direito fiscal que partiu desde o período primitivo até à época colonial servindo
os interesses dos soberanos e depois dos exploradores, respectivamente, tem hodiernamente
o sentido verdadeiro do fisco, que visa a financiar a carência do Estado de forma a satisfazer
os fins a que ele se obriga a prosseguir desde a Independência até hoje.

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4. Referências Bibliográficas

Vide Prof. Doutor Vítor F. (1984), Noções fundamentais de direito fiscal português, I Vol.,
Coimbra Editora.

Prof. Doutor Teixeira R. (1977) – Lições de Finanças Públicas, Coimbra Editora, págs. 268
e ss.

Ibraimo, I. O. (2002) Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o Direito Fiscal


Moçambicano. Maputo: ART C,

Waty, T.A. (2002). Introdução ao Direito Fiscal. Catembe: W e W Editora,

Waty, T. A. (2004), Introdução ao Direito Fiscal, W&W Editora, Maputo.

IBRAIMO, I., O Direito e a fiscalidade, Um Contributo para o Direito Fiscal Moçambicano,


Maputo, S.A.

1. CRPM de 1975
2. CRM de 2004
3. Lei das Finanças autárquicas.

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