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UNIVERCIDADE ABERTA ISCED

Licenciatura em Direito

DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

3º Ano

Tema: A TUTELA DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

Alima Victorino Maquitoamala Fulumeiro

Beira, Março 2024


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UNIVERCIDADE ABERTA ISCED

Licenciatura em Direito

DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

3º Ano

Tema: A TUTELA DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

Alima Victorino Maquitoamala Fulumeiro

Trabalho de pesquisa remetida a Universidade


Aberta ISCED, na Faculdade de Direito para a
Avaliação.

Tutores:

Beira, Março, 2024

Indice
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1.Introdução................................................................................................................................1
1.2.Objectivos.............................................................................................................................2
1.2.1.Objectivos Geral................................................................................................................2
1.2.2.Objectivos Especificos.......................................................................................................2
1.3.Metodologia..........................................................................................................................2
2.Referencial teorico...................................................................................................................3
2.1.O que é a propriedade intelectual..........................................................................................3
2.2.O Conceito de Propriedade...................................................................................................3
2.3.A Função Social da Propriedade...........................................................................................4
2.4.Propriedade intelectual..........................................................................................................4
2.5.Tipos de propriedade intelectual...........................................................................................5
2.6.Como fazer a proteção da propriedade intelectual................................................................5
2.7.Direitos Autorais...................................................................................................................5
2.8.Propriedade Industrial...........................................................................................................6
2.9.Crítica da Propriedade Intelectual.........................................................................................6
2.10.Propriedade Industrial: Meios de Tutela.............................................................................6
2.11.A Propriedade Intelectual em Moçambique.......................................................................7
2.12.O conteúdo do direito de propriedade.................................................................................7
2.13.Perspectiva histórica mundial do direito de propriedade intelectual..................................8
2.14.A tutela do direito de propriedade intelectual na atualidade...............................................9
3.Conclusões.............................................................................................................................10
4.Referências bibliográficas......................................................................................................11
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1.Introdução

A propriedade intelectual é de uma importância verdadeiramente agudizada tanto pela


dificuldade que se apresenta de acompanhar a mudança de tendências, como pelos diversos e
variados direitos que abrange. Devido à continuada evolução tecnológica que presenciamos
esta irá necessariamente implicar novas abordagens ao Direito. A propriedade intelectual
como ramificação jurídica é necessariamente a mais próxima daquela evolução. Face ao
exposto, cumpre agora elucidar acerca de como são tutelados os titulares dos direitos
correspondentes.
Determinados ramos do Direito, como o Direito das Sucessões ou o Direito das Obrigações,
tendem a permanecer relativamente imutados ao longo do tempo mas existem outros que são
o completo oposto.
Ciente deste facto, o Governo moçambicano predispôs um quadro jurídico e institucional de
base para a regulamentação e a administração da Propriedade Intelectual. As diversas
instituições competentes na matéria têm levado a cabo uma série de acções dispersas neste
âmbito. No entanto, o país não estabeleceu ainda uma visão comum que deverá inspirar o
referido quadro, o que tem provocado alguns problemas de harmonização no sector.
Verificando-se a necessidade de dotar o país deste instrumento fundamental para a
dinamização do Sistema da Propriedade Intelectual, o Governo de Moçambique, definiu como
um dos objectivos do Plano Quinquenal do Governo, a aprovação da Estratégia da
Propriedade Intelectual.
A Estratégia da Propriedade Intelectual representa a visão do Governo e dos outros actores do
Sistema tais como as instituições de administração da Propriedade Intelectual, as Instituições
de investigação científica, as universidades, os inovadores, os detentores dos direitos e as suas
associações representativas, os agentes económicos e a sociedade civil em geral sobre a
Propriedade Intelectual que se pretende ter no país e o melhor mecanismo para que o mesmo
sirva os interesses de desenvolvimento económico, social, tecnológico, científico e cultural do
país.
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1.2.Objectivos

1.2.1.Objectivos Geral
 Contextualizar a tutela dos direitos de propriedade intelectual;

1.2.2.Objectivos Especificos
 Difinir direitos de propriedade intelectual;
 Citar o direito do autor;
 Mencionar as especies de direitos de propriedade intelectual.

1.3.Metodologia

Para a realizacao deste trabalho, usou-se o metodo quando a Classificações quanto à natureza
da pesquisa A pesquisa qualitativa é entendida, por alguns autores, como uma “expressão
genérica”. Isso significa, por um lado, que ela compreende atividades ou investigação que
podem ser denominadas específicas.
Ainda de acordo com esse autor, é desejável que a pesquisa qualitativa tenha como
característica a busca por:
“[...] uma espécie de representatividade do grupo maior dos sujeitos que participarão
no estudo. Porém, não é, em geral, a preocupação dela a quantificação da
amostragem. E, ao invés da aleatoriedade, decide intencionalmente, considerando
uma série de condições (sujeitos que sejam essenciais, segundo o ponto de vista do
investigador, para o esclarecimento do assunto em foco; facilidade para se encontrar
com as pessoas; tempo do indivíduo para as entrevistas, etc.)” (TRIVIÑOS, 1987,
p.132).
Quando a Classificação, quanto à técnica de coleta de dados, uso-se a pesquisa bibliográfica,
considerada uma fonte de coleta de dados secundária, pode ser definida como: contribuições
culturais ou científicas realizadas no passado sobre um determinado assunto, tema ou
problema que possa ser estudado (Lakatos & Marconi, 2001; Cervo & Bervian, 2002).
Segundo Vergara (2000), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos científicos e é importante para o
levantamento de informações básicas sobre os aspectos direta e indiretamente ligados à nossa
temática. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de fornecer ao
investigador um instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também
pode esgotar-se em si mesma.
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2.Referencial teorico

2.1.O que é a propriedade intelectual

Esta área do Direito consubstancia-se no conjunto de direitos que tutelam as criações do


intelecto humano. Tradicionalmente divide-se em duas grandes áreas: o Direito de Autor
(Droit d’Auteur) e a Propriedade Industrial.
Como Drexl afirma, “a propriedade intelectual tornou-se um campo de batalha político”, entre
países desenvolvidos tecnologicamente avançados e que beneficiam de uma elevada proteção
da propriedade intelectual e os países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos. Por isso,
assume particular relevo a Declaração de Doha, adotada pela Organização Mundial do
Comércio, em 14 de novembro de 2001, relativa à harmonização dos aspetos dos direitos de
propriedade intelectual relacionados com o comércio e a saúde pública que conduziu,
nomeadamente, à introdução de uma modalidade adicional de licencia obrigatória uma licença
obrigatória especificamente para a exportação de medicamentos genéricos para países que
deles necessitam.
Propriedade Intelectual é o conceito relacionado com a proteção legal e reconhecimento de
autoria de obra de produção intelectual tais como invenções, patentes, marcas, desenhos
industriais, indicações geográficas e criações artísticas e garante ao autor o direito, por um
determinado período.

2.2.O Conceito de Propriedade

O conceito de propriedade é diverso, podendo ser utilizados diferentes critérios para tal
definição. Atualmente o próprio Código Civil define, em seu artigo 1.228, o conteúdo da
propriedade como aquele pelo qual o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de revê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Tal
definição abrange os elementos romanos, descrito nos brocados: jus utendi, fruendi e abutendi
e a rei vindicatio, indicando os poderes do titular sobre o bem. O poder de usar consiste em
estar à disposição do titular sem alteração em sua substância. O gozar possibilita se beneficiar
com as vantagens do bem. A prerrogativa de dispor significa consumir o bem, alterar a
substancia ou aliená-lo.
E o mencionado anteriormente, direito de sequela que legitima o proprietário na ação
reivindicatória (SCUDELLER, 2008, p. 37).
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2.3.A Função Social da Propriedade

O conceito de propriedade intelectual surgiu gradativamente. Originalmente, a propriedade


significava um direito individual e absoluto e, com o decurso do tempo, a idéia originária foi
sofrendo transformações com a imposição de limites ao exercício das prerrogativas do titular.
(Diez- Picazo, p. 55). Esse princípio teve origem na doutrina da Igreja Católica e com a
contribuição dos positivistas do século XXVIII.
Porém, a expressão “função social da propriedade” foi difundida por Léon Duguit
(SCUDELLER, 2008, p. 37), ao seguir os ideais positivistas de Comte. Para Duguit, o titular
do bem deve empregar a riqueza que possui para suas necessidades. Entretanto, deve
empregar também a sua coisa segundo interesses comuns de uma coletividade, deixando de
ser um direito exclusivo e absoluto do indivíduo, convertendo-se em função social.

2.4.Propriedade intelectual

Propriedade Intelectual é o conceito relacionado com a proteção legal e reconhecimento de


autoria de obra de produção intelectual tais como invenções, patentes, marcas, desenhos
industriais, indicações geográficas e criações artísticas e garante ao autor o direito, por um
determinado período, de explorar economicamente sua própria criação.
O conceito de propriedade intelectual surgiu no século XV, na República de Veneza, quando
o governo da região criou uma lei para proteger os inventores das artes e das ciências.
O direito de propriedade intelectual é um campo jurídico de proteção às criações provenientes
do intelecto humano e tem como premissa a ideia de que o ser humano utiliza do esforço
criativo para se desenvolver e progredir. Portanto, essas criações devem ser protegidas para
incentivar o desenvolvimento da sociedade e constituem uma dimensão do livre
desenvolvimento da personalidade humana, enquanto expressão do ser. Cabe ressaltar que o
direito de propriedade intelectual somente abrangia os bens corpóreos, havendo restrições
doutrinárias sobre a abrangência em relação aos bens incorpóreos. Desse modo, Orlando
Gomes (1998, p. 99) salienta que:
O fenômeno da propriedade incorpórea explica-se como reflexo do valor psicológico
da idéia de propriedade, mas embora esses direitos novos tenham semelhança como o
de propriedade, porque também são exclusivos e absolutos, com ela não se
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confundem. A assimilação é tecnicamente falsa. Poderiam enquadrar-se, contudo,


numa categoria à parte, que, alhures, denominamos de quase-propriedade.
De acordo com Diez-Picazo (1995, p. 60), os bens imateriais são classificados em três
categorias. A primeira categoria está relacionada com as criações intelectuais que agregam
valor ao segmento cultural, como a literatura e musicais. Já a segunda categoria abrange as
invenções industriais e as idéias relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, sendo um dos
exemplos as patentes. Por fim, a terceira categoria corresponde aos inventos cujo objeto é a
criação de nomenclaturas e sinais distintivos, os quais possuem a finalidade de diferenciar
empresas e produtos. As marcas são um típico exemplo dessa terceira categoria.

2.5.Tipos de propriedade intelectual

Existem várias discussões entre juristas, comunidades locais e organizações mundiais de


proteção da Propriedade Intelectual acerca da adequação dos "conhecimentos tradicionais" ao
sistema de proteção de propriedade intelectual atual. A Organização Mundial de Propriedade
Intelectual (OMPI) trata conhecimentos tradicionais como um novo tema a se definir,
instituindo o “Comitê Intergovernamental sobre Propriedade Intelectual, Recursos Genéticos,
Conhecimento Tradicional e Folclore”, para estudar formas de regulamentar o assunto, sendo
comum a adoção nacional pelo caminho da proteção sui generis. A propriedade intelectual
pode ser dividida em duas principais categorias: direito autoral e propriedade industrial, sendo
que pertencem à primeira as obras intelectuais, literárias e artísticas, programas de
computador e, à segunda, as patentes, marcas, desenho industrial, indicações geográficas.
Existem ainda alguns regimes especiais que compõem um terceiro grupo sui generis: como a
topografia de circuito integrado e a proteção de Cultivares.

2.6.Como fazer a proteção da propriedade intelectual

Para solicitar o registro de propriedade intelectual, a primeira coisa a se fazer é buscar o órgão
responsável pelo tipo de propriedade intelectual na qual se deseja o registro.

2.7.Direitos Autorais
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Para direitos autorais, o órgão responsável é a Biblioteca Nacional. Ela realiza o registro de
obras intelectuais desde 1898, quando foi publicada a primeira lei específica brasileira sobre
direitos autorais.

2.8.Propriedade Industrial

Para propriedade industrial, que abarca registro e concessão de Marcas, Patentes, Desenho
Industrial, Transferência de Tecnologia, Indicação Geográfica, Programa de Computador e
Topografia de Circuito Integrado, o órgão responsável é o Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (INPI).
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) tem por finalidade principal, segundo a
Lei 9.279/96 (Lei da Propriedade Industrial), executar, no âmbito nacional, as normas que
regulam a Propriedade Industrial, tendo em vista a sua função social, econômica, jurídica e
técnica.
É também sua atribuição se pronunciar quanto à conveniência de assinatura, ratificação e
denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos sobre propriedade industrial.

2.9.Crítica da Propriedade Intelectual

A noção de propriedade intelectual encontra-se com críticas diferentes, na medida em que sua
definição e conteúdo devem equilibrar dois objetivos contraditórios:
 Incentivo à criação através de privilégios especiais concedidos ao criador e, portanto,
barreiras temporárias contra a concorrência;
 O valor máximo da criação, o que implica que pode ser implementado e explorado o
mais amplamente possível pelo maior número.
Tais compromissos não podem ser definidos objetivamente e universalmente. O conteúdo,
o escopo e a aplicação da propriedade intelectual só podem ser determinados por escolhas
políticas.

2.10.Propriedade Industrial: Meios de Tutela

No âmbito do CPI há vários meios de tutela da propriedade industrial: tutela civil, tutela penal
e tutela contra-ordenacional.
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Da tutela civil. O CPI prevê uma norma específica de responsabilidade civil, por forma a
encontrar um regime mais próximo dos direitos em causa, na medida em que estabelece
parâmetros de cálculo de indemnização que deixam de ser espelhados no dano, simples e
puro, como parâmetro de cálculo e como limite, como conhecemos do instituto da
responsabilidade civil, para se situar entre o dano e o enriquecimento. Tal solução é peculiar
na medida em que, tendo em conta a tradição portuguesa no âmbito da responsabilidade civil,
estamos a permitir que o lesado seja compensado em valor superior ao que efectivamente
recebeu, sendo de analisar se estamos perante os chamados punitive damages ou não.

2.11.A Propriedade Intelectual em Moçambique

A Propriedade Intelectual consiste em assegurar a protecção dos direitos privativos da


propriedade industrial e os direitos relativos às obras literárias, artísticas, científicas, entre
outros. A mesma encontra-se dividida em duas partes: direitos do autor e direitos conexos
(designadamente poemas, obras de arte, música, entre outros); e direitos da propriedade
industrial, os direitos privativos da propriedade industrial (DPPI) que englobam patentes,
modelo de utilidade, desenho industrial, marca (de produtos e serviços, colectiva e de
certificação), insígnia de estabelecimento, nome comercial, logótipo, indicação geográfica,
denominação de origem e recompensa. Em Moçambique, são protegidos os DPPI indicados
no Código da Propriedade Industrial de Moçambique (CPIM).
Em Moçambique a matéria sobre Propriedade Industrial (PI) encontra-se regulada desde
1959. Actualmente, Moçambique dispõe de um quadro legal sobre Propriedade Industrial para
fazer face a nova dinâmica desta área do Direito, nomeadamente o Código da Propriedade
Industrial (Decreto n.º 57/2015, de 31 de Dezembro), o Regulamento de Agentes da
Propriedade Industrial (Decreto n.º 19/99, de 4 de Maio), entre outros, e foi criado, pelo
Decreto 50/2003, de 24 de Dezembro, o Instituto da Propriedade Industrial, tutelado pelo
Ministério da Indústria e Comércio, e que trata especificamente das matérias relativas à PI
(todo o comércio, os serviços e a indústria).

2.12.O conteúdo do direito de propriedade

O estudo do direito de propriedade integra os chamados direitos reais, os quais são objeto das
relações jurídicas entre os sujeitos de direito com bens materiais ou imateriais são passíveis de
apropriação. Maria Helena Diniz (2002, p. 3) explica que essa categoria de direitos traça
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normas “tanto para a aquisição, exercício, conservação e perda de poder dos homens sobre
esses bens como para os meios de sua utilização econômica”. Dessa forma, compreende o
poder jurídico das pessoas sobre os bens materiais e imateriais suscetíveis de apropriação.
Para Orlando Gomes (1998, p. 1), esse ramo do direito privado:
Se resume em definir o poder do homem, no aspecto jurídico, sobre a natureza
física, nas suas variadas manifestações, e em regular a aquisição, o exercício,
a conservação, a reivindicação e perda daquele poder, à luz dos princípios
consagrados nas leis positivas.
Os direitos reais são atributivos, pois conferem titularidade ao sujeito. As relações jurídicas de
direito real são permanentes e não transitórias como as relações jurídicas de direito pessoal.
Além da presença do direito de sequela que, nas palavras de Serpa Lopes (2008, p. 29),
entende-se:
Como a prerrogativa concedida ao titular do direito real de pôr em movimento o
exercício de seu direito sobre a coisa a ele vinculada, contra todo aquele que a
possua injustamente, ou seja, seu detentor.
Ou seja, legitima o respectivo titular a reivindicar seu bem independente de com quem esteja,
sendo possível, assim, a individualização do bem.

2.13.Perspectiva histórica mundial do direito de propriedade intelectual

Para o estudo da perspectiva histórica do Direito de Propriedade Intelectual é necessário


individualizar três importantes períodos da história, datando do Direito Romano até o período
pós Revolução Francesa. A necessidade dos Estados criarem normas uniformes de Direito
Privado no período da Revolução Industrial, ocorrida na Europa, suscitou o surgimento das
primeiras regras internacionais de proteção do direito autoral. Os Estados passaram a unificar
as leis internas de proteção dos direitos privados a fim de impedir obstáculos ao comércio
internacional. Porém, com a ideologia do liberalismo que guiou os Estados ao final do século
XIX, tornou a uniformização de direitos impossível. Não se admitia a existência de um direito
internacional capaz de estabelecer normas de direito privado, principalmente individuais, de
início. A integração e cooperação entre os Estados só irá surgir ao final da Segunda Guerra
Mundial, quando o direito internacional teve seus fundamentos renovados (BASSO, 2000, p.
65).
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2.14.A tutela do direito de propriedade intelectual na atualidade

Durante o século XX, os direitos intelectuais começaram a interagir com o direto


internacional. Tais direito sempre tiveram como característica básica a universalidade, daí a
importância das convenções internacionais que fixam regras uniformes de proteção.

Consoante observa Maristela Basso (2000, p.314):

Com a OMC (Organização Mundial de Comércio) a construção jurídica sobre


a matéria adquiriu contornos novos e chegou à maturidade científica em uma
perspectiva econômica internacional na qual os titulares dos direitos
encontram proteção mais eficaz.

Em setembro de 1986, no Uruguai, foi realizada uma reunião com o tema: “Trade Related
Aspects of Intellectual Property” (TRIPS). Tal acordo discutia a relação de propriedade
intelectual e comércio. O encontro objetivava um acordo multilateral sobre um nível mínimo
de proteção para os direitos de propriedade intelectual (BASSO, 2000, p. 153). A criação do
TRIPS não tinha como finalidade substituir a Organização Mundial de Comércio e sim
complementar a tutela dos direitos de propriedade intelectual.
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3.Conclusões

Ante todo o exposto, é cabível concluir que o Direito de Propriedade Intelectual é de suma
importância para a humanidade e para o sistema capitalista, sendo reconhecido desde o Direto
Romano e alcançado seu êxito durante a Revolução Francesa com o desenvolvimento dos
ideais iluministas. A proteção das criações provenientes do intelecto humano incentiva o
surgimento de novas criações, em um ciclo vantajoso para o desenvolvimento da humanidade,
além de criar um campo de concorrência justo e saudável.
Esse novo conceito de propriedade intelectual pode ser definido como propriedade sobre
informação constituída a partir de uma criação do intelecto humano. Ele permite reunir sob a
ideia una de propriedade intelectual as noções derivadas de direitos de autor e de propriedade
industrial. Possibilita ainda uma exata distinção das noções de invenção e descoberta.
Na mesma ideia, concluiu-se que a propriedade intelectual é, com efeito, espécie do gênero
“propriedade”, pois se adequa conceitualmente à sua definição analítica. Em uma análise de
caráter socioeconômico, foi observado que as teorias sobre propriedade intelectual, sejam elas
de justificação ou deslegitimação, devem se estabelecer sobre um substrato teórico maior, que
é o capitalismo como ideologia, de onde devem ser extraídos os fundamentos para tanto.
A distinção das marcas, produtos e sinais, é fator essencial para a formação de uma clientela
sólida, capaz de identificar os produtos que desejam, após investimentos feitos pelas
empresas. Portanto, devem-se proteger tais produtos para que continuem agregando valor
econômico.
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4.Referências bibliográficas

Basso, M. (2000). O Direito Internacional da Propriedade Intelectual. Porto Alegre: Editora


Livraria do Advogado.
Bittar, F. & Carlos, A.( 2002). Tutela dos Direitos da Personalidade e dos Direitos Autorais
nas Atividades Empresariais. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais.
Diez-Picazo, L.(1995).Fundamentos Del Derecho Civil Patrimonial: Las relaciones jurídico-
reales- El registro de la propriedad- La posesion. Madrid: Civitas.

Diniz, M. H.( 2002) Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das coisas. 17. ed. São Paulo:
Saraiva.
Gandelman, M.(2004). Poder e Conhecimento na economia global- o regime internacional da
propriedade intelectual- da sua formação às regras de comércio atuais. Rio de Janeiro. Editora
Civilização Brasileira.
Gomes, O.( 1998).Direitos Reais. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense.
Moraes, J. D.(1998). A Função Social da Propriedade e a Constituição Federal de 1988. São
Paulo: Malheiros.
Serpa, M. M.( 2001). Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Editora Freitas Bastos.
Scudeler, M. A.(2008). Do Direito das Marcas e da Propriedade Industrial. Campinas: Editora
Servanda.
Ulhoa, F.( 2009). Curso de Direito Comercial. 2010 São Paulo: Editora Saraiva.
Vaz, I. (1993). Direito Econômico das Propriedades. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense.

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