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Quelimane
2021
DÉLCIA PIO JOSÉ FIJAMO
ELSA AGUINALDO MUSTAFA
LÚCIO MACAMO
LUÍS GROSSO
MÓNICA DOMINGOS ASSANE ESTERA
NAFISA ABDUL ABUDO
OCTÁVIO JACINTO VICTOR
:
Trabalho a ser entregue na Faculdade de Letras e
Humanidades, como requisito avaliativo na
Cadeira de Direito Internacional Privado,
orientada pelo Docente: Dr. Mputo Mpia
Quelimane
2021
Índice
1. Introdução ............................................................................................................................... 3
1.1 Objectivos ............................................................................................................................. 3
1.1.1 Geral .................................................................................................................................. 3
1.1.2 Específicos ......................................................................................................................... 3
1.2 Metodologia .......................................................................................................................... 3
2. Ordem pública no direito internacional privado ..................................................................... 4
2.1 Cooperação Jurídica Internacional ....................................................................................... 5
2.2 Princípio da ordem pública na cooperação jurídica internacional ........................................ 7
3. O Princípio da Constitucionalidade e a posição hierárquica das Normas do Direito
Internacional na Ordem Jurídica Interna .................................................................................... 9
4. Conclusão ............................................................................................................................. 12
Referencias Bibliográficas ........................................................................................................ 13
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1. Introdução
A cooperação jurídica internacional, ao buscar dar efeitos nacionais a decisões tomadas com
base em direito estrangeiro, naturalmente coloca em contacto elementos oriundos de
ordenamentos jurídicos distintos. O princípio da ordem pública, por sua vez, busca proteger
valores fundamentais e inafastáveis do ordenamento jurídico interno.
O objectivo do presente trabalho é verificar de que forma o referido princípio influencia o
desenvolvimento da cooperação jurídica internacional, bem como os parâmetros utilizados
para sua aplicação.
Nesse contexto, são verificadas as formas pelas quais a cooperação pode vir a sofrer a
incidência dos direitos humanos fundamentais positivados no foro. Por fim, se examinará
como o conteúdo da ordem pública é actualmente preenchido na prática moçambicana de
cooperação jurídica internacional, buscando descobrir que parâmetros podem ser utilizados
pelo aplicador do direito para privilegiar os interesses verdadeiramente mais caros ao Estado
em suas atividades cooperacionais.
1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
Entender a Ordem Publica Internacional;
1.1.2 Específicos
Identificar a ordem pública no direito internacional privado;
Descrever a Cooperação Jurídica Internacional.
1.2 Metodologia
Para a realização deste trabalho o grupo recorreu a pesquisa bibliográfica, que consistiu na
leitura do material publicado sobre o assunto em análise, porque este tipo de pesquisa tem
como objectivo colocar em contacto direito com tudo que foi escrito e dito sobre um
determinado tem que se pretende estudar.
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Nesse sentido, Haroldo. V, (1971) entende ser a ordem pública um limite excepcional
à aplicação da lei estrangeira, estabelecido pela lex fori em defesa de “interesses
fundamentais” daquele Estado. (Jacob Dolinger 2003, p. 392 e 393), opta por uma definição
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ainda mais aberta, afirmando que o princípio corresponde ao “reflexo da filosofia sócio-
político-jurídica de toda a legislação, que representa a moral básica de uma nação e que
protege as necessidades económicas do Estado”, podendo ser aferido “pela mentalidade e
sensibilidade médias de determinada sociedade em determinada época”.
Contudo, para que uma lei estrangeira, aplicada directamente conforme o direito
internacional privado, seja afastada, uma violação mais grave da ordem pública do foro seria
necessária. Tem-se, portanto, um segundo grau de ordem pública, cuja incidência para a
defesa de valores irrenunciáveis do sistema local deve ser menos frequente que aquela que
afasta da vontade das partes no plano puramente interno.
Contudo, a simples vinculação da ordem pública à gramática dos direitos humanos não
é suficiente para resolver o problema da relatividade do instituto e da insegurança jurídica
gerada. Tal discurso pode ser utilizado tanto para a concessão da cooperação como para sua
denegação, a depender de qual das partes envolvidas no pleito cooperacional aquela
interessada em sua concessão ou a desejosa de sua denegação terá seus direitos considerados
no caso concreto.
Segundo: nos feitos submetidos a julgamento os tribunais não podem aplicar leis ou
princípios que ofendam a Constituição (artigo 213 da Constituição da República de
Moçambique) o que significa que um Juiz pode recusar a aplicação de uma norma de
direito internacional com fundamento na sua inconstitucionalidade, isto é, em sede da
fiscalização concreta de constitucionalidade.
Terceiro: As normas de direito internacional têm na ordem Jurídica interna o mesmo
valor que assumem os actos normativos infraconstitucionais emanados da Assembleia
da República e do Governo, consoante a sala respectiva forma de recepção (n.º 2 do
artigo 18 da Constituição da República de Moçambique). Desta previsão
constitucional, resulta claro que sendo as normas de direito internacional, equiparadas
a actos normativos infra-constitucionais, estão sujeitas ao princípio da
constitucionalidade, isto é, devem estar em conformidade com a ordem constitucional,
sendo por isso, passíveis de controlo da sua constitucionalidade.
Quarto: As normas de Direito Internacional acolhida e em vigor na ordem jurídica
moçambicana são integradas na ordem jurídica moçambicana e sujeitas à fiscalização
sucessiva abstracta e concreta da constitucionalidade. Contudo, em face da
globalização e da integração regional e continental, o legislador constituinte
moçambicano deverá "reinventar" o conceito de soberania e do princípio da
supremacia da Constituição para uma melhor integração na comunidade internacional,
com a tendência crescente e irreversível, de configuração de uma ordem constitucional
supra-nacional que vincula as ordens normativas nacionais, com a emergência do
Direito Constitucional Internacional.
4. Conclusão
O princípio da ordem pública é invocado em nome da protecção de valores básicos de
determinado ordenamento jurídico, o que, para a cooperação jurídica internacional, significa
impedir a concessão de efeitos internos ao ato oriundo de jurisdição estrangeira. Todavia, não
é possível encontrar concretamente nas leis e tratados cooperacionais parâmetros de
delimitação do conteúdo da ordem pública, que só é determinado quando aplicado pelo
magistrado ao caso concreto para decidir quanto à admissibilidade do direito estrangeiro no
foro.
Aplicador do direito, desse modo, é investido de significativo grau de
discricionariedade. Para a compreensão da configuração do Direito Internacional na Ordem
Jurídica moçambicana, é curial a conjugação do instituído nos artigos 2.º (n.º 3 e 4) e 18.º,
ambos da Constituição da República. As normas de Direito Internacional recebidas na ordem
jurídica moçambicana são integradas no ordenamento jurídico moçambicano, assumem uma
posição infraconstitucional e estão vinculadas ao princípio da constitucionalidade e por isso
são objecto controlo da sua constitucionalidade.
As normas do Direito Internacional são recebidas no ordenamento ao abrigo do artigo
18.º a Constituição da República de Moçambique e são integradas na ordem jurídica
moçambicana tal qual, sem alteração da sua natureza jus internacional. A Constituição da
república adoptou dois sistemas para a recepção das normas de direito internacional: um
sistema monista de recepção condicionada dos tratados e acordos internacionais, previsto no
n.º 1 do artigo 18.º da Constituição da República de Moçambique e outro de recepção
automática das restantes fontes de direito internacional, consagrado no n.º 2 do artigo 18.º da
Constituição da República de Moçambique.
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Referencias Bibliográficas
1. Araujo, N. de. (2008). A importância da cooperação jurídica internacional para a
actuação do estado brasileiro no plano interno e internacional. In: Manual de
cooperação jurídica internacional e recuperação de activos: matéria penal. Brasília:
Ministério da Justiça.
2. Dolinger, J. (1979). A evolução da ordem pública no direito internacional
privado. Tese apresentada à Faculdade de Direito da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro para o concurso à Cátedra de Direito Internacional Privado. Rio de
Janeiro: Gráfica Luna.
3. Dolinger, J. (2003). Direito internacional privado: parte geral. 7. ed. Rio de
Janeiro: Renovar.
4. Machado, J. E. M. (2013). Direito Internacional. 4ª Edição, Coimbra Editora,
Coimbra.
5. Miranda, J. (2005). Manual de Direito Constitucional, Tomo VI,
inconstitucionalidade e garantia da Constituição, 2ª Edição, revista e actualizada
Coimbra Editora, Coimbra.