Você está na página 1de 13

Instituto Superior de Ciências e Educação á

Distância

Curso de Direito 4º Ano

Cadeira: Direito Internacional Privado

Tema: ELEMENTOS DE CONEXÃO DO DIP NO ORDENAMENTO JURÍDICO


MOÇAMBICANO

O tutor:

Discente:

Assamina Ernesto Tembe

MAPUTO, MARÇO DE 2021


INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DE EDUCAÇÃO Á DISTÂNCIA

CURSO DE DIREITO

4º ANO

NOME DA ACADÊMICA:

ASSAMINA ERNESTO TEMBE

TRABALHO DE CAMPO

TITULO DO TRABALHO:

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano.

MAPUTO, MARÇO DE 2021

ÍNDICE
1. Introdução..................................................................................................................................4
1.2. Objectivos.................................................................................................................................5
1.3.Metodologia...............................................................................................................................6
1.4.Quadro Teórico..........................................................................................................................7
1.4.1.Elementos de conexão do DIP ...............................................................................................7
1.5.Elementos de conexão no sistema Jurídico Moçambicano........................................................7
1.5.Elementos de conexão no sistema Jurídico Moçambicano........................................................8
1.5.1.Nacionalidade das partes (lex patriae)....................................................................................8
1.5.1.Nacionalidade das partes (lex patriae)....................................................................................9
1.5.2.Princípio de Territorialidade...................................................................................................9
1.5.3.Domicilio, (Lex domicili).......................................................................................................9
1.5.4.Lugar da coisa (lex rei sitae).................................................................................................10
1.5.5.Lei do lugar do foro (lex fori)...............................................................................................10
1.6. Classificação que Leva o Elemento de Conexão....................................................................11
1.7.Considerações finais................................................................................................................12
1.8. Referências Bibliográficas......................................................................................................13
1.INTRODUÇÃO

O Direito Internacional privado – representado por normas que definem qual o direito a ser
aplicado a uma relação jurídica com conexão internacional, indicando o direito aplicável. Como
fundamentos podem ser destacados: conflito de leis; intercâmbio universal ou comércio
internacional; extraterritorialidade das leis. É importante observar que sob ótica das ordens
jurídicas elas podem ser de dois modos: uma só ordem (quando para solução de um problema
independe de outro ordenamento jurídico senão o próprio do país); duas ou mais ordens jurídicas
(quando para solução de um problema é preciso se levar em conta o ordenamento jurídico de um
outro país).

O direito internacional privado resolve conflitos de leis no espaço referentes ao direito privado;
indica qual direito, dentre aqueles que tenham conexão com a lide sub judice, deverá ser
aplicado. O objeto da disciplina é internacional, sempre se refere às relações jurídicas com
conexão que transcende as fronteiras nacionais. Desta forma, alguns pontos são analisados pelo
direito internacional privado, que são a questão da uniformização das leis, a nacionalidade, a
condição jurídica do estrangeiro, o conflito de leis como já citado e o reconhecimento
internacional dos direitos adquiridos pelos países.

Em linhas gerais, como exposto anteriormente, o direito internacional privado seria um conjunto
de princípios e regras sobre qual legislação aplicável à solução de relações jurídicas privadas
quando envolvidos nas relações mais de um país, ou seja, a nível internacional.

Segundo os pressupostos acima, o presente trabalho de campo tem como tema: Elementos de
Conexão do Direito Internacional Privado (DIP) no ordenamento Jurídico Moçambicano.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 4


1.2.OBJECTIVOS

Geral :

1. Compreender as questões básicas acerca dos elementos de conexão de DIP, a fim de


identificar a lei que será aplicada ao caso concreto.
Específicos :

2. Conhecer os elementos de conexão e suas espécies, e como os mesmos se manifestam no


ordenamento jurídico Moçambicano.

3. Analisar: o domicílio, territorialidade e nacionalidade.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 5


1.3.METODOLOGIA

O presente trabalho, é completamente de uma pesquisa documental ou seja, de revisão


Bibliográfica, onde as informações foram obtidas a partir de fontes escritas, obtidas de livros
físicos e virtuais e legislação , seguida de uma minesciosa compilação, usando os meios
informáticos disponíveis para o efeito.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 6


1.4.QUADRO TEÓRICO

1.4.1.Elementos de Conexão do DIP

Elementos de conexão→ são o apoio ao direito internacional privado para determinar o


cumprimento de normas ao caso real. Objetivando para indicar qual legislação será aplicada para
solucionar conflitos, onde há conexão de mais de um sistema legal.

Quanto a natureza o elemento de conexão, a lei atende aos sujeitos da relação, a sua vontade a lei
escolhida pelas partes (convenção das partes principio da autonomia de vontade nos termos do
artigo 41 do CC) a sua ligação com certo Estado, pelo domicilio, Lex domicili, a nacionalidade
(lex patriae), o objecto material sober e que verse a relação jurídica, ao facto ou acto pelo que se
constitui, modifica ou extingue, ao lugar da celebração do negocio e ao lugar da execuçãoda
obrigação

Quanto as espécies as conexões podem ser pessoais, quando se referem aos sujeitos da relação
jurídica, ou reais, quando digam respeito ao objecto, facto jurídico;

As conexões factuais consistem em dados de natureza puramente factual, por exemplo, o lugar
da situação da coisa, ou lugar da pratica de um facto e conexões jurídicas ou normativas, a
conexão consiste em dados normativos, por exemplo, a nacionalidade, o lugar do cumprimento
da obrigação matricula, a sede da pessoa colectiva, etc.

A conexão complexa ou coligação é subsidiária quando designa duas ou mais leis como
competentes, mas termos de conexões secundárias, ou seja, só se aplica a segunda na falta da
primeira e só se aplica a terceira na falta da segunda. A primeira lei esta na posição principal e a
segunda na posição subsidiária, na falta da primeira. São exemplos dos artigos 52 e 57 do CC.

1.5.ELEMENTOS DE CONEXÃO NO SISTEMA JURÍDICO MOÇAMBICANO

1.5.1.Nacionalidade das partes (lex patriae)

Aplica-se à lei da nacionalidade da pessoa. Utilizado habitualmente para a determinação do


estatuto pessoal (determina o Direito aplicável as suas relações pessoais de Direito Privado com
conexão internacional.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 7


No ordenamento jurídico Moçambicano:

Podemos afirmar que a nacionalidade é

originária ou natural, aquela advinda do nascimento,

e adquirida, quando é mudada após o nascimento, como é óbvio, por

maioridade- desde que, sendo maiores de dezoito anos de idade e até um ano depois de
atingirem a maioridade, declarem, por si, que pretendem ser moçambicanos,

adquirida por casamento- Adquire a nacionalidade moçambicana o estrangeiro ou a estrangeira


que tenha contraído casamento com moçambicana ou moçambicano há pelo menos cinco anos,
salvo nos casos de apátrida,

Por naturalização- Pode ser concedida a nacionalidade moçambicana por naturalização aos
estrangeiros que, à data da apresentação do pedido, reunam cumulativamente as seguintes
condições:

• Residam habitual e regularmente há pelo menos dez anos em Moçambique;

• Sejam maiores de dezoito anos;

• preencham os requisitos e ofereçam as garantias fixadas por lei.

Por filiação- Através do acto de naturalização, a nacionalidade moçambicana pode ser concedida
aos filhos do cidadão de nacionalidade adquirida, solteiros e menores de dezoito anos de idade.

Por adopção- O adoptado plenamente por nacional moçambicano adquire a nacionalidade


moçambicana.

Temos, igualmente, dois sistemas determinantes da nacionalidade de origem:

a) jus sanguinius (consanguinidade): a nacionalidade do pai determina a nacionalidade do filho;


este sendo desconhecido prevalece a nacionalidade da mãe;b) jus soli (territorialidade): a
nacionalidade é uma consequência do lugar do nascimento. O jus soli, ou direito de solo, teve,
já dissemos, sua origem no feudalismo, ou melhor esclarecendo, a nacionalidade é estabelecida
pelo lugar do nascimento, sem que seja tomada por base a nacionalidade do pai ou da mãe.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 8


Não é reconhecida nem produz efeitos na ordem jurídica interna qualquer outra nacionalidade
aos indivíduos que, nos termos do ordenamento jurídico da República de Moçambique, sejam
moçambicanos.

1.5.2.Princípio da territorialidade

1. São moçambicanos os cidadãos nascidos em Moçambique após a proclamação da


independência.

2. Exceptuam-se os filhos de pai e mãe estrangeiros quando qualquer deles se encontre em


Moçambique ao serviço do Estado a que pertence.

3. Os cidadãos referidos no número anterior somente têm a nacionalidade moçambicana se


declararem por si, sendo maiores de dezoito anos de idade, ou pelos seus representantes legais,
sendo menores daquela idade, que querem ser moçambicanos.

4. O prazo para a declaração referida no número anterior é de um ano, a contar da data do


nascimento ou daquela em que o interessado completar dezoito anos de idade, conforme a
declaração seja feita, respectivamente, pelo representante legal ou pelo próprio.

1.5.3.Domicilio, (Lex domicili)

Aplica-se a lei do local em que as partes estejam domiciliadas. Se cada parte estiver domiciliada
em local diferente do da outra, deve prevalecer o domicílio do réu, como
acontece geralmente no direito interno, se verifica sua aplicabilidade, assim como, Em alguns
países, a residência habitual do indivíduo, entendida como centro de vida e de ocupação de uma
pessoa, também aparece como elemento de conexão.

Os números 2 e 3 do artg 65º do CPC estabelecem que, quando para a acção seja competente ,
segundo a lei Moçambicana, o tribunal do domicilio do réu, os Tribunais Moçambicanos podem
exercer a sua jurisdição desde que o réu tenha domicilio em Moçambique ou se encontre
acidentalmente em território Moçambicano e que neste ultimo caso, a obrigação tenha sido
contraída com um Moçambicano. Considera por sua vez o nº 3 do preceito acima citado que, as
pessoas colectivas ou sociedades estrangeiras consideram-se domiciliadas em Moçambique

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 9


desde que aqui tenham sede estatutária ou efectiva, sucursal, agência, filial, delegação ou
representação.

1.5.4.Lugar da coisa (lex rei sitae)

Quando se discutem problemas de posse ou propriedade de bens imóveis, há uma preponderância


no mundo inteiro da lei que vigora no local em que o bem esteja situado. A legislação de um país
normalmente estabelece as normas sobre os imóveis e, para tomar posse dele, há necessidade de
o proprietário deslocar-se para o país em que o imóvel se encontre.

Os Tribunais Moçambicanos, têm ainda competência internacional para apreciarem acções


propostas no território Moçambicano desde que entre a acção a propor e o território
Moçambicano exista qualquer elemento ponderoso de conexão real ou pessoal. Das acções
relativas a direitos pessoais ou reais de gozo sobre bens imóveis. A alínea e) do nº 1 do art. 65º
do CPC, estabelece que as acções relativas a direitos reais ou pessoais de gozo sobre bens
imóveis, podem ser apreciados e divididos nos Tribunais Moçambicanos desde que esses
mesmos imóveis estejam situados em Moçambique, trata-se aqui do principio de “Lex rei Sitae”
que traduzido em português significa, local da situação do bem, estabelecido no nº 1 do art. 46º
do Código Civil.

1.5.5.Lei do lugar do foro (lex fori)

Competência territorial dos tribunais moçambicanos Falar da competência territorial dos


Tribunais Moçambicanos é o mesmo que situar o lugar onde a acção deve ser intentada ou
proposta. Assim, o nosso legislador se refere quanto á competência dos nossos tribunais tendo
em conta o seguinte: Situação dos bens, cumprimentos da obrigação, divórcio e separação,
honorários, inventário e habitação.

Estabelece o nº 1 do artig 73º do CPC que as acções relativas a direitos reais sobre móveis, as de
reforço, substituição, redução e expurgação de hipotecas sobre navios ou aeronaves serão
propostas no tribunal da situação dos bens e no território da respectiva matricula
respectivamente. No que toca á acção que tiver por objecto uma universalidade de facto, ou bens
móveis e imóveis situados em lugares diferentes, será de acordo com o nº 3 do art. acima citado.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 10


1.6.Classificação que Leva o Elemento de Conexão

Para Dolinger (2001), a conexão vem a ser a ligação, o contato entre uma situação de vida e a
norma que vai regê-la. Nesse sentido, o processo de classificação que leva ao elemento de
conexão toma em consideração um de três diferentes aspectos: o estatuto pessoal (sujeito), o
estatuto real (o objeto), e o ato ou fato jurídico, tudo dependendo da categorização que estiver se
estabelecido inicialmente.

Esta classificação tripartite divide as regras em três espécies:

1. O estatuto pessoal (o sujeito):


este engloba o estado da pessoa e sua capacidade. O estado da pessoa é definido como “o
conjunto de atributos constitutivos de sua individualidade jurídica”. Isso abrange todos os
acontecimentos juridicamente relevantes que marcam a vida de uma pessoa, começando pelo
nascimento e aquisição da personalidade, questões atinentes à filiação, ao nome, ao
relacionamento com os pais, poder familiar, ao casamento, aos deveres conjugais, à separação,
ao divórcio e à morte.

2. O estatuto real, regido pela situação dos bens:

o tratamento do estatuto real há de se localizar a sede jurídica por meio da situação do bem
(móvel ou imóvel). Lex rei sitae – utilizado apenas para bens corpóreos. Significa a aplicação da
lei onde está situada a coisa (aquisição, posse, direitos reais, etc.).

3. O estatuto do Ato e do Fato jurídico:

São submetidos à lei do local de sua ocorrência, local da constituição da obrigação ou pelo local
de sua execução ou à lei escolhida pelas partes. Segundo Dolinger (2001), cada uma dessas
espécies ou categorias tem sua sede jurídica que deve ser localizada, o estado e a capacidade da
pessoa se localizam no país de sua nacionalidade, de seu domicílio ou da territorialidade. A coisa
se localiza no país em que estiver situada e o ato jurídico no local onde tiver sido constituído.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 11


1.7.Considerações Finais

No presente trabalho constituiu-se de sucinta abordagem dos elementos de conexão no direito


internacional privado Moçambicano no ordenamento do sistema Jurídico Moçambicano. A
reflexão desencadeada está relacionada à importância do tema no contexto atual do mundo
globalizado, em que as fronteiras comerciais, de trabalho, tecnológicas, envolvendo diferentes
países vão sendo rompidas, dando espaço a novas relações jurídicas entre pessoas. Dessas
relações jurídicas, podem advir conflitos de leis no espaço, ou seja, para uma dada matéria,
podem existir diferentes normas jurídicas a ela referentes, envolvendo países distintos, sendo
necessário e imperioso, portanto, compreender qual a norma nacional a ser aplicada diante de tais
conflitos.

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 12


1.8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

o DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado (Parte Geral). 7ª ed. amp. e atual.
Renovar: 2003.

o https://www.slideshare.net/antonioalfazemaalfazema/competencia-internacional-dos-
tribunais-mocambicanos

o Marcelo Loeblein dos Santos (direito internacional privado)

o Disciplina/Módulo: Direito Internacional Privado/ISCED

Legislação

→ Constituição da República de Moçambique

→ Código Civil

→ Código do Processo Civil

Elementos de Conexão do DIP no ordenamento Jurídico Moçambicano 2021 Pag. 13

Você também pode gostar