Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS E


MINERALOGIA

AMÍLCAR LEONARDO MAGENGE

FILIAÇÃO, A PERFILHAÇÃO E ADOPÇÃO.

Trabalho de investigação individual da cadeira de Direito da Família,


Curso de Direito, 3º Ano, Período Pós-laboral, por orientação da docente
da cadeira, Dr. Nelson Vilanculos Laita.

TETE
MAIO DE 2020

1
Índice
1. Introdução..................................................................................................................3
2. Filiação, perfilhação e adopção..................................................................................4
2.1. Filiação...................................................................................................................4
2.1.1. Conceito de filiação............................................................................................4
2.1.2. Princípios fundamentais da filiação....................................................................4
2.1.2.1. Princípio da universalidade e igualdade..........................................................4
2.1.2.2. Princípio do direito à constituição da família.................................................5
2.1.2.3. Princípio do direito da maternidade e paternidade..........................................5
2.1.2.4. Princípio do direito dos filhos à não discriminação........................................5
2.1.3. Estabelecimento da maternidade........................................................................6
2.1.4. Estabelecimento da paternidade..........................................................................7
2.1.4.1. Presunção da paternidade................................................................................7
2.1.4.2. Reconhecimento da paternidade.....................................................................7
2.2. Perfilhação..............................................................................................................7
2.2.1. Conceito de perfilhação......................................................................................7
1) É um acto jurídico......................................................................................................8
2) É um acto pessoal.......................................................................................................8
3) É um acto livre...........................................................................................................8
4) É um acto unilateral...................................................................................................8
5) É um acto puro e simples...........................................................................................9
6) É um acto solene........................................................................................................9
2.2.3. Anulação da perfilhação.....................................................................................9
2.3. Adoção....................................................................................................................9
2.3.1. Conceito de adoção.............................................................................................9
2.3.2. Efeitos da adoção..............................................................................................10
3. Conclusão.................................................................................................................11
4. Bibliografia..............................................................................................................12

2
1. Introdução
O presente trabalho intitulado “Filiação, Perfilhação e Adoção” enquadra-se no
âmbito de avaliações para a cadeira de Direto da Família. Como objetivo geral, este visa
abordar sobre o tema proposto, tendo especial atenção para o ordenamento jurídico
moçambicano. De forma especifica objetiva trazer a conceituação de filiação,
perfilhação e adoção, tratar das questões de maior relevo para o presente estudo, no
concernente a estas realidades jurídicas.
Para a persecução do trabalho optou-se pela pesquisa bibliográfica auxiliada pela
legislação em vigor.

3
2. Filiação, perfilhação e adopção
2.1. Filiação
2.1.1. Conceito de filiação
Recorrendo a definição proposta por Martins 1, a filiação é um vínculo de base
natural ou biológico cuja conotação jurídica só pode ser sustentada a partir da sujeição a
registo. Para Abudo2 a filiação é um vínculo de base biológica que adquire relevância
jurídica, após o seu reconhecimento por lei, através de estabelecimento de normas
relativas ao seu estabelecimento, ao estabelecimento da maternidade e ao
estabelecimento da paternidade e aos efeitos da filiação.
2.1.2. Princípios fundamentais da filiação
São princípios fundamentais concernentes a filiação, os da universalidade e
igualdade, do direito à constituição da família, do direito da maternidade e paternidade
do direito da criança à proteção e do direito dos filhos à não discriminação, princípios
estes reafirmados em diversa legislação3.
2.1.2.1. Princípio da universalidade e igualdade
Todos os cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão
sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica,
lugar de nascimento, religião, grau de instrução, profissão social, estado civil dos pais
ou profissão ou opção política4.
Em concordância com este princípio, o legislador ordinário afastou todas as
disposições que permitiam o uso das designações “filho ilegítimo” e “filho natural” 5. A
Lei da Família estabelece que os filhos têm os mesmos direitos e estão sujeitos aos
mesmos deveres, independentemente da origem do seu nascimento 6, não podendo, o pai
ou mãe desobrigar-se dos seus deveres em relação ao filho nascido fora do casamento,
mas sem juízo de só poder introduzi-lo no lar conjugal, com o consentimento do outro
cônjuge7. Consagra também o direito de ser registado depois do seu nascimento e a ter o
nome próprio e a usar o apelido da família dos pais8, não se mencionando, portanto, a
1
MARTINS, João Zenha. Filiação Biológica e por Consentimento Não Adotivo. Lisboa: FDUNL, 2016,
p. 8.
2
ABUDO, José Ibraimo. Direito da Família: estabelecimento da filiação e adopção. Maputo, 2010, p. 31.
3
Idem.
4
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 1/2018: Lei da Revisão Pontual da Constituição da República de Moçambique.
Art. 35.º.
5
ABUDO, José Ibraimo. Direito da Família. Idem, p. 32.
6
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro: Lei da Família e revoga a Lei n.º 10/2004, de 25
de Agosto. Art. 214.º.
7
Idem, art. 298.º.
8
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, art. 215.º.
4
circunstância do nascimento do registando fora ou dentro do casamento, e podendo vir a
averbar-se o casamento dos pais posterior ao registo do nascimento do filho 9. A Lei de
Família10aponta ainda, como dever especial de respeitar, estimar, obedecer e ajudar os
pais e os demais familiares, bem como o dever de assistir os pais, avós, irmãos, tios e
primos, sempre que estes careçam de ajuda, apoio e solidariedade.
2.1.2.2. Princípio do direito à constituição da família
A família é o elemento fundamental e a base de toda a sociedade 11, relativamente
à qual o casamento como instituição garante a prossecução dos respectivos objetivos,
sendo certo que o mesmo deve-se basear no princípio de livre consentimento dos
nubentes, nas suas diversas modalidades12.
2.1.2.3. Princípio do direito da maternidade e paternidade
No que respeita a este princípio, precisamente no que concerne à proteção,
estabelece que todas as crianças têm o direito à proteção da família, da sociedade e do
estado com vista aos seu desenvolvimento integral 13; as crianças particularmente as
órfãs, as portadoras de deficiência e as abandonadas, têm proteção da família, da
sociedade e do estado contra qualquer forma de discriminação, de maus tratos e contra o
exercício abusivo da autoridade na família e nas demais instituições, sendo proibido o
trabalho de crianças, quer em idade de escolaridade obrigatória quer em qualquer
circunstancia14.
2.1.2.4. Princípio do direito dos filhos à não discriminação
Abudo15 explana que relativamente a este principio, o artigo retro citado,
estabelece que a criança não pode ser discriminada, designadamente, em razão do seu
nascimento, nem sujeita a maus tratos16.
2.1.3. Estabelecimento da maternidade
Segundo Abudo17, relativamente a mãe, a filiação resulta do facto do
nascimento, ou seja, do parto, acontecimento em face do qual a maternidade se
verifica18.
9
MOÇAMBIQUE. Lei n.° 12/2004 de 8 de Dezembro: aprova o Código do Registo Civil. Art. 85.º, n.º 1,
alínea e).
10
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, art. 216.º.
11
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 1/2018. Idem, art. 119.º.
12
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 33.
13
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 1/2018. Idem, art. 120.º.
14
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 34.
15
Idem.
16
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 1/2018. Idem, art. 120.º, n.º 2.
17
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 45.
18
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, arts. 223 a 243.
5
Por sua vez o estabelecimento de maternidade rege-se pelos artigos 223 e
seguintes da Lei da Família e normalmente, ele ocorre aquando da feitura do registo de
nascimento, pois, quem declara o nascimento deve, sempre que possível, identificar o
nome da mãe do registando19, indicação que se torna bastante para que o funcionário
perante quem foi feita essa identificação proceder a menção da mãe no assento de
nascimento20o, sendo, porem vedado ao mesmo lavrar qualquer registo de perfilhação
que esteja em contradição com a filiação resultante do acto anterior, enquanto este não
for retificado ou cancelado21.
Quando o nascimento tenha ocorrido a menos de um ano, a maternidade
mencionada considera-se estabelecida, devendo-se notificar pessoalmente a mãe deste
facto, salvo se tiver sido ela própria ou o marido a fazer a declaração22.
Segundo Abudo 23se o nascimento declarado tiver ocorrido há um a um ou mais
anos, a maternidade mencionada considera-se estabelecida se a mãe for a declarante,
estiver presente no acto ou se achar representada por procurador com poderes especiais,
o que significa que mesmo decorrendo muito tempo sobre o nascimento à mãe é dada
oportunidade para corroborar o estabelecimento do vinculo. Sempre que a mãe não
estiver em condições de controlar o estabelecimento da maternidade, deve ser notificada
pessoalmente a pessoa indicada como mãe para, no prazo de 30 dias, vir declarar se
confirma a maternidade, sob pena do filho ser havido como seu, devendo, também,
tanto a notificação como a confirmação ser averbados ao registo 24. Se a mãe indicada
como mãe negar a maternidade, ou se ela não puder ser notificada fica sem efeito a
menção da maternidade, assim não chegando a ser convertida em estabelecimento da
maternidade25.
2.1.4. Estabelecimento da paternidade

19
Idem, n.º 1 do art. 223.º.
20
Idem, n.º 2 do art. 223.º.
21
Lei n.° 12/2004 de 8 de Dezembro. Idem, art. 151.º.
22
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, art. 225.º.
23
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 47.
24
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, art. 226.º.
25
Idem, n.º 3 do artigo 226.º.
6
2.1.4.1. Presunção da paternidade
O filho nascido ou concebido na constância do matrimonio da mãe tem como pai
presumido o marido da mãe26. Pois em principio, os cônjuges cumprem os deveres
recíprocos de coabitação e de fidelidade, considerando-se progenitores das pessoas cuja
concepção ou gestação resulta das relações sexuais havidas entre ambos, homem e
mulher27.
Ainda Abudo28 aponta que a presunção da paternidade cessa nos casos de filhos
concebidos antes do casamento, com declaração de um dos cônjuges no acto de registo
do nascimento de que o marido não é pai, nos casos de filhos concebidos na constância
do casamento. Mas depois de finda a coabitação dos cônjuges e, ainda quando a mulher
casada declara, no acto o registo do nascimento, que o filho não é do marido.
2.1.4.2. Reconhecimento da paternidade
Segundo Abudo29 o reconhecimento de filho nascido ou concebido fora do
casamento pode efetuar-se tanto por perfilhação como por decisão judicial em ação de
investigação. Contudo, não é admitido o reconhecimento em contrario da perfilhação
que conste do registo de nascimento enquanto não tiver sido retificado, declarado
inexistente ou nulo ou cancelado30, o que não invalida a perfilhação feita por alguma das
formas mencionadas na lei, embora não produza efeitos enquanto não for registada31.
2.2. Perfilhação
2.2.1. Conceito de perfilhação
A perfilhação é o acto pelo qual o progenitor ou a progenitora declara a sua
paternidade ou maternidade32. Trata-se de acto pelo qual o perfilhante ou a perfilhante
afirma que alguém é seu filho. Para este, é o meio de adquirir o seu estado de filho do
pai ou de mãe por declaração daquele ou desta, com efeito retroativo ate à data do
nascimento daquele, e passando a constar no registo civil33.

2.2.2. Características da perfilhação

26
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, n.º 1 do artigo 244.º.
27
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 63.
28
Idem, p. 64.
29
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 81.
30
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, arts. 261.º e 262.º respectivamente.
31
Idem, n.º 2 do artigo 262.º.
32
Idem, art. 267.º.
33
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 83.
7
1) É um acto jurídico
A perfilhação é um ato jurídico, porque o perfilhante não conforma os efeitos da
sua declaração, como acontece no negocio jurídico. Ele limita-se a desencadear os
efeitos jurídicos da perfilhação decorrente da lei e nunca da vontade do perfilhante, que
afinal, declara que fulano é seu filho e não que deseja que fulano seja seu filho34.
2) É um acto pessoal
A perfilhação é um acto pessoal35. Abudo36 acrescenta que é um acto que permite
“não constituir, modificar ou extinguir as relações de caráter patrimonial, mas a influir
no estado das pessoas”, que só o progenitor ou a progenitora pode perfilhar
pessoalmente, ou por procurador com poderes especiais para o acto37, e não por um
simples representante legal em nome do representado.
Ainda Abudo38 salienta que ambos os progenitores podem perfilhar
conjuntamente o filho comum participando no acto de perfilhação, pessoalmente ou por
intermediário de procurador com poderes especiais, mas não lhes é permitido fazer-se
representar, no acto de perfilhação, pelo mesmo procurador39, sendo certo que a lei não
permite que na falta de perfilhação pelo progenitor o descendente seja reconhecido
como neto do pai do progenitor, ou como sobrinho do irmão do progenitor.
3) É um acto livre
Segundo Abudo40 a perfilhação é um acto livre porque a iniciativa de perfilhar
provém do próprio perfilhante, isenta de qualquer coação, requisito este que deve
mostrar-se presente na prática de qualquer acto jurídico. Quer dizer, ela pressupõe a
vontade de perfilhar, dai que, havendo viciação de erro ou coação moral de vontade do
perfilhante, a perfilhação seja anulável41.
4) É um acto unilateral
Abudo42 defende que a perfilhação é um acto unilateral, porque a simples
atuação do perfilhante basta para a perfeição e a validade do acto, não se impondo que
se leve a declaração do perfilhante ao conhecimento do perfilhado para a mesma se
tornar valida.

34
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 83.
35
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, n.º 1 do artigo 268.º.
36
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 84.
37
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, n.º 2 do artigo 268.º.
38
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 84.
39
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, n.º 3 do art. 268.º.
40
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 84.
41
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, art.278.º
42
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 85.
8
5) É um acto puro e simples
A perfilhação é um acto puro e simples, uma vez que não pode contemplar
clausulas que limitem ou modifiquem os efeitos que a lei lhe atribua. Dai que, nos casos
em que a perfilhação é feita, por exemplo, em testamento com afastamento dos efeitos
sucessórios, a lei determina a validade da perfilhação43.
6) É um acto solene
Segundo Abudo44 a perfilhação consiste num acto solene, uma vez que só pode
revestir uma das formas indicadas no artigo 271: declaração prestada perante o
respectivo funcionário do registo civil; testamento; escritura pública; e termo lavrado
em processo judicial.
2.2.3. Anulação da perfilhação
A anulação da perfilhação pode se dar quando haja erro ou coação, bem como
por incapacidade45.
A perfilhação é anulável por via judicial a requerimento do perfilhante, quando
estiver viciada de erro ou coação moral46. E quanto à incapacidade, esta é anulável por
incapacidade do perfilhante, a requerimento deste ou dos seus pais ou do tutor47.
2.3. Adoção
2.3.1. Conceito de adoção
Na perspectiva de Abudo48 a adoção é o vinculo que se estabelece juridicamente
entre duas pessoas (adotante e adotado), independentemente dos laços de sangue, uma
relação semelhante à existente entre pais e filhos, ou seja, uma relação legal de filiação,
filiação artificial, ficta, que se estabelece por sentença judicial49.
O vinculo de adoção estabelece-se por sentença judicial 50, quando se verifique
cumulativamente os três requisitos elencados no n.º 1 do artigo 400.º da Lei da
Família51, isto é, a adoção obedece aos requisitos gerais de apresentar concretas
vantagens para o adoptando, requisitos cuja verificação não pode levar o juiz a ser
indulgente ou menos exigente no que respeita ao preenchimento dos restantes, quais
sejam as de não por em causa as relações e interesses de outros filhos e de se poder

43
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 86.
44
Idem, p. 86.
45
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, arts. 278.º e 279.º, respectivamente.
46
Idem, art. 278.º n.º 1.
47
Idem, art. 279.º, n.º 1.
48
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 143.
49
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, arts. 398.º e 399.º.
50
Idem, art. 398.º.
51
Idem.
9
verificar que o adotando e a família adotante revelam capacidade de integração, o que
pressupõe o adotado ter estado aos cuidados do adotante durante um período de tempo
julgado bastante para se avaliar, que é de seis meses, salvo casos excepcionais, como a
titulo de exemplo, o de o adotando já estar a viver com o adotante durante algum tempo,
mas tendo ambos revelado capacidade de integração52.
2.3.2. Efeitos da adoção
Segundo Abudo53 da adoção resulta o adotado adquirir a situação de filho do
adotante. Pois o adotado morre para a sua família natural e renasce para a sua família
adotiva, tirando o que se acha disposto quanto aos impedimentos matrimoniais. O outro
efeito de relevo é de o de o adotando plenamente por nacional moçambicano passar a
adquirir a nacionalidade moçambicana54.
Ainda segundo Abudo55 no tocante aos direitos sucessórios, o adotado é para
todos os efeitos, tratado como filho natural do adotante, no que tange à sucessão
legitima, sucessão legitimaria, prestação de alimentos, etc. Em relação à família natural,
deixa de ser herdeiro legitimário e ou legitimo, exceto nos casos e que o adotante é
cônjuge do seu pai ou mãe ou da pessoa com quem vive em comunhão de vida56.

52
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 145.
53
Idem, p. 155.
54
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 1/2018. Idem, art. 29.º.
55
ABUDO, José Ibraimo. Idem, p. 155.
56
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019. Idem, art. 409.º.
10
3. Conclusão
A filiação é a relação jurídica que liga o filho a seus pais. É considerada filiação
propriamente dita quando visualizada pelo lado do filho. Encarada em sentido inverso,
ou seja, pelo lado dos genitores em relação ao filho, o vínculo se denomina paternidade
ou maternidade.
A perfilhação é um dos modos de estabelecer a paternidade fora do casamento.
A perfilhação caracteriza-se como sendo um acto jurídico, pessoal, livre, unilateral,
puro, simples e solene.
A adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos
legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco
consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na
condição de filho, alguém que, geralmente, lhe é estranho.

11
4. Bibliografia
ABUDO, José Ibraimo. Direito da Família: estabelecimento da filiação e adopção.
Maputo, 2010.

MARTINS, João Zenha. Filiação Biológica e por Consentimento Não Adotivo. Lisboa:
FDUNL, 2016.

Legislação
MOÇAMBIQUE. Lei n.º 1/2018: Lei da Revisão Pontual da Constituição da República
de Moçambique.

MOÇAMBIQUE. Lei n.° 12/2004 de 8 de Dezembro: aprova o Código do Registo


Civil.

MOÇAMBIQUE. Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro: Lei da Família e revoga a Lei n.º
10/2004, de 25 de Agosto.

12

Você também pode gostar