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USTM

CURSO DE DIREITO
EXAME DE RECORRÊNCIA DO DIREITO PENAL II

GRUPO I
A é filho adoptivo de B, empresário. A, sendo o único herdeiro de B, pretende tornar-se o mais
cedo possível titular das empresas de B. Como temesse que B lhe deserdasse devido ao seu
comportamento, pois havia cumprido uma pena de prisão de 12 anos, cuja condenação ocorrera
em 2005. A contrata W trabalhador da empresa para fazer o trabalho. W aceita a recompensa
pelo trabalho. A comprou uma pistola para W. No dia seguinte W dirige-se à cabana de caça de B,
que, habitualmente, é o lugar onde B descansa depois de longa caça, ao anoitecer. Na mesma
hora em que frequentemente B se dirige à cabana, havia combinado para se encontrar com seu
amigo X. W ao ver alguém dirigir-se à cabana atirou mortalmente contra X. Só que no momento
em que se dirige à cabana para se desfazer do corpo, W descobre que matou pessoa errada,
tendo rapidamente se desfeito do corpo, continuando a aguardar a chegada de B. Instantes
depois, B chega à cabana, sendo recebido também por tiros mortais.

Como punir A – 7,5 valores e W – 7,5 valores? Tratar de forma separada as respostas.

I- RESPONSABILIDADE DE A

- é autor mediato, intelectual, nos termos do artigo 21/1-c), pois pratica o crime “através de
outrem”, isto é, deixa actuar por si um intermediário, por ajuste. Há ajuste sempre que o crime é
cometido depois de um acordo entre o homem-de-trás e o homem-da-frente, no que diz respeito
ao preço a pagar pelo homem-de-trás como contrapartida do serviço realizado pelo executor do
serviço criminoso planeado pelo homem-de-trás. – 1,0 valor
- cometeu um crime de parricídio – art. 164, n.º 1 e 3 (premeditação) – 1,0 Val.
- cometeu antes o crime de aquisiçaõ de armas proibidas – art. 358, n.º 1 CP, punível com a pena
de 8 a 12 anos – 1,0 Val
- Há também sucessão de crimes, visto que A fora condenado em 2005, e supondo que o segundo
crime tenha lugar neste ano ---- art. 38, alínea a). – 1,0 Val.

PUNIBILIDADE

- A será punido por homicídio qualificado com a pena de 20 a 24 anos de prisão, sendo o crime de
armas proibídas utilizado como elemento de agravação geral. – 1,0 Val
- quanto à sucessão de crimes, a punição será feita de acordo com o artigo 126, n.º 1, que
remete par o n.º 1 do artigo 125, por se verificarem os pressupostos do n.º 1 do art. 126. Assim,
a agravação correspondente à sucessão de crimes será igual a metade da diferença entre os
limites máximo e mínimo da pena: 24-20= 4 anos: 2= 2 anos de agravação. Assim, A será punido
com a pena de (20 +2) a 24 anos de prisão. Isto é, A será punido com a moldura penal de 22 a
24 anos de prisão maior, agravada nos termos gerais – 2,5 valores.

II- RESPONSABILIDADE DE W

- W é autor imediato ou directo de dois crimes de homicídio qualificado – art. 157, n.º 1/a) e
art. 158 CP – 1,0 Val;
- Quando W atira no X incorre no erro sobre a pessoa, só que como o objecto é qualitativamente
igual, o erro é irrelevante – art. 31, n.º 1/c) do CP – 1,0 Val;
- cometeu o crime de posse ilegal de armas proibidas - art. 358, n.º 1 CP, punível com a pena de
8 a 12 anos – 1,0 Val
- Há acumulação de infracções (dois homicídios) – art. 41, n. º 1 CP – 1,0 Val
- são aplicáeis várias agravantes: alíneas b)- promessa, g)- pacto, k)- espera; p) casa de
habitação, ii) acumulação- art. 37 CP – 1,0 Val.

Punibilidade de W
- A será punido por homicídio qualificado com a pena de 20 a 24 anos de prisão. – 1,0 Val
- quanto à acumulação de crimes, a punição será feita de acordo com o artigo 127, n.º 1, aplicar-
se-á a mesma pena de 20 a 24 anos, agravada em medida não inferior a metade da sua duração
máxima, o que corresponde a uma pena não inferior a 36 anos. – 2.5 Val.

GRUPO II
A- Em relação à participação e autoria, nos crimes gerais, por não conhecerem qualquer limitação
em relação ao círculo de autores, ganha maior relevância a polémica doutrinal acerca da
delimitação das formas de colaboração no cometimento do tipo legal.
Distinga a paricipação da autoria, segundo a teoria de «domínio de facto», apresentada por Claus
ROXIN- 5,0 valores

R) É autor – 1,5 val.:


- quem possui domínio da acção (caso de autoria de crime de mão própria);
- quem possui domínio de volição e/ou cognição (caso de autoria mediata ou autoria intelectual);
- quem possui domínio funcional (caso clássico de co-autoria).
O autor é quem realiza a ação diretamente (autoria directa), isto é, pessoalmente, ou
mediatamente (autoria mediata), valendo-se de um terceiro como um instrumento, bem como
quem a realiza conjuntamente (co-autoria).

É participante – 1,5 val:


- é quem, sem um domínio próprio do facto, ocasiona ou de qualquer forma promove, como
“figura lateral” do acontecimento real, o seu cometimento;
- é a figura lateral, secundária ou de segunda linha na realização do facto criminoso, participando
do crime realizado por outrem
-- é um colaborante em um facto alheio

Conclusão – 2,0 val:


O decisivo para a autoria é assim é assim, se, e até onde, o colaborador individual, segundo a
espécie e importância de sua contribuição objectiva, assim como com base em sua colaboração
volitiva, domina ou co-domina o Se e o Como da realização do tipo, de forma que o resultado
apareça como obra (também) de sua vontade dirigida finalisticamente ou co-formadora do facto.
A participação é, ao contrário, a causa ou a promoção de um fazer ou de uma omissão alheios,
realizadas sem este domínio de facto. -

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