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Curso de Direito
FACULDADE DE DIREITO
Docente:
Outubro de 2020
I
Curso de Direito
FACULDADE DE DIREITO
Lecionado por:
Outubro de 2020
II
ÍNDICE
Introdução ............................................................................................................................. 2
1. NOÇÕES DAS CIRCUNSTÂNCIAS MODIFICATIVAS ...................................................... 3
1.1 Circunstâncias Modificativas ........................................................................................ 3
1.2 Espécies de Circunstâncias Modificativas .......................................................................... 4
1.3 Tipos de Circunstâncias modificativas ................................................................................ 5
2. CIRCUNSTÂNCIAS MODIFICATIVAS AGRAVANTES .................................................... 5
2.1 Conceito de Doutrinadores .................................................................................................. 6
2.2 Enumeração das Circunstâncias Mortificativas Atenuantes................................................ 7
2.3 Provocação .......................................................................................................................... 8
2.4 Negligência ......................................................................................................................... 9
2.5 Negligencia como circunstância de atenuação .................................................................... 9
3. CIRCUNSTÂNCIAS MODIFICATIVAS AGRAVANTES .................................................. 11
3.1 Premeditação ..................................................................................................................... 13
3.2 Vejamos alguns factos típicos que são agravados pela premeditação: .............................. 14
3.3 Causa de honra .................................................................................................................. 14
4. CAUSA DE EXTINÇÃO DA RESPONSABILIDADE PENAL ........................................... 15
4.1 Responsabilidade criminal ................................................................................................ 15
4.1 Causa de extinção da responsabilidade penal ............................................................... 16
4.2 A morte do criminoso ........................................................................................................ 16
4.3 Amnistia ............................................................................................................................ 17
4.4 Prescrição do procedimento criminal ................................................................................ 18
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 20
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. 21
Introdução
Neste trabalho abordarei os diversos temas que constituirão uma base, no entendimento
da aplicação da pena, no nosso ordenamento jurídico moçambicano, o estudo que
contem no presente trabalho, teve como grandes influencias ou se preferir inspiração
nos ordenamentos, brasileiro, português e angolano, como sendo estas uma fonte para o
desenvolvimento do trabalho. O estudo realizado neste trabalho tem como fim
avaliativo na cadeira de Direito Penal II, e é de carácter avaliativo. Sendo que o mesmo
se baseio nos acervos de aulas tidas na mesma cadeira, assim como também numa
leitura densa do código penal moçambicano, português e angolano para o efeito de
comparação das legislações. Nele contem títulos principais que estão demostrados em
letras maiúsculas e subtítulos que geralmente são apresentado em minúscula, a
linguagem que nele conte foi propositalmente expressa de forma clara, concisa para que
o leitor no acto da leitura, pudesse ter um bom aproveitamento do conteúdo que nele
conte.
2
1. NOÇÕES DAS CIRCUNSTÂNCIAS MODIFICATIVAS
Com isso estamos a dizer que a pena pode vir a ser modificada, mas estas modificações
devem ocorrer nos limites da pena que a lei fixa. Então considerando o exemplo a cima
o juiz pode atribuir ao crime de homicídio voluntário simples a pena de 16, 17, 18,19 ou
mesmo 20 anos de prisão, dependendo das circunstâncias do crime. Mas nunca poderia
baixar a pena abaixo de 16 anos ou aumentar acima de 20 anos de prisão. Esse processo
que permite o juiz através das circunstâncias aplicar uma determinada pena é o que são
chamadas circunstâncias modificativas.
3
ou menor gravidade do crime como um todo e relevam por isso directamente
para a doutrina da determinação da pena."
Assim depois de termos observado melhor o conceito do autor acima citado, podemos
ver uma grande semelhança com o conceito de Fernando Capez, que conceitua da
seguinte maneira “Circunstância Modificativas são dados acessórios, não fundamentais
para existência da figura típica, que ficam a ela agregados, com a função de
influenciar na pena. Como o próprio nome diz, apenas circundam o crime, não
integrando a sua essência. Dessa forma, sua exclusão não interfere na existência da
infracção penal, mas apenas a torna mais ou menos grave”. 1
a) Subjectivas ou de carácter pessoal: dizem respeito ao agente não ao fato. São elas:
• Os antecedentes;
• A personalidade;
• A conduta social;
• Os motivos do crime (quem tem motivo é o agente, e não o fato);
• A menoridade relativa, a maioridade senil (maior de setenta anos na data do
julgamento);
• A reincidência, o parentesco do autor com o ofendido (cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão...).
4
• Os meios empregados para a prática do crime (mediante arma, veneno, fogo,
asfixia, tortura, explosivo, meio insidioso ou cruel);
• A qualidade da coisa (pequeno valor, bem público, de uso comum);
• A qualidade da vítima (mulher grávida, criança, velho ou enfermo) etc.
Sendo assim, numa leitura leiga, circunstância atenuante são aquela que acompanha o
fato, que está ao seu redor, e que acarreta uma suavização na Interpretação deste fato.
Adentrado ao campo técnico e jurídico, teremos o conceito trazido pela Enciclopédia
2
Ruth Rocha. Minidicionário. 1996
5
Saraiva do Direito: “Atenuantes são as circunstâncias previstas na lei como capazes de
diminuir o quantum da pena, seja esta pecuniária ou de restrição de liberdade. 3”
3
Enciclopédia Saraiva do Direito. Vol 1. 1978
6
2.2 Enumeração das Circunstâncias Mortificativas Atenuantes
7
t) O descobrimento dos outros agentes, dos instrumentos do crime ou do corpo de
delito, sendo a revelação verdadeira e profícua à acção da justiça;
u) Ter o agente agido sob temor reverencial;
v) As que forem expressamente qualificadas como tais, nos casos especiais
previstos na lei;
w) Em geral, quaisquer outras circunstâncias, que precedam, acompanhem ou sigam
o crime, se enfraquecerem a culpabilidade do agente ou diminuírem por qualquer
modo a gravidade do facto criminoso ou dos seus resultados.
2.3 Provocação
Assim como podemos ver a provocação constitui uma das formas de atenuação da pena,
podendo esta ser considerada como sendo uma das circunstâncias modificativas.
8
2.4 Negligência
Tendo falado da provocação falaremos agora da negligencia, sabendo que, sendo
também esta uma forma de atenuação ou mais uma das circunstâncias modificativas.
Mas primeiramente, temos que saber conceituar a negligência para podermos encontrar
esta no meio da enumeração taxativa a cima, pós o legislador numa forma de tentar
deixar claro, acabou não usando linguagem técnica. Com isso quero dizer que a
negligência, sim encontra-se na numeração taxativa a cima. Comecemos por conceitua-
la.
A negligência consiste na omissão voluntária de um dever. Significa isto que a
negligência penal consiste no facto de o agente deixar de praticar actos ou
procedimentos, consiste ou não do resultado que dessa omissão são advier, contudo, não
se conformar com o mesmo resultado. 4
Age com negligencia aquele que, por não proceder com o cuidado a que, segundo as
circunstâncias, está obrigado e de que é capaz de representar como possível a realização
de um facto tipificado como crime mas actuar sem se conformar com tal realização do
facto. 5
De forma bem mais abrangente e simples, podemos dizer de que a negligência é a falta
de cuidado que é exigível ao agente. Mas ela pode revestir-se de duas formas:
⇒ Negligencia Consciente, quando o agente prevê a produção do facto ilícito
como possível, mas, por incúria acredita que não se verificará, não tomando, por
isso, providencias para evitar.
⇒ Negligencia Inconsciente, neste caso, a incúria do agente e tal, que que ele nem
chega a pensar na possibilidade de o facto se verificar.
A negligencia ela foi introduzida como uma das circunstâncias modificativas atenuantes
no nº 1 da alínea h) do artigo 43, do CP, na enumeram taxativa. Onde diz: São
circunstâncias atenuantes da responsabilidade criminal do agente: h) A imprevidência
ou imperfeito conhecimento dos maus resultados do crime.
4
Consulte Direito Penal Moçambicano (Elísio de Sousa, pg. 93)
5
Esta posição também foi inspirada pelos trabalhos do Prof. Eduardo Correia no âmbito das discussões da
comissão revisora do código penal português em 1963 na 6ª sessão, e que consequentemente o nosso
código penal adoptou também o mesmo conceito no nº 1 do artigo 4.
9
Assim como tivemos oportunidade de analisar acima, podemos invocar o nº 1 do artigo
4 do CP, que tem grande relação como a alínea h) do artigo 43, do CP. Analisemos
então o nº 1 do artigo 4, do CP que diz: Age com negligência aquele que, sendo capaz,
segundo as circunstâncias, não proceder com o cuidado a que está obrigado a: a)
representar como possível a realização de um facto que preenche um tipo de crime, mas
actuar sem se conformar com essa realização.
Com isso quer dizer que no nº 1 da alínea h) do artigo 43, do CP, estamos perante a
negligência, como sendo circunstância modificativa atenuante. Com isso veremos
alguns comportamentos típicos que são atenuados por ter o agente agido com
negligência.
Vejamos então o crime de violação de segredo do Estado por meios informáticos,
tipificado no artigo 322, que diz no nº 1, o seguinte: Quem, pondo em perigo, por meios
informáticos, interesses do Estado Moçambicano relativos à independência nacional, à
unidade e à integridade do Estado ou à sua segurança interna e externa, transmitir,
tornar acessível a pessoa não autorizada, ou tornar público facto ou documento, plano
ou objecto que devem, em nome daqueles interesses, manter-se secretos é punido com
pena de prisão de dois a oito anos.
No número 1, estamos perante a punição normal para esse crime de violação de segredo
do Estado por meios informáticos, assim como no número 2, que diz: Quem destruir,
subtrair ou falsificar documento, plano ou objecto referido no número anterior, pondo
em perigo interesses no mesmo número indicados, é punido com pena de prisão de 2 a 8
anos.
Sabendo agora que o crime de violação de segredo do Estado por meios informáticos,
são punidos de 2 a 8 anos, tanto no numero 1 como no numero 2 do artigo 322, quando
o agente tenha praticado o acto por negligencia a moldura da pena ela é atenuada.
Como podemos ver no nº 4 do mesmo artigo 322, que diz: Se o agente praticar por
negligência os factos referidos nos números 1 e 2, tendo acesso aos objectos ou
segredos de Estado em razão da sua função ou serviço, ou da missão que lhe foi
conferida por autoridade competente, é punido com pena de prisão.
Como já deve ter notado lei não mostra o ano de prisão, só determina como sendo
punido com pena de prisão, repare que neste artigo acima, fizemos o uso da lei n.º
10
35/2014, mais que isso mudou no novo código penal lei n.º 24/2019, que tutela o
mesmo crime no artigo 380. Que diz: Se o agente praticar por negligência os factos
referidos nos números 1 e 2, tendo acesso aos objectos ou segredos de Estado em razão
da sua função ou serviço, ou da missão que lhe foi conferida por autoridade competente,
é punido com pena de prisão até 2 anos.
Aqui neste código penal lei n.º 24/2019, podemos ver que ele atenua a moldura da pena
expressamente, em quanto que a primeira, o código penal lei n.º 35/2014, ele atenua
tacitamente, assim cabendo ao juiz escolher a pena mais apropriada para o facto típico,
mediante as circunstâncias apresentadas.
11
j) Por duas ou mais pessoas;
k) Com espera, emboscada, disfarce, surpresa, traição, aleivosia, excesso de poder,
abuso de confiança ou qualquer fraude;
l) Com arrombamento, escalamento ou chaves falsas;
m) Com veneno, inundação, incêndio, explosão, descarrilamento de locomotiva,
naufrágio ou avaria de barco, ou de navio, ou de automóvel ou de avião,
instrumento ou arma cujo porte e uso for proibido;
n) Com o emprego simultâneo de diversos meios ou com insistência em o
consumar, depois de malogrados os primeiros esforços;
o) Entrando o agente ou tentando entrar em casa do ofendido;
p) Na casa de habitação do agente, quando não haja provocação do ofendido;
q) Em lugares destinados ao culto religioso, locais sagrados, em cemitérios, em
tribunais ou em repartições públicas;
r) Em estrada ou lugar ermo;
s) De noite, se a gravidade do crime não aumentar em razão de escândalo
proveniente da publicidade;
t) Por qualquer meio de publicidade ou para que a sua execução possa ser
presenciada, nos casos em que a gravidade do crime aumente com o escândalo
da publicidade;
u) Com desprezo de servidor público, no exercício das suas funções;
v) Na ocasião de incêndio, naufrágio, terramoto, inundação, óbito, acidente ou
avaria de meios de transporte automóvel, aéreo e ferroviário, qualquer
calamidade pública ou desgraça particular do ofendido;
w) Com quaisquer actos de crueldade, espoliação ou destruição, desnecessários à
consumação do crime;
x) Prevalecendo-se o agente da sua qualidade de servidor público;
y) Tendo o agente a obrigação especial de o não cometer, de obstar a que seja
cometido ou de concorrer para a sua punição;
z) Havendo o agente recebido benefícios do ofendido, quando este não houver
provocado a ofensa que haja originado a perpetração do crime;
aa) Sendo o ofendido ascendente, descendente, cônjuge ou pessoa com quem vive
em união de facto, parente ao fim ate segundo grau do direito civil, adopte ou
adoptado, mestre ou discípulo, tutor ou tutelado, empregador ou empregado, ou
de qualquer maneira legítimo superior ou inferior do agente;
12
bb) Com manifesta superioridade, em razão da compleição física, da idade ou armas;
cc) Com desprezo ao respeito devido à idade ou enfermidade do ofendido;
dd) Estando o ofendido sob a imediata protecção da autoridade pública;
ee) Na presença de menor de dezasseis anos;
ff) Resultando do crime outro mal além do mal do crime;
gg) Aumentando o mal do crime com alguma circunstância de ignomínia;
hh) Havendo reincidência ou sucessão de crimes;
ii) Havendo acumulação de crimes.
Como podemos perceber são várias as circunstâncias que podem agravar a pena, mas de
uma forma restrita, falarei aqui daquelas que são consideradas, especiais ou seja
circunstâncias modificativas agravantes.
3.1 Premeditação
A premeditação é a fase interna, momento em que o sujeito ainda está planejando o
crime. Alguns autores dividem a premeditação em três etapas:
Idealização,
Deliberação e
Resolução.
Em nenhuma hipótese a mera cogitação poderá ser punida, pois isto seria ferir o
Princípio da Lesividade, já estudado em capítulo próprio. Como já podemos verificar
acima, a premeditação compõe um dos primeiros elementos na enumeração taxativa
das circunstâncias modificativas agravantes, mesmo sabendo de que a premeditação
não constitui crime, ela contribuem para o agravamento da moldura da pena. 6
A premeditação consiste no desígnio, formado ao menos vinte e quatro horas antes da
acção, de atentar contra a pessoa de um indivíduo determinado, ou mesmo daquele que
for achado ou encontrado, ainda que este desígnio seja dependente de alguma
circunstância ou de alguma condição; ou ainda que depois na execução do crime haja
erro ou engano a respeito dessa pessoa. 7
6
Teoria penal (pag 91, Fábio Roque Araújo e Vinícius Assumpção)
7
Vide o artigo 158 do Código Penal Moçambicano .
13
3.2 Vejamos alguns factos típicos que são agravados pela premeditação:
A causa de honra, esta legislada também como sendo uma circunstância modificativas
agravantes, enumerada de forma taxativa, acima. Especificamente no número 1, na
alínea gg) do artigo 37 do CP. Que diz: São unicamente circunstâncias agravantes, ter
sido o crime cometido: gg) aumentando o mal do crime com alguma circunstância de
ignomínia. Ou seja aumentando o mal do crime com circunstâncias de desonra.
Vejamos agora uma das condutas que são tipificadas e que agravam por causa de honra.
por exemplo o crime de Contrafacção, que o Código penal descreve no nº 1 do artigo
309, como sendo: Comete o crime de contrafacção, aquele que, fraudulentamente,
reproduzir, total ou parcialmente, uma obra ou prestação alheia, divulgada ou não
divulgada, ou por tal modo semelhante que não tenha individualidade própria.
Podemos ver de que esta conduta pode ser agravada, quando o agente tenha agido e
manchado a honra do autor, como podemos ver no nº 2 artigo 310 do CP titulado como
sendo Sanções aplicáveis aos crimes de contrafacção, que diz: Se a exploração
económica tiver como objecto uma obra não destinada a publicidade, a obra contrafeita
ou sem ou modificada sem o consentimento do autor, em termos de alterar a sua
essência ou ofender a honra ou reputação do autor, a pena será agravada nos termos
gerais.
14
Neste caso, e agravado a moldura da pena se o autor sentir-se ofendido a sua honra ou
reputação, o que podemos então dizer com plena certeza de que a causa de honra pode
vir a gravar a moldura da pena.
O nosso Código Penal no seu artigo 28.° define-a nos seguintes termos « A
responsabilidade criminal consiste na obrigação de reparar o dano causado na ordem
jurídica, cumprindo a medida ou a pena estabelecida na lei. » e acrescenta o artigo 29.°
que « A responsabilidade criminal recai, única e individualmente, no agente do crime ou
de contravenção». A responsabilidade criminal tem portanto como fundamento a prática
de um crime e/ou uma contravenção penal.
8
SILVA, Germano Marques da, Direito Penal Português, Parte Geral III - Teoria das Penas e das
Medidas de segurança, Editorial Verbo 1999, pág., 224.
9
As consequências jurídicas do crime ou os "efeitos jurídicos do crime " (que são tradicionalmente as
sanções criminais, isto é, as penas cominadas na estatuição das normas penais incriminadoras, e as
medidas de segurança) correspondem de modo geral a todas as reacções que o Estado organiza contra os
agentes dos comportamentos ou acções (lato sensu) que lesam, põem ou poderão pôr em perigo os bens,
valores ou interesses sociais tutelados pelo Direito Penal, comportamentos esses descritos abstractamente
nos modelos legais de crimes (tipos legais de crime) ou correspondentes aos pressupostos de facto de
situações de perigosidade criminal.
15
agente de uma infracção de suportar as consequências jurídicas resultantes da mesma
infracção. Este conceito «infracção penal» é portanto um conceito abrangente…
O Capítulo VIII do Título II do Livro I (Disposições Gerais) do nosso Código Penal tem
por epígrafe «Extinção da responsabilidade criminal», este capítulo contém nele as
principais causas de extinção da responsabilidade penal. Como podemos ver no nº 1 do
artigo 151. Vejamos:
1. O procedimento criminal, as penas e as medidas de segurança extinguem-se, não só
nos casos previstos no artigo 8, mas também:
a) pela morte do agente do crime;
b) pela prescrição do procedimento criminal, embora não seja alegada pelo réu ou
este retenha qualquer objecto por efeito do crime;
c) pela amnistia;
d) pelo perdão da parte, ou pela renúncia ao direito de queixa em juízo, quando
tenham lugar;
e) pela oblação voluntária, nas contravenções puníveis só com multa;
f) pela anulação da sentença condenatória em juízo de revisão;
g) pela caducidade da condenação condicional;
h) nos casos especiais previstos na lei.
10
A morte prova-se através de um assento de óbito extraído no respectivo livro, onde
para além dos elementos de identificação pessoal do finado, deverão constar dentre
outros, a hora, a data, o lugar do falecimento ou do aparecimento do cadáver e a causa
da morte. Sobre o registo do falecimento de qualquer indivíduo, vide artigos 114.° do
Código Civil
16
"Mors omnia solvit " (a morte tudo apaga, tudo faz desaparecer), a morte do agente é a
única causa natural de extinção da responsabilidade criminal, sendo todas as demais
causas jurídicas.
A extinção da responsabilidade criminal em virtude da morte do agente da infracção
resulta do princípio da pessoalidade das penas.
Na pena de multa há diminuição mas não extinção privação do património; por isso esta
pena é conciliável com a pessoalidade, o mesmo sucedendo com a obrigação imposta
aos herdeiros de pagarem a multa, quando a sentença condenatória tiver transitado em
vida do réu. A multa tem natureza mista, de reacção criminal e civil; do princípio da
pessoalidade das penas dimana que o que se transmite aos herdeiros é somente a
responsabilidade civil (cfr. artigo 2074.° do C.C).
4.3 Amnistia
O n.º 1 da alínea c) do artigo 151.° do C.P, refere como causa extintiva do procedimento
criminal, das penas e medidas de segurança, a amnistia.
16
4.4 Prescrição do procedimento criminal
11
A prescrição do procedimento criminal impede a aplicação da pena; a prescrição da pena impede a sua
execução. Para maior desenvolvimento sobre o tema, vide "A prescrição como causa extintiva da
responsabilidade criminal - um estudo de direito penal português" tese de mestrado de Pedro Filipe Gama
da Silva.
12
SILVA, Germano Marques da, ob.cit. pág., 225.
13
Sobre a prescrição escreveu M. Maia Gonçalves. «Tem sido objecto de larga controvérsia a natureza
deste instituto; a indagação é de muito interesse, na medida em que a solução a encontrar pode lançar luz
sobre algumas dúvidas que se têm levantado. Parece ser melhor doutrina a de que a prescrição tem
natureza substantiva, por se traduzir numa renúncia do Estado a um direito, ao jus puniendi, condicionada
pelo decurso de certo lapso de tempo, e que tem razão de ser determinante na não verificação actual dos
fins da pena. A prescrição penal, escreveu Manzini (Diritto Penale, ed. de 1950, vol. III, pág. 473),
representando uma renúncia do Estado à pretensão punitiva ou ao efectivo poder de punir, é um instituto
de direito substantivo e não de direito processual. A este direito pertence somente a forma como se
processa e declara. O fundamento da prescrição criminal, segundo a orientação hoje dominante, está
essencialmente na não verificação dos fins das penas; na desnecessidade de repressão e de prevenção
geral e especial, relacionada com o esquecimento do facto criminoso. O decurso do tempo apagou a sede
de justiça, mais viva nos primeiros momentos de alarme social. Passado algum tempo, o crime entrou no
esquecimento; se o mau exemplo frutificou, uma pena tardia não o poderia já evitar. E, quanto à
prevenção especial, considera-se que, decorrido um longo lapso de tempo, o criminoso pode estar
regenerado ou ter encontrado uma situação em que a perigosidade se não faça sentir. Fazer, em tais
condições, recordar o crime já esquecido ou ignorado, mediante um processo judicial, será destruir aquela
situação favorável e até aumentar o perigo de novos crimes».
Note porém que Cavaleiro de Ferreira; Curso de Processo Penal, III, pág., 61, citado pelo mesmo, autor
atribui porém a este instituto natureza adjectiva. Cfr. M. Maia Gonçalves, Código Penal Anotado, 6.ª
Edição, Almedina - Coimbra, 1982, pág., 268 e segs.
17
também sobre a própria responsabilidade criminal, sobre a punibilidade do facto objecto
do procedimento. 14
Como já referimos, na esteira do Professor Manuel Cavaleiro Ferreira a extinção da
responsabilidade criminal é extinção da punibilidade ou extinção da pena. Entre
punibilidade e pena medeia a condenação. Por isso as causas que só extinguem as penas
e medidas de segurança, pondo termo à sua execução, sobrevêm após a condenação; as
anteriores à condenação extinguem a punibilidade e por isso também a procedibilidade
do processo penal.
14
Cfr. A. Grandão Ramos, ob. cit, pág. 308 e segs., que trata da prescrição como pressuposto processual
relativo ao objecto do processo a par da litispendência e do caso julgado diz este ilustre Professor que
«para que o tribunal possa conhecer de um feito penal, dar como provada a existência de um crime e
aplicar ao réu a pena correspondente, é necessário que a questão não tenha já sido ou não esteja a ser
objecto de outro processo, ou que o que o tribunal esteja em tempo de poder conhecer do caso que é
submetido à sua consideração, isto é, que o procedimento criminal ou penal não tenha prescrito».
18
CONCLUSÃO
19
BIBLIOGRAFIA
NUCCI. Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000.
NUCCI, Guilherme de Souza Nucci. Manual de Direto Penal – Parte Geral, (pág. 158 à
216) – São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais – 2008.
CAPEZ, Fernando Direito Penal Simplificado - Parte Geral, (pág. 01 a 155); São Paulo.
Ed. Saraiva – 2012.
LEGISLAÇÕES
Lei n.º 24/2019, Boletim da Republic, Código Penal, I-serie –nº 248.
20