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Quarta-feira, 25 de Junho de 1975 1 SERIE

— Ndamero 1

BULETIM DA REPUBLICA
PUBLICACAO OFICIAL DA REPUBLICA POPULAR DE MOCKMBLGUE
——_

SUMARIO —o estabelecimento e desenvolvimentadé>relacdeacctle


amizade e cooperacao com outros payoas e¢ Este
Aprova a Constituicdo da Republica Popular de Mocambique. dos:
~-O prosseguimento da luta contra o colonialismo e
Aprova a Lei da Nacionalidade. O imperialismo.

ARTIGO 5.°

CONSTITUICAO DA REPOBLICA POPULAR DE MOCAMBIQUE As Forgas Populares de Libertagio de Mocambique,


dirigidas pela FRELIMO, sendo um dos elementos essen-
TITULO I ciais do poder do Estado, tém uma responsabilidade funda-
mental na defesa e consolidacéo da independéncia e da
Principios gerais unidade nacional. Ao mesmo tempo elas sao uma forca
de producao e de mobilizacao politica das massas popu-
ARTIGO 1.° lares.
A accao e desenvolvimento das Forcas Populares de
A Republica Popular de Mocambique, fruto da resis- Libertagao de Mocambique funda-se na direcc&o politica
téncia secular e da luta heréica e vitoriosa do Povo da FRELIMO e na ligacao estreita com o povo.
Mocambicano, sob a direccéo da FRELIMO, contra a A participacao nas Forcas Populares de Libertacfio de
dominacao colonial portuguesa e o imperialismo, é um Es- Mogambique, com tao grande tradic&o de luta, de identi-
tado soberano, independente e democratico. ficagdo com a causa popular revolucionaria, e de heroismo,
constitul uma honra e um dever sagrado para todos os
ARTIGO 2.°
cidadaos de ambos os sexos da Republica Popular de
Mocambique.
A Reptblica Popular de Mocambique ¢ um Estado de As Forcas Populares de Libertagéo de Mocambique
democracia popular em que todas as camadas patridticas tém como seu Comandante-Chefe o Presidente da FRE-
se engajam na construcgao de uma nova sociedade, livre LIMO.
da exploragao do homem pelo homem. OQ Comandante-Chefe das Forcas Populares de Liber-
Na Republica Popular de Mocambique o poder pertence tagao de Mocambique nomeia e demite os responsaveis
aos operarios e camponeses unidos e dirigidos pela FRE- militares no escalao superior.
~LIMO, e é exercido pelos érgaos do poder popular.
ARTIGO 6.°
ARTIGO 3.°
A Republica Popular de Mocambique, tomando a agri-
cultura como base e a industria como factor dinamizador
A Republica Popular de Mocambique é orientada pela
linha politica definida pela FRELIMO, que é a forca e decisivo, dirige a sua politica econédmica no sentido da
dirigente do Estado e da Sociedade. A FRELIMO traca liquidacao do subdesenvolvimento e da criacao de condicdes
a orientacao politica basica do Estado e dirige e supervisa para a elevacao do nivel de vida do povo trabalhador. Na
a accao dos orgaos estatais a fim de assegurar a confor- prossecucao deste nective o Estado baseia-se principal-
midade da politica do Estado com og interesses do povo. mente na forca crtfdora do povo e nos recursos econdo-
micos do Pais, concedendo um apoio total 4 producdo
ARTIGO 4.°
agricola, promovendo o aproveitamento adequado das em-
presas de producdo e procedendo a explorac&o dos recursos
A Reptblica Popular de Mocambigque tem como objec-
naturais. No processo dé edificagio da base econdémica
tivos fundamentais: avancada da Republica Popular de Mocambique, o Estado
procedera 4 liquidacao do sistema de exploracio do homem
—a eliminacgao das estruturas de opressdo e explo- pelo homem.
racao coloniais e tradicionais e da mentalidade ARTIGO 7.°
que lhes esta subjacente;
—— a extensao e reforco do poder popular democratico; Na Republica Popular de Mocambique o trabalho é
—a edificacgao de uma economia independente e a dignificado e protegido, e é a forca motriz do desenvolvi-
promocao do progresso cultural e social; mento. O trabalho é um direito e um dever para todos
—a defesa e consolidagcdo da independéncia e da os cidadios de ambos os sexos, e constitui critério para
unidade nacional; a distribuicio da riqueza nacional.
I SERIE
— NUMERO I!
aie aaa Eh

ARTIGO 8.° bique a mulher é igual ao homem em direitos e deveres,


estendendo-se esta igualdade aos campos politico, econd-
A terra e os recursos naturais situados no solo e no mico, social e culiural.
subsolo, nas aguas territoriais e na plataforma continental
de Mocambique sao propriedade do Estado. O Estado ARTiIGO 18.°
determina as condicdes-do seu aproveitamento e do seu
uso. A juveniude desempenhou sempre um papel decisivo na
A Republica Popular de Mocambique reconhece a luta dv libertacao nacional e sobre ela recai uma responsa-
Carta dos Direitos e Deveres Econémicos dos Estados biulidad? fundamental na construgao da sociedade nova.
adoptada pela X XIX Sessio da Assembleia Geral da Orga- © Estado encorara e promove a iniciativa da juventude
nizacao das Nacoes Unidas. na reconstrucao e defesa do Pais.

ARTIGO 9.° ARTIGO 19.°

O Estado promove a planificacao da economia, com A kepublica Popular de Mocambique ¢ um Estado


vista a gatantir 0 aproveitamento correcto das riquezas do laico, nela existindo uma separacao absoluta entre o Estado
Pais e a sua utilizacdo em beneficio do povo mocambi- € aS ilstituicdes religiosas.
cano. Na Republica Pepular de Mocambique as actividades
ARTIGO 10.° das instituicdes religiosas devem conformar-se com as leis
do Estado.
Na Republica Popular de Mocambique o sector econo-
ARTIGO 20.°
mico do Estado é o elemento dirigente e impulsionador da
economia nacional. A Republica Popular de Mocambique luta contra a
A propriedade do Estado recebe protec¢fo especial, sendo exploi1acao do homen: pelo homem, contra o imperialism’
o seu desenvolvimento e expansdo responsabilidade de todos e oO culonialismo, pela unidade dos povos e Estados Afn
os 6rgdos do Estado, organizagoes sociais e cidadaos. canos, na base do respeito pela liberdade e dignidade
destcs povos e Estados e do seu direito ao progresso poli-
ArTIGo i1.° tico, econdmico e social. A Republica Popular de Mo-
cambigue prossegue uma politica de reforco das relacées
O Estado encoraja os camponeses e trabalhadores indi- de amizade e ajuda mtttua com os jovens Estados, empe-
viduais a organizarem-se em formas colectivas de producao, nhados no mesmo combate de consolidacéo da indepen-
cujo desenvolvimento apoia e orienta. déncia nacional e da democracia e de recuperacao do uso
e controlo dos recursos naturais a favor dos scus povos.
ArRTIGO 12.°
ARTIGO 2].°
O Estado reconhece e garante a propriedade pessoal.
A Republica Popular de Mocambique apoia e é solida-
ARTIGO 13.° ria com a luta dos povos pela sua libertacfo nacional.
A propriedade privada estéo ligadas obrigacgoes. A pro-
priedade privada nao pode ser usada em detrimento dos ARTIGO 22.°
interesses fixados na Constituicao.
A Republica Popular de Mocambique consolida e de-
O rendimento e a propriedade privada estao sujeitos a
senvolve a solidariedade com os paises socialistas, seus
impostos progressivos, fixados segundo critérios de justica
aliados naturais, solidariedade forjada na luta pela inde-
social.
pendéncia nacional.
ARTIGO 14.° A Republica Popular de Mocambique estabelece e de
senvolve relacdes de amizade e cooperacaéo com todas as
O capital estrangeiro podera ser autorizado a operar no forcas democraticas e progressistas do mundo.
quadro da politica econémica do Estado.
ARTIGO 23.°
ARTIGO 15.°
A Reptblica Popular de Mocambique estabelece rela-
A Reptblica Pepular de Mogambique realiza um com- coes de amizade e cooperacdo com todos os Estados na
bate ecnérgico contri o analfabetismo e obscurantismo, e base dos principios de respeito mutuo pela soberania e
promove o desenvolvimento da cultura e personalidade integridade territorial, igualdade, nao interferéncia nos
nacionais. O Estado age para promover internacional- assuntos internos e reciprocidade de beneficios.
mente o conhecimento da cultura mocambicana e para A Reptblica Popular de Mocambique aceita, observa
fazer beneficiar o Povo mocambicano das conquistas cul- e aplica os principios da Carta da Organizagao das Nacoes
turais revoluciondrias dos outros povos.
Unidas e da Organizacao da Unidade Africana.
ARTIGO 16.°
ARTIGO 24.°
A Reptblica Popular de Mogambique organiza um sis-
tema de satide que beneficia todo 0 povo mocambicano. A Reptblica Popular de Mocgambique defende o prin-
cipio do desarmamento geral e universal de todos os
ARTIGO 17.° Estados.
A Reptblica Popular de Mocambique defende o prin-
A emancipacio da mulher constitui uma das tarefas cipio da transformacio do Oceano Indico em zona des-
essenciais do Estado Na Republica Popular de Mocam- nuclearizada e de paz.
25 DE JUNHO DE 1975

A Reptblica Popular de Mocambique prossegue uma ARTIGO 33.°


politica de paz, so recorrendo 4 forga em caso de legitima
defesa. As liberdades individuais sio garantidas pelo Estado
ARTIGO 25.° a todos os cidadaos da Republica Popular de Mocambique.
Estas liberdades incluem a inviolabilidade de domicilio
A Republica Popular de Mocambique concede o direito e segredo de correspondéncia, e nao podem ser limitadas,
de asilo aos estrangeiros perseguidos em razdo da sua luta a nao ser nos casos especialmente previstos na lel.
pela paz, pela democracia e pela libertacZo nacional e Na Reptiblica Popular de Mocambique o Estado garante
social. aos cidaddos a liberdade de praticar ou de nao praticar
uma religiao.
TITULO VW ARTIGO 34.°
Direitos e deveres fundamentais dos cidadaos O Estado assegura proteccao especial aos orfaos e outros
ARTIGO 26.° dependentes de militantes da FRELIMO que morreram
no cumprimento de missdes, assim como aos mutilados
Todos os cidadaos da Republica Popular de Mocam- ou diminuidos na luta de libertacao.
bique gozam dos mesmos direitos e est&io sujeitos aos
mesmos deveres, independentemente da sua cor, raca, ArTIGO 35.°
sexo, origem ética, lugar de nascimento, religido, grau de Na Republica Popular de Mocambique ninguém pode
instrucao, posicao social ou profissio.
ser preso e submetido a julgamento senado nos termos da
Todos os actos visando prejudicar a harmonia social, lei. O Estado garante aos arguidos o direito de defesa.
criar divisGes ou situacdes de privilégio com base na cor,
raca, sexo, origem ética, lugar de nascimento, religiao, ARTIGO 36.°
“rau de instrucao, posicao social ou profissdo, sao punidos
pela lei. Todos os cidadaos da Republica Popular de Mocam-
ARTiGO 27.° bique tém o dever de respeitar a Constituicao e as leis.
O Estado proibe o abuso dos direitos e liberdades indi-
Na Republica Popular de Mocambique todos os cida- viduais, em prejuizo dos interesses do povo.
daos 1ém o direito e o dever de, ne quadro da Consti- O Estado pune severamente todos os actos de traigao,
tuicdo, participar no processo de criacgao e consolidacao subversao, sabotagem e, em geral, os actos praticados
da democracia, em todos os niveis da sociedade e do contra os objectivos da FRELIMO e contra a ordem
Estado. popular revolucionaria.
Na realizacao dos objectivos da Constituicao todos os
cidadaos gozam de liberdade de opiniado, de reuniao e de TITULO Ul
associacao. Orgaos do Estado
ARTIGO 28.°
CAPITULO I
Todos os cidadaos da Republica Popular de Mocam-
bique, maiores de 18 anos, tém o direito de votar e ser Assemblieia Popular
eleitos, com excepcao dos legalmente privados deste direito ARTIGO 37.°

ARTIGO 29.° A Assembleia Popular é 0 6rgao supremo do Estado


na Reptblica Popular de Mocambique.
Na Republica Popular de Mocambique as mulheres e A Assembleia Popular é o mais alto érgdo legislativo
» homens gozam dos mesmos direitos e estao sujeitos da Reptblica Popular de Mocambique.
aos mesmos deveres. Este principio orienta toda a acc&o Até ulterior definicio da composic&éo e dos critérios de
legislativa e¢ executiva do Estado. eleici) dos mentbros da Assembleia Popular, esta sera
O Estado protege o casamento, a familia, a maternidade constituida pelos seguintes membros:
e a infancta. lL° Os membros do Comité Central da FRELIMO;
ARTIGO 30.° 2.° Os membros do Comité Executivo da FRELIMO,;
3.0 Os Ministros e Vice-Ministros do Governo da Re-
A participacao activa na defesa do Pais e da Revolucdo publica Popular de Mocambique;
é o direito e o dever mais alto de cada cidadao e cidada 4.° Os governadores provinciais;
da Republica Popular de Mocambique. 5° Membros escolhidos pelo Comité Centra] da FRE-
LIMO de entre os quadros das Forgas Populares
ARTIGO 31.° de Libertacao de Mocambique;
4° Dois representantes por provincia das organiza-
Na Reptblica Popular de Mocambique o trabalho e a cdes democraticas de massas, indicados pelo
educacaéo constituem direttos e deveres de cada cidadao. Comité Central da FRELIMO;:
Combatendo a situacao de atraso criada pelo colonialismo, 7.° Membros escolhidos pelo Comité Central de eutre
o Estado promove as condicdes necessdrias para a exten- os quadros da FRELIMO;
sao do gozo destes direitos a todos os cidadaos. 8.° Um maximo de dez cidadios idéneos escolhidos
pelo Comité Central da FRELIMO.
ARTIGO 32.°
ARTIGO 38.°
Todos os cidadaos tém direito 4 assisténcia em caso de
incapacidade e na velhice. O Estado promove a criacao A Assembleia Popular tem um maximo de duzentos e
de organismos gue garantam o exercicio deste direito. dez membros.
I SERIE
— NUMERO 1!

A Assembleia Popular sé pode deliberar achando-se pre- ARTIGO 45.°


sente a maioria dos seus membros.
As deliberagoes da Assembleia Popular sao tomadas por Compete 4 Comissio Permanente da Assembleia Popular
maioria absoluta de votos dos membros presentes. assumir as funcdes da Assembleia Popular no intervalo
entre as sessGes deste 6rgao, submetendo os seus actos
ARTIGO 39.° legislativos a ratificacAo na reuniao seguinte da Assembleia
Popular.
Uima le1 eleitoral fixara oportunamente as condicdGes,
A Comissio Permanente da Assembleia Popular é res-
modo e data das eleicdes gerais.
ponsavel perante a Assembleia Popular.
As primeiras eleicdes gerais terao lugar até um ano
depois da realizagéo do 3.° Congresso da FRELIMO
ARTIGO 46.°
ArTIGo 40.°
A Comissao Permanente da Assembleia Popular é presi-
Sao aS seguintes as funcdes da Assembleia Popular da dida pelo Presidente da Republica.
Republica Popular de Mocambique:
a) Legislar sobre questdes basicas relativas a politica CAPITULO III
interna e externa;
6) Aprovar o relatério de execucaio do orcamento do Presidente da Republica
ano findo, 0 orcamento geral do Estado e os
planos econémicos nacionais: ARTIGO 47.°
c) Definir as bases da politica dos impostos;:
d) Ratificar e denunciar acordos e tratados interna- O Presidente da Reptiblica Popular de Mocambique é
cionais; o Presidente da FRELIMO.
e) Aprovar o relatério das actividades do Governo; O Presidente da Republica Popular de Mocambique ¢€
f) Ratificar os actos legislativos da Comissio Perma- ao Chefe do Estado. Simboliza a unidade nacional e repre-
nente da Assembleia Popular, senta a Nacdo no plano interno e internacional.
g) Conceder amnistias;
h) Sancionar a suspensdo das garantias constitucionais
ARTIGO 48.°
quando declarado o estado de sitio ou de emer-
oéncia; Ae Presidente da Republica Popular de Mocgambique
i) Autorizar o Presidente da Reptblica Popular de compete:
Mogambique a deslocar-se ao estrangeiro.
a) Fazer respeitar a Constituigfo e assegurar o fun-
ARTIGO 41.° cionamento correcto dos Orgaos estatais;
b) Criar ministérios e definir as suas competéncias;
A iniciativa das leis pertence:
c) Dirigir as actividades do Conselho de Ministros e
1} Ao Comité Central da FRELIMO;: presidir as suas sessoes;
2) Ao Comité Executivo da FRELIMO; d) Nomear e demitir os membros do Conselho de
3) Ao Presidente da Repiblica; Ministros;
4) A Comissao Permanente da Assembleia Popular: e) Nomear e demitir o Presidente e Vice-Presidente
5) Aos érgaos da Assembleia Popular: do Tribunal Popular Supremo e o Procurador-
6) Ao Conselho de Ministros. -Geral da Republica:
fy Nomear e demitir os governadores provinciais;
ARTIGO 42.°
g) Nomear e demitir o governador e vice-governado
A Assembleia Popular é€ convocada e presidida pelo do Banco de Mocambique;
Presidente da Republica. h) Nomear e demitir o comandante-geral ¢ o vice-
A Assembleia Popular retine-se ordinariamente duas ve- -comandante do Corpo da Policia de Seguran¢ga
zeS por ano, e extraordinariamente quando a reuniao for de Mocambique;
requerida pelo Comité Central da FRELIMO, pelo Presi- i) Nomear e demitir o reitor da Universidade;
dente da Republica, pela Comissio Permanente da Assem- j) Promulgar e fazer publicar as leis e os decretos-leis;
bleia Popular ou por um terco pelo menos dos membros k) Declarar o estado de guerra e celebrar tratados de
da Assembleia Popular. paz sob decisio do Comité Central da FRE-
ARTIGO 43.° LIMO:
!) Proclamar a mobilizagao geral ou parcial;
Nenhum membro da Assembleia Popular pode ser preso, m) Acreditar os representantes diplomaticos de outros
salvo em caso de flagrante delito, ou submetido a julga- paises;
mento, sem consentimento deste 6rgao ou da sua Comissao n) Nomear e demitir os representantes diplomaticos da
Permanente.
Republica Popular de Mocambique noutros pai-
CAPITULO II
ses;
Comissao Permanente da Assembleia Popular go) Indultar e comutar penas;
p) Declarar o estado de sitio ou de emergéncia.
ARTIGO 44.°

A Comissio Permanente da Assembleia Popular é com- ARTIGO 49.°


posta por quinze membros, eleitos pela Assembleia Popular
de entre os seus membros, sob proposta do Comité Central O Presidente da Republica pode anular as deliberagoes
da FRELIMO. das assembleias provinciais.
2) DE JUNHO DE 1975

ARTIGO 50.° ARTIGO 56.°

No momento da investidura o Presidente da Republica Os principios orientadores da administracao regional sao


presta o seguinte juramento: a unidade, o centralismo e a iniciativa local.

Juro pela minha honra de militante da FRELIMO ARTIGO 57.°


dedicar todas as minhas energias 4 defesa, promocio
e consolidacao das conquistas da Revolucao, ao bem- O mais alto érgio do Estado na provincia é o Governo
-estar do Povo mocambicano, fazer respeitar a Consti- Provincial, presidido pelo governador. O governador € o
tui¢ao e fazer justica a todos os cidaddos. representante do Presidente da Repdtblica e responde pe-
rante a FRELIMO e o Governo pelas suas actividades.
ARTIGO 51.°
ARTIGO 58.°
O Presidente da Reptblica decide sobre quem o repre-
sentara em caso de impedimento ou auséncia, ou na reali- Em cada provincia havera uma Assembleia Provincial.
zacao de certas tarefas especificas. A Assembleia Provincial legislara em matérias de ex-
clusivo interesse provincial e participara nas decisOes que
ARTIGO 52.° digam respeito & provincia.

Em caso de morte, rentincia ou incapacidade permanente ARTIGO 59.°


do Presidente da Republica, as suas funcOes serao imediata-
mente assumidas pelo Comité O Governo Provincial é constituido pelo governador da
Central da FRELIMO, que
devera designar, no mais curto provincia e pelos chefes provinciais dos diversos sectores
prazo possivel, o novo Pre-
idente da Republica. da Administracao, ou por quem for designado para repre-
sentar tais sectores.
CAPITULO IV ARTIGO 60.°
Conselho de Ministros O Presidente da Reptblica pode anular as decisdes dos
governadores ou dos Governos Provinciais e das Assem-
ARTIGO 53.° bleias Provinciais.
ARTIGO 61.°
OQ Conselho de Ministros é¢ composto pelos Ministros e
Vice-Ministros da Reptblica Popular de Mocambique. A competéncia, organizacio, composicao e estrutura dos
O Conselho de Ministros é presidido pelo Presidente da corpos administrativos e demais 6rgaos de administracao
Republica. local serao fixados por Ie1.
ARTIGO 54.°
CAPITULO VI
O Conselho de Ministros é responsavel perante a Assem-
bleia Popular pela realizacio da politica interna e externa Organizacao judiciaria
do Estado.
ARTIGO 62.°
Na sua actuacao o Conselho de Ministros deve observar
as resolucodes do Congresso, do Comité Central e do Co- Na Republica Popular de Mogambique a fungao judi-
mité Executivo da FRELIMO, as leis da Assembleta Po- cial sera exercida pelos tribunais, através do Tribunal Po-
pular e da sua Comissao Permanente, e as decisdes do pular Supremo e dos demais tribunais determinados na
Presidente da Republica. lei sobre organizacao judicidria. A sua composi¢ao e com-
E da competéncia especifica do Conselho de Ministros: peténcia serio fixadas por lei.
a) Preparar o plano geral do Estado e o orcamento
geral do Estado e executd-lo, depois de apro- ARTIGO 63.°
vados pelo Comité Central da FRELIMO e pela
Assembleia Popular; OQ Tribunal Popular Supremo promovera a aplicacao
b) Preparar proyectos de lei e decisdes para serem uniforme da lei por todos os tribunais ao servico dos inte-
submetidos & Assembleia Popular, a4 Comissao resses do povo de Mocambique, e assegurara o cumpri-
Permanente da Assembleia Popular ou ao Pre- mento da Constituicdo, das leis e de todas as normas legais
sidente da Republica; da Republica Popular de Mocambique.
c) Elaborar decretos-leis por delegacao e no 4mbito da
competéncia atribuida pela Assembleia Popular ArRTIGO 64.°
e decretos; O Presidente do Tribunal Popular Supremo é nomeado
d) Dirigir e coordenar a actividade dos Ministérios e pelo Presidente da Republica.
dos outros érgaos estatais dependentes do Con-
selho de Miunistros;
ARTIGO 65.°
e) Garantir os direitos e liberdades dos cidadaos.
No exercicio das suas funcdes os juizes sao indepen-
CAPITULO V dentes.
Organizacao administrativa e Oorgaos locais do Estado ARTIGO 66.°

ARTIGO 55.° Junto dos tribunais existirio magistrados do Munistério


Publico 1 quem caber4 a representacgao do Estado.
A Reptblica Popular de Mocambique esta administrati- O Procurador-Geral da Republica sera responsavel pe-
vamente ofganizada em provincias, distritos e localidades. rante a Assembleia Popular.
I SERIE
— NUMERO 1

TITULO IV ARTIGO 72.°

Simbolos da Republica Popular de Mocambique Até entrar em funcionamento a Assembleia Popular,


a sua competéncia legislativa sera exercida pelo Conselho
ARTIGO 67.° de Ministros.
Os simbolos da Republica Popular de Mocambique sao ARTIGO 73.°
a bandeira, o emblema e o hino.
A Constituicao da Reptblica Popular de Mocambique
entra em vigor as zero horas do dia 25 de Junho de 1975.
ARTIGO 68.°
Aprovada por aclamacaéo pelo Comité Central da
A Bandeira Nacional tem cinco cores, quatro das quais
Frente de Libertagao de Mocambique aos 20 de
separadas por faixas brancas e dispostas diagonalmente,
Junho de 19735.
partindo do canto superior esquerdo. As cores, por ordem,
de cima para baixo, representam: Publique-se.
Verd— eas riquezas do solo de Mocambique; SAMORA MOISES MACHEL
Vermelho—a resisténcia secular ao colonialismo, a
Presidente da FRELIMO
luta armada de libertacfo nacional e a revolucdo;
Preto —o Continente Africano:
Amarelo — as riquezas do subsolo.

A cor branca exprime a justeza da luta do povo mocam- LEI DA NACIONALIDADE


bicano e a paz que essa luta visa estabelecer.
No quadrante superior esquerdo esta colocado um em- Da nacionalidade originaria
blema, constituido por uma roda dentada (simbolo da
classe operaria e da producao industrial) que circunda ARTIGO 1.°
um livro (simbolo da educacao), ao qual se sobrepoem
uma arma e uma enxada cruzadas, simbolizando a defesa 1. Sao mogambicanos, desde que hajam nascido em Mo-
e vigilancia e a classe camponesa e a producao agricola. cambique:
A direita, no interior da roda, figura uma estrela ver- a) Os filhos de pai ou mae nascidos em Mocambique;
melha, simbolizando o espirito internacionalista do Povo b) Os filhos de pais apatridas, de nacionalidade des-
mocambicano. conhecida ou incdgnitos;
ARTIGO 69.° c) Os que tiverem domicilio em Mocambique a data
da independéncia;
O emblema da Republica Popular de Mocambique con- d) Os que vierem estabelecer domicilio no Pais até
tém como elementos centrais um livro, uma arma e uma noventa dias apds a independéncia. O Presidente
enxada, dispostos em cima do mapa de Mocambique, e da Republica poder4, em casos devidamente jus-
representando, respectivamente: educaca&o, defesa e vigi- tificados, conceder a nacionalidade originaria
lancia, a classe camponesa e a producdo agricola. mesmo depois de decorrido este prazo.
Por baixo do mapa esta representado o oceano.
Ao centro, o sol nascente, simbolo da revolucao e da 2. Os individuos refertdos na alinea c) do numero ante-
nova vida em construcao. rior, quando filhos de pai e mae estrangeiros, nao terao a
A delimitar este conjunto est4é uma roda dentada, sim- nacionalidade mocambicana se declararem, por si, sendo
bolizando a classe operdria e a industria, facto dinami- maiores de 18 anos, ou pelos seus legais representante’
zador da nossa economia. sendo menores daquela idade, que nao querem ser mocam
A circundar a roda dentada encontram-se 4 direita ¢ a bicanos.
esquerda respectivamente uma planta de milho e espiga 3, O prazo para a declarac&o referida no numero anterior
e uma cana de actcar simbolizando a riqueza agricola. é de noventa dias e conta-se a partir da data da procla-
No cimo, ao centro, uma estrela vermelha simboliza o macéo da independéncia.
espirito internacionalista da Revolucao Mogambicana.
Na parte inferior, uma faixa vermelha com a inscricao ARTIGO 2.°
«Reptblica Popular de Mocambique».
1. Sao mocambicanos os individuos que nasc¢am em
Mocambique apés a proclamacgao da independéncia.
TITULO V 2. Exceptuam-se os filhos de pai e mae estrangeiros,
quando qualquer deles se encontre em Mocgambique ao
Disposicoes finais e transitorias
servico do Estado a que pertence.
ARTIGO 70.° 3. Os individuos referidos no n.° 1 do presente artigo,
quando filhos de pai e mae estrangeiros, somente terao
Até 4 criacéo da Assembleia com poderes constituintes, a nacionalidade mocambicana se declararem por si, sendo
a modificacdo da Constituicao compete ao Comité Central maiores de 18 anos, ou pelos seus legais representantes,
da FRELIMO. sendo menores daquela idade, que querem ser mocambi-
ArTIGO 71.° canos.
4. O prazo para a declaracdo referida no ndmero anterior
Toda a legislacao anterior no que for contrario a Cons- é de noventa dias e conta-se a partir da data do nascimento
tituicio fica automaticamente revogada. A legislagao ante- ou daquela em que o interessado completar 18 anos,
rior no que nao for contrario a Constituigao mantém-se conforme a declaracio seja feita, respectivamente, pelo
em vigor até que seja modificada ou revogada. legal representante ou pelo proprio.
25 DE JUNHO DE 1975 7

ARTIGO 3.° querer adquirir a nacionalidade mocambicana, estabeleca


Sao mogambicanos os individuos que, tendo participado domicilio em Mocambique e ofereca as garantias referidas
na alinea c) do artigo 11.°
na luta de libertacao nacional integrados nas estruturas da
FRELIMO, e nao estando abrangidos por outras dispo-
sigdes da presente lei, declarem querer ser mocambicanos ARTIGO 11.°
e renunciem expressamente a outra nacionalidade.
OQ Governo podera conceder a nacionalidade mocam-
bicana, por naturalizacio, aos estrangeiros que a data da
ARTIGO 4.°
apresentagao do pedido reinam cumulativamente as se-
‘a0 mocgambicanos os individuos que, preenchendo os guintes condicdes:
pressupostos de aquisicao da nacionalidade originaria mo- a) Residirem habitual e regularmente ha pelo menos
cambicana, nao a tenham adquirido por virtude de opcao cinco anos em Mocambique;
dos seus representantes legais desde que, sendo maiores 6) Serem maiores;
de 18 anos e até um ano depois de atingirem a maioridade, c) Oferecerem garantias politicas e morais de inte-
declarem, por si, que pretendem ser mocambicanos. gracao na sociedade mocambicana.
ARTIGO 5.°
ARTIGO 12.°
Sao mocambicanos os individuos que, nao estando abran-
gidos pelos artigos anteriores, estejam domiciliados em A naturalizacgao sera concedida por portaria do Ministério
Mocambique @ data da independéncia e que contem pelo do Interior, a requerimento do interessado, e depois de
menos vinte anos de domicilio em Mocambique, desde que organizado o processo em termos que serao regulamen-
declarem, no prazo de noventa dias apés a independéncia, tados.
~que desejam ser mocambicanos. ARTIGO 13.°

ARTIGO 6.°
Através do acto da naturalizacao a nacionalidade mocam-
bicana pode ser concedida aos filhos menores solteiros do
Sao mocambicanos os individuos ccm menos de 40 anos estrangeiro naturalizado. Os filhos menores que, a data
de idade que, nao estando abrangidos pelo disposto da naturalizacao, tivessem menos de 18 anos podem fe-
nos artigos anteriores, esteyjam domiciliados em Mocambt- nunciar @ nacionalidade mocambicana a partir dos 18 anos
que a data da independéncia por um periodo de tempo e até um ano depois de atingirem a maioridade.
superior a metade da sua idade, desde que declarem, no
prazo de noventa dias apdés a independéncia, por si, sendo Da perda da nacionalidade
maiores de 18 anos, ou pelos seus representantes legais,
sendo menores daquela idade, que desejam ser mocambi- ARTIGO 14.°
canos.
ARTIGO 7.° 1. Perde a nacionalidade mocambicana:

Nao podem adquirir a nacionalidade mocambicana nos a) O que voluntariamente adquire uma nacionalidade
termos dos artigos 5.° e 6.° os individuos que tenham estrangeira;
sido membros .dirigentes de organizacoes politicas colonial-
b) O que sem licenca do Governo aceite prestar quais-
-fascistas, hajam sido funcionarios ou informadores de poli- quer funcdes a um Estado estrangeiro;
c) Os que sendo também nacionais de outro Estado
cias politicas estrangeiras, e os condenados por sentenca
declarem, no prazo de noventa dias contados a
judicial pela pratica de crimes contra 0 povo mocambicano
partir da data da proclamacao da independéncia
ou contra a descolonizacao.
de Mocambique ou da data da aquisicao ulterior
de outra nacionalidade, que nao guerem ser
ARTIGO 8.°
mocambicanos, ou se comportem de facto, sendo
1. Sdo mocambicanos, ainda que tendo nascido em terri- maiores ou emancipados, como estrangeiros;
torio estrangeiro, os filhos de pai mogambicano. d) Aquele a quem, sendo incapaz, tenha sido atribuida
2. Sao mocambicanos, ainda que tendo nascido em terri- a nacionalidade mocambicana por efeito de decla-
t6rio estrangeiro, os filhos de pai ou mae mocambicanos racao do seu representante legal, se declarar,
que tenham participado na luta de libertagao nacional, sendo maior de 18 anos e até um ano depots
integrados nas estruturas da FRELIMO. de atingir a maioridade, que nao quer ser mocam-
bicano, e se provar que tem outra nacionalidade;
ARTIGO 9.° e) A mulher mocambicana que apés a independéncia
contrair casamento com um estrangeiro.
O Presidente da Republica podera conceder, sob pro-
posta do Comité Politico-Militar da FRELIMO, a nacio- 2. Os mocambicanos que a data da proclamacgao da
nalidade originaria a individuos que, nio estando incluidos independéncia de Mocambique se encontrem na situacao
em nenhuma das disposigses anteriores, tenham prestado referida na alinea 5) do nimero anterior deverao legalizar
relevantes servicos 4 causa da Revolucaéo mogambicana, a sua situacéo no prazo de noventa dias.
desde que renunciem expressamente a outra nacionalidade.
ARTIGO i5.°
Da aquisicao da nacionalidade
Por deliberacio do Conselho de Ministros pode o Go-
ArtTico 10.°
verno decretar a perda da nacionalidade mogambicana por
Adquire a nacionalidade mocgambicana a mulher estran- indignidade nacional aos individuos que tenham exercido
geira que tenha contraido casamento com um mog¢ambi- ou exercam actividades contrarias aos interesses do povo
cano, desde que renuncie 4 nacionalidade anterior, declare mocambicano.
I SERIE
— NUMERO I!
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Disposicoes diversas ARTIGO 18.°

ARTIGO 16.° O registo e a prova de nacionalidade serao objecto de


diploma regulamentar.
Lei especial definira as condicdes do exercicio de funcdes
publicas ou de funcdes privadas de interesse ptiblico por ARTIGO 19.°
estrangeiros, por cidadaos mocambicanos nao originarios,
Ou por mocambicanos ou mocambicanas que tiverem con- Este diploma entra em vigor 4s zero horas do dia 25 de
traido ou contrairem casamento com estrangeiras ou estran- Junho de 1975.
sciros e seus descendentes em 1.° grau.
Aprovada pelo Comité Central da Frente de Liber-
tacao de Mocambique aos 20 de Junho de 1975.
ARTIGO 17.°

Nao sera reconhecida nem produzira efeitos na ordem Publique-se.


juridica interna qualquer outra nacionalidade aos indivi-
duos que, nos termos do ordenamento juridico em vigor SAMORA MoIsiEs MACHEL
em Mocambique, sejam mocambicanos. Presidente da FRELIMO

Preco — 8$00

IMPRENSA NACIONAL DE MOCAMBIQUE

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