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Quarta-teira, 22 de Dezembro de 2004

I SÉRIE - Número 51

,
BOLETIM DA REPUBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE

AVISO

A matéria a publicar no cc Boletim da Repúbllca'1 TíTULO I


deve ser remetida em cópia devidamente autenticada,
uma por cada assunto, donde conste, além das indi. Princípios fundamentais
cações necessárias para esse efeito, o averbamento CAP{TULOI
seguinte, assinado e autenticado: Para publicação no
ccBoletlm da República .•• República
•••••••••••••••••••••••••••••••• ARTIGO l
(R.públia de MoçambkJue)

SUMÁRIO A República de Moçambique é um Estado independente,


soberano, democrático e de justiça social.
Assembleia da Republica: ARTIGO 2
(Soberania • legalidade)
Aprova a Consliluiç!o da República de Moçambique.
1. A soberania reside no povo.
•••••••••••••••••••••••••••••••• 2. O povo moçambicano exerce a soberania segundo as
formes fixadas na Constituição .
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 3. O Estado subordine-se à Constituição e funda-se na
legalidade.

PREÂMBULO 4. As normas constitucionais prevalecem sobre todas as


restantes normas do ordenamento jurídico.
A LUla Armada de Libertação Nacional, respondendo aos ARTIGO 3
anseios seculares do nosso Povo. aglutinou Iodas as camadas
(Estado de Dfrelto Democrático)
patrióticas da sociedade moçambicana num mesmo ideal
de liberdade, unidade, justiça e progresso, cujo escopo era A República de Moçambique é um Estado de Direito,
libertar a terra e O Homem. baseado no pluralismo de expressão, na organização pofúice
democrática, no respeito e garantia dos direitos e liberdades
Conquistada a Independência Nacional em 25 de Junho fundamentais do Homem.
de 1975, devolverem-se ao povo moçambicano os direitos ARTIGO 4
e as liberdades fundamentais.
(Pluralismo Juridloo)
A Constituição de 1990· introduziu o Estado de Direito O Estado reconhece os vários sistemas normativos e de
Democrático, alicerçado na separação e interdependência resolução de conflitos que coexistem na sociedade moçam-
dos poderes e no pluralismo, lançando os parâmetros estru- bicana, na medida em que não contrariem os valores e os
princípios fundamentais da Constituição.
turais da modernização, contribuindo de forma decisiva para
a instauração de um clima demccréuco que levou o país à ARTIGO 5
realização das primeiras eleições multipartidárias. (NaclolUllldade)

A presente Constituição reafirma. desenvolve e aprofunda 1. A nacionalidade moçambicana pode ser originária ou
ndquirida.
os princípios fundamentais do Estadu moçambicano, consagra
o carácter soberano do Estado de Direilo Democrático, 2. Os requisitos de atribuição, aquisiçao, perda e reaqut.
baseado no pluralismo de expressão. organizaç3o partidária sição da nacionalidade são determinados pela Constituição c
regulados por Iei.
e no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos. ARTIGO 6
(TerrItório)
A ampla participação dos cidadãos na fei~ra da Lei
L O território da República de Moçambique é uno, indi-
Fundamental traduz o consenso resultante da sabedoria de visível e inaljenãvel, abrangendo toda a superfície terrestre,
todos no reforço da democracia e da unidade nacional. a zona marítima e o espaço aéreo delimitados pelas Iron-
teirus nacionais.

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ISéRIE-NÚMEROSI
2. A extensão, o limite e o regime dus águas terntortaís,
a zona económica exclusiva. a zona contígua e os direitos 3. As confissões religiosas são livres na sua organização
aos fundos marinhos de Moçambique são fixados por lei. e no exercício das suas funções: e de curto e devem coo-
form~ r-se com as leis do Estado.
ARnoo?
4. O Estado reconhece e Valoriza as actividades 'das
(Or;anltaçao wrrUOrla,) confissões religiosas vlsàndc promover um clima de enten-
1. A República de Moçambique organiza-se territorial. dímerno, tolerância, paz e o reforço da unidade nacional. o
mente em provfnclas, disll'ito$, -pcstoa administrativos, loca. bem-estar espiritual e material dos cidadãos e o desenvol-
lidadea e povoações. vimento económico e social.
2,. As ZOnAl! urbanas estruturam.se em cidades e vilas. ARTIGO J3
3. A definição das características dos escalões territoriais, (SimbalQ9 naCional.)
assim como a criação de' novos escalões e o estabelecimento
de competêncill$ no âmbilo da organizaçRo polftíco-admí- Os sünboloa da República de Moçambique são a bandeira.
nistrativa é fixada por lei, o emblema e o hino nacionais.

Aanoo8 AR:rIGO 14

(E.tado unitário) (~"l.tênçl. t8CUI.r)

A República de MOÇambique é um Estude)' unitário. que A Reptíblica de Moçambique válortza a. luta heróica e a
respeita na. sua organização os princípios da autonomia das resistência secular do povo moçambicano contra a dominaçilo
estrangeira.
autarquias locais.
AI\TKlO 15
Aanco 9
(Ungu •• nacional.) (UlMrtaÇ'1onacional, ctttel.~•• ober.nf. e da democracla)
O Estado va[oriu as Iíngulli nacíonals como património L A Republica de Moçambique reconhece e valoriza os
cultural e educapional e promove o seu desenvolvimento e Sftcriffcios daqueles que consagraram as suas vida8 à luta de
utilização crescente como J{nguas veiculares da nossa libertação nacional. à defesa da soberania e da democracia.
identidade.
2. O Estado assegura protecção especial aos que ficaram
ARTIGO 10 deficientes na luta de libertação nacional. assim COQ1Oaos
õrfêos e outros dependentes daqueles que morreram nesta
(Lfngua oflolal) causa.
Na Repnbtlce de Moçambique a lrngua portuguesa é II 3. A lei determina os termos de efectivação dos direitos
língua oficial. fixados no presente anigo.
ARTIGO II
ARTIGO 16
(ObJectlvos fundamentais)
(Penolen1H de 'lu.,,..)
o Estado moçambicano tem corno objectivos
mentais: funda- 1. O Estado eseegura protecção especial aos que ticaram
deficientes durante o conflito armado. que terminou COm
a) a defesa .da independência e da soberania;
assinatura do Acorde Geral de Paz em 1992, bem como. aos
b) a consolidação da unidade nacional; 6rfilos e outros dependentes dfrecros.
c) 11 edificação de uma sociedade de justiça social e a 2. O Estado protege igualmente 0& que ficaram deficientes
criação do bem-est6r material, espiritual e de em cumprimento. de serviço pübflco ou em acto humanitário.
qualidade de vida dos cidadãos;
3. A lei determina oe termos de efectivação dos direitos
d) li. promoção do desenvolvimento equilibrado, econõ- fixados no presente artigo.
mico, social e regioníll do paIs;
e) 11. defesa ti a promoção dos direitos humanos e da CAPiTULO II
igualdade dos cidadaos perante a lei; Politica externa e direito Internacional
fJ o reforço da democracia, da liberdade, da estabilidade
social e da harmonia social e individual; ARTIGO 17
g) a promoç40 de uma socíedede de pluralismo, tale- (R.'at96h lnternacfcmala)
J'incia e cultura de paz;
L A Repl1blica de Moçambique earebelece relações de
h) o desen,"olvimento dtt economia e o progresso da amizade e Cooperação COITl outros Estados na. base dos
ciência e da técnica; princIpios de respeito mútuo peja soberania ~ integridade
i) a afirmação da identlouJ", 'lIuçambicanl1, das suas territorial. igutlldade. nito interferênoilt nos assuntos lnternos
tradições e demuí:-. \;lluleS sócio.culturllis; e reciprocidade de benefícios.
J) o estabelecimento e desel'lvolvimento de relaçôell 2. A Repúbliça de Moç/tmbique aceita. observa e aplica
de 'amizade e oooperaçilo com outros povos e os princIpias da Carta da Organizaçilo das NaÇPes Unidas e
Estados. da Carta da União Africana.
Aartoo 12 Aerroo 18
(!ltadO 1"-:0) (Direito Intemllclonal)
1. A Repúblioa de Moçambique é um BstndQ laico.
J. 08 tratados e acordos internacionais, validamente apro--
2. A Iqicidade assenta na llepara9io entre o Estado e as vados e ratificados, vigoram na ordem jurldlca moçambicana
confissões religiosll3.
após a sua publicação oficial c enqUAnto vincularem Inter-
nacionalmente o Estado de Mo~mbi'lue.
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2. As normas de direito internacional têm na ordem jurí-
dica interna O mesmo valor que assumem os actos normativos c) os que tinham domicilio em Moçambique à data da
ínfraconstituclonaís emanados da Assembleia da República independência e não lenham optado, expressa ou
e do Governo, consoante a sua respectiva forma de recepção. tacitamente, por outra nacionalidade.
2. São moçambicanos, ainda que nascidos em território
ARTIGO 19 estrangeiro, os filhos de pai ou mãe moçambicanos ao
(Solidariedade Internacional) serviço do Estado fora do país.

1. A República de Moçambique solidariza-se com a luta 3. São moçambicanos os filhos de pai ou mãe de nacio-
dos povos e. Estados africanos, peja unidade, liberdade, nalidade moçambicana ainda que nascidos -em território
dignidade e direito ao progresso económico e social. estrangeiro, desde que expressamente, sendo maiores de
dezoito anos de idade, ou pelos seus representantes legais,
2. A República de Moçambique busca o reforço das se forem menores daquela idade, declararem que pretendem
relações com países empenhados na consolidação da inde- ser moçambicanos.
pendência nacional, da democracia e na recuperação do uso
e controlo das riquezas naturais a favor dos respectivos ARTIGO 24
povos. (Principio da territorialidade)
3. A República de Moçambique associa-se a todos os 1. São moçambicanos os cidadãos nascidos em Moçam.,
Estados na luta pela instauração de uma ordem económica bique após a proclemeção da independência.
justa e equitativa nas relações internacionais.
2. Exceptuam-se os filhos de pai e mãe estrangeiros
ARTIGO 20 quando qualquer deles se encontre em Moçembíquc ao
serviço do Estado a que pertence.
(Apolo à liberdade dos povos e aailo)
3. Os cidadãos referidos no número anterior somente têm
1. A República de Moçambique apoia e é solidária com a nacionálidllde moçambícane se declararem por si, sendo
a luta dos povos pela libertação nacional e pela democracia. maiores de dezoito anos de idade, oú pelos seus represen-
2. A República de Moçambique concede asilo aos estran- tantes legais, sendo menores daquela idade, que querem ser
geiros perseguidos em razão da sua luta pela libertação moçambicanos.
nacional, pela democracia, pela paz e pela defesa dos 4. O prazo para II declaração referida no número anterior
direitos humanos. é de um ano, a contar da data do nascimento ou daquela
3. A lei define o estatuto do refugiado político. em que o interessado completar dezoito anos de idade, con-
forme /I declaração seja feita, respectivamente, pelo repre-
ARTloo21 sentante legal ou pelo prõprío.
(LaçO$ esptlelaJs de amizade e 000pera9l0)
ARTIGO 25
A República de Moçambique mantém laços especiais de (Por maioridade)
amizade e cooperação com os países da região, com os
países de língua oficial portuguesa e Com os países de São moçambicanos os indivíduos que preenchendo os
acolhimento de emigrantes moçambicanos. pressupostos da nacionalidade originária, não a tenham adqui-
rido por virtude de opção dos seus representantes legais,
ARTIGO 2.2 desde que, sendo maiores de dezoito anos de idade e até
(Politica de paz) um ano depois de atingirem a maioridade, declarem, por si,
que pretendem ser moçambicanos.
L A República de Moçambique prossegue uma política
de paz, s6 recorrendo à força em caso de legítima defesa. CAPíTULO II
2. A República de Moçambique defende a primazia da Naelonalidade adquIrida
solução negociada dos conflitos.
3. A República de Moçambique defende o princípio do ARTIGO26
desannamentu geral e universal de todos os Estados. (Por ea •.•mento)
4. A República de Moçambique preconiza a transformação L Adquire II nacionalidade moçambicana o estrangeiro ou
do Oceano índico em zona desnuclearizada e de paz. a estrangeira que tenha contraído casamento com moçam-
bicana ou moçambicano há pelo menos cinco anos, salvo nos
TITULO II casos de apátrida, desde que, cumulalivamente:
Nacionalidade a) declare querer adquirir a nacionalidade moçam-
bicana;
CAPíTULO I
b) preencha os requisitos e ofereça as garantias fixadas
Nacionalidade originária por lei.

ARTIGO 23 2. A declaração de nulidade ou a dissolução do casamento


não prejudica II nacionalidade adquirida pelo cônjuge.
(Principio da territorialidade e da consangUinidade)
ARf1Go27
1. São moçambicanos. desde que hajam nascido em
Moçambique: (Por naturallzaçio)

a) os filhos de pai ou mãe que tenham nascido em 1. Pode ser concedida a nacionalidade moçam6icana por
Moçambique; naturalização aos estrangeiros que, à data da apresentação
do pedido, reúnam cumulativamente as seguintes condições:
b) os filhos de pais apátridas, de nacionalidade des-
conheçida ou incógnita; a) residam habitual e regularmente há pelo menos dez
anos em Moçambique:

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I SIÍRIE-NÚMERO 51
b) sejam maiores de dezoito anos;
CAPfTULO IV
c) conheçam o português ou uma Ungu.ll moçembicene:
Prevalancla da nacionalidade e registo
âJ possuam capacidade para reger a sua pessoa e asse-
gurar 11 li 1.lQ. subsistência; ARTIGO 33
e) lenham Idoneidade cl'vlca; (~16n91.l;I. n8OIonllll:l.d.
mG91'mbicana)

fJ preencham os requisitos e ofereçam as garantias Não é reconhecida nem produz efeitos na ordem Jurfdica
fixadas por lei. interna qualquer outra nacíonalídade aos indiv{duos que. nos
termos do ordenamento Jurfclic;o da República de Moçam-
2. Os requisitos constantes das alrnees j'f) e c) são dís-
bique, sejam moçambicanos,
pensados Aos estrangeiros que tenham prestado relevantes
serviços eo Estado moçarhbicano, nos termos fixados na lei. ARTIOQ 34

ARTlGO 28
(""ll' ••••)

(Por fUlaçlo). O registo e prova da aquisiçilo, da perda e da reaquisição


da nacionalidade são regulados por lei.
Através do acto de neruralleação, a necíonalidade moçam-
bicana pode ser concedida aos filhos do cidadão de nacíona- TITULO lI!
{idade adquirida, solteiros e menores de dezoito anos de
idade. Direitos. deveres e Iibrdlldes fundamentais
ARTIGO 29 CAPITULO I
(Por adoP9Ao) Principio. gerais
O adoptado plenamente por nacional moçambleeno adquire ARTIGO 35
a nacionalidade moçambicana. (PrIncfplo di unlverulldade .1QU«1dII~)
ARTIGO 30 Todos 0$ cidadãos são iguais perante a lei, gozam dos
(Aatrl96ft ao .xltlVfeJo de rU"90") mesmos direitos e estio sujeitos aOS mesmos deveres. lnde-
pendentemente da cor, raça. sexo. origem étnica. lugar de
I. Os ctdedãos de nacícnelldade adquirida não podem ser nascimento, religião, grau de Instrução, posição social. estado
depullldos. membros do Governo. titulares de órgãos de civil dos pais. profissão ou opção poUtica,
soberania e não têm acesso à carreira. diplomática ou militar.
ARTIGO 36
2. A lei define as condições do exercfctc de funçoes
(PrlncrP'lo dII Jeu.kllde dQ g6nero)
públicas ou de funções privadas de interesse público por
oidadãos moçambicanos de nacionalidade adquirida. O homem e a mulher são Jguais perante a lei em todos os
domfníos da vída politica, económica. social e cultural.
CAPtrulO III
ARTlOO37
Perda e reaqul.lçlo dI nacionalidade (Portador •• de deflcltncll)
AkTloo31 Os cidadãos portadores de deficiência gozam plenamente
(P••.•• ) dos direitos consignados nu Constituição e estão sujei los
aos mesmos deveres com ressalva do exerprclo ou cum-
Perde .o. nacionalidade moçambicana:
primento daqueles para os quais. em razão da deficiência. se
'a) o que sendo ~ciona.l de outro Estado, declare por encontrem incapacitados.
meloa competentes não querer ser moçambicano;
ARTIGO 38
b) aquele e quem, sendo menor. tenha sido atribufda a (D.v., de !'eSIMltar a CO"~tltuI(60)
nacionalidade moç.ambicana por. efeito de decle-
ração do seu representante legal, se declarar. pelos 1. Todos os cidadãos têm o dever de respeitar a ordem
constitucional.
meios competentes até um ano depois de atingir
a maioridade. que não quer ser moçambicano e 2. Os actos contrários ao estabelecido na Ccnsnrulção silo
se provar que tem outra nacionalidade, sujeitos à sanção nos termos dtl lei.
ARTJOO32 ARTIGO 39
(Acto. contr'rlo., "lnlda"nlclonal)
(R.qutsIçIO)
Todos os ecros visando atentar contra a unidade nacional.
1. Pode serconcedida a naciOMlldade moçambicana
prejudicar a harmonia social, criar divisionis.mo. situações
àqueles que, depois de a terem perdido. a requeiram e reu- de privilégio ou discriminnção com base na cor. raça. sexo,
nam cl.lmulativ41mente as seguíntes condições:
origem étníca, lugar de neectmentc, religião. grau de ina-
a) estabeleçam domlcflio em Moçambique: trução, posição scciet, condição física ou mental, estado
b) preencham os requisitos e ofereçam as garantias civil dos pais. profissllo, ou opção política, são punidos nos
fixadas na lei. termos da lei.

2. A mulher moçambicana que tenha perdido a necíone- ÀllTICO 40

lídade por virtude de Casamento pode readquiri-Ia mediante (Dtrelto à vida)


requerimento às entidades competentes. 1. Todo o cidadão tem direito à vida e à integridade
3, A reaquisição da nacionolic111de filz regressar à situação física e moral e não pode ser sujeito à tortura ou tratamentos.
Jurídica anterior à pelrda da naclomdidade. cruéis ou desumanos.
2. Na Repúblico de Moçambique IlDOhá pena de morte.
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ARTIGO 41
CAPITUI,O II
(Outros direitos peSSOais)
Direitos, deveres e liberdades
Todo o cidadão tem direito à honra, ao bom nome, ii.
reputação, ii. defesa da sua imagem pública e fi reserva da ARTIGO 48
sua vida privada.
(Liberdades de expressão e informação)
ARTIGO 42 1. Todos os cidadãos têm direito ii. liberdade de expressão,
(Âmbito II sentido dos dlrertos fundamentais) à liberdade de imprensa, bem como o direito fi in(ormação.
Os direitos fundamentais consagrados na Constituição não 2. O exercício da liberdade de expressão, que compreende
excluem quaisquer outros constantes das leis. nomeadamente. a faculdade de divulgar o próprio pensamento
por todos os meios legais, e o excrcfcio do direito ii. infor-
ARflGo43 mação não podem ser limitados por censura.
(Interpretaçao dos dIreitos fundamentais) 3. A liberdade de imprensa compreende, nomeadamente, a
liberdade de expressão c de criação dos jornalistas. o acesso
Os preceitos constitucionais relativos aos direitos funda-
às fontes de informação, a protecção da independência e do
mentais são interpretados e integrados dc harmonia com a sigilo profissional e o direito dc criar jornais. publicações e
Declaração Universal dos Direitos do Homem e a Carta outros meios de difusão.
Africana dos Dircuos do Homem e dos Povos.
4. Nos meios de comunicação social do sector público são
ARTIGO 44 assegurados a expressão e o confronto de ideias das diversas
correntes de opinião.
(Deveres para com os seus semelhantes)
5. O Estado garante a isenção dos meios de comunicação
Todo o cidadão tem o.dever de respeitar e considerar os social do sector público, bem como a independência dos
seus semelhantes. sem discriminação de qualquer espécie e jornalistas perante o Governo, a Administração e os demais
de manter com eles relações que permitam promover, salva- poderes políticos.
guardar e reforçar o respeito. a tolerância recíproca e a
solidariedade. 6. O exercício dos direitos e liberdades referidos neste
artigo é regulado por lei com base nos imperativos do res-
ARTIGO 45 peito pela Constituição e pela dignidade da pessoa humana.
(Deveres para com a comunidade)
ARTIGO 49
Todo O cidadão tem o dever de:
(Direitos de antena, de resposta e de rêplica politica)
a) servir a comunidade nacional, pondo ao seu serviço
L Os partidos políticos têm o direito a tempos de antena
as suas capacidades físicas e intelectuais;
nos serviços públicos de radiodifusão e televisão, de acordo
b) trabalhar na medida das suas possibilidades e capa- Com a sua representatividade e segundo critérios fixados
cidades; na lei.
c) pagar as contribuições e impostos: 2. Os partidos polflicos com assento na Assembleia da
ti) zelar, nas suas relações com a comunidade pela pre- República. nue não façam parte do Governo, nos termos da
servação dos valores culturais. pelo espírito de lei, têm o Q reito a tempos de antena nos serviços públicos
tolerância. de diálogo e, de uma maneira geral. de radiodifusão e televisão. de acordo com a sua represen-
COntribuir para a promoção e educação cívicas: tatividade para o exercício do direito de resposta e réplica
política às declarações políticas do Governo.
e) defender e promover a saúde pública;
3. O direito de antena é também garantido a organizações
j) defender e Conservar o ambiente;
sindicais, profissionais c representativas das actividades eco-
,II) defender e conservar o bem público e tOffiunitário. nómicas e sociais, segundo critérios fixados na lei.
ARTIGO 46 4. Nos perfodos eleitorais, os concorrentes têm direitos
(Deveres para com o Estado) a tempos de antena, regulares e equitativos nas estações
da rádio e televisão públicas, de âmbito nacional ou local,
1. Todo o cidadão tem o dever de contribuir para a nos termos da lei.
defesa do país.
ARTIGO 50
2. Todo o cidadão tem, ainda. o dever de cumprir as
(Conselho Superior da Comunlcaçlo SoCial)
obrigações previstas na lei e de obedecer às ordens emana-
das das autoridades legítimas. emitidas nos termos da Cons- 1. O Conselho Superior da Comunicação Social é um
tituição e com respeito pc/os seus direitos fundamentais. órgão de disciplina e de consulta. que assegura à indepen-
dência dos meios de comunicação social, no exercício dos
A/l.TJGO 47
direitos à informação. à liberdade de imprensa. bem .como
(Direitos da criança) dos direitos de antena e de resposta.
L. As crianças têm direito à protecção e aos cuidados 2. O Conselho Superior da Comunicação Social emite
necessários ao seu bem-estar. parecer prévio à decisão de licenciamento pelo Governo de
2. As crianças podem exprimir livremente a sua opinião, canais privados de televisão e rádio.
nos assuntos que lhes drzem respeito, em função da sua 3. O Conselho Superior de Comunicação Social intervém
idade e maturidade. na nomeação e exoneração dos directores gerais dos órgãos
3. Todos os actos relativos às crianças, quer praticados de Comunicação Social do sector público, nos termos da lei.
por entidades püctlcas, quer por instituições privadas. têm 4. A lei regula a organização, a composição, o funciona-
principalmente em conta o interesse superior da criança. mento e as demais comperêncías do Conselho Superior da
Comunicaçãu Social.
--- ---
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I SÉRIE-NOMERO 51
ARTIGO 51
4. As restrições legais dos direitos e Jus liberdades devem
(Direito à liberdade de reunlAo a de menlteslaçio) revestir cnnícter geral e abstracto e não podem ter efeito
Todos os cidadãos têm direito à li'berdade de reunião e retroactivo.
manifestação nos termos da lei.
ARTIGO 57
ARTlGO 52 (N40 retroactIvIdade)
(LIberdade de anoclaçio)
Na República de Moçambique as 'leis só podem ter efeitos
L Os cidadãos gozam da liberdade de associação. retroactivos quando beneficiam os cidadãos e outras pessoas
jurídicas.
2. As organizações sociais e as associações têm direito de
prosseguir os seus fins, criar instituições destinadas a alcan- ARTIOO 58
çar os seus objectivos específicos e possuir património para
(Direito à /ndemnl,;:a9ào e respon8ablUdade do estadp)
a realização das SUIL!l actividades, nos termos da lei.
3. São proibidas as associações armadas de ripo militar 1. A todos é reconhecido o direito de exigir, nos termos
ou paramilitar e as que promovam a violência, o racismo, da lei, indemnização pelos prejuízos que forem causados pela
a xenofobia ou que prossigam fins contnirios à lei. violação dos seus direitos fundamentais.
2. O Estado é responsável pelos danos causados por actos
ARTIGO 53
ileg!lis dos se,us agentes, no exercrcío das suas funções, sem
(Llb.rdade de constituir, particIpar li aderir prejuízo do direito de regresso nos termos da lei.
a partidos POlftlcos)
ARTIGO 59
1. Todos os cidadãos gozam da liberdade de constituir ou
participar em partidos 'políticos. (DIreito. liberdade e ii segurança)
2. A adesão a um partido poUtico é voluntária e deriva L Na República de Moçambique, todos têm direito à
da liberdade dos cidadãos de se associarem em torno dos segurança, e ninguém pode ser preso e submetido fi julga.
mesmos ideais políticos. menta senão nos termos da lei.
ARTIGO 54 2. Os arguidos gozam da presunção de lnocêncta até
(LIberdade de consciência, de rellgllo e de culto) decisão judicial definitiva.

1. Os cidadãos gozam da liberdade de praticar ou de não 3. Nenhum cidadão pode ser julgado mais do que uma vez
praticar uma religião. pela prática do mesmo crime, nem ser punido com pena não
prevista na lei ou com pena mais grave do que a estabelecida
2. Ninguém pode ser discriminado, perseguido, prejudi- na lei no momento da prática da infracção criminal.
cado, privado de direitos, beneficiado ou isento de deveres
por causa da sua fé, convicção ou prática religiosa. ARTIGO 60
3. As confissões religiosas gozam do direito de prosseguir (Apllcaçio da lei erlmlnl;l)
livremente os seus fins religiosos, possuir e 'adquirir bens
para a materializ.ação dos seus objectivos. L Ninguém pode ser condenado por acto não qualificado
4. É assegurada a Protecção aos locais de culto. Gomo crime no momento da sua pratica.

S. Ê garantido o direito à objecção de consciência nos 2. A lei penal s6 se aplica retroactivamente quando disso
termos da lei. resultar benefício ao arguido.

ARTIGO 55 ARTIGO 61
(Uberdade de rea/dinela (I de clreula9ão) (Llml," da. penas e das medIdas de .egurança)
1. Todos os cidadãos têm o direito de fixar residência em L São proibidas penas e medidas de segurança privativas
qualquer parte do território nacional. ou restritivas da liberdade com carácter perpétuo ou de
2. Todos os cidadãos são livres de circular no-interior e duração ilimitada ou indefinida.
pa'Ta exterior do território nacional, excepto os judicialmente 2. As penas não são transmissfveis.
privados desse direito.
3. Nenhuma pena implica II perda' de quaisquer direitos
CAPfTULO III civis. profissionais ou poHticos, nem priva o condenado dos
seus direitos fundamentais, salva as limitações inerentes ao
Direitos, liberdade. e garantlss IndivIduais
sentido da condenação e às exigências especificas da res-
ARTIGO 56 pectiva execução.
(Prlncfplo. gerala)
ARTIGO 62
t. Os direitos e liberdades individuais são dírectamerue (Ace •• o lO. tribunais)
aplicáveis, vinculam as entidades páblicas e privadas, são ,
garantidos pejo Estado, e devem ser exercidos no quadro da l. O Estado garante o acesso dos cidadãos aos tribunais
Constituiçao e das leis. e garante aos arguidos o direito de defesa e o direito à
assistência jurídica e petrocrnic judiciárilLl.
2. O exercício dos direitos e liberdades pode ser limitado
em razão da salvaguarda de outros direitos ou interesses 2. O arguido tem o direito de escolher livremente o seu
Protegidos pela Constituíçao. defensor para o assistir em todos os actos do processo,
3. A lei só pode limitar os direitos, liberdades e ganlntills devendo ao arguido que por razões económicas não passa
nos casos expressamente previstos na Constituição. constituir advogado ser assegurada à adequada assistência
Jurrdica e patrocínio judicial.
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ARTIGO 63
ARTIGO 67
(Mandato judlçlal e advocaçja)
(Extradição)
L O Estado assegura a quem exerce o mandato judicial, as
imunidades necessárias ao seu exercício e regula o patrocínio 1. A extradição sô pode ter lugar por decisão judicial.
forense, como elemento essencial à administração da justiça. 2. A extradição por motivos políticos não é autorizada.
2. No exercício das suas funções e nos limites da lei, 3. Não é permitida a extradição por crimes a que corres-
são invioláveis os documentos, a correspondência e outros ponda na lei do Estado requisitante pena de morte ou prisão
objectos que tenham sido confiados ao advogado pelo seu perpétua, ou sempre que fundadamente se admita que o
constituinte, que tenha obtido para defesa deste ou que extraditando possa vir a ser sujeito a tortura, tratamento
respeitem à sua profissão. desumano. degradante ou cruel.
3. As buscas, apreensões ou Outras diligências similares 4. O cidadão moçambicano não pode ser expulso ou
no escrit6rio ou. nos arquivos do advogado só podem ser extraditado do território nacional.
ordenadas por decisão judicial e devem ser efectuadas na
ARTIGO 68
presença do juiz que as autorizou, do advogado e de um
representante da ordem dos advogados, nomeado por esta (Inviolabilidade do domIcílio 8 da correspondência)
para o efeito, quando esteja em causa a prática de facto. 1. O domicílio e a correspondência ou outro meio de
ilfcita punível com prisão superior a dois anos e cujos comunicação privada são inviolãveis, salvo nos casos espe-
indícios imputem ao advogado a Sua prática. cialmente previstos na lei.
4. O advogado tem o direito de comunicar pessoal e reser- 2. A entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua
vadamente com o seu patrocinado. mesmo quando este se vontade s6 pode ser ordenada pela autoridade judicial
encontre preso ou detido em estabeíeçlmcnro civil ou militar. cornpeteme, nos casos e segundo as formas especialmente
5. A lei regula os demais requisitos relativos ao mandato previstas na lei.
judicial c a advocacia.
3. Ninguém deve entrar durante a noite no domicnio de
ARTIGO 64 qualquer pessoa sem o seu consentimento.
(Prlaio preventIva) ARTlc.;O 69
1. A prisão preventiva sõ é permitida nos casos previstos (Direito de Impugnaçao)
na lei. que fixa os respectivos prazos.
O cidadão pode impugnar os actos que violam os seus
2. O cidadão sob prisão preventiva deve ser apresentado direitos estabelecidos na Constituição e nas demais leis.
no prazo fixado na lei à decisão de autoridade judicial, que
é a única competente para decidir sobre a validação e a ARrIGO 70
manutenção da prisão. (Direito de recorrer aos tribunais)
3. Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada O cidadão tem o direito de recorrer aos tribunais contra
imediatamente e de forma compreensível das razões da sua os actos que violem os seus direitos e interesses reconhecidos
prisão ou de detenção e dos seus direitos. pela Constituição e pela lei.
4. A decisão judicial que ordene ou mantenha uma medida
ARTIGO 71
de privação da liberdade deve ser logo comunicada a
(utllizaçio da Informática)
parente ou pessoa da confiança do detido. por estes indicados.
1. É proibida a utilização de meios informá'ticos para
ARTIGO 65
registo e tratamento de dados individualmente identificáveis
(Princípios do processo criminal) relativos às convicções políticas, filosóficas ou ideológicas,
1. O direito à defesa e a julgamento em processo criminal à fé religiosa, ii filiação partidária ou sindical e à vida
privada.
é inviolável c é garantido a todo o arguido.
2.As audiências de julgamento em processo criminal são 2. A lei regula a protecção de dados pessoais constantes
públicas. salvo quando a salvaguarda da intimidade pessoal, de registos informáticos, as condições de acesso aos bancos
familiar. social ou da moral, ou ponderosas razões de de dados, de constituição e utilização por autoridades públicas
segurança da audiência ou de ordem pública aconselharem e entidades privadas destes bancos de dados ou de suportes
informáticos.
a exclusão ou restrição de publicidade.
3. São nulas todas as provas obtidas mediante tortura, 3. Não é permitido o acesso a arquivos. ficheiros e regis-
coacção, ofensa da integridade física 9u moral da pessoa, tos informáticos ou de bancos de dados para conhecimento
abusiva intromissão na sua vida privada e familiar, no de dados pessoais relativos a terceiros, nem a transferência
domicílio. na correspondência ou nas telecomunicações. de dados pessoais de um para outro ficheiro informático
pertencente a distintos serviços ou instituições, salvo nos
4. Nenhuma causa pode ser retirada ao tribunal cuja casos estabelecidos na lei ou por decisão judicial.
competência se encontra estabelecida em lei anterior, salvo
nos casos especialmente previstos na lei. 4. Todas as pessoas têm o direito de aceder aos dados
coligidos que lhes digam respeito e de obter a respectiva
ARTJnO 66 rectificação.
(HallelUl corpus) ARTIGO 72

1. Em caso de prisão ou detenção ilegal, o cidadão tem (Suspensão de exen:(clo de dIreitos)


direito a recorrer à providência do habeas corpus. I. As liberdades e garantias individuais só podem ser
2. A providência de habeas corpus é interposta perante suspensas ou limitadas temporariamente em virtude de
o tribunal,' que sobre ela decide no prazo máximo dc declaração do estado de guerra, do estado de sítio ou do
oito dias. estado de emerg8ncia nos termos estabelecidos na Cons-
tituição.

--- -~----
550
I SÉRIE - NÚMERO 51
2. Sempre que se verifique sUspensão ou limitaç1\o de
liberdades ou de garantias, elas têm um carácter geral e 2. As orgllnizações sociais contribuem parti ti rcuttznçn«
abstracto e devem especificar a dun\ção e a base legal em dos direitos e liberdades dos cidadãos, bem como puni a
Que assenta. elevação da consciência individual e colectiva no cumpri,
mento dos devores cívicos.
CAPíTULO IV
ARTIGO 79
Direitos, liberdades e garantias de partlclpaçlo
(Direito de petIção. qUE!ixae reclam.,iio)
politica
Todos os cidadãos têm direito de apresentar petições,
AKTIGO 73 queixas e reclamações perante autoridade competente puni
(Sufrágio universal) exigir o restabelecimento dos seus direitos violados ou em
O povo moçambicano exerce o poder político através do defesa do interesse geral.
sufrágio universal, directo, igual, secreto e periódico para a
ARTIGO 80
escolha dos seus representantes, por referendo sobre as
(Direito de r&8lstênclll)
grandes questões nacionais e pela permanente participação
democrática dos cidadãos na vida da Nação. O cidadão tem o direito de não acatar ordens ilegais ou
ARTIGO 74
que ofendam os seus direitos, liberdades e garantias.
(Partidos pOliticas. pluralismo) ARTIGO 81
1. Os partidos eXpressam o pluralismo político, COncorrem (DIreito de acçio popular)
para a formação e manifestação da vnntade popular e silo 1. Todos os cidadãos têm. pessoalmente ou através de
instrumento fundamental para a participação democrãüce associações de defesa dos interesses em causa, o direito de
dos cidadãos na governação do país. acção popular nos termos da lei.
2. A estrutura interna e o funcionamento dos partidos
polfticos devem ser democráticos. 2. O direito de acção popular compreende, nomeadamente:
a) o direito de requerer para o lesado ou lesados as
ARTIGO 75
indemnizações a que tenham direito;
(Formaçii~ de partidos políllC08)
b) o direito de promover a prevenção, a cessação ou a
1. No profundo respeito pela unidade nacional e pelos perseguição judicial das infracções contra a saúde
valores democráticos, os partidos políticos são vinculados pública, os 'direitos dos consumidores, a prescr-
aos princípios consagrados na Constituição e na lei. vação, do ambiente e o património cultural;
2. Na sua formação e na realização dos seus objectivos c) o direito de defender os bens do Estado e das autar-
os pettidos políticos devem, nomeadamente: quias locais,
a) ter âmbito nacional;
b) defender os interesses nacionais; CAPíTULO V
c) contribuir para a formação da opinião pública, em Direitos e deveres económicos, sociais e culturais
particular sobre as grandes questões nacionais;
ARTIGO 82
ti) reforçar o espírito patriótico dos cidadãos e a consc-
lidação da Nação moçambicana. (DIreIto de proprIedade)

3. Os partidos polítícos devem contribuir, através da edu- I. O Estado reconhece e garante o direito de propriedade.
cação política e cívica dos cidadãos, para a paz e estabilidade 2. A expropriação só pode ter lugar por causa de noces-
do país.
sidade, utilidade ou interesse públicq's, definidhs nos termos
4, A formação, a estrutura e o funcionamento dos partidos da lci e dá lugar a justa indemnização.
políticos regem-se por lei.
ARTIGO 83
ARTIGO 76 (DI relia • herança)
(Denomlnaçlo)
O Estado reconhece e garante, nos termos da lei.o dlreho
É proibido o uso pelos partidos políticos de dcnominações à herança.
que contenham expressões directamente relacionadas com
ARTIGO 84
quaisquer confissões religiosas ou igrejas ou a utilização de
embl,emas que se confundem com símbolos nacionais ou (Direito ao trabalho)
religiosos,
1. O trabalho constitui direito e dever de cada cidadão.
ARTIGO 77 2. Cada cidadão tem direito à livre escolha da profissão.
(ReQurso il vlDllncla armsda) 3, O trabalho compulsivo é proibido, exceptuando-se o
É vedado nos partidos poJ(ticos preconizar ou recorrer trabalho realizado no quadro da legislação penal.
à violência armada para alterar a ordem pottttca e social ARTlOO 85
do país.
(Direito ti retrlburçio e aegur.nça ne emprego)
ARTIGO 78
(Organlzsç"" soeIs Is) 1. 'Iodo o trabalhador tem direito à justa remuneração,
descanso, férias e à reforma nos termos da lei.
L As organizações sociais, como formas de associação
2. O trabalhador tem direito ~ Protecção, segurança c
com afinidades e interesses prõpríos. desempenham um pape! higiene no trabalho.
importante na promoção da democracia e na partíclpeçao dos
cidadãos na vida pública. 3. O trabalhador s6 pode ser despedido nos casos e nos
termos estabelecidos na lei.

-- ------
22 DE DEZEMBRO DE 2004
551
ARTlG08ó
ARTIGO 92
(Liberdade de associação pronsslonal e sIndicaI) (Direito dos consumidores)
I. Os trabalhadores têm a liberdade de se organizarem em L Os consumidores têm direito à qualidade dos bens e
associações profissionais ou em sindicatos. serviços consumidos, ii formação e ii informação." à Protecção
2.As associações sindicais e profissionais devem reger-se da saúde, da segurança dos seus interesses económicos,
bem como à reparação de danos.
pelos princípios da organização e gestão democráticas. basear-
-se na activa participação dos seus membros em Iodas as 2. A publicidade é disciplinada por lei, sendo proibidas as
suas actividades e de eleição periódica e por escrutínio formas de publicidade oculta, indirecta ou enganosa.
secreto dos seus órgãos. 3. As associações de consumidores e as cooperativas têm
3. As associações sindicais' e profissionais são indepen- direito, nos termos da lei, ao apoio do Estado e a serem
dentes do patronato. do Estado. dos partidos políticos e das ouvidas sobre as questões que digam respeito à defesa dos
igrejas ou confissões religiosas. consumidores, sendo-Ihes reconhecida legitimidade processual
para a defesa dos seus associados.
4. A lei regula a criação. união, federação e extinção das
associações sindicais e profissionais, bem como as
respec- ARTIGO 93
tivas garantias de independência e autonomia. relativamente (CultuJlllfslca e desporto)
ao patronato, ao Estado, aos partidos políticos e às igrejas e L Os cidadãos têm direito à educação fisica e ao desporto.
confissões religiosas.
2. O Estado promove, através das instituições desportivas
ARTIGO 87 e escolares, a prática e a difusão da educação física e do
desporto.
(Direito Agreve. prolblçJ:o de lock_OUQ
ARTIGO 94
1. Os trabalhadores têm direito à greve, sendo o seu (Liberdade de ctlaçio cultural)
exercício regulado por lei.
1. Todos os cidadãos têm direito à liberdade de criação
2. A lei limita o exercrcío do direito à greve nos serviços científica, técnica, literária e artística.
e actividades essenciais, no interesse das necessidades inadiá-
veis da sociedade e da segurança nacional. 2. O Estado protege os direitos inerentes à propriedade
intelectual. incluindo os direitos de autor e promove a
3. É proibido o JOCk-OU1. prática e a difusão das letras e das artes.
ARnGo88 ARTIoo95
(Direito iieducaçlo) (Direito ii assistência na Incapacidade e na velhice)
1. Na República de' Moçambique a educação constitui L Thdos os cidadãos têm direito à assistência em caso
direito e dever de cada cidadão. de incapacidade e na velhice.
2. O Estado promove a extensão da educação à formação 2. O Estado promove e encoraja a criação de condições
profissional contínua e a igualdade de acesso de todos os para a realização deste direito.
cidadãos ao gozo deste direito.
TíTULO/V
Amoo89
Organização económica, social, financeira
(Saúde)
e fiscal
Todos os cidadãos têm o direito à assistência médica e
sanitária, nos termos da lei, bem como o dever de promover CAPiTULO I
e defender a saúde pública. Prlnclplos gerais
ARTIC090 ARTIGO 96
(DI•.•lto ao ambiente) (Politica económica)
1. Todo o cidadão tem o direito de viver eíum ambiente 1. A política económica do Bstadc é dirigida à construção
equilibrado e ó dever de o defender. das bases fundamemais do desenvolvimento, à melhoria das
2. O Estado e as autarquias locais, com a colaboração condições de vida do povo, ao reforço da soberania do
das assocÍações de defesa do ambiente, adoptam políticas Estado e à consolidação da unidade nacional, através da
de defesa do ambiente e velam peta utilização racional de participação dos cidadãos, bem como da utilização eficiente
todos os recursos naturais. dos recursos humanos e materiais.
2. Sem prejuízo do desenvolvimento equilibrado, o Estado
AaTIao9t garante a distribuição da riqueza nacional, reconhecendo e
(Hablla9lO e um.nlzaçio) valorizando o papel das zonas produtoras.

J. Todos os cidadãos têm direito à habitação condigna, ARTIGO 97


sendo dever do Estado, de acordo com o desenvolvimento (Principias fundamantals)
económico nacional, criar as adequadas condições Insrüu-
ctonaís, normanves e infra-estruturais. A organização económica e social da Repllblica de Mo-
çambique visam a satisfação das necessidades essenciais da
2. Incumbe também ao Estado fomentar e apoiar as inicia- população e a promoção do bem-estar social e assenta nos
tivas das comunidades locais, autarquias locais e populações, seguintes princípios fundamentais:
estimulando a construçlo privada e COOperativa. bem como o a) na valorização
do trabalho;
acesso ii casa própria.
b) nas forças do mercado;
552
ISÉR1ó-NÚMEROSl
c) na iniciativa dos agentes económicos:
CAPiTULO "
d) na coexistência do sector pübllco, do sector privado
e do sector cooperativo e social; Organluçio eOOnómloa
e) na propriedade pública dos recursos naturais e de ARTIGO 101
meios de produção, de acordo com o interesse (COordena,Olo da actividade económloa)
colectivo:
1. O Estado promove. coordena e fiscaliza a actividade
/) na protecção do sector cooperativo e social: económica agindo directa ou indirectamente parra a solução
g) na acção do Estado como regulador e promotor do dos problemas 'fundamentais do povo ç para a redução das
crescimento e desenvolvimento económico e social. desigualdades sociais e regionais.
ARTIlJQ 98 2. O investimento do Estado deve desempenhar um papel
(Proprfedade do I!stlldo. domfnlo plolbllco) impulsionadbr na promoção do desenvolvimento equilibrado.
ARTIQO 102
1. Os recursos naturais situados no solo e no subsolo. nas
águas interiores. no mar territorial, na plataforma continental (fII~u •.•~ nawral.)
e na zona económica exclusiva ~ll:o propriedade do Estado. O Estado promove o conhecimento. a inventariação e a
2. Constituem domínio pübílcc do Ijstado: valorização dos recursos naturais e determina as condições
a) a zona marítima; do seu uso e aproveitamento com satveguarda dos interesses
nacionais.
h) o espaço aéreo;
c) o patrtrnônío arquoológico; ARTIGO 103
, (Agricultura)
á) as zonas de protecção da nutureza;
e) o potencial hiél.rá~1ico; 1. Na República de Moçambique a agricultura é a base
do desenvolvimento nacional.
f) o POtencial energético;
2. O Estado garante e promove o desenvolvimento rural
g) as estradas e linhas férreas; para a satisfação crescente e multiforme das necessidades
h) as Jazidas minerais; do povo e O progresso económico e social do país.
i) os demais bens como tal classificados por lei. ARTIGO 104
3. A lei regula o regime jurídico dos bens do domínio (Ind':"b1.)
público, bem como a sua gestão e conservação, diferenciando Na República de Moçambique a indústria é o factor impul-
os que integram o domínio público do Estado. o domfnio sionador da economia nacional.
pdbllco das autarquias locais e o domínio público comuni-
ARTlOO!OS
tário. com respeito pelos princípios da imprescritibi1idade e
impenhorabi Hdade. (Sector t.mlll ••r)

ARTIGO 9 1. Na satisfação das neceslIidades essenciais da população,


ao sector famillar cabe um papel fundamental.
(Secto," de propriedade doa m.loa
d. produ 010) 2. O Estado incentiva e apoia a produção do sector familiar
e encoraja os camponeses, bem como os trabalhadores indl-
1. A economia nacional garante a coextsrêncía de três sec- vrduets. a organizarem-se em formas mais avançadas de
tores de propriedade dos meios de produção. produção.
2. O sector público é constituído pelos meios de produção ARTIGO 106
cuja propriedade e gestão pertence ao Estado ou a outras (ProduQlo d. pequena •• cala)
entidades péblícas.
O Estado reconhece a contribuição da produção de pequena
3. O sector privado é constituído pelos meios de produção escala para a economia nacional e apoia o seu desenvolvi.
cuja propriedade ou gestão pertence a pessoas singulares mente como forma de valorizar as capacidades e a criatividade
ou colectivas privadas. sem prejuízo do disposto no número do povo.
seguinte.
ARTIGO 107
4. O sector cooperativo e social compreende especifi- (EmpreurlldD nacional)
camente:
1. O Estado promove e apoia a participação acti 'Ia do
a) os meios de produção comunitários. possuídos e
empresariado nacional no quadro do desenvolvimento e da
geridos por comunidades locais; consolidação da economia do país,
b) os meios de produção destinados à exploração colec- 2. O Estado cria os tncemívos destinados a proporcionar
tiva por trabalhadores;
o crescimento do empresariado nacional em todo o país. em
c) os meios de produção possuídos e geridos por pessoas especial nas zonas rurais.
colectivas. sem caracter lucrativo. que tenham como
ARTIGO 108
principal objectivo a solidariedade social. designa-
(lflV8Itlmlilnto eltran$llelro)
damente entidades de natureza mutualista.
ARTIGO too L O Estado garante o investimento estrangeiro. o qual
opera no quadro da sua política económica.
(I,"posto.)
2. Os empreendimentos ostrangeiros são 'autorizados em
Os impostos são criados ou alterados por lei. que os fixa todo o territ6rio nacional e em todos os sectores econó-
segundo critérios de justiça social. micos, excepto naqueles que estejam reservados à propriedade
ou exploração exclusiva do Estado.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
553
ARTIGO 109
2. As instituições públicas do ensino superior são pessoas
(Terra) colectivas de direito público. têm personalidade jurídica e
l. A terra é propriedade do Estado. gozam de autonomia científica. pedagógica, financeira e
administrativa. sem prejuízo de adequada avaliação da
2. A terra não deve ser vendida. ou por qualquer outra qualidade do ensino. nos termos da lei.
forma alienada. nem hipotecada ou penhorada.
3. O Estado reconhece e fiscaliza o ensine privado e
3. Como meio universal de criação da riqueza e do bem- cooperativo. nos termos da lei.
-estar social, o uso e aproveitamento da terra é direito de
todo o povo moçambicano. ARTIGO 115
(Cultura)
ARTIGO 110
L O Estado promove o desenvolvimento da cultura e per_
(Uao e aproveitamento da terra)
sonalidade nacionais e garante a livre expressão das tradições
l. O Estado determina as condições de uso e aproveita- e valores da sociedade moçambicana.
mento da terra. 2. O Estado promove a difusão da cultura moçambicana e
2. O direito de uso e aproveitamento da terra é conferido desenvolve acções para fazer beneficiar o povo moçambicano
às pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim das conquistas culturais dos outros povos.
social ou económico. ARTIGO 116
ARTIGO III (Saúde)
(Dlretto. 8dqulrldos por INtninça ou ocupaçlo di! terra) 1. A assistência médica e sanitária aos cidadãos é orga-
nizada através de um sistema nacional de saúde que beneficie
Na titularização do direito de uso e aproveitamento da todo o povo moçambicano.
terra, o Estado reconhece e protege os direitos adquiridos
2. Para a realização dos objectivos prosseguidos pelo
por herança ou ocupação. salvo havendo reserva legal ou se
sistema nacional de saúde a lei fixa modalidades de exercício
a terra tiver sido legalmente atribuída à outra pessoa ou da assistência médica e sanitária.
entidade.
3. O Estado promove a participação dos cidadãos e insti-
CAPITuLO III tuições na elevação do nível da saúde da comunidade.
Organlzaç:1o social 4. O Estado promove a extensão da assistência médica e
sanitária e a igualdade de acesso de todos os cidadãos ao
ARTIGO 112 gozo deste direito.
(TnIb81ho) 5. Compete ao Estado promover, disciplinar e controlar
a produção. a comercialização e o uso de produtos químicos.
l. O trabalho é a força motriz do desenvolvimento e é biológicos, farmacêuticos e outros meios de tratamento e de
dignificado e protegido. diagnóstico.
2. O Estado propugna a justa repartição dos rendimentos 6. A actividade da assistência médica e sanitária minis-
do trabalho. trada pelas colectividades e entidades privadas é exercida
3. O Estado defende que a trabalho igual deve corresponder nos termos da lei e sujeita ao controlo do Estado.
salário igual.
ARTIGO 117
AJmGO 113 (Ambiente e qualidade d. vida)
(EducaÇio) 1. O Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio
ecológico e a conservação e preservação do ambiente visando
l. A Repúblioa de Moçambique promove uma estratégia a melhoria da qualidade de vida dos cidadll.os.
de educação visando a unidade nacional. a erradicação do
analfabetismo, o domínio da ciência e da técnica. bem como 2. Com o fim de garantir o direito ao ambiente no
a fonnação moral e cívica dos cidadãos. quadro de um desenvolvimento sustentável, o Estado adopta
políticas visando:
2. O Estado organiza e desenvolve a educação através de
a) prevenír e controlar a poluição e a erosão;
um sistema nacional de educação.
b) integrar os objectivos ambientais nas políticas sec-
3. O ensino põbnco não é confessional. tonais;
4. O ensino ministrado pelas colectividades e outras enti- c) promover a integração dos valores do ambiente nas
dades privadas é exercido nos termos da lei e sujeito ao políticas e programas educacionais;
controlo do Estado.
á) garantir o aproveitamento racional dos recursos natu-
5. O Estado não pode programar a educação e a cultura rais com salvaguarda da sua capacidade de reno-
segundo quaisquer directrizes. estéticas. políticas. ideológicas vação, da estabilidade' ecológica e dos direitos
ou religiosas. das gerações vindouras;
ARTIGO JI4 e) promover o ordenamento do território com vista a
uma correcta localização das actividades e a um
(Ef1I;lno.uparior')
desenvolvimento sócio- económico equilibrado.
L O acesso às instituições públicas do ensino superior ARTIoo 118
deve garantir a igualdade e equidade de oportunidades e a
(Autcwldade tradicfonaJ)
democratização do ensino. tendo em conta as necessidades
em quadros qlJalificados e elevação do nível educativo e l. O Estado reconhece e valoriza a autoridade tradi-
cientrfico no país. cional legitimada pelas populações e segundo o direito
consuetudinário.
554
I SÉRIE-NÚMERO 51
2. O Estado define o relacionamento da autoridade tra-
dicional com as demais Instituições e enquadra ti sua 2. A polItica do Estado visa. nomeadamente o desenvol-
participação na vida económica. social e cultural do país. vimento harmonioso da personalidade dos jovens, a promoção
nos lermos da lel. do gosto pele livre criação, o sentido de prestação de serviços
ARTIGO 119
à comunidade e a criação de condíçõés pura a sua integração
na vida activa.
(F.mlll.)
3. O Estado promove, apoia e encoraja as iniciativas da
I. A família é o elemento fundamental e a base de toda juventude na consolidação da unidade nacional. na reCORS-
a sociedade. tr;uçllo,no desenvolvimento e na defesa do país.
2. O Estado reconhece e protege, nos termos da lei. o 4. O Estado e a sociedade estimulam e apoiam a criação
casamento como instituição que garante a prossecução dos de organizações-juvenis para a prossecução de fins culturais,
objectivos da famnia.
arnsucos, recreativos, desportivos e educacionais,
3. No quadro do desenvolvimento de relações sociais 5. O Estado. em cooperação 'com as associações represen-
assentes no respeito pela dignidade da pessoa humana, o
tativas dos pais e encarregados de educação. Q.ll instituições
Estadp consagra o princípio de que o casamento se baseia
no livre consentimento. privadas e organizações juvenis, adopta uma polüica nacional
de juventude capaz de promover e fomentar a formação pro.
4. A lei estabelece as formas de valorização do casamento fissional dos jovens, o acesso aQ primeiro emprego e o seu
tradicional e religioso, define os requisitos do seu registo livre desenvolvimento intelectual e ffsico.
e fixa 08 seus efeitos.
ARl'lCOI20 ARTIOO 124

(Maternidadea paternldad.) (Terceira lude:)

1. A maternidade e a paternidade são dignificadas e 1. Os idosos têm direito à protecção especial da família.
protegidas. da sociedade e do Estado. nomeadamente na criação de con-
2. A família 6 responsável pelo crescimento harmonioso dições de habitação. no convívio familiar e comunitário e
da criança e educa as novas gerações nos valores morais, no atendimento em, instituições públicas e privadas, que
éticos e sociais. evitem II sua marginalizaçllo.
3. A família e o Estado asseguram a educação da criança. 2, O Estado promove uma política de terceira idade que
formando-a nos valores da unidade nacícnal, no amor à integra acções de carácter económico. social e cultural. com
pátria, igualdade entre homens e mulheres. respeito e solida- vista à criação de oportunidades de realização pessoal através
riedade social. do seu envolvimento na vida da comunidade.
4. Os pais e as mães devem prestar assistência aos filhos ARTIOO 125
nascidos dentro e fora do casamento.
(Port8dorQ de deflcllncll)
ARTIGO 121
1. Os portadores de deficiência têm direito a especial pro-
(Inflnola) tecção da famffia, da sociedade e do Estado.
1. Todas as crianças têm direito à protecção da famfli.a.da 2. O Estado promove a criação de condições para a apren-
sociedade e do Estado, tendo em vista o seu desenvolvimento dizagem e desenvolvimentÇlda língua de sinais,
integral.
3. O Estado promove a criação de ccndlções necessárias
2. As crianças. particularmente as órfãs, as portadoras de
deficiência e as abandonadas. têm protecção da família, da para a integraçllo econ6mica e social dos cidadãos portadores
de deficiência,
sociedade e do Estado contra.qualquer forma de discrimi-
nação. de maus tratos e contra o exercício abusivo da auto- 4. O Estado promove, em cooperação com as associações
ridade na famOia e nas demais instituições. de portadores de deflcíêncía e entidades privadas, uma política
que garanta:
3, A criança não pode ser discriminada. designadamente,
em r azãc do seu nascimento, nem sujeita li: maus tratos, a) a reabilitação e integração dos portadores de defl-
4, É proibido o trabalho de crianças quer em idade de ciência;
escolaridade obrigatória quer em qualquer outra. b) II criação de condições tendentes a evitar o seu isola-
ARTIGO 122 mento e a marginalização social;
(Mulher) e)a prioridade de 'atendimento dos cidadãos portadores
de deficiência pelos serviços públicos e privados;
1. O Estado promove, apoia e valoriza o desenvolvimento
da mulher e incentiva o seu papel crescente na sociedade. em d) a facilidade de acesso li locais públicos,
todas as esferas da actividade politica. econõmlca, social e 5. O Estado encoraja li criação de,assoclaÇÕesde portadores
cultural do país. de deficiênçia.
2, O Estado reconhece e valoriza a participação da mulher cAPfrULO VI
na luta de libertação naciónal, pela defesa da soberania e pela
democracia. Sistema financeiro & fiscal
ARTIGO 123
ARTIOO 126
(JuV8rltUd.)
(SI.1IIma financeiro)
L A Juventude digna. continuadora das tradições patrió-
ticas do povo moçambicano, desempenhou um papel decisivo O sistema financeiro é organizadp de forma a garantir
na luta de Iibertaç.lionacional e pela democracia e constitui a formação. a captação o a segurança das poupanças. bem
força renovêdora da sociedade, como a aplicação dos meios financeiros necessários ao
desenvolvimento econ6mico e social do país.
----- ---
22 DE DEZEMBRO DE 2004
555
ARTIGO 127
ARTIGO 131
(Sistema fl$Cal)
(FiacaJizaçlo)
1. O sistema fiscal é estruturado com vista a satisfazer as
necessidades financeiras do Estado e das demais entidades A execução do Orçamento do Estado é fiscalizada pelo
públicas, realizar os objectivos da política económica do Tribunal Administrativo e pela Assembleia da República, a
Estado e garantir uma justa repartição dos rendimentos e qual, tendo em conta o parecer daquele Tribunal, aprecia
da riqueza. e delibera sobre a Conta Geral do Estado.
2. Os impostos são criados ou alterados por lei, que
ARTIGO 132
determina a incidência, a taxe, os benefícios fiscais e as
garantias dos contribuintes. (Banco Central)
3. Ninguém pude ser obrigado .a pagar impostos que não 1. O Banco de Moçambique é o Banco Central da República
tenham sido criados nos termos da Constituição e cuja de Moçambique.
liquidação e cobrança não se façam nos termos da lei.
2. O funciunamento do Banco de Moçambique rege-se por
4. No mesmo cxercfcío financeiro, não pode ser alargada lei própria e pelas normas internacionals a que a República de
a base de incidência nem agravadas as taxas de impostos. Moçambique esteja vinculada e lhe sejam aplicáveis.
5. A lei fiscal não tem efeito retroactivo, salvo se for de
Conteúdo mais favorável ao contribuinte. T!TULOV

ARTIGO 128 Organização do poder político


(Plano Económico e Social)
CAPÍTULO ÚNICO
I. O Plano Económico e Social tem como objectivo
Princípios gerais
orientar o desenvolvimento económico e social no sentido
de um crescimento sustentável, reduzir os desequilíbrios ARTIGO 133
regionais e eliminar progressivamente as diferenças econó-
micas e sociais entre a cidade e o campo. (Órgãos de soberania)

2. O Plano Económico e Social tem a sua expressão finan- São órgãos de soberania o Presidente da República, a
ceira nu Orçamento do Estado. Assembleia da República, o Governo, os tribunais e o Con-
selho Constitucional.
3. A proposta do Plano Económico e Social é submetida
a Assembleia da República acompanhada de relatórios sobre ARTIGO 134
as grandes opções globais e sectoriais, incluindo a respectiva
fundamentação. (Separação e Interdependência)

ARTIGO 129 Os órgãos de soberania assentam nos princípios de sepa-


(Elaboração e execução do Plano Económico e Social) ração e interdependência de poderes consagrados na Cons-
tituição e devem obediência à Constituição e às leis.
I. O Plano Económico e Social é elaborado pelo Governo,
tendo como base o seu programa quinquenal. AKTIGO 135

2. A proposta do Plano Económico e Social é submetida (Drlnclplo$ geraIs do sistema eleitoral)


à Assembleia da República e deve conter a previsão dos I. O sufn gio universal, directo. igual, secreto, pessoal e
agregados macrc-económicos e as acções a realizar para a periódico constitui a regra geral de designação dos titulares
prossecução das linhas de desenvolvimento sectorial e deve dos órgãos electivos de soberania, das províncias e do
ser acompanhada de relatórios de execução que a funda- poder local.
mentam.
2. O apuramento dos resultados das eleições obedece ao
3. A elaboração e execução do Plano Económico e Social sistema de representação proporcional.
é descentralizada, provincial e seetorialmente.
3. A supervisão do recenseamento e dos actos eleitorais
ARTICO 130 cabe à Comissão Nacional de Eleições, órgão independente
(Orçamento do Estado) e imparcial. cuja composição, organização, funcionamento e
competências são fixados por lei.
1. O Orçamento do Estado é unitário, especifica as receitas
e as despesas, respeitando sempre as regras da anualidade 4. O processo eleitoral é regulado por lei.
e da publicidade, nos termos da lei.
ARTICO 136
2. O Orçamento do Estado pode ser estruturado por pro- (Referendo)
gramas ou projectos plurlanuais, devendo neste caso inscre-
ver-se no orçamento os encargos referentes ao ano a que 1. Os cidadãos eleitores recenseados no terrítõrto nacional
dizem respeito. e os cidadãos residentes no estrangeiro regularmente recen-
3.A proposta de Lei do Orçamento do Estado é elaborada seados podem ser chamados a prenunciar-se em referendo sobre
pelo Governo e submetida à Assembleia da República e deve questões de relevante interesse nacional.
conter informação fundamenl.adora sobre as previsões de 2. O referendo é decidido pelo Presidente da República sob
receitas, os limites das despesas, o financiamento do défice proposta da Assembleia da República, aprovada pela maioria
e todos os elementos que fundamentam a polftica orçamental. absoluta dos seus membros e por iniciativa de pelo menos
um terço des deputados.
4. A lei define as regras de execução do orçamento e os
critérios que devem presidir à sua alteração, perroco de exe- 3. Não podem ser sujeitas a referendo:
cução. bem como estabelece o processo a seguir sempre que a) as alterações à Constituição, salvo quanto às matérias
npo seja possível cumprir os prazos de apresentação ou constantes do 0..° 1 do artigo 292;
votação do mesmo.
b) as matérias referidas no n." 2 do artigo 179.
556
I SÉRIE NÚMERO 51
4. Se as matérias referidas no n." 2 do artigo 179 forem
objecto de convenção internacional podem ser submetidas a 2. O Governo Provincial é o órgão encarregue de garnntír
referendo, s alvo se forem relativas li paz e à rectificação de a execução, ao nível da província, da política governamental
fronteiras. e exerce ti tutelo administratlvn sobre as autarquias locais.
nos termos da lei.
5. Entre li data da convocação e da realização de eleições
gerais para os órgãos de soberania não se pode convocar nem 3. Os membros do Governo Provincial são nomeados
efectivar referendos. pelos ministros das respectivas pastas. ouvido o Governador
Provincial.
6. O referendo só é considerado válido e vinculativo se
nele votarem mais de metade dos eleitores inscritos no 4. A organização, composição, funcionamento e compe-
recenseamento. tência do Governo Provincial são definidos por lei.
7. Além das pertinentes disposições da lei eleitoral, vigente Aenco 142
no momento da SUa realimção, lei própria determina (IS con-
(A•• emblela8 prQvln~laI8)
dições de formulação e de efectivação de referendos.
ARTIGO 137
L As assembleias provinciais são órgãos de representação
democrática, eleitas por sufrágio universal, directo, igual. secreto
(IncompÍlllbIUdade)
e periódico e de harmonia com o principio de representação
1. Os cargos de Presidente da República, Preside rtte da proporcional, cujo mandato tem II duração de cinco anos:
Assembleia da República, Primeiro-Ministro. Presidente do 2. Às assembleias provinciais compete, nomeadamente:
Tribunal Supremo, Presidente do Conselho Constitucional, a) fiscalizar e controlar a observância dos pancfpios e
Presidente do Tribunal Administrativo, Procurador-Geral da
normas estabelecidos na Constituição e nas leis.
República, Provedor de Justiça, Vicc-Presldente do Tribunal
bem como das decisões do Conselho de Ministros
Supremo. Vice-Procurador-Geral da República. Deputado. referentes a respectiva província;
Vice-Minlstro, Secretário de Estado. Governador Provincial.
Administrador Distrital e Militar no activo são incompatíveis b) aprovar o programa do Governo Provincial. fiscalizar
entre si. e COntrolar o seu cumprimento.

2. A qualidade de membro do Governo é igualmente 3. A composição, organização. fuocionllmento e demais


competências são fixadas por lei.
incompatível com os cargos referidos no número anterior.
exceptuando-se o de Presidente da República e o de Primeiro. ARTIGO 143
-Ministro.
(Actos normatIvos)
3. A lei define outras incompatibilidades, incluindo entre
os cargos públicos e funções privadas. L São actos legislativos as leis e os decretos-leis.
2. Os actos da Assembleia da República revestem a forma
ARTIGO 138 de leis. moções e resoluções.
(Órgãos centraIs)
3. Os decretos-leis são actos legislativos, aprovados pelo
São orgãos centrais da Estado os órgão s de soberania. o Conselho de Ministros. mediante autorização da Assembleia
conjunto dos órgãos governativos e as instituições a quem da República.
cabem garantir a prevalência do interesse nacional e a reali-
zação da politica unitária do Estado. 4. Os actos regulamentares do Governo revestem a forma'
de decreto, quer quando determinados por lei regulamentar.
~RTlOO 139 quer no caso de regulamentos autónomos.
(A,trlbulçõe. dOBórgão. centrais) 5, Os actos do Governador do Banco de Moçambique. no
exercício das suas competências. revestem a forma de aviso.
1. Aos órgãos centrais compete. de forma geral, as atribui-
ções, relativas ao exercício da soberania. a normação das ARTIGO 144
matérias do âmbito da lei e a definição de polnícas nacionais. (Publlolda,::\B)
2. São da exclusiva competência dos órgãos centrais.
l. São publicados n9 Boletim da República, sob pena de
nomeadamente, a representação do Estado. a definição e ineficácia jurídica:
organização do território, a defesa nacional, a ordem público,
a fiscalização das fronteiras, a emissão da moeda e as a) as leis. as moções e as resoluções da Assembleia
relações diplomáticas. da República;

ARTIOO 140 b) 'Os decretos do Presidente da República;


(DIrigentes e agentes dos órglos ceotrala) c) os decreros-Ien, os decretos. as resoluções e os
demais diplomas emanados do Governo;
1. Os órgãos centrais exercem a SUa acção directamente d) os assentos do Tribunal Supremo. os acórdãos do
-ou por intermédio de dirigentes ou agentes da administração Conselho Constitucional, bem como as demais
nomeados, que supervisam as actividades centrais realizadas decisões dos outros ~ribunais II que a lei confira
em determinada área territorial. força obrigatória geral;
2. A lei determina a forma, organização e competências e) os acórdãos sobre os resultados de eleições e refe-
no âmbito da Administração Pública. rendos nacionais;
ARTIOO 141 f) as resoluções de ratificação dos tratados e acordos
internacionais;
(Governo. provinCiais)
g) os avisos do Governador do Banco de Moçambique.
I. O representante do Governo a nível da província é o
Governador Provincial. 2. A lei define os termos da publicidade a conferir ti
outros actos jurídicos públicos.
22 DE DEZEMBRO D$ 2004
557
ARTIGO 145
2. No momento da investidura, o Presidente da República
(Representação dos 6rgl05 centrais) eleito presta o seguinte juramento:
Os órgãos centrais do Estado asseguram a sua representação l1ITO.por minha honra, respeitar e fazer respeitar
nos diversos escalões territoriais. a Constituiçiío, desempenhar COIll fidelidade °
cargo
de Pre .sidente da Repúblico de Moçambique, dedicar
TITULO VI todas as minhas energias à defesa, promoção e con-
Presidente da Republica solidação da UI/idade nacional, dos direitos humanos,
da democracia e ao bem-estar do povo moçambicano
CAPÍTULO I e fazer justiça a Iodos os cidadãos.
Estatuto e eleição ARTIGO J51

ARTIGO 7146
(Impedimento e ausênCia)

(DefInição) 1. Em caso de impedimento ou ausência do pafs. o Pro •.


sidente da República é substituído pelo Presidente da
I. O Presidente da República é o Chefe do Estado,
Assembleia da República Ou. no impedimento deste, pelo
simboliza a unidade nacional, representa a Nação no plano seu substituto.
interno e internacional e zela pelo funcionamento correcto
dos órgãos do Estado. 2. É vedada a ausência simultânea do pais do Chefe do
Estado e do seu substituto constitucional.
2. O Chefe do Estado é o garante da Constituição.
3. O Presidente da República é o Chefe do Governo. 3. Os impedimentos ou ausências do Presidente da Repú-
blica são de imediato notificados à Assembleia da República,
4. O Presidente da República é o Comandante-Chefe das
ao Conselho Constitucional e ao Governo.
Forças de Defesa e Segurança.
ARTIGO 152
ARTIGO 147
(SUb~ftuiÇâo Interina e incompatlblJidades)
(ElegIbilidade)

L O Presidente da República é eleito por sufrágio universal 1. As funções de Chefe do Estado são [linda assumidas
directo, igual, secreto, pessoal e periódico. interinamente pelo Presidente da Assembleia da República
nas circunstâncias seguintes;
2. Podem ser candidalOs a Presidente da República os
cidadãos moçambicanos que cumulativamente; a) morte ou incapacidade permanente comprovadas por
junta médica;
a) tenham a nacionalidade originária e não possuam
outra nacionalidade; b) renúncia. comunicada à Assembleia da República;
c) suspensão ou destituição em consequência de pro-
b) possuam a idade mfnima de trinta e cinco anos;
núncia ou condenação pelo Tribunal Supremo.
c) estejam no pleno gozo dos direitos civis e polfticos;
2. As circunstâncias referidas no número anterior impli-
ti) tenham sido propostos por um mínimo de dez mil cam a realização de eleições Presidenciais.
eleitores.
3. Em cas ) de renúncia ao cargo O Presidente da República
3. O mandato do Presidente da República é de cinco anos. não pode car.dídatar-sc para um novo mandato nos dez anos
4. O Presidente da República 6 pode ser reeleito uma vez. seguintes,
5. O Presidente da República que tenha sido eleito duas 4. Enquanto exercer interinamente as funções de Pre-
vezes consecutivas só pode candidatar-se a eleições presi- sidente da Republica, o mandato de deputado do Presidente
denciais cinco anos após o último mandato. da Assembleia da República suspende~se automaticamente.
ARTIGO 148 ARTIGO 153
(Elelçilo) (Responsabilidade crimlnat)
I. É eleito Presidente da República o candidato que reune 1. Por crimes praticados no exercício das suas funções, o
mais de metade dos votos expressos. Presidente da Republica responde perante o Tribunal Supremo.
2. Em Caso de nenhum dos candidatos obter a maioria 2. Pelos crimes praticados fora do exercício das suas fun-
absoluta há uma segunda volta, na qual participam os dois ções, o Presidente da República responde perante os tribunais
candidatos mais Valados. comuns, no termo do mandato.
ARTIGO 149 3. Cabe à Assembleia da República requerer ao Procura-
(Incompatibilidade) dor·Geral da República o exercício da acção penal contra o
Presidente da República, por proposta de pelo menos um
O Presidente da República não pode, salvo nos casos terço e aprovada por maioria de dois terços dos deputados
expressamente previstos na Constituição, exercer qualquer da Assembteta da República.
outra função pública e, em caso algum, desempenhor quais-
quer funções privadas. 4. O Presidente da República fica suspenso das suas
[unções a partir da data dei trânsito em julgado do despacho
ARTIGO 150 de pronúncia ou equivalente c a sua condenação implica a
destituição do cargo.
(Investldura e Juramento)
5. O Tribunal Supremo, em plenário, profere acórdão no
I. O Presidente da República é investido no cargo pelo prazo máximo de sessenta dias.
Presidente do Conselho Constitucional cm acto público e
perante os deputados da Assembleia da Repbblicu e demais 6. Havendo acórdão condenatório o Presidente da Repú-
represenramas dos órgãos de soberania. blica não pode voltar a candidatar-se a tal cargo ou ser
titular de órgão de soberania ou de autarquia local.
558
I S~RIE - NÚMERO 51
ARTIGO 154
g) nomear o Presidente do Tribunal Supremo. o Pre-
(Prlslo preventiva) sidente do Conselho Constitucional, (1 Presidente
Em caso algum pode o Presidente da República, em exer- do Tribunal Administrativo e o Více-Presídenre
do Tribunal Supremo;
crcío efectivo de funções. ser sujeito à prisão preventiva.
fi) nomear, exonerar e demitir o Procurndor-Gemt da
ARTIGO 155 República e o Vice-Procurador-Geral da República;
(Elelçlo em eaec de "acatura) i) Indultar e comutar penas;
1.A eleição do novo Presidente da República. por morte, j) atribuir, nos termos da lei títulos honoríficos. conde-
incapacidade permanente, renúncia ou destituição. deve ter corações e distinções.
lugar dentro dos noventa dias subsequentes. sendo vedado ÁRT1CiO J60
ao Presidente da República interino candidatar-se ao cargo.
(No domlnlo do Governo)
2. Não J1á eleição para Presidente da República se a
vacatura ocorrer nos trezentos e sessenta e cinco dias antes 1. No domínio do Governo, compete ao Presidente da
do fim do mandato. devendo permanecer o Presidente da República:
República interino até à realização das eleições. a) convocar e presidir as sessões do Conselho de Mi-
nistros;
AjtT1GO 156
b) nomear. exonerar e demitir o Primeiro-Ministro;
(Incepacídade)
c) criar ministérios e comissões de natureza inter-mi-
1. A incapacidade permanente do Presidente da República nisterial.
é comprovada por junta médica definida nos termos da lei.
2. Compete-lhe. ainda. nomear. exonerar e demitir:
2. A Incepecldede permanente do Presidente da República a) os Ministros e Vke-Ministros:
é declarada pelo Conselho Constitucional.
b) os Governadores Provinciais;
3. Cabe ao Conselho Constitucional verificar a morte e lt
perda do cargo de Presidente da República. c) os Reitores e Vice-Rerrores das Universidades Es-
tatais. sob proposta dos respectivos coleeti vos de
ARTIGO 157 direcção, nos termos da lei;
(Regime de Interinidade) ti) o Governador e o Vice-Governedor do Banco de
Moçambique;
1. Durante o período da vacerura do cargo de Presidente
da República a Constituição não pode ser alterada. e) os Secretários de Estado.
2. O Presidente da República interino garante o funciona- ARTIGO 161
mento dos órgãos do Estado e demais instituições e não pode (No dOl1llnloda der •• a e ela ordem pública)
exercer as competências referidas nas alíneas c), e), j), g), II),
I) e j) do artigo 159, nas aUneas b) e c) do n." 1 e n." 2 do ar- No domínio da defesa nacional e de ordem pública. compete
tigo 160, na alínea e) do artigo 161 e na alínea c) do artigo 162. ao Presidente da República:
a) declarar a guerra e a sua cessação, o estado de sftio
Aarroo 158 ou de emergência;
(Forma dos ac108) b) celebrar tratados;
Os actos normativos do Presidente da República assumem c) decretar a mobilização geral ou. parcial;
a forma de decreto presidencial e as demais decisões revestem ti) presidir ao Conselho Nacional de Defesa e Segurança;
a forma de despacho e são publicadas no Boletim da República.
e) nomear, exonerar e demitir o Chefe e o Vice-Chefe
CAPITULO II do Estado-Maior-General. O Comandame-Gemí e
Vice-Comandante~Oeral da Polícia. os Cornandan-
Competências tes de Ramo das Forças Armadas de Defesa de
Moçambique e outros oficiais das Forças de De-
ARTIGO 159
fesa e Segurança, nos termos definidos por lei.
(Compel6nolas geraIs)
ARTIQO 162
Compete ao Chefe do Estado no exercício da sua função':
(No domfnlo da. relaÇ6e, Intemaolonal,)
a) dirigir-se à nação através de mensagens e comu-
nicações; No domínio das relações internacionais, compete no
Presidente da República.
b). informar anualmente a Assembleia' da República
a) orientar II política externa;
sobre a situação geral da nação;
b) celebrar tratados internacionais;
c) decidir. nos termos do artigo 136. a realização de
referendo sobre questões de interesse relevantes c) nomear. exonerar e demitir os Embaixadores e envia-
para a nação; dos diplomáticos da República de Mo~ambique:
d) convocar eleições gerais; d) receber as cartas credenciais dos Embaixadores e
enviados diplomáticos de outros países.
e) dissolver a Assembleia da República nos termos do
artigo 188; ARTIGO f63
f) dem1tir os restantes membros do Governo quando o (Promulgsçlo _ veto)
seu programa seja rejeitado pela segunda vez pela
1. Compete ao Presidente da República promulgar e
Assembleia da República;
mandar publicar as leis no Boletim da República.

-_ .. _--
22 DE DEZEMBRO DE 2004
559
2. As leis são promulgadas atê trinta dias após a sua
ARTIGO 167
recepção, ou após a notificação d o acórdão do Conselho
Constitucional que se pronuncia pela não inconstituciona_ (Funcionamento)
lidado de 'qualquer norma delas constantes.
1. Os pareceres do Conselho de Estado são emitidos na
3. O Presidente da Replíblica pode vetar a lei por men- reunião que para o efeito for convocada e presidida pelo
sagem fundamentada, devolvê-la para recxame pela Assem- Presidente da República, podendo ser tornados públicos
bleia da República. aquando da prática do acto a que se referem.
4. Se a lei reexaminada for aprovada por maioria de dois 2. As reuniões do Conscfho de Estado não são públicas.
terços, o Presidente da República deve promulgá-la e mano
dá-Ia publicar. 3. O Conselho de Estado estabelece o respectivo regimento.

cAPfrULO III
TÍTULO VII

Conselho de Estado Assembleia da República


ARTIGO 164 CAPfTULO I
(Definição e composição) Estatuto e eleição
i. O Conselho de Estado é o órgão político de consulta do
ARTIGO 168
Presidente da República.
(OeIJniçlo)
2. O Conselho de Estado é presidido pelo Presidente da
República e tem a seguinte composição: I. A Assembleia da República é a assembleia represen-
a) o Presidente da Assembleia da República; tativa de todos os cidadãos moçambicanos.
b) o Primeiro- Ministro; 2. O deputado representa todo o país c não apenas o
círculo pelo qual é eleito.
c) o Presidente do Conselho Constitucional;
ti) o Provedor de Justiça; ARTIGO 169

e) os antigos Presidentes da República niib destituídos (Funçlo)


da função;
1. A Assembleia da República é o mais alto órgão legis-
f) os antigos Presidentes da Assembleia da Republica; lativo na República de Moçambiq1!e.
g) sete personalidades de reconhecido mérito eleitas 2. A Assembleia da República determina as normas que
pela Assembleia da República pelo periodo da regem o funcionamento do Estado e a vida económica e
legislatura, de harmonia com a representati vidade social através de leis e deliberações de caracter genérico.
parlamentar;
ARTIGO 170
II) quatro personalidades de reconhecido mérito designa-
das pelo Presidente da República, pele período (Eleição e composição)
do seu mandato;
1. A Assembleia da República é eleita por sufrágio
i) o segundo candidato mais votado ao cargo de Pre- uni versai, directo, igual. secreto, pessoal e periódico.
sidente da República.
2. A Assembleia da República é constituída por duzentos
ARTIGO 165 e cinquenta deputados.
(Posse e estatuto) 3. Concorrem às eleições os partidos políticos, isolada.
mente ou em coligação de partidos, e as respectivas listas
1. Os membros do Conselho de Estado tomam posse
podem integrar cidadãos não filiados nos partidos.
perante o Presidente da República.
2. Os membros do Conselho de Estado, por inerência, ARTIGO 171
mantêm-se em funções enquanto exercem os respectivos (M.ndato do Deputldo)
cargos.
1. O mandato do Deputado coincide com a duração da
3. Os membros do Conselho de Estado gozam de regalias,
legislatura, salvo renúncia ou perda do mandato.
imunidades e.tretarnenro protocolar a serem fixadas por lei.
2. A suspensão, a substituição, "a renúncia e a perda do
ARTIGO 166
mandato são reguladas pelo Estatuto do Deputado.
(Competilnclas)
ARTIGO 172
Compete ao Conselho de Estado, em geral, aconselhar (IncompatIbilidades)
O Presidente da República no exercício das suas funções
sempre que este o solicite e ainda, pronunciar-se obrigatoria- 1. A função de Deputado é incompatível com as de:
mente sobre a: a) membro do Governo;
a) dissolução da Assembleia da República; b) magistrado em efectividade de funções;
b) declaração de guerra, do estado de úío ou do estado c) diplomata em efectividade de serviço;
de emergência; d) militar e polícia no activo;
c} realização de referendo, nos lermos da alfnea c) do e) governador provincial e administrador distrital;
artigo 159;
f) titular de órgãos autárquicos,
d} convocação de eleições gerais.
2. A lel determina as demais incompatibilidades.
S60
I SÉRIE.-NÚMERO 51
ARTIGO J 73
d) comparecer às sessões do Plenário e às da Comissão
(Pod$re, do DeputEldo) de que for membro;
Suo poderes do Deputado; e) participar nas votações e nos trabalhos da Assem-
ti) exercer o direito de VOIO;
blein da República.

b) submeter projectos de leis. resoluções e demais ARTltlO 178


. deliberações; (Renúnchil e perda do mandato)
c) Jandidutar-se aos órgãos da Assembleia da República;
1. O Deputado pode renunciar ao mandato, nos termos
d) requerer e obter do Governo ou das instituições da lei.
públicas dados e informações necessários ao
2. Perde o mandato o Deputado que:
exercício do seu mandato;
a) for condenado deflnitivameme por crime doloso em
e) fazer perguntas e interpelações ao Governo;
pena de prisão superior a dois unos;
j) outros consignados no Regimento da Assembleia da
b) se inscrevo. ou assuma função em partido ou coli-
República.
gação diferentes daquele pelo qual foi eleito;
ARTIGO 174 c) não tome assento na Assembleia do. República ou
(Imunidades) exceda o número de faltas estcbelecídc no Re-
gimento.
1. Nenhum Deputado pode ser detido ou preso. salvo em
caso de flagrante delito, ou submetido II julgamento sem 3. Implicam ainda a perda do mandato quaisquer inele-
consentimento da Assembleia da República. gibilidades existentes li data das eleições e conhecidas
postertormerue, bem como as incapacidades previstas na lei.
2. Tratando-se de processo penal pendente cm que tenha
sido constituído arguido, o Deputado é ouvido por um juiz
conselheiro. CAPiTULO II

'3. O Deputado goza de foro especial e é julgado pelo Competência


Tribunal Supremo. nos termos da lei.
ARrIGO 179
ARTIGO 175 (Competências)
(lrrespon8abllldade)
1. Compele à Assembleia da Repübllca legislar sobre as
1. Os deputados da Assembleia da República não podem questões básicas da política interna e externa do país.
ser processados judicialmente, detidos ou julgados pelas
2. É da exclusiva competência da Assembleia da República:
opiniões ou votos emitidos no exercício da sua função de
Deputado, a) aprovar as leis constitucionais;
2. Exceptuam-se a responsabilidade civil e a responsabi- b) aprovar a ,delimitnção das fronteiras da República
lidade criminal por injúria, difamação ou calúnia. de Moçambique;

AKl'lGO 176 c) deliberar sobre a divisão territorial;

(Direitos e regaUas do Deputado) li) aprovar a legislação eleitoral e o regime do referendo;


e) aprovar e denunciar os tratados que versem sobre
1. O Deputado goza dos seguintes direi lOS e demais
regalias: malérias do. sua competência;

a) cartão especial de, identificação: j) propor a realização de referendo sobre questões de


interesse nacional;
b) livre trânsito em locais públicos de acesso condicio-
nado. no exercício das suas funções ou por causa g) sancionar il suspensão de garantias constitucionais e
delas; a declaração do estudo de sítio ou do estado de
emergência;
c) apoio, cooperação, protecção e facilidades das enti-
dades públicas ou militares da República, para o II) ratificar a nomeação do Presidente do Tribunal Su-
exercício do seu mandato nos termos da lei; premo, do Presidente do Conselho Constitucional,
do Presidente do. Tribunal Administrativo e do
á) remuneração e subsídios estabelecidos na lei.
Vice-Presidente do Tribunal Supremo;
2. O Deputado não pode intervir em processos judiciais
i) eleger o Provedor da Justiça;
Como perito ou testemunha. solvo quando autorizado pela
Assembleia da República ou pela Comissão Permanente. j) deliberar sobre o programa do Governo;
3. O Deputado gozo. ainda dos demais direitos e regalias k) deliberar sobre os relatórios de actividades do Con-
estubelecidos na lei. selho de Ministros;
ARTJ()U 177 !) deliberar sobre as grandes Opções do Plano Econó-
(Deveres do Deputado) mico e Social e do Orçamento do Estudo e os
respectivos relatórios de execução:
O Deputado tem os seguintes deveres:
1Il) aprovar o Orçamento do Estado;
a) observar a Constituiçiio e <ISleis;
11) definir a política de defesa e segurança. ouvido o
b) observar o Estatuto do Deputado;
Conselho Nacional de Defesa e Segurança;
c) respeitar a dignidatle da Assembleia da Rcpübllce e
o) definir as bases da política de impostos e o sistema
dos deputados; fiscal:
22 DE DEZEMBRO DE 2004
56l
p) autorizar o Governo, definindo as condições gerais. ARTIGO 183
a contrair ou a conceder empréstimos, a realizar
(Iniciativa de lei)
outras operações de crédito. por período superior
a um exercício económico e a estab~[ecer o limite 1. A iniciativa de lei pertence:
máximo dos avales a conceder pelo Estado; a) aos deputados;
q) definir o estatuto dos titulares dos órgãos de sobe- b) às bancadas parlamentares:
rania, das províncias e dos órgãos autárquicos; c) às comissões da Assembleia da República;
r) deliberar sobre as bases gerais da organização e fun- d) ao Presidente da República;
cionamento da Administração Pública; e) ao Governo.

s) ratificar os decretos-leis; 2. Os deputados e as bancadas parlamentares não podem


apresentar projecto de lei que envolva, directa ou indirec-
I) ratificar e denunciar os tratados internacionais;
tamente, o aumento de despesas ou a diminuição das receitas
/I) ratificar os tratados de participação de Moçambique do Estado, ou que modifique, por qualquer modo, o ano
nas organizações internacionais de defesa; económico em curso.
v) conceder amnistias c perdão de penas. ARTIGO 184
3. Com excepção das competências enunciadas no n." 2 (RegIme de discussão Q votação)
do presente artigo, a Assembleia da República pode autorizar
1. A discussão das propostas e projectos de lei e de refe-
o Governo a legislar sobre outras matérias, sob forma de
decreto-lei. rendo compreende um debate na generalidade e outro na
especialidade.
4. Compete ainda à Assembleia da Repúhlica:
2.·A votação compreende uma votação na generalidade,
a) eleger o Presidente, os Vice-Presidenres e a Comissão uma votação na especialidade e uma votação final global.
Permanente;
3. Se a Assembleia assim o deliberar, os textos aprovados
b) aprovar o Regimento da Assembleia da República e na generalidade são votados na especialidade pelas comis-
O Estatuto do Deputado; sões, sem prejuízo do poder de evocação pelo Plenlirio e do
c) criar comissões da Assembleia da República e regu- voto final deste para aprovação global.
lamentar o seu funcionamento;
CAPITULO III
d) criar grupos nacionais parlamentares.
Organização e funcionamento
ARTIGO 180
ARTIGO (85
(leis de aUlorlzaçio leglslatrva)
(Legisl.tura)
I. As leis de autorização legislativa devem definir o
objecto, o sentido, a extensão e a duração da autorização. 1. A legislatura tem a duração de cinco anos e rmcta-se
com a primeira sessão da Assemhleia da Republica, após as
2. As autorizações legislativas não podem ser utilizadas
eleições e termina com a primeira sessão da nova Assem-
ma;1> de uma vez, sem prejuízo da sua execução parcelada bleia eleita,
ou da respectiva prorrogação.
2. A primeira sessão da Assembleia da República tem lugar
3. As autorizações legislativas caducam com o termo da até vinte dias após a validação e proclamação dos resultados
legislatura ou com a dissolução da Assembleia da República. eleitorais.
4. O Governo deve publicar o acto legislativo autorizado ARTIGO 186
até ao último dia do prazo indicado na lei de autorização,
(Pllrlodos de funclon.mento)
que começa a contar-se a partir da data da publicação.
A Assembleia da República reúne-se ordinariamente duas
ARTIGO 181
vezes por ano e extraordinariamente sempre que a sua
(Decretos.leis) convocação for requerida pelo Presidente da República, pela
Comissão Permanente ou por um terço, pele menos, dos
1. Os decretos-leis e provados pelo Conselho de Ministros deputados.
no uso de autorização legislativa são considerados ratifi-
ARnGo 187
cados se, na sessão da Assembleia da RepÚblica imediata, a
sua ratificação não for requerida por um mínimo de quinze (Quorum e deliberação)
deputados.
1. A Assembleia da República só pode deliberar achan-
2. A Assembleia da Repúbfica pode suspender no todo ou do-se presentes mais de metade dos seus membros.
em parte a vigência do decreto-lei até à sua apreciação. 2. As deliberações da Assembleia da República são [orna-
3. A suspensão caduca quando até ao fim da sessão a das por mais de metade dos votos dos deputados presentes.
Assembleia não se pronunciar. 3. As matérias referentes ao estatuto da oposição são
4. A recusa da ratificação implica a revogação. aprovadas por maioria de dois terços dos deputados.

ARTIGO 182 ARTIGO 188


(Forma do açtos) (Dlssoluçlo)

1. A Al>sembJeia da RepúbJica pode ser dissolvida, pelo


Os actos legislativos da Assembleia da República assu-
Presidente da República caso rejeite, após debate, o Pro-
mem a forma de lei e as demais deliberações revestem a grama do Governo.
forma de resolução e são publicados no Boletim da
República. 2. O Presidente da República convoca novas eleições
legislativas, nos termos da Constituição.
562
ISÉRIE - NÚMERO 51
ARTIGO 189
2. A Comissão Permanente da Assembleia da República é
(Umltes à dIssolução) composta pelo Presidente, Vice-Presídentes e por outros
1. A dissolução da Assembleia da República não pode deputados eleitos nos termos da lei. sob proposta das ban-
ocorrer, em caso de estado de sítio ou de emergência, cedas parlamentares, de ecçrdc com li S4a representatividade.
durante fi vigência deste e até ao sexagésimo dia posterior 3. Os representantes referidos nos números anteriores tê;n
à sua cessação. na Comissão Permanente um número de votos igual ao da
2. É inexistente juridicamente Q acto de dissolução que bancada parlamentar que representam.
contrarie o disposio no número anterior. 4. A Comissão Permanente da Assembleia da República
3. A dissolução da Assembleia da República não põe funciona no Intervalo das sessões plenãriae .e nos demais
termo ao .mandato dos deputados nem às competências da casos previstos na Constituição e na lei.
sua Comissão Permanente que subsistem até a primeira ARTIOO 194
sessão da nova Assembleia eleita.
(permantncla)
4, Operando-se u dissolução. u Assembleia eleita inicia
nova legislatura cujo mandato tem a duração do tempo No termo da legislatura ou em caso de dissolução. a
remanescente da legislatura anterior. Comissão Permanente da Assembleia da República man-
tém-se em funções até à sessão constitutiva da nova Assem-
ARTIGO 190 bleia eleita.
(PresIdente da Assembleia da República) ARTIGO 195
1. A Assembleia da República elege. de entre os seus (CompetêncIas)
membros. o Presidente da Assembleia da República. Compele à Comissão Permanente da Assembleia da Re-
2. O Chefe do Estado convoca e preside a sessão que pública:
procede a eleição do Presidente da Assembleia da República. a) exercer os poderes da Assembleia da República rela.
3. O Presidente da Assembleia da República é investido tivamenre ao mandato dos deputados;
nus suas funções pelo Presidente do Conselho Constitucional. b) velar pela observância da Constituição e das leis.
4. O Presidente da Assembleia da República é responsável acompanhar a actividade do Governo e da Admi-
perante a Assembleia da República. nlsrraçüo Pública;
c) pronunciar-se previamente sobre a declaração de guerra;
ARTIGO 191
d) autorizar ou confirmar, sujeito a ratificação, a decla-
(Competências do PresIdente d. AII8emblela de República)
ração do estado de sítio ou estado de emergência.
Compete ao Presidente da Assembleia da República: sempre que a Assembleia da República não esteja
reunida;'
a) convocar e presidir as sessões da Assembleia da
República e da Comissão Permanente; e) dirigir as relações entre a Assembleia da República
b) velar pelo cumprimento das deliberações da Assem-
e. as Assembleias e instituições análogas de outros
países;
bleia da República;
f) autorizar a deslocação do Presidente da República em
c) assinar as leis da Assembleia da República e sub-
visitu de Estado;
metê-Ias à promulgação;
g) criar comissões de inquérito de carácter urgente, no
á) assinar e mandar publicar as resoluções e moções
da Assembleia da República; intervalo das sessões plenárias da Assembleia da
República;
e) representar a Assembleia da República no plano
h) preparar e organizar as sessões da Assembleia da
interno e internacional; República;
!J promover o relacionamento institucional entre a i) exercer as demais funções COnferidas pelo Regi-
Assembleia da República e as Assembleias mento da Assembleia da República;
Provinciais. em conformidade com as normas j) conduzir os trabalhos das sessões plenárias;
regimentais;
k) declarar as perdas e renúncias de mandatos dos
8) exercer as demais competências con~ignndas na
deputados. bem como as suspensões nos lermos
Constituição e no Regimento;
da Constituição e do Regimento da Assembleia
ARTIOO 192 da República;
(VIce-Presidentes da A8semblela da Repúbllça) l) decidir questões de interpretação do Regimento da
Assembleia da República no intervalo das sessões
1. A Assembleia da República elege. de entre os sCfUS plenárias;
membros, Vice-Presidentes designados pelos padidos com m) integrar nos trabalhos de cada sessão as iniciativas
maior representação parlamentar,
dos deputados. bancadas ou do Governo;
2. Na eusênem ou impedimento do Presidente da Assem- n) apoiar o Presidente da Assembleia da República na
bleia da República. as suas funções são exercidas por um gestão administrativa e financeira da Assembleia
dos Vice-Presidentes. nos termos do Regimento da Assem- da República.
bleia da República.
ARTIGO 196
ARTIGO 193
(Bancada parlam.ntar)
(Comla.lo Permanente)
1. Os deputados eleitos por cada partido podem constituir
1. A ComiSSIiOPermanente é o órgão da Assembleia da bancada parlamentar.
República que coordena as actividades do Plenário. das SU.1S
Comissões e dos Grupos Nacionais Parlamentares. 2. A constituição e organizaç!lo da bancada parlamentar
são fixadas no Regimento da Assembleia di! República.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
563
ARTIGO 197 ARTIGO 202
(Podere. doi bancada parlamentar) (Convocaç:lo e pre.ldêncla)
I. Constituem poderes da bancada parlamentar os seguintes: 1. Na sua actuação. o Conselho de Ministros observa as
a) apresentar candidato a Presidente da Assembleia da decisões do Presidente da República e as deliberações da
República; Assembleia da República.

b) propor candidato a Vice-Presídente da Assembleia 2. O Conselho de Ministros é convocado e presidido pejo


da República; Primeiro-Ministro, por delegação do Presidente da República,
3. A formulação de políticas governamentais pelo Conse-
c) designar candidatos para a Comissão Permanente da
lho de Ministros é feita em sessões dirigidas pelo Presidente
Assembleia da República;
da República.
ti) designar candidatos para as Comissões da Assem-
bleha da. República; CAPÍTULO II
e) exercer iniciativa de lei; Competência e responsabilidade
fJ requerer. com a presença do Governo, o debate de
ARTIGO 203
questões de interesse público actual e urgente;
g) requerer a constituição de comissões parlamentares (Funç:lo)
de inquérito; L O Conselho de Ministros assegura a administração do
h) requerer o debate de assuntos de urgência não agen- país. garante a integridade territorial. vela pela ordem pública
dados; e pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promove o
desenvolvimento económico. implementa a acção social do
i) solicitar informações e formular perguntas ao Go-
Estado. desenvolve e consolida a legalidade e realiza a
verno: política externa do país.
2. C3$l.3 bancada parlamentar tem o direito de dispor de 2, A defesa da ordem públíca é assegurada por órgãos
locais de trabalho na Assembleia da República. bem como apropriados que funcionam sob controlo govememental.
de pessoal técnico e administrativo, DOS termos da lei.
ARflGo204
ARTIGO 198
(Competanclu)
(Progl'llmaQuinquenal do Governo)
1, Compete. nomeadamente. ao Conselho de Ministros:
1. A Assembleia da Repl1blica aprecia o Programa do
a) garantir o gozo dos direitos e liberdades dos cidadãos;
Governo no inicio da legislatura.
b) assegurar a ordem pública e a disciplina social;
2. O Governo pode apresentar um programa reformulado
c) preparar propostas de lei a submeter à Assembleia
que tenha em conta as conclusões do debate.
da República;
ARTIGO 199 d) aprovar decretos-leis mediante autorização legisla-
(Partlclpaçlo dos membro. do Governo nas •••• Oes) tiva da Assembleia da República;
e) preparar o, Plano Económico e Social e o Orçamento
1. O Primeiro-Ministro e os Ministros têm direito de com- do Estado e executá-los após aprovação peja As-
parecer às sessões plenárias da Assembleia da República, sembleia da ~epública;
podendo usar da palavra. nos termos do Regimento.
fJ promover e regulamentar a actividade económica e
2. Nas sessões plenárias da Assembleia da República é dos sectores sociais;
obrigatória a presença do membro ou membros do Governo g) preparar a celebração de tratados internacionais e
convocados. celebrar, ratificar, aderir e denunciar acordos
internacionais, em matérias da sua competência
TÍTULO Vl1l governativa;
Governo h) dirigir a política laboral e de segurança social;
i) dirigir os sectores do Estado. em especial a educação
CAPíTULO I e saúde;
Deflnlçio e composição j) dirigir e promover a política de habitação.
2. Compete. ainda, ao Conselho de Ministros:
ARTlOO200
a) garantir a defesa e consolidação do domínio público
(Deflnlçio) do Estado e do património do Estado;
O Governo da República de Moçambique é o Conselho b) dirigir e coordenar as actividades dos ministérios e
de Ministros. outros órgãos subordinados ao Conselho de Mi-
nistros;
ARTIGO 201 c) analisar a experiência dos órgãos executivos locais
(Compoalçlo) e regulamentar a sua organização e funcionamento
e tutelar, nos termos da lei. os órgãos das autar-
L O Conselho de Ministros é composto pelo Presidente quias locais;
da República que a ele preside. pelo Primeiro-Ministro e
pelos Ministros. ti) estimular e apoiar o exercício da actividade empre-
sarial e da iniciativa privada e proteger os inte-
2, Podem ser convocados para participar em reuniões do resses do consumidor e do público em geral;
Conselho de Ministros os Vice-Ministros e os Secretários e) promover o desenvolvimento cooperativo e o apoio
de Estado.
à produção familiar.
564 I SÉRIE - NÚMERO 51
3. É da exclusiva Iniciativa legislativa do Governo a ma. ART/CõO 210
téria respeitante à sua própria. organização, composição e
(Forma ciosIÇtO')
funcionamento.
ARTIGO 205 1. Os actos -normedvos do Conselho de Ministros revestem
a forma de decreto-lei e ele decreto.
(Competlnclal do Prlrnelro·Mlnlatro)
2. Os decretos-leis e os decretos, referidos no numero
L Compete ao Primeiro-Ministro. sem prejuízo de outros anterior, devem indicar a lei ao abrigo da qual são aprovados.
atribuições confiadas pelo Presidente da República e por lei.
3. Os decretos-leis silo assínedos e mandados publicar
assistir e aconselhar o Presidente da República na direcção do pelo Presidente da República e os demais decretes do
Governo.
Governo do assinados e mandados publicar pelo Primeiro-
2. Compete. nomeadamente, ao Primeiro-Mlnlstro. -Ministro.
a) assistir o Presidente da República na elaboração do 4. Os demais actos do Governo tomam a forma de
Programa do Governo; resolução.
b) aconselhar o Presidente da República na criação de ARTIGO 211
ministérios e comissões de natureza ministerial e (Imunidade.)
na nomeação de membros do Governo e outros
dirigentes governamentais; I. Nenhum membro do Governo pode ser detido ou preso
sem autorização do Presidente da República, salvo em caso
c) elaborar e propor o plano de trabalho do Governo
ao Presidente da República; de flagrante delito e por crime doloso li que corresponda
pena de prisão maior.
d) garantir a execução das decisões dos órgãos do
Estado pelos membros do Governo; 2. Movido procedimento criminal contra um membro do
Governo e acusado este definitivamente, o Presidente da
e) presidir as reuniões do Conselho de Ministros .des- República decide se o membro do Governo deve ou não ser
tinedas a tratar da implementação das politicas suspenso pa.a efeitos de prosseguimento do processo, sendo
definidas e outras decisões; obrigatória a decisão de suspensão quando se trate de crime
f) coordenar e controlar as actividades dos ministérios do tipo referido no número anterior.
e outras instituições governamentais;
g) supervlser o funcionamento técnico-administrativo do
TtTULOIX
Conselho de Ministros. Tribunais
ARTIGO 206
CAPiTULO I
(AalaeJonlmentocom • As•• mbleill di Aepl:ibIlCl)
Prlncfplo. gorai.
1. Nas relações com a Assembleia da Repübllca, compete
ao Primeiro-Ministro: AIl.T1oo2l2
a) apresentar à Assembleia da República o Programa (Funqlo IUr1.cllclonal)
do Governo, a proposta do Plano Económico e 1. Os tribunais têm como objectivo garantir e reforçar a
Social e do Orçamento 'lo Estado; legalidade como factor da estabilidade jurídica, garantir o
b) apresentar os relatórios de execução do Governo; respeito pelas leis. assegurar 08 direitos e liberdades dos
c) expor as posições do Governo perante a Assembleia cidadãos, assim como os interesses jurídicos dos diferentes
da Repl1blica. órgãos e entidades com extstêncía legal.
2. No exercrcío destas funções, o Primeiro-Ministro é 2. Os tribunais penalizam lI,Sviolações da legalidade e
assistido pelos membros do Conselho de Miaistros por ele decidem pleitos de acordo com o estabelecido na lei.
designados. 3. Podem Ser definidos por lei mecanismos institucionais
ARTIGO 207 e processuais de articulação entre os tribunais e demais
instâncias de composição de interesses e de resolução de
(AOIpon.abllldadee oompetlncla. cioCon•• 'ho de Mlnl.tro.) conflitos.
O Conselho de Ministros responde perante o Presidente
ARTIGO 213
da RepQbllca e a Assembleia da República pela realização
(fI'un9lo edUCIOlonal)
da política interna e externa e presta-lhes contas das suas ,
actividades nos termos da lei. Os tribunais educam os cidadãos e a administração pública
ARTIGO 208
no cumprimento voluntário e consciente das leis, estebele-
cendo uma justa e harmoniosa convivência soçial.
(R.ponllblUdlde POI(UCI dai membro. do Qoverno)
ARTlClO 214
Os membros do Conselho de Ministros respondem perante (Inoonatlluclon.lld1de)
o Presidente do. República e o Primeiro-Ministro pela apll-
ceção das decisões do Conselho de Ministros na área da Nos feitos submetidos a julgamento os tribunais não
sua competência. podem aplicar leis ou princípios que ofendam a Ccnstituição.

ARTIGO 209 ARTIGO 215


(Dael,* doi tribunal.)
(80lldlrlecr.cs. uov-tnlmentel)
As decisões dos triburmis slo de cumprimento obrigatório
Os membros do Governo estilo vinculados ao Programa para todos os cidadãos e demais pessoas Jurrdlces e preva-
do Governo e às deliberações do Conselho de Ministros. lecem sobre as de outras autoridades.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
565
ARTIGO 216
2. O Conselho Superior da Magistratura Judicial é pre-
(Partlclpaçlo do. Juizos eleitol) sidido pelo Presidente do Tribunal Supremo, o qual é
1. Nos julgamentos podem participar juizes eleitos. substituído nas suas ausências e impedimentos, pejo vice-
-Presídenre do Tribunal Supremo.
2. Os juizes eleitos intervêm apenas nos julgamentos em
primeira instância e na decisão da matéria de facto. 3. O Conselho Superior da Magistratura Judicial inclui
funcionários da justiça eleitos pelos seus pares, para discussão
3.A intervenção dos juizes eleitos é obrigatória nos casos
e deliberação de matérias relativas ao mérito profissional e
previstos tl'O. lei processual ou quando for determinada pelo
ao exercício da função disciplinar sobre os mesmos, em
juiz da causa, promovida pelo Ministério Público ou rcque-
rida pelas partes. termos a determinar por lei.
4. A lei regula os demais aspectos relativos à compe-
4. A lei estabelece as formas de eleição e de participação
tência, organização e funcionamento do Conselho Superior
dos juizes mencionados: no presente artigo e fixa a duração
da Magistratura Judicial.
do respectivo período de exercício de funções.
:ARTIGO 222
CAPITULO II (Competinclas)
Estatuto dos juizes
Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judicial.
nomeadamente:
ARTIGO 217
(Independêm::l. cios Juizos) a) nomear, colocar. transferir, promover, exonerar 'e
apreciar o mérito profissional. exercer a acção
1. No exercício das suas funções, os juizes são indepen-
disciplinar e. em geral, praticar todos os actos de
dentes e apenas devem obediência à lei.
idêntica natureza respeitantes aos magistrados
2. Os juizes têm igualmente as garantias de imparcialidade judiciais;
e irresponsabilidade.
b) apreciar o mérito profissional e exercer a acção
3. Os juizes são inamovíveis, não podendo ser transfe- disciplinar sobre os funcionários da justiça. sem
ridos, SUSpensos, aposentados ou demitidos, senão nos casos prejuízo das competências disciplinares atribuídas
previstos na lei. aos juizes;
ARTIGO 218 c) propor a realização de inspecções extraordinárias,
(Respon'.bJllcI.de) sindicâncias e Inquerítos aos tribunais;
1. Os juizes respondem civil, criminal e disciplinarmente d) dar pareceres e fazer recomendações sobre a política
por actos praticados no exercrcío das suas funções apenas judiciária, por sua iniciativa ou a pedido do Pre-
nos casos especialmente previstos na lei. sidente da República, da Assembleia da República
ou do Governo.
2. O afastamento de um juiz de carreira da função judi-
cial só pode ocorrer nos termos legalmente estabelecidos. CAPíTULO III
ARTIGO 219 Organização dos tribunais
(Incompatlblllded •• )
SECÇÃO]
Os Magistrados Judiciais, em exercício, não podem desem-
Eespécies de tribunais
penhar quaisquer outras funções públicas ou privadas, excepto
a actividade de docente ou de investigação jurídica ou outra ARTloo223
de divulgação e publicação científica, literária, artística e (Espécies)
técnica, mediante prévia autorização do Conselho Superior
da Magistratura Judicial. 1. Na República de Moçambique existem os seguintes
tribunais:
ARTIGO 220
a) o Tribunal Supremo;
(Con.elho Superior d8 MIIgl.tratura JudicIaI)
b) o Tribunal Administrativo;
O Conselho Superior da Magtstratura Judicial é o órgão c) os tribunais judiciais.
de gestão e disciplina da magistratura judicial.
2. Podem existir tribunais administrativos, de trabalho,
ARTIGO 221 fiscais, aduaneiros, marítimos, arbitrais e comunitários.
(ComPOllçio) 3. A competência. organização e funcionamento dos rribu-
1. O Conselho Superior da Magistratura Judicial tem a nais referidos nos números anteriores são estabelecidos por
seguinte composição: lei, que pode prever a e xisrêncía de um escalão de tribunais
entre os tribunais provinciais e o Tribunal Supremo.
a) o Presidente do Tribunal Supremo;
4. Os tribunais judiciais são tribunais comuns em matéria
b) o Vice-Presidente do Tribunal Supremo;
civil e criminal e exercem jurisdição em todas as áreas não
c) dois membros designados pelo Presidente da Repú- atribuídas a outras ordens jurisdicionais.
blica;
5. Na primeira instância, pode haver tribunais com
ti) cinco membros eleitos pela Assembleia da República, competência específica e tribunais especializados para o
segundo o critério de representação proporcional; julgamento de matérias determinadas.
e) sete magistrados judiciais das diversas categorias, 6. Sem prejuízo do disposto quanto aos tribunais militares.
todos eleitos pelos seus pares, nos termos do é proibida a existência de tribunais com competência exclu-
Estatuto dos Magistrados Judiciais. siva para o julgamento de certas categorias de crimes.
566
I SÉRIE-NÚMERO 51
ARTIGO 224
2. O Presidente da República nomeia o Presidente do
(Tribunais mJllt.,...) Tribunal Administrativo. ouvido o Conselho Superior da
Durante a vigência do estado de guerra são constituídos Magistratura Judicial Administrativa.
tribunais mílltcres com competência para o julgamento de J. Os Juizes Conselheiros .do Tribunal Administrativo são
crimes de natureza estritamente militar. nomeados pelo Presidente da República. sob proposta do
Conselho Superior du Magistratura Judicial Administrativa.
SI>CÇÂOIl
4. Os Juizes Conselheiros do Tribunal Administrativo
Tribunal Supremo
devem. à data da sua nomeação, ter idade igualou superior
ARTIGO 225 a trinta e cinco anos e preencher os demais requisitos esta-
(DeI'lnlçao)
belecidos por lei.
ARTIGO 230
i. O Tribunal Supremo é o órgão superior da hierarquia (Compet6ncla.)
dos tribunais judiciais.
1. Compete. nomeadamente ao Tribunal Administrativo:
2. O Tribunal SupreJ;11Qgarante a aplicação uniforme da
lei na esfera da sua jurisdição e ao serviço dos interesses a) julgar as acções que tenham por objecto litígios
do povo moçambicano. . emergentes das relações juildicas administrativas;
b)juJgar os recursos contenciosos interpostos das decl-
ARTIGO 226
sões dos órgãos do Estado. dos respectivos tlru-
(Compollçllo) lares e agentes;
1. O Tribunal Supremo é composto por juizes conselheiros. c) conhecer dos recursos interpostos das decisões pro-
em número a ser estabelecido por lei. feridas pelos tribunais administrativos, fiscais e
aduaneiras.
2. O Presidente da República nomeia o Presidente e o více-
-Presídente do Tribunal Supremo, ouvido o Conselho Superior 2, Compete ainda ao Tribunal Administrativo:
da Magistratura Judicial. a) emitir o relatório e o parecer sobre a Conta Geral
3. Os Juizes Conselheiros são nomeados pelo Ptesidente do Estado;
da República. sob proposta do 'Conselho Superior da Magis- b) fiscalizar. previamente. a legalidade e a cobertura
tratura Judicial. após concurso público. de avalíaçãc curri- orçamental dos actos e contratos sujeitos à [uris-
cular, aberto aos magistrados e a outros cidadãos nacionais. dição do Tribunal Administrativo:
de reputado mérito, todos licenciados em Direito. no pleno c) fiscalizar. sucessiva e concomitantemente os dinhei-
gozo dos seus direitos civis e polülcos. ros públicos;
4. Os Juizes Conselheiros do Tribunal Supremo devem. à d) fiscalizar a aplicação dos. recursos flnanceiros obtidos
data da sua designação. ter idade igualou superior a trinta no estrangeiro. nome4damente através de emprés-
timos. subsídios. avales e donativos.
e cinco anos. haver exercido. pelo menos durante, dez anos,
actividade forense ou de docência em Direito. sendo os ARTIGO 231
demais requisitos. fixados por lei. (Or;anlza~ e fl.lnolonamllnlQ)
ARTIGO 227 A lei regula a organização e o funcionamento do Tribunal
(Funolonamenk:l) Administrativo e os demais aspectos relativos à sua competência,
O Tribunal Supremo funciona: ARTIClO 232

a) em secções. como tribunal do primeira e de segunda


(ConHJho SUptlrlor de Magistratura JudIciai Admlnlstnltlvl)
instância; 1. O Conselho Superior da Magistratura Judicial Admi-
b) em plenário, como tribunal de segunda instância e nistrativa é o órgão de gestão e disciplina da Magistratura
de instância única. nos casos expressamente pre- Administrativa, Fiscal e Aduaneira.
vistos na lei. 2. A lei regula a organização. li cornposiçêo e o funcio-
SECçAoIIJ namento do Conselho Superior ~a Magistratura Judicial
Administrativa.
Tribunal Admlnlatratlvo
ARTloo233
ARTIOO 228 (Incompatibilidades)
(Def1nI9Io) Os magistrados do Tribunal Administrativo, em exercício.
L O Tribunal Administrativo é o órgão superior da hierar- não podem desempenhar quaisquer outras funções pübllcas
quia dos tribunais administrativos. fiscais e aduaneiros. ou privadas. excepto 4 actividade de docente ou de investi.
gação jurídica ou outra de divulgação e publicação cientifica.
2. O Controlo da legalidade dos actos .administrativos e
literária. artística e técnica. mediante prévia autorização do
da aplicação das normas regulamentares emitidas pela Admi-
Conselho Superior da Magistratura Judicial Administrativa.
nistração Pública. bem como a fiscalil!:açll.o da legalidade
das despesas públicas e a respectiva efectivaçao ao. res- rmn.o x
ponsabüídade por infracção financeira cabem no Tribunal
Administrativo. Ministério Púbiico
ARTIGO 229 ARTIGO 234
(Compo.19Io) (DoII""IO)

1. O Tribunal Administrativo .6 composto por Juizes Con- 1. O Mjnist6rio Público constitui uma magistratura hierar-
selheiros. em número estabelecido por lei. quicamente organizada. subordinada ao Procurador-Geral da
República.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
567
2. No exercício das suas funções. os magistrados e agentes ARTIGO 240
do Ministério Público estão sujeitos aos critérios de legali-
dade. objectividade, isenção c exclusiva sujeição às directivas (Procuradores-Gerais Adjuntos)
c ordens previstas na lei. 1. Os Procuradores-Gerais Adjuntos representam o M1ll1S-
3. O Mmisrédc Público goza de estatuto próprio e de auto- têrio Público junto das secções do Tnbunul Supremo e do
nomia, nos termos da lei. Tribunal Administrativo e constituem o topo da carreira da
ARTIGO 235
Magistratura do Minixtérin Público.

(Natureza) 2. Os Procuradores-Gerais Adjuntos são nomeados pelo


Presidente da República, sob proposta do Conselho Superior da
O Ministério Público compreende a respectiva magistratura, Magistratura do Ministério Público, após concurso público de
a Procuradoria-Geral da República e os órgãos subordinados. avaliação curricular, aberto a cidadãos nacionais de reputado
ARTIGO 236 mérito, licenciados em Direito, no pleno gozo dos seus direitos
civis e políticos, que tenham, à data do concurso, idade igual
(Funções)
ou superior a trinta e cinco anos c que tenham exercido, pelo
Ao Ministério Público compete representar o Estado junto menos durante dez anos, a actividade forense ou de docência
dos tribunais e defender os interesses que a lei determina. em Direito.
controlar a legalidade. os prazos das detenções, dirigir a instrução
preparatória dos processos-crime, exercer a acção penal e TÍTULO XI
assegurar a defesa jurídica dos menores, ausentes c incapazes. Conselho Constitucional
ARTIGO237
ARTlOO 241
(Procuradoria-Gerai da República)
(Deftnlção)
I. A Procuradoria-Geral da República é o órgão superior do
Ministério Público. com a orgânica, composição e competên- I. O Conselho Constitucional é o órgão de soberania, ao qual
dás definidas na lei. compete especialmente administrar a justiça, em matérias de
natureza j undíco-constitucionaís.
2. A Procuradoria-Geral da República é dirigida pelo Pro-
curador-GeraI, o qual é coadjuvado pelo Vicc-Procuredor-Gerel 2. A organização. funcionamento e o processo de Verifica-
da República. ção e controlo da constitucionalidade. da legalidade dos actos
normativos e as demais competências do Conselho Constl-
ARTIGO 238 tucionall>ão fixadas por lei.
(Conselho Superior da Magistratura do Ministério PübJico)
ARTIGO 242
1. A Procuradoria-Geral da República compreende (J Con-
(Compollção)
selho Superior da Magistratura do Ministério Público, que
inclui na sua composição membros eleitos pela Assembleia 1. O Conselho Constitucional é composto por sete JUIzes
da República e membros de entre si eleitos peJos magistrados conselheiros, designados nos seguintes termos:
dn Ministério Público.
a) um juiz conselheiro nomeado pelo Presidente da
2. O Conselho Superior da Magistratura do Ministério Pú- República que é o Presidente do Conselho Cons-
blico é o órgão de gestão e disciplina do Ministério Público. titucional;
3. A lei regula a organização. a composição e funcionamento b) cinco juizes conselheíros designados peja Assembleia
do Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público.
da República segundo o critério da representação
ARTIGO 239 proporciona!;
(Procurador-Garal e Vlce-Proourador-Geral da República) c) um juiz Gonselheiro designado pelo Conselho Superior
1. O Procurador-Geral e o Vice-Procurador-Geral da Repú- da Magistratura Judicial.
blica são nomeados, por um período de cinco anos, pelo 2. Os juizes conselheiros do Conselho Constitucional são
Presidente da República de entre licenciados em Direito. que designados para um mandato de cinco anos, renovável c
hajam exercido, pelo menos durante dez anos, actividade gozam de garantia de independência, inamovibilidade, impar-
profissional na magistratura ou em qualquer outra actividade cialidade e irresponsabilidade.
forense ou de docência em Direito, não podendo o seu
3. Os juizes conselheiros do Conselho Constitucional, à
mandato cessar senão nos seguintes casos:
data da sua designação. devem ter idade igualou superior
a) renúncia;
a trinta e cinco anos, ter pelo menos dez anos de experiên-
h) exoneração; cia profissional na magistratura ou em qualquer actividade
c) demissão; forense ou de docência cm Direito.
á) aposentação compulsiva em consequência de pro~ ARllGQ243
cesso disciplinar ou criminal:
(Inc,:ompatlbilidadas)
e) aceitação de lugar ou cargo incompatível com o exer-
cício das suas funções. Os Juizes Conselheiros do Conselho Constitucional, em
2. O Procurador-Geral da República responde perante o exercício, não podem desempenhar quaisquer outras funções
Chefe do Estado. públicas ou privadas. excepto a actividade de docente ou de
investigação jurídica ou outra de divulgação e publicação
3. O Procurador-Geral da República presta informação cientifica, literária, artística e técnica, mediante prévia auto.
anual à Assembleia da República. rtzcçêo do respectivo órgão.
568
I SÉRIE - NÚMERO 51
ARTIGO 244
2. A aprecraçao preventiva da constitucionalidade deve
(Competências) ser requerida no prazo referido no n." 2 do artigo 163.
L Compete no Conselho Constitucional: 3. Requerida à epreclação da constitucionalidade, inter-
rompe-se o prazo de promulgação.
a) apreciar e declarar 11 inconstitucionalidade das leis
e a ilegalidade dos CICios normativos dos órgãos 4. Caso o Conselho Constftuclonal se pronuncie peln
do Estudo; inexistência da tnconstltuclonelídude. o novo prazo de pro-
mulgaçâo começa a, correr 'a partir do conhecimento pelo
b) dirimir conflitos de competências entre os órgãos
de soberania; Presidente da República da deliberação do Conselho Cons-
titucional.
c) verificar previamente a constitucionalidade dos
referendos. 5. Se O Conselho Constitucional se pronunciar pela incons-
titucionalidade. o Presidente da 'República veta e devolve o
2. Cabe' ainda ao Conselho Constitucional: diploma li Assembleia da República.
a) verificar 08 requlsüos legais exigidos para as can-
ARTIGO 247
didaturas a Presidente da República;
b) declarar a incapacidade. permanente do Presidente (Rec:ursós)
da República; l. Devem ser remetidos obrigatoriamente para o Conselho
c) verificar a morte e a perda de mandato do Presidente Constitucional. os acórdãos e outras decisões com funda-
da República; mento na Inconstítuclonabdade. nos seguintes casos:
tf) apreciar em última instância, os recursos e as recla- a) quando se recuse a aplicação de qualquer norma com
mações eleitorais. validar e proclamar os resul- base na sua ínccnstítucionalídade,
tados eleitorais nos termos da lei; b) quando o Procurador-Geral da República ou o Minis-
e) decidir, em última instância. a legalidade da consti- tério Público solicite a apreciação abstracta da
tuição dos partidos políticos e suas coligações. constitucionalidade ou da legalidade de qualquer
bem como apreciar a legalidade das suas deno- norma, cuja aplicação tenha sido recusada, com a
minações, siglas. símbolos e ordenar a respectiva justificação de inconstitucioOlllidade ou ílegali-
extinçilo nos termos da Constituição e da lei; dade, por decisão judicial insusceptível de recurso.
fJ julgar as acções de impugnação de eleições e de 2.A lei regula o regime de admissão dos recursos previstos
deliberação dos órgãos dos partidos políticos; nesta disposição.
g) julgar as acções que tenham por objecto o conten- ARTlCiO 248
cioso relativo ao mandato dos deputados;
(Irrecorrlbllldade e obrlgetorl.c1acle elo. Ilcórdios)
!l) julgar as acções que tenham por objecto as incom-
patibilidades previstas na Constituição e na lei. 1. Os acórdãos do Conselho Constitucional são de cum-
3. O Conselho Constitucional exerce as demais compe- primemo obrigatório para todos os cidadãos. instituições e
tências que lhe sejam atribuídas por lei. demais pessoas jurídicas, não são passíveis de recurso e pre-
valecem sobre outras decisões.
ARTIGO 245
2. Em caso de incumprimento dos acórdãos referidos no
(Sollc'ltaçlo de aprecfaçlo do Inconatltuclonalldade) presente artigo, o infractor incorre no cometimento de crime de
desobediência. se crime mais grave não couber.
I. O Conselho Constitucional aprecia e declara. com força
obrigatória geral, a inconstitucionalidade das leis e a ilegali- 3. Os acórdãos do Conselho Constitucional são publicados
dade dos demais actos normativos dos órgãos do Estado. no Boletim da República.
em qualquer momento da sua vigência.
TíTULO XII
2. Podem solicitar ao Conselho Constitucional a declaração
de jnconstitucionlllidade das leis ou de ilegalidade dos actos Administração Pública, Policia, Provedor de
normativos dos órgãos do btado:
Justiça e Órgãos Locais do Estado
a) o Presidente da República;
b) o Presidente da Assembleia da República; CAPiTULO I

c) um terço, pelo menos, dos deputados da Assembleia Admin,Jstração Pública


da República;
ARTIQO 249
d) o Primeiro-Ministro;
(prlnclplol fundamtnta!$)
e) o Procurador-Geral da República;
1. A Administração Pública serve o interesse público e na
f) o Provedor de Justiça; sua actuação respeita os direitos e liberdades fundamentais
g) dois mil cidadãos. dos cidadãos.
3. A lei regula o regime de admissão das acções de apre- 2. Os orgãos da Administração Pública obedecem à
ciação de inconstitucionalidade. Constituição e à lei e actuam com respeito pelos principias
da igualdade. da imparcialidade. da ética e da justiça.
ARTIGO 246
(Verlllca~io preventiva da constitucionalidade) ARTIGO 250
(Eatrutura)
1. O Presidente da República pode requerer ao Conselho
Constitucional 11 apreciação preventiva da constltucionalí- I. A Administração Pública estrutura-se com base no prin-
dade de qualquer diploma que lae tenha sido enviado para cfpio de descentralização e desconcentração. promovendo a
promulgação. modernização e a eficiência dos seus serviços sem prejuízo da
unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
569
2. A Administração Pública promove a simplificação de
CAPÍTULO III
procedimentos administrativos e a aproximação dos serviços
aos cidadãos. Provedor de Justiça
ARTIGO 251 ARTIGO 256

(Acesso e estatuto dos funcionários) (Definição)


1. O acesso à Função Pública e a progressão nus carreiras O Provedor de Justiça é um órgão que tem como função
profissionais não podem ser prejudicados em razão da cor, a garantia dos direitos dos cidadãos, a defesa da legalidade
raça. sexo, religião, origem étnica ou social ou opção político- e da justiça na actuação da Administração Pública.
-parndãria c obedece estritamente aos requisitos de mérito e ARTIGO 257
capacidade dos interessados.
(Eleiçio)
2. A lei regula O estatuto dos funcionários e demais
agentes do Estado, as incompatibilidades e as garantias de O Provedor de Justiça é eleito pela Assembleia da Repú-
imparcialidade no exercício dos cargos públicos. blica, por maioria de dois terços dos deputados. pelo tempo
que a lei determinar.
ARTIGO 252
ARTIGO 258
(Hierarquia)
(IndependêncIa)
1. Os funcionários e demais agentes do Estado. no exer-
1. O Provedor de Justiça é independente e imparcial no
cício das suas funções, devem obediência aos seus superiores
exercício das suas funções, devendo observância apenas à
hierárquicos. nos termos da lei. Constituição e às leis.
2. O dever de obediência cessa sempre que o seu cumpri-
2. O Provedor de Justiça submete uma informação anual
mento implique a prática de crime.
à Assembleia da República sobre a sua actividade.
ARTIGO 253
AKTIGO 259
(DireItos e garantias dos administrados) (Competências)

I. Os cidadãos têm o direito de serem informados pelos 1. O Provedor de Justiça aprecia os casos que lhe são
serviços competentes da Administração Pública sempre que submetidos. sem poder decisório. e produz recomendações
requeiram sobre o andamento dos processos em que estejam aos órgãos competentes para reparar ou prevenir ilegalidades
directamente interessados nos termos da lei. ou injustiças.
2. Os actos administrativos são notificados aos interes- 2. Se as investigações do Provedor de Justiça levarem à
sados nos termos e nos prazos da lei e são fundamentados presunção de que a Administração Publica cometeu erros,
quando afectam direitos ou interesses dos cidadãos legal- irregularidades ou violações graves. informa à Assembleia
mente tutelados. da República, o Procurador-Geral da República e a Auto.
3. É assegurado aos cidadãos interessados o direito ao ridade Central ou Local com a recomendação das medidas
recurso contencioso fundado em ilegalidade de actos admi- pertinentes.
nistrativos, desde que prejudiquem os seus direitos. ARTIGO 260
(Deverde coraborllçlo)
CAPíTULO II
Os órgãos e agentes da Administração Pública têm o
Polícia dever de prestar a colaboração que lhes for requerida pelo
Provedor de Justiça no exercfcio das suas funções.
ARTIGO 254
ARTIGO 261
(Definlçio)
(Estatuto, procedimentos e organização)
1. A Polícia da República de Moçambique, em colaboração Os demais aspectos relativos ao estatuto. procedimentos
com outras instituições do Estado, tem como função garantir e à estrutura organizativa de apoio ao Provedor de Justiça
a lei e a ordem, a salvaguarda da segurança de pessoas e são fixados por lei.
bens, a tranquilidade pública. o respeito pelo Estado de
Direito Democrático e a observância estrita dos direitos e CAPíTULO IV
liberdades fundamentais dos cidadãos. Órgãos locais do Estado
2. A Polfcia é apartidária. ARTlGO 262
3. No exercício das suas funções a Polícia obedece a lei (Deflnlçio)
e serve com isenção e imparcialidade os cidadãos e as Os órgãos locais do Estado têm como função a represen-
instituições públicas e privadas.
tação do Estado ao nível local para a administração e o
AllTlGO 255 desenvolvimento do respectivo território e contribuem para
a integração e unidade nacionais.
(Comando e organIzação)
ARTIGO263
1.A Pblfcia da República de Moçambique é dirigida por
(PrincípIos organlzatórios)
um Comandante-Geral.
2. A lei estabelece a organização geral da Polícia. fixa os 1.A organização e o funcionamento dos órgãos do Estado
respectivos ramos, determina a sua função, estrutura e as a nível local obedecem aos princípios de descentralização
normas que regem o ingresso. e desconcentração, sem prejuízo da unidade de acção e dos
poderes de direcção do Governo.
570
I SÉRIE - NUMERO 51
2. No seu funcionamento, os órgãos locais do estado, 2. O serviço militar é prestado nos termos da lei em
promovendo u utilização dos recursos disponíveis, garantem unidades das Forças Armadas de Defesa de Moçambique,
li participação activa dos cidadãos e incentivam a inicintivn
3. A lei estabelece um serviço cívico em substituição ou
local na solução dos problemas das comunidades.
complemento do serviço militar para todos os cidadãos não
3. Na sua actuação, os órgãos locais do Estado respei- sujeitos' a deveres militares.
tam as atribuições. competências e autonomia das nuturquias 4. As isenções do serviço militar são fixadas por lei.
locais.
4. Para a realização das atribuições que lhe são próprias, CAPITULO II
o Estado garante a sua representação em cada circunscrição Conselho Nacional de Defesa e Segurança
autárquica.
5. A lei determina os mecanismos institucionais de uni- ARTIGO 268
culação com as comunidades locais, podendo nelas delegar (Deflnlçlio e composição)
certas funções próprias das atribuições do Estado,
1. O Conselho Nacional de Defesa e Segurança é o õrgão
ARTIGO 264 do Estado de consulta específica para os assuntos relativos
(FunçlJe8)
ti soberania nacional, integridade territorial, defesa do poder
democraticamente instituído e ti segurança.
L Os órgãos locais do Estado garantem, no respectivo 2. O Conselho Nacional de Defesa e Segurança é presidido
território. sem prejuízo da autonomia das autarquias locais. pelo Presidente da República e tem a composição que a lei
a realização de tarefas e programas económicos, culturais e determinar, a qual inclui dois membros designados pelo Pre-
sociais de interesse local e nacional, observando o estahcle- .sidente da República e cinco pela Assembleia. 4" República.
cido na Constituição, nas deliberações da Assembleia da
República, do Conselho de Ministros e dos õrgêos do Estado ARTIGO 269
do escalão superior. (CompetêncIas)
2. A organtzaçâo. funcionamento e competências dos órgãos São, nomeadamente, competências do Conselho Nacional
locais do Estado são regulados por lei. de Defesa e Segurança:
a) pronunciar-se previamente sobre a declaração de
TÍTULO XIII
guerra;
Defesa Nacional e Conselho Nacional b) pronunciar-se sobre a suspensão das garantias cons-
de Defesa e Segurança titucionais e a declaração do estado de sitio e do
estado de emergência;
CAPíTULO I c) dar parecer sobre os critérios e condições de utiliza-
Defesa Nacional ção de zonas de protecção total ou parcial destinada
à defesa e segurança do território nacional;
ARTIGO 265
d) analisar e acompanhar iniciativas de outros orgãos
(PrIncípios fundamentais) do Estado que visem garantir a consolidação da
A política de defesa e segurança do Estado visa defender independência nacional. Q reforço do poder polí-
a lndepcndêncui nacional, preservar a soberania e integridade tico demonático e a manutenção da lei e da ordem.
do país e garantir o funcionamento normal das instituições el l'rcnuncíur-se sobre as missões de paz no estrnngeiru.
e a segurança dos cidadãos contra qualquer agressão armada. ARTIGO 270
ARflGO 266 (Organização e funcionamento)
(FQrças de defesa e .ervlçol de aegurança) A organização e funcionamento do Conselho Nacional de
L As forças de defesa e os serviços de segurança subor, Defesa e Segurança são fixados por lei.
otnam-se à política nacional de defesa e segurança c devem
fidel idade à Constituição e' ti Nação. TfTULOXIV

2, O juramento dos membros das forças de defesa e dos Poder Local


serviços de segurança do Estado estabelece o dever de res-
ARTIGO 271
peitar fi Constituição, defender as instituições c. servir O povo.
(ObJectivos)
3. As forças de defesa e os serviços de segurança do
Estado são apartidãrtos e' observam a abstenção de tomada L O Poder Local tem como objectivos organizar a parti-
de posições ou participação em acções que possam pôr em clpuçãc dos cidadãos nu solução dos problemas próprios da
causa fi sua coesão interna e a unidade nacional. sua comunidade e promover o desenvolvimento local, o
4. As forças de defesa e os serviços de segurança do aprofundamento e a consoliduçiio da democracia, no-quadro
do unidade do Estodo Moçnmbicnno
Estado devem especial obediência ao Presidente da República
na sua qualidade de Comandilnte-Chcfc. 2. O Poder Local apoia-se na iniciativa e nu capacidade
das populações e actua em estreita colaboração com as
ARTIGO267 organizações de participação dos cidadãos.
(Defesa da pátrIa, serviço militar e serviço C(VICo)
Aenuo 272
I. A participação nu defesa da independência nncional, (AutarquIas locais)
soberania e Inregrtdede territorial silo dever sagrado e honra
para todos os cidadãos moçambtcanos. 1. O Poder Local compreende ti extsrêncín de nutarquíns
locois.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
571
2. As autarquias locais são pessoas colectivas públicas, 3. O exercrcro do poder tutelar pode ser ainda aplicado
dotadas de 6rgãos representativos pr6prios, que visam a sobre o mérito dos actos administrativos, apenas nos casos
prossecução dos interesses das populações respectivas. sem e nos termos expressamente previstos na lei.
prejuízo dos interesses nacionais e da participação do Estado.
4. A dissolução dos órgãos autárquicos. ainda que resul-
ARTIGO 273 tante de eleições directas. só pode ter lugar em consequência
(Categorias das llIut8rqulu locais) de acções ou omissões legais graves. previstas na lei e nos
termos por ela estabelecidos.
L As autarquias locais são os municípios e as povoações.
ARTIGO 278
2. Os municípios correspondem à circunscrição territorial
das cidades e vilas. (Poder regulamentar)

3. As povoações correspondem ii: circunscrição territorial As autarquias locais dispõem de poder regulamentar pró-
da sede dos postos administrativos. prio. no limite da Constituição, das leis c dos regulamentos
emanados das autoridades com poder tutelar.
4. A lei pode estabelecer outras categorias autárquica
superiores ou inferiores à circunscrição territorial do muni- ARTIGO 279
cípio ou da povoação. (Pesaoal das autarquias locais)
ARTIGO 274 1. As autarquias locais possuem quadro de pessoal próprio.
(Crlaçlo e extinçio da. aubnquias focais) nos termos da lei.

A criação e extinção das autarquias tocais são reguladas 2. É aplicável aos funcionários e agentes da administração
por lei. devendo a alteração da respectiva área ser precedida local o regime dos funcionários e agentes do Estado.
de consulta aos seus órgãos. ARTlt'10280

ARTIGO 275 (Organização)


(Orglos deliberativo. 88XecUtivos) A lei garante as formas de organização que as autar-
quias locais podem adoptar para a prossecução de interesses
L As autarquias locais têm como órgãos uma Assembleia. comuns.
dotada de poderes delíberatívos, e um executivo que responde
ARTIGO 281
perante ela, nos termos fixados na lei.
(MIIndato)
2. A Assembleia é eleita por sufrágio universal. directo.
igual. secreto. pessoal e periódico dos cidadãos eleitores A revogação e renúncia do mandato dos membros eleitos
residentes na circunscrição territorial da autarquia. segundo dos órgãos autárquicos são reguladas por lei.
o sistema de representação proporcional.
TÍTULO XV
3. O órgão executivo da autarquia é dirigido por um Pre-
sidente eleito por sufrágio universal. directo. igual. secreto, Garantias da Constituição
pessoa! e periódico dos cidadãos eleitores residentes na res-
CAPÍTULO I
pectiva circunscrição territorial.
Dos estados de sitio e de emergência
4. As. candidaturas para as eleições dos órgãos das autar-
quias locais podem ser apresentadas por partidos políticos. ARTIGO 282
isoladamente ou em coligação. ou por grupos de cidadãos (Estado de sítio ou de emergência)
eleitores. nos termos da lei.
1. O estado de sítio ou o estado de emergência SÓ podem
5. A organização. a composlçêo e o funcionamento dos
ser declarados. no todo ou cm pane do território, nos casos
órgãos executivos são definidos por lei.
de agressão efectiva ou eminente. de grave ameaça ou de
ARTIGO 276 perturbação da ord.em constitucional ou de calamidade
pública.
(PatrimónIo e finanças local.)
2. A declaração do estado do sítio ou de emergência é
1. As autarquias locais têm finanças e património próprios. fundamentada e especifica as liberdades e garantias cujo
2. A lei define o património das autarquias r- estabelece exercfcio é suspenso ou limitado.
o regime das finanças locais que. dentro dos interesses ARTIGO 283
superiores do Estado. garanta a justa repartição dos recursos
(Pressi:lpostos da OP9ãode deci.raçlo)
públicos e a necessária correcção dos desequilíbrios entre
elas existentes. A menor gravidade dos pressupostos da declaração deter-
mina a opção pelo estado de emergência. devendo. em todo
3. A lei define as formas de apoio técnico. e humano do
O caso. respeitar-se o pnncrpío da proporcionalidade e limi-
Estado às autarquias locais, sem prejuízo da sua autonomia.
tar-se. nomeadamente. quanto à extensão dos meios utilizados
ARTIGO 271 e quanto ii duração, ao estritamente necessário ao pronto
restabelecimento da normalidade constitucional.
(Tuteia adminIstrativa)
ARTIGO 284
1. As autarquias locais estão sujeir<ls ii tutela adminis,
(Duraç~o)
trativa do Estado.
2. A tutela administrativa sobre as autarquias locais con- O tempo de duração do estado de sítio ou de emergência
siste na verificação da legalidade dos actos administrativos não pode ultrapassar os trinta dias. sendo prorrogável por
dos órgãos autárquicos. nos termos da lei. iguais períodos até t rês. se persistirem as razões que deter-
minaram a sua declaração.
572 ISÉRIE-NÚMER05!

ARTIGO 285' de Repüblica com uma informação detalhada sobre as medl-


(proc ••• o de declaraçlo) das tomadas ao seu abrigo e a relação nominal dos cidadãos
atingidos.
L Tendo declarado o estado de sítio ou de emergência, o
Presidente da República submete à Assembleia da República, 2. A cessação do estado de llHio ou de emergência faz
no prazo de vinte e quatro horas, a declaração com a res- cessar os seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade por
pectiva fundamentação, para efeitos de ratificação. actos ilícitos cometidos pelos seus executores ou agentes.
2. Se a Assembleia da Repüblíca não estiver em sessão é
convocada em reunião extraordinária. devendo reunir-se no CAPíTULO II
prazo máximo de cinco dias. R.vlolo ee Con.lllulçio
3. A Assembleia da República delibera sobre a declaração
no. prazo máximo de quarenta e oito horas. podendo continuar ARTlO0291
em sessão enquanto vigorar o estado de sítio ou de emergência. (lntolatlve.)
ARTIOO 286 1. As propostas de alteração da Constituição, são da inicia-
(Umll•• di declara9la) tiva do Presidente da República ou de um terço. pelo menos,
dos deputados da Assembleia da República.
J\ declaração do estado de sítio ou de emergência em
nenhum caso pode limitar ou suspender os direitos à vida, 2. As propostas de alteração devera ser depositadas na
à, integridade pessoal, à' capâcídede civil e à cidadania, a Assembleia da República até noventa dias entes do início
não retroactividade da lei penal, o direito de defesa dos do debate.
arguidos e a liberdade de religião.
ARTIGO 292
ARTIoo287 (Limito material.)
(Reatrlç6u d.1I IlberdlldB8 IndlvldulIls)
1. As leis de revisão constitucional têm de respeitar:
Ao abrigo do estado de sítio ou de emergência podem
ser tomadas as seguintes medidas restritivas da liberdade ala independência, 11 soberania e a unidade do Estado;
das pessoas: b) a forma republicana de Governo;
a) obrigação de permanência em local determinado; c) a separação entre as' confissões religiosas e o Estado;
b) detenção; á) os direitos, liberdades e garantias fundamentais:
c) detenção em edifJcio não destinado a acusados ou e) o sufréglo universal, directo. secreto, pessoal, igual
condenados por crimes comuns; e periódico na designação dos titulares electivos
á) restrições relativas à inviolabilidade da correspon- dos órgãos de soberania das províncias e do
dên~ia, ao sigilo das comunicações. à prestação poder local:
de mformaç~s e à Iíberdade de imprensa, radio- !J o pluralísmc de expressão e de organização política,
difusão e televisão. incluindo partidos polfticos e o direito de oposição
e) busca c apreensão em domicílio; democrática;
fi suspensão de liberdade de reunião e manifestação; g) a separação e interdependência dos õrgêos de sobe-
g} requisição de bens e serviços. rania;
ARTlQO 288 h) a fiscalização da constitucionalidade;
l) a independência dos juizes;
(Deten90el)
J) a autonomia das autarquias locais;
As detenções que se efectuam ao abrigo do estado de
sítio ou de emergência observam os seguintes princípios: k) os direitos dos trabalhadores e das associações
sindicais;
a) deve ser notificado imediatamente um parente ou
pessoa do confiança do detido por este indicado. l) as normas que regem a nacionalidade, não podendo
a quem se dá conhecimento do enquadramento ser alteradas pua restringir ou retirar direitos de
legal, no prazo de cinco dias; cidadania.
b) o nome do detido ec enquadramento legal dadetenção 2. As alterações das mat6ri8$ constantes do número anterior
são tomados públicos, no prazo de cinco dias; silo obrigatoriamente sujeitas a referendo.
c) o detido é apresentado a juízo. no prazo máximo de
dez dias. ARTIGO 293

289
ARTIGO (Tempo)

(Funcionamento doa 6rg1011de aoberanl,) A Constituiçllo s6 pode ser revista cinco anos depois da
A declaração do estado de sítio ou de emergência não pode entrada em vigor da última lei de revisão. salvo deliberação
afec~ar a aplicação da Constituição quanto à competência, ao de assunçãc de poderes extraordinários de revisão, aprovada
fu~clon~ento dos órgãos de soberania e quanto aos direitos por maioria de três quartos dos deputados da Assembleia
e Imumdades dos respectivos titulares ou membros. da República.
ARTIOO 290 ARTIOO 294
(TermD) (Limitei olrcun.tanclal.)

. 1. No lermo do estado de sítio ou de emergência, o Pre- Na vigência do estado de sítio ou do estado de emergêncía
sidente da Repüblíca faz uma comunicação à Assembleia não pode ser aprovada qualquer eltereçãc da Constituição.
22 DE DEZEMBRO DE 2004
573
ARTIGO295
No cimo, ao centro, uma estrela simboliza o espírito de
(Votação e forma)
solidariedade internacional do povo moçambicano.
I.As alterações da Constituição são aprovadas por maioria Na parte inferior está disposta uma faixa vermelha com
de dois terços dos deputados da Assembleia da República. a inscrição "República de Moçambique"
2. As alterações da Constituição que forem aprovadas são ARTIGO299
reunidas numa única lei de revisão.
(Hino nacional)
3. O Presidente da República não pode recusar a promul-
gação da lei de revisão. A letra e a música do hino nacional são estabelecidas
por lei, aprovada nos termos do n." J do artigo 295.
ARTIGO296
(AlteraÇÕft eonstnuclonal$) ARTIGO300
(Moeda)
1. As alterações da Constituição são inseridas no lugar
próprio, mediante as substituições, as supressões e os adita- 1. A moeda nacional é o Metical.
mentos necessários. 2. A alteração da moeda 6 estabelecida por lei. aprovada
2. A Constituição, no seu novo texto, é publicada conjun- nos termos do n." 1 do artigo 295.
tamente com a lei de revisão. ARTIGO301
(Capital)
TÍTULO XVI
A capital da República de Moçambique é a Cidade de
Simbolos, Moeda e Capital da República Maputo.
ARTIGO297 TÍTULO XVII
(BandeIra naCional)
Disposições'flnais e transitórias
A bandeira nacional tem cinco cores: vermelho, verde,
preto, amarelo dourado e branco. ARTIGO302
As cores representam: (Bandeira e emblema)

vermelha - resistência secular ao colonialismo, a luta As alterações da bandeira nacional e do emblema da


armada de libertação nacional e a defesa da sobe- República de Moçambique são estabelecidas por lei, no
rania; prazo de um ano, a contar da entrada cm vigor da Cons-
verde - as riquezas do solo, tituição e aprovada nos termos do 0.° 1 do artigo 295.
preta - o continente africano; ARTIGO303
amarela dourada - as riquezas do subsck» (Conaetho ConsUtuclonal)
branca - a justeza da Iuta dopovo moçambicano e a paz. Com entrada em vigor da Constituição, O Conselho
De cima para baixo estão dispostos horizontalmente a Constitucional, mantém-se em exercício com a actual
verde, a preta e a amarela dourada alternadas por faixas composição, assumindo as competências estabelecidas no
brancas. Do lado esquerdo a vermelha ocupa o triângulo no título décimo primeiro.
centro do qual se encontra uma estrela, tendo sobre ela um All.llG0304
livro ao qual se sobrepõem uma arma e uma enxada (Aasemblel •• provinCiaiS)
cruzadas.
É fixado o prazo de 3 anos, a contar da data de entrada
A estrela simboliza o espírito de SOlidariedade interna- em vigor da Constituição, para a realização de eleições das
cional do povo moçambicano. assembleias provinciais, previstas no artigo 142.
O livro, a enxada e a arma simbolizam o estudo, a pro-
ARTIGO 305
dução c a defesa.
(Direito anterior)
ARTIGO298
(Emblema) A legislação anterior, no que não for contrária à Cons-
tituição, mantém-se em vigor até que seja modificada ou
O emblema de República de Moçambique contém como revogada.
elementos centrais um livro, uma arma e uma enxada, dis-
ARTIGO 306
postos em cima do mapa de Moçambique e representando
respectivamente: a educação, a defesa e vigilância, o campe- (Entrada em vigor)
sinato e a produção agrícola.
A Constituição entra em vigor no dia imediato ao da
Por baixo do mapa está representado o oceano. validação e proclamação dos resultados eleitorais das Eleições
Ao centro, o Sol nascente, símbolo de nova vida em Gerais de 2004.
construção. Aprovada pela Assembleia da República, aos 16 de No-
A delimitar este conjunto está uma roda dentada, sim. vembro de 2004.
bolizando os operários e o. indústria. O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Joaquim
A circundar a roda dentada encontram-se à direita e à Mulémbwe.
esquerda, respectivamente uma planta de milho e espiga e Publique-se.
uma cana de açúcar simbolizando a riqueza agrícola.
O Presidente da Republica, JOAQUIM ALBERTOCHISSANO.
Preço-16 000,00 MT

IMPRENSA NACIONAl. DE MoçAMBIQUE

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