Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Quando falamos de antecedentes, queremos dizer em outras palavras o que aconteceu antes da
proclamação da independência e da entrada em vigor da nova constituição (1960- 1974). Um dos
grandes antecedentes foi exatamente a aprovação pela Nações Unidas na resolução 1415, sobre a
auto- determinação dos povos colonizados, direito a livre escolha dos povos ainda colonizados
da forma política e da forma de organização política independentemente do grau de pobreza,
educação, instrução. Ora depois de tentativas de vários acordos com os portugueses, em 1962
forma se a FRELIMO. O programa da FRELIMO em 1962 propunha a instauração de um regime
democrático baseado na independência total e completa, também o princípio de igualdade dos
cidadãos, e o estabelecimento de um governo popular do povo e para o povo. Este governo
fundar se ia na soberania popular. Com o desenvolvimento da guerra colonial, a FRELIMO criou
algumas zonas chamadas zonas libertadas, e consequentemente a FRELIMO mais do que ser
uma organização política, transformou se num governo de ponto de vista administrativo e de
gestão dos seus membros e das zonas libertadas.
Um outro aspeto no plano internacional, a FRELIMO atuou de modo também a ser um governo
representado o povo moçambicano nos vários foros internacionais, mobilizando apoio para a
guerra e buscando legitimidade e procurava com isso isolar Portugal diplomaticamente. Estas
características da FRELIMO manifestam se na constituição de 1975. Ex: A consagração na
constituição da democracia popular art.2º; a regra da igualdade; a introdução de reuniões
populares o que mais dar deu lugar às assembleias; a tomada coletiva das decisões. No plano dos
direitos individuais podemos dizer que há uma primazia dos direitos sociais sobre os direitos
individuais (Ex: direito da integridade física, direito a vida). No plano da soberania existe um
aspeto que esta na constituição de 75 que é o direito do povo moçambicano escolher livremente o
seu regime político.
Transição para a independência
O principal instrumento para a independência foram os acordos de Lusaka. Os acordos de
Lusaka de 1974 colocou fim a luta de libertação nacional criou uma estrutura de transição
composta por alto comissario (constituído por elementos da FRELIMO e governo português),
comissão militar mista (Portugal e moçambique). No acordo de Lusaka interessa nos classificar
este documento, estudar o significado da clausula 10 e também a função da clausula 18. O
acordo de lusaka é um documento político com natureza de acordo internacional celebrado entre
um movimento nacionalista (FRELIMO) e um governo estrangeiro (governo português)
estudável no âmbito do direito internacional publico. Existem algumas vozes que pretendem
classificar o acordo de lusaka como uma pré- constituição (teoria de Edson Macuacua), porem
esta opinião não é válida, pois para se falar da pré- constituição ou constituição provisória esta
deveria definir o procedimento de elaboração e aprovação da constrição formal, deveria definir o
processo da eleição da assembleia constituinte que vai aprovar a nova constituição, e
eventualmente erradicar o antigo regime. A pré-constituição existe dentro de uma logica de um
estado já fundado, quando ocorre dentro desde estado a rutura revolucionária ou as chamadas
situações de mudança de regime.
Significado da clausula 10
A clausula 10 diz: em caso grave de perturbação da ordem publica que requeira a intervenção das
forcas armadas, o comando e a coordenação serão assegurados pelo alto comissario (Portugal).
Esta clausula incumbe a Portugal a salva guarda da soberania e integridade do território de
Moçambique. Porque Moçambique ainda não era estado e a FRELIMO não era governo,
portanto se a soberania não fosse entregue á Portugal sofria o risco de uma agressão estrangeira
ao território nacional, e não se colocaria problema de violação de direito internacional porque
moçambique não era membro das Nações Unidas.
O artigo 51 da carta da ONU sobre a legitima defesa só pode exercer a legitima defesa um
membro das Nações Unidas, e moçambique não era estado, governo nem província ultramarina
porque Portugal retirou as províncias ultramarinas da constituição, por isso foi entregue a
Portugal porque este era capaz de proteger Moçambique.
Clausula 18
Segundo a clausula 18: o estado moçambicano independente exercer integramente a soberania
plena e completa no plano de…
A clausula 18 fazia uma transposição, decalcava, era continuidade da resolução das nações
unidas 1415, prescrevia o direito da autodeterminação dos povos e a faculdade de escolher
livremente o seu estatuto político, e as opções fundamentas da nação, em termos de
desenvolvimento econômico, cultural, judicial independentemente da falta da maturidade
educacional. Ou seja, a cláusula 18 veio receber materialmente a resolução 1514 das Nações
Unidas, portanto, esta clausula permitia que a FRELIMO escolhesse i regime político que melhor
pudesse satisfazer os interesses do povo moçambicano, permitia que a FRELIMO estabelecesse
instituições que melhor pudessem também ser os interesses do povo moçambicano. Esta cláusula
que a FRELIMO tinha portas abertas para a autodeterminação. Esta clausula permite nos dizer
que rejeitou se qualquer forma de limitação da soberania do estado moçambicano, portanto,
Portugal não teve a possibilidade de limitar a soberania do estado moçambicano. Pós a
independência foram nacionalizadas terras, casas, etc. De forma simples, esta clausula removia
qualquer possibilidade de limitação da soberania.
Quem era o titular do poder constituinte originário material na formação constituição de
75?
Olhando para os estatutos adotados pela FRELIMO em 1962, podemos retirar deles que o
objetivo central era de formar um governo do povo, pelo povo e para o povo, em que a soberania
residiria na vontade popular, mas ainda um dos objectos traçados em 62 era de estabelecer uma
sociedade livre da exploração do Homem pelo Homem, e construir uma nação que aceite a
realidade do povo e reconhece o espírito de um povo livre. Ainda em 62 com a proclamação da
guerra em 64, o PR Mondlane dizia que: "o nosso combate não cessara se não com a liquidação
total e completa do colonialismo português", em termos jurídicos esta afirmação quer dizer que
Moçambique não se submeteria a nenhuma limitação da sua soberania, a nova constituição não
aceitaria nenhuma imposição.
Nos termos da clausula 1 dos acordos de Lusaka, o estado português tendo reconhecido o direito
do povo de moçambique da independência aceita por acordo com a FRELIMO a transferência
progressiva dos poderes que detém sobre o território, portanto, o colonialismo português
transfere todos dos poderes que detinha sobre o território para a FRELIMO.
O titular do poder constituinte é de facto o povo moçambicano representado pela FRELIMO (não
em termos de partido, mas sim como movimento de libertação nacional). Com a entrada em
vigor da constituição de 75 ficou claro que o titular do poder constituinte material são os
operários e os camponeses unidos e dirigidos pela FRELIMO. art.º 2- "A República Popular de
Moçambique é um Estado de democracia popular em que todas as
camadas patrióticas se engajam na construção de uma nova sociedade, livre da exploração do
homem
pelo homem."….
Trata se inequivocamente da institucionalização da teoria marxista-Leninista do estado do
direito.
Manifestação do poder constituinte na formação constituição de 75
O poder constituinte foi exercido pela FRELIMO através do seu órgão, o comitê central. A
FRELIMO como movimento de libertação já havia adquirido e consolidado a sua legitimidade
no processo da luta de libertação nacional e tinha sido reconhecida internacionalmente quer por
Portugal através do acordo de Lusaka. Na perspetiva internacional, este acordo foi depositado
nas Nações Unidas, e a Frelimo já participava de alguns fóruns internacionais como legitimo
representante do povo moçambicano. O comitê central já detinha legitimidade democrática entre
o movimento libertador, ou seja, os membros do comitê central eram eleitos pelos membros da
FRELIMO.
A primeira constituição de Moçambique de 1975 foi aprovada por uma entidade revolucionária
soberana, entidade que estava investida em plenos poderes constituintes por isso não foi
necessário submeter o texto da constituição de 1975 á um processo referendo. Aprovada pelo
comité central da FRELIMO na 7a secção, no dia 20 de junho de 1975, em Tofo província de
Inhambane, que constituinte o acto jurídico fundador do estado moçambicano.
Há que analisar se na elaboração desta constituição de 75 o comitê teria sido submetido á
alguns condicionalismos (limites imanentes, materiais…)
Não porque é um poder indicial, autónomo e omnipotente, não se submete a nenhum
condicionalismo, não esta submetido á qualquer tipo de regra de forma ou de fundo anterior. Por
isso o poder constituinte originário é sempre caracterizado por ser histórico e originário, por ser
uma forca política original, pioneira que elabora a primeira constituição e estruturou pela
primeira vez o estado moçambicano. O poder constituinte é revolucionário porque rompe com a
ordem jurídica então até vigente, cria um novo estado, portanto promove alterações profundas,
mas apesar desse aspeto, ele reconhece e deve submeter há certos limites como os grandes
princípios do bem comum (direito natural).
Transpondo para a realidade moçambicana de 75, tudo que dissemos diz respeito a uma teoria de
analise de poder constituinte ocidental no sentido de que pertence á Europa e EUA, muito
diferente da forma de analise do sistema Marxista-Leninista do estado. A constituição não tinha
uma perspetiva ocidental.
O titular poder na teoria Marxista-Leninista, são os operários e camponeses (proletariado).
Analisando a constituição de 75, podemos dizer que a FRELIMO como detentora do poder
constituinte teve limites:
Organização e gestão de exército, usando uma organização piramidal ou centralista, com
base me patentes. Estava organizada de forma fortemente centralizada. art.º 37 CRPM;
É a experiência de vida nas zonas libertadas;
Sistemas políticos dos países que apoiaram a luta de libertação nacional (Rússia, China,
Shekolosvakia, Bulgária, India, algumas forcas progressistas do ocidente). Influenciaram
a estratégia de desenvolvimentos após a independência.
O estado reconhece um único partido que passa a ser o dirigente do estado e da sociedade. O
estado nacionaliza todos os meios de produção e passa a ser o Estado a política do estado,
planos, orçamento, são de planificação central da economia e é toda dirigida pelo estado.
Procura se construir um novo estado e nova sociedade onde não há exploração de classes. A
sede do poder político é o partido. O estado e a sociedade são orientados pelo partido. Não há
separação de poderes só há uma unidade de poder. A designação dos governantes é de base
institucional sendo comissões e os comités formados espontaneamente a partir da base.
Características marcantes da constituição de 1975
Soberania: Inventado por Jean bodin.
Poder de tomar decisões sem qualquer subordinação a qualquer outro poder, é absoluta, perpétua
e indivisível. Demonstram a irrelevância dos indivíduos que exercem poder.
As características de perpetuidade e indivisibilidade tornam irrelevantes os indivíduos que
exercem o poder não relevavam o conceito de soberania, porque estes cargos passam, mas as
características permanecem. É a soberania que indica a plenitude do Estado em termos de
igualdade no plano internacional. No plano interno, a soberania reside nos que fazem a lei, nos
órgãos de soberania e se relacionam no plano horizontal, contudo, como o PR é o moderador de
separação de poder, ele pode interferir no sistema de separação de poderes. Estamos perante a
um sistema de interdependência de poderes.
O poder de soberania reside na assembleia o poder de legislar, o do governo de governar e do
tribunal de julgar.
Fronteiras terrestres
Define em regra através de uma linha continua que define sem solução de continuidade o
território de um estado por oposição ao estado contido. As fronteiras terrestres podem ser
naturais e artificiais.
_Naturais: são aquelas que seguem os acidentes geográficos.
_Artificiais: construídas pelo Homem.
O território de Moçambique tem como grande limite oriental o oceano índigo e limites terrestres,
fluviais e lacustres com os territórios dos estados adjacentes de Tanzânia no rio Rovuma,
Malawi, Zâmbia, Zimbabwe, Africa do Sul e Swazilândia. A nossa fronteira é de
aproximadamente 4212km, sendo que com África do Sul temos uma fronteira terreste de 72km e
uma fronteira fluvial de 24km, com a Swazilândia 106km de fronteira terrestre; com Zimbabwe
839km de fronteira terrestre e 295km de fronteira fluvial; com a Zâmbia 230km e 76km de
fluvial; Malawi 190km fluvial e 322km lacustre (lago Niassa 290km, lago Chiuta 32km); Com
Tanzânia temos uma fronteira de 50km terrestre e 620km fluvial (rio Rovuma).
As nossas fronteiras esta de acordo com acordo que os Portugueses e a Grã-Bretanha, e em dois
casos recorreu se para a arbitragem.
Fronteiras marítimas
Delimitam se através do mar territorial. No mar territorial Moçambique tem uma extensão de
12milhas marítimas de acordo com o decreto-lei nr 31/76.
Ao lado do mar territorial temos a Zona económica exclusiva que se inicia onde termina o mar
territorial, que consiste na extensão de 200milhas adjacentes contadas a partir da linha de base.
Na zona económica Moçambique não tem plena soberania, mas apenas direitos exclusivos que
pode exercer- los diretamente ou conceder á terceiros a sua exploração, ao contrário do mar
territorial onde Moçambique tem plena soberania.
Fronteiras áreas
Refere se ao espaço suprajacente ao território nacional, com a exclusão do espaço extra-
atmosférico. O espaço é regulado pela convenção de Chicago, e para passar do espaço aéreo
basta uma nota prévia. Os princípios gerais estabelecidos na constituição sobre o território são os
de indivisibilidade, inalienável e único. Art6 CRM.
- A propriedade do estado sobre os recursos naturais situados no solo, subsolo, águas internas,
mar territorial, zona económica exclusiva. Art98CRM
- O domínio sobre estas propriedades imprescritível e inalienável. Este regime estende se ao
regime da terra nos termos do art.º 79CRM. O território submete se ao regime de direito público
sendo por isso impenhorável, imprescritível e inalienável.
Organização territorial
Fixada no art.º 7CRM Responde á um duplo objectivo.
1. Garantir a eficácia na gestão governamental;
2. Respeitar particularidades e afinidades, ou seja, há situações que merecem
situações diferenciadas e outras igualitárias.
Em termos das zonas urbanas, Moçambique organiza em cidades e vilas. As cidades são
classificadas seguindo o critério de nível de desenvolvimento econômico e urbano.
Na classificação A integram os distritos ou cidades que concentram as actividades econômicas e
sociais de âmbito nacional e que apresentam uma situação favorável á um desenvolvimento
mediato.
Os distritos da secunda clãs se são aqueles que apresentam boas potencialidades econômicas e
sociais, mas o aproveitamento implica ainda grande esforço no sentido de criar infraestruturas e
no desenvolvimento das forças produtivas.
Os distritos da 3 classe são distritos de grande dificuldade econômica, onde há mais condições
naturais e climatéricas, baixa densidade demográfica, grande carência de infraestrutura
econômica e social, só se pode falar de um desenvolvimento á longo prazo.
A classificação dos centros urbanos é feita com maior profundidade nos distintos. Para se saber
se uma zona é urbana ou não foi usado dos indicadores de urbanidade: a localização, número da
população, tipo de número de equipamento de serviço existente e a qualidade da infraestrutura.
Critério de disposição física: localização, transporte, acessibilidade, actividade económica
intensa ou não, educação, saúde, tipo de serviço, existência de alfândegas, bancos.
Cabe ao Conselho classificar os níveis.
3. Poder político.
Vamos nos ocupar dos órgãos de soberania estabelecidos no art.º 133CRM, nomeadamente o PR,
assembleia da República, o Conselho constitucional, o governo e os tribunais.
•Efeitos da declaração:
•Tutela...