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Soberania

A origem da palavra soberania advém do latim supremitas e potestas. Significa Poder


Supremo. Um poder é dito soberano quando não existe outro superior a ele.
Porém, para compreender o conceito de soberania e entender como é colocada em prática
atualmente, devemos para recapitular alguns pontos que mudaram o curso da humanidade de
forma definitiva.
Considerada uma das guerras mais sangrentas da Europa, a Guerra dos Trinta Anos (1618 –
1648) marcou a transição da era medieval para a idade moderna.
Em 24 de outubro de 1648, na província de Münster, foi selado o acordo que entrou para
história com o nome de Paz de Vestfália. Estabeleceu, dentre outras medidas, o direito
à liberdade de religião. O acordo fez com que católicos e protestantes concordassem
em respeitar suas diferenças, convivendo de forma harmoniosa.
Até a assinatura do Tratado de Vestfália, não era clara a noção de monopólio da autoridade,
ou seja, da soberania de um determinado monarca sobre um território. Isso porque durante a
era feudal o sistema socioeconômico que prevaleceu na idade média, com a economia
baseada na agricultura e utilização de trabalho servil. as relações eram instituídas em uma
estrutura rígida. Logo, não existia mobilidade social e o processo de migração de uma pessoa
para outro grupo social era um feito inalcançável. 
A estrutura do poder político na idade média era:
 Rei;
 Duques, Condes e o Alto Prelado;
 Cavaleiros, Senhores, Bispos e Abades;
 Soldados, Camponeses e Servos;

Na sociedade da Idade Média, nem mesmo a figura do rei detinha o poder de forma absoluta,
visto que a Igreja Católica Apostólica Romana era a instituição mais poderosa naquele
período. Essa estrutura social impedia que uma única figura detivesse todo o poder e
autoridade dentro de determinado território, impossibilitando, desse modo, que houvesse um
único poder soberano, isto é, um poder absoluto não submetido a nenhum outro tipo de poder.
A ideia de soberania está intimamente ligada ao poder, que na idade média era dividido entre
duas figuras: a Igreja Católica e o Rei. Entretanto, a partir de 1648, muitas
mudanças geraram profundas transformações em contextos sociais, históricos e políticos,
alterando assim a concepção do termo soberania em decorrência do surgimento do Estado
Moderno.

O Estado Moderno e a Soberania

Para compreender o conceito de Soberania nos dias de hoje, é preciso entender o Estado
Moderno e o seu papel na história.
O Estado Moderno nasceu da crise e da fragmentação do Feudalismo. Suas principais
características são: um só poder, um só exército, autoridade soberana do rei e administração
unificada.
Les Six Livres De La Republique, escrito por Jean Bodim em 1576, a soberania passa a partir
de então a ser definida como poder absoluto e perpétuo de uma República.
Inicialmente, é possível dizer que o Estado nada mais é do que uma figura abstrata criada
pela sociedade, cujo papel é organizar e governar um povo em determinado território. O
primeiro elemento formador do Estado é a população, que constitui e representa o poder da
união das pessoas. O segundo elemento é o território, que delimita o espaço territorial onde
essa população irá conviver em sociedade na busca do seu desenvolvimento, por fim, o
terceiro e último elemento é a soberania.
A garantia da soberania está atrelada à manifestação do poder exercido por um país, quando
este consegue manter suas fronteiras em paz e o seu espaço doméstico livre de quaisquer
contestações internas. Também é necessário ao Estado manter distantes também possíveis
contestações externas à sua soberania, que se manifestem por interferência de outros Estados
nos assuntos internos de seu país.
Podemos classificar a soberania de duas formas:
 Soberania interna: diz respeito a todas as forças que operam dentro do espaço
nacional e que podem contestar ou ameaçar a atuação desse governo. Como exemplos
de ameaça  à soberania interna têm-se o crime organizado, milícias, as FARC, guerra
civil e qualquer outro poder que opere de maneira paralela dentro do Estado,
ameaçando a sua soberania através da disputa pela autoridade como o governo
oficialmente reconhecido. Configuram exemplos deste tipo: A guerra civil de 16 anos
entre a Frelimo e a Renamo em Moçambique e os ataques por parte de terroristas
islâmicos no norte de Moçambique que têm vindo a ocorrer desde 2014.

 Soberania externa: é composta por todos os agentes representativos da autoridade


nacional, originários de dentro do território nacional e que efetivem, através de
relações com outros países, a atividade internacional daquele Estado de maneira
autônoma, ou seja, através de decisões tomadas sem a imposição de nenhum outro
Estado. Dentre exemplos que ameaçam a soberania do país é possível citar as
organizações terroristas ou até mesmo a ação militar de outros Estados. Configuraram
exemplos deste tipo: a invasão Americana ao Iraque, acarretando inclusive na
ocupação do território iraquiano e a invasão Americana à antiga República da
Jugoslávia que após a invasão Americana foi desmembrada em diversos países.

Soberania em Moçambique

Na legislação Moçambicana a soberania esta consagrada na Constituição da Republica de


Moçambique, no qual ilustram-nos ao longo das constituições de 1975, de 1990 e de 2004
com as alteração de 2018.
Na Constituição de 1975 ,no seu artigo 1 diz que “a República popular de Moçambique ,fruto
da resistência secular e da luta heroica e vitoriosa do povo moçambicano ,sob a direção da
Frelimo ,contra a dominação colonial portuguesa e o imperialismo, é um Estado
soberano ,independente e democrático”.
Na constituição da República de Moçambique no seu artigo 1 dispõe a constituição de
Moçambique é um Estado independente, soberano, democrático e de justiça social.
No seu número 1 do artigo 2 dispõe que “A soberania reside no povo”.
No seu número 2 do mesmo artigo dispõe que “o povo moçambicano exerce a soberania
segundo as normas fixadas na constituição”.
E estes mesmos artigos encontram se de forma semelhante na constituição de 2004 com as
alterações de 2018.

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