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Essas ideias não são obstáculos para que a realeza lute por adquirir aquele
poder de arbitrariedade que é comum no Oriente, embora permaneça sempre
viva a consciência das obrigações do rei, e aqui tem seu lugar o caráter
fundamentalmente democrático da política do povo de Israel. Permanecem as
recordações da época anterior aos reis, segundo os quais a instituição da
soberania real procede a vontade do povo que recebe depois a sanção divina.
Assim, pois, a soberania transcendente de Jeová não é um feito natural, mas
que descansa na apresentação expressa do povo, realizado na forma de um
contrato. Já observamos quanta importância essa concepção teve mais tarde
para apoiar as demandas democráticas.
2. O Estado Helênico
Uma investigação crítica desta doutrina nos mostra acima de tudo o quão
errado é tentar caracterizar apenas com algumas palavras, um espaço de
tempo que inclui vários séculos. O Estado espartano na época da guerra de
Messina e Atenas nos dias de Demóstenes não está apenas temporariamente
distante um do outro, mas no que diz respeito à Veneza do século XIV com a
Itália hoje. Não só o antigo Estado foi formado cobrindo vários aspectos, mas a
evolução interna deles foi realizada de maneira bastante análoga à forma como
o Estado da Idade Média se tornou um Estado moderno. Além disso, deve-se
ter em conta que as descrições mais típicas do Estado helénico são retratadas
predominantemente no estado militar espartano. Isto é, sem dúvida, devido ao
fato de que o último, como já foi dito em seu passado, foi tomado por
Xenofonte e Platão como modelo que era necessário para se opuser ao estado
ateniense que havia degenerado em uma democracia desenfreada. O próprio
Aristóteles, mais tarde em sua Política, não se tornou estranho à influência
desta visão do Estado espartano, uma vez que muitas instituições da Laconia
encontraram um lugar no plano do seu Estado ideal. Essa demanda coletivista,
tão vigorosamente refletida nas instituições do Estado, era então para Atenas,
a que nos referimos fundamentalmente, não uma realidade legal, mas um
projeto de uma futura Constituição, baseada em instituições de um passado
estrangeiro, e de modo algum descansa, portanto, na ideia de uma completa
destruição dos endividados em benefício da comunidade. Pohlmann mostrou
com razão que o motivo da base do Estado ideal para Platão é o interesse
individual, e aquele que eles se harmonizam com os interesses sociais,
encontrando, então, o primeiro no Estado que ele exige a garantia mais segura.
No século IV de Atenas, o indivíduo tinha precisamente um poder tão grande e
reconectado que todo reformador social precisava tê-lo. Em sua crítica da
República Platônica, Aristóteles tentou mostrar que a ignorância da natureza da
individualidade era o erro fundamental da doutrina platônica do Estado. Havia
uma segunda razão pela qual o Estado Lacedemônico era considerado normal
e comum aos gregos, que é a influência exercida por O. Muller em seu trabalho
sobre os Dorianos. Sob seus efeitos, singularmente, Hermann chega à
afirmação de que a Constituição espartana em suas bases tem sido o reflexo
mais consciente e preciso da ideia do Estado grego. E acontece com isso, o
que é tão comum na história da doutrina do Estado, ou seja, que uma vez criou
um tipo ideal, esses fenômenos históricos que não concordam com isso são
considerados como um consagramento do normal. Mas a pesquisa moderna,
mais livre de construções, vê no cosmos liquefeito, onde a liberdade do
indivíduo é limitada externamente e esta é completamente tomada pela
comunidade, um produto artificial nascido da necessidade de reunir todas as
forças para conservar a soberania nos países conquistados, e também nascido
da oposição entre os nobres e o rei, que através da organização do Estado
estavam reciprocamente vinculados. O Estado Lacedemonio, portanto, é igual
aos outros Estados dórios, mas de modo algum pode ser considerado o Estado
grego normal; em vez disso, poderia atribuir esse personagem, devido à sua
influência na cultura, mesmo hoje, para o Estado de Atenas, que é o primeiro a
investigar quem pretende estudar a história da evolução do Estado ocidental.
No que se segue, então, as peculiaridades do Estado helénico que não foram
suficientemente sublinhadas e que têm um grande significado para o
conhecimento do atual, devem ser apontadas.
O Estado grego é Estado da cidade, isto é, polis; originalmente é a aldeia
fortificada; mais tarde, a cidade construída em torno desta vila vem formar o
Estado, ou pelo menos, o núcleo de uma comunidade estatista cuja magnitude
territorial era análoga à de um cantão suíço. A assinatura que a pequenez das
polis e seu caráter de cidade teve na evolução da cultura helênica tem sido
explicada com muita frequência; no entanto, muitas das notas que foram
definidas não são exclusivas dos helenos, mas também, depois, comunidades
cantonais ou cidades que passaram a ter um personagem de Estado
participaram dessas mesmas notas que se pensavam peculiares aos gregos.
Mas é uma nota inteiramente detida pelo Estado grego, a de ter apresentado
em todas as suas formas, como elemento essencial e primeiro, a unidade
interior. A história antiga começou com o Estado já formado e, no que diz
respeito às memórias dos povos antigos, o Estado sempre se mostra como
uma instituição perfeita. O que foi erroneamente considerado como uma
característica geral do Estado antigo, a saber, a sua onipotência em relação à
vida individual, cuja esfera total dominou, é apenas válida para tomá-la como
ponto de partida. Há muitas causas desse fenômeno admirável. No que diz
respeito à unidade interna, ele se adapta muito mais à polis, já que a
monarquia, que só existia no início, é conhecida pelos gregos apenas como um
nome. Odiavam a tirania e a soberania das pessoas com várias nuances era a
forma de governo que o espírito nacional exigia. O caráter dualista do Estado
medieval só foi possível, como veremos em breve, por causa da realeza. A
natureza primitiva das relações internacionais e a impotência política dos
vencidos levaram à existência da polis e ao fato de que os laços dos indivíduos
se aproximavam. Por esta razão, o motivo para se juntar e forçar o cidadão a
uma pequena comunidade também deve ser explicado dessa maneira. Por
outro lado, a classe dominante, pelo menos, não percebeu a falta de liberdade,
porque o que o indivíduo perdeu em benefício do Estado foi mais do que
recebido pela participação no governo, e nesta participação é precisamente o
essencial cidadão, o que é a deferência do mero habitante. Mas a polis não era
exclusivamente uma pluralidade de Estados, mas ao mesmo tempo uma
comunidade de cultura: essa é a distinção radical do mesmo em relação aos
seus análogos do Oriente. Em primeiro lugar, não existia lei alguma que
prescrevesse uma direção específica para a evolução política, nem autoridade
do Estado que valesse tão imediatamente instituído por Deus, mas sempre
repousa a polis na unidade inquebrável do que no mundo moderno foi
separado: Estado e Igreja. Para isso, o Estado helénico teve que ter um grande
número de demandas para seus cidadãos.
Se você quer caracterizar brevemente o Estado grego, pode ser feito desta
maneira, tendo em vista as observações precedentes: o Estado helénico é uma
associação de cidadãos, unitária, independente e baseada em suas próprias
leis e autoridades. Esta associação oferece um duplo personagem: estatista e
religiosa. O princípio superior da administração e do direito é, nesta
associação, o cumprimento da lei. Por isso, o cidadão tem um círculo de
direitos perfeitamente definidos e reconhecidos, de que a ciência do Estado só
conseguiu manifestar e penetrar na consciência científica a parte referente ao
exercício dos poderes do Estado pelo indivíduo; mas ele não possui um
conhecimento claro dos outros elementos de capacidade jurídica de que o
indivíduo possui. Isso ocorre porque não existe - como já dissemos - uma
ciência jurídica independente entre os gregos. Por causa da identidade entre a
organização estatista e religiosa, o fim do Estado é formulado teoricamente da
maneira mais abrangente, até o ponto em que a vida inteira da cultura
permanece implicitamente contida nela. Mas quando se trata da realização
dessas ideias, o Estado antigo, em relação ao moderno, não atinge tanto
quanto esse. O Estado que, na realidade, recolheram em sua atividade todos
os aspectos da existência humana em comum é o Estado contemporâneo, que
exerce um poder real, incomparavelmente superior ao dos helenos.
3. O Estado Romano
O Estado antigo é uma unidade geral que não admite divisão interior. A ideia da
natureza unitária do Estado atravessa a evolução política da Antiguidade,
assim como a ciência daquela época. Sempre lhes foi estranha uma separação
do Estado em governantes e governados opostos entre si, a modo de partidos
que lutam e acordam a paz.
Esse ponto radica precisamente uma das oposições mais importantes entre o
Estado antigo e a evolução do Estado na Idade Média. O que na Grécia na
Roma foi originariamente dado, possuído, necessitaram o alcançar esses
povos novos mediante uma luta dura e difícil.
5. O Estado Moderno
Por mais distintos que possam ser os motivos e as medidas que se valeu
cada Estado particular para dominar esse duplo dualismo na luta por uma nova
forma das relações políticas, se tem conseguido um primeiro resultado de
suma importância, e é: a instauração da unidade do Estado dominando a
contenção de suas partes.
A polêmica entre o Estado e a igreja é decidida em benefício do Estado, por
obra da Reforma, não só nos países protestantes. Os interesses da igreja
católica diminuída e a possibilidade de recuperar alguma vez os membros que
tinham se separado dela, pensamento que nunca foi abandonado pela igreja,
são objetivos que de tal forma dependem de que as potências católicas deem o
seu apoio que, não obstante a oposição e o conflito entre Estado e igreja nos
países católicos, nunca retorna a alcançar a força que desfrutou na Idade
Média.
A solução que tem tido o maior significado tem sido a absolutista, porque a
monarquia absolutista é a primeira que aconteceu no Ocidente, depois da
época romana, a ideia da unidade do Estado. Foi formada uma unidade interna
de territórios que estavam originalmente separados uns dos outros; foi criado
um exército, não mais sujeito as contingências da fidelidade do vassalo; foi
instituído um serviço de funcionários do estado; foi colocada sob sua proteção
a administração da justiça em todos os territórios que abarcam o Estado, ou
pelo menos, foi submetida ao seu poder a administração da justiça feudal, e
por ultimo, a administração estabelecida pelas representações da nação,
converteu estas, coordenado com o Estado, como eram antes, subordinadas a
ele. Mediante a queda dos poderes feudais foi levado a cabo a monarquia
absoluta, sem dar-se conta, o grande processo de nivelamento, através do
qual, uma sociedade sumariamente estruturada e dividida, passou a ser uma
sociedade em que fundamentalmente todos os cidadãos, em princípio, gozam
de igual capacidade jurídica. Na Espanha e na França, assim como em
Brandeburgo -Prussia- e na monarquia dos Habsburgos, a ideia de Estado
único e indivisível, foi realizada pelos monarcas absolutos. Mesmo na própria
Rússia, em que tantas questões aparecem tão atrasadas em relação ao
Ocidente, leva-se a cabo a unidade de seu Estado graças ao absolutismo dos
Romanov. Onde não houve poder absoluto que tende a concentração,
tampouco foi alcançado a unidade do Estado, mas que este foi dividido como
na Alemanha e Polônia, em vez da associação Estado, nasceu só uma
confederação, como ocorreu na Suíça e nos Países Baixos.