Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: Políticas Educacionais - 5B (2022.1)
PROFESSOR: Evson Malaquias de Moraes Santos
ALUNAS: Kaylane Ketyllen do Nascimento Oliveiras; Maria Eduarda Cabral de Lima Silva

Síntese: O Estado Brasileiro

Inicialmente, urge a necessidade de conceituar o que seria o Estado, que por sua vez, é uma
instituição organizada tanto politicamente, socialmente e juridicamente, que ocupa um
território definido onde a lei máxima é uma Constituição escrita, dirigida por um governo
reconhecido tanto internamente quanto externamente. O sociólogo alemão Max Weber
(1964-1920), diz que o Estado é o monopólio do uso legítimo da força, ou seja, que ele é
legitimado pelas pessoas que a ele se submetem e que ele é o poder central e único que tem o
poder de obrigar, taxar e punir dentro daquele território específico. Ele também é formado
por um conjunto de instituições permanentes que organizam e controlam essa sociedade,
sendo eles os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário; que dividem funções entre si.
Vale ressaltar também que Estado e governo são entidades distintas entre si, sendo o primeiro
fixo e o segundo mutável e o responsável por administrar as demais divisões políticas do
Estado, no caso do Brasil, um governo que se altera de quatro em quatro anos através das
eleições.
No deslocamento das questões teóricas para além do estado, nos textos presentes da
Microfísica do Poder, Foucault demonstra a viabilidade de uma pesquisa que não se
concentra no Estado enquanto centro do poder e, ao mesmo tempo, denuncia as
consequências improdutivas de um foco no poder político do Estado, se recusando a postular
o estado como um conceito ou ente universal com propriedades essenciais. De sua
perspectiva, não se podia determinar a natureza fundamental de uma comunidade política
definindo seu estado como vermelho ou azul, fraco ou forte, centralizado ou descentralizado.
Críticos e seguidores de Foucault, como Nikolas Rose, Peter Miller, Colin Gordon, Graham
Burchell e muitos outros interpretaram o trabalho de Foucault como um projeto de
afastamento do estado, enfatizando o foco de Foucault a governamentalidade em vez de no
estado, visto que para Foucault, O estado “não tem propensões; de forma mais ampla, o
estado não tem essência.”. No entanto, acenando para uma concepção original do estado que
não foi devidamente explorada, ele também evitou a ideia de que o estado é uma mera
ferramenta dos interesses sociais dominantes, que é apenas um poder entre muitos ou de que
ele extrai qualquer poder de sua própria autonomia
Aprofundando acerca do Estado Brasileiro, ele se encaixa com o patrimonialismo em
vários aspectos. O conceito foi criado por Max Weber e a origem do termo envolve a
dinâmica do poder medieval, a relação de poder entre dominador e dominados. Carrega a
ideais de um Estado formador da sociedade e, consequentemente, de uma elite que vai
encabeçar todas as decisões em favorecimento próprio, ignorando a realidade da população
do país e sua própria historicidade e cultura, justificada por uma visão de modernização e
inovação. Analisando pelas similaridades, o patrimonialismo no Brasil data da colonização
pois quando Portugal colonizou o Brasil, ele importou suas estruturas administrativas para o
novo território; uma vez que para o rei não havia distinção entre aquilo que eram suas posses
pessoais e aquilo que era bem do Estado. O tesouro real era o mesmo que o tesouro estatal; os
funcionários públicos eram indicados pelo rei. Outro exemplo, foi que a família real
portuguesa, para se instalar no Rio de Janeiro e abrigar toda a corte, fez a população mais
abastada que morava nas mansões da cidade cederem suas moradas. Assim, Dom João VI,
sua família e a corte portuguesa se instalaram no Rio de Janeiro, usando do poder público
para interferir num bem privado das pessoas. Mesmo com a república o patrimonialismo
continuou vigente no Brasil, dessa vez através do coronelismo e posteriormente na Era
Vargas, com um Estado extremamente paternalista que buscava criar uma cultura nacional,
para assim guiar a população em um único viés ideológicos e formador de cidadania,
chegando até a tentar acabar com as culturas regionais e qualquer sinal de regionalismo no
Estado Novo. Houve, inclusive, uma cerimônia de queima das bandeiras de cada estado. Para
finalizar sobre o patrimonialismo, um último exemplo explícito na sociedade brasileira é a
própria construção de Brasília, o modo como foi pensada, sua localização e função
convergem para a criação de demandas de poder onde os representantes políticos ficam como
que isolados em um espaço privilegiado e distante das dinâmicas sociais do restante do país.
Para finalizar, o Bonapartismo, conceito criado por Karl Max, resumidamente consiste no
aumento do poder do Executivo, que expande suas funções e seu campo de influência, graças
a um enfraquecimento dos demais dispositivos de poder do Estado. Este, por sua vez, utiliza
mecanismos como a burocracia e a militarização do Estado como ferramentas de controle.
Nesse sentido, os Militares são usados como uma força de repressão a qualquer opositor, seja
político, imprensa ou cidadão comum exigindo direitos trabalhistas ou constitucionais em
geral. Normalmente o líder é uma figura carismática, que surge em um momento de
instabilidade política e social, como uma espécie de figura neutra e “salvadora”, que vai
representar e sanar os problemas de todas as classes sociais. Entretanto, o bonapartista vai
zelar única e exclusivamente pelos interesses de uma única classe social, A grande burguesia;
sem apresentar mudança dos meios de produção e da relação entre empregador e empregado.
Sendo assim, o objetivo do Bonapartismo é impedir que o proletariado consiga direitos
trabalhistas, mantendo os privilégios da elite, além de proteger e preservar as propriedades
privadas desta elite. Na realidade brasileira, pode-se fazer um paralelo entre o ex-presidente
Inácio Lula da Silva com algumas das características do bonapartismo, visto que ele se
apresentou como uma figura que iria beneficiar todas as classes sociais, no caso brasileiro
mais recente combinando-se, por exemplo, a redução da pobreza, mediante o aumento do
salário-mínimo e de políticas sociais, com possibilidades inéditas de ganhos para o capital
financeiro.

Você também pode gostar