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PODER E POLÍTICA

Conceitos Fundamentais
PODER E POLÍTICA
 Se remontarmos à origem da palavra “política”, veremos que esta se
refere ao campo da atividade humana que trata da administração dos
assuntos coletivos dos cidadãos de uma determinada sociedade (por isso
está associada a polis, termo grego que se refere às cidades-Estado da
antiguidade). Para Aristóteles, por exemplo, a política era uma
“continuação da ética”, só que aplicada à vida pública.

 Pensadores modernos, como o sociólogo alemão Max Weber,


procuraram focar a análise da política nas relações de poder que ela
implica. O poder é a oportunidade de impor uma certa vontade, no
interior de uma relação social, mesmo contra resistências.
ALGUMAS FORMAS DE PODER
O cientista político Norberto Bobbio (2010, p.955), define as três principais formas
de poder:
 Poder econômico: se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados
como tais, numa situação de escassez, para induzir aqueles que não os possuem a
manter um certo comportamento.
Exemplo: poder do empresário (dono dos meios de produção ) sobre seus
funcionários.
 Poder ideológico: está baseado na influência que as ideias formuladas de um certo
modo, expressas em certas circunstâncias, por uma pessoa investida de certa
autoridade e difundida mediante certos processos, exercem sobre a conduta dos
dominados.
Exemplo: poder religioso, poder dos cientistas, etc.
 Poder político: É o poder coator, no sentido mais estrito da palavra. Baseia-se na
posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a força física (as armas de toda a
espécie e potência).
Exemplo: o poder do Estado.
NAS PALAVRAS DE NORBERTO
BOBBIO:

“Todas estas três formas de poder fundamentam e mantêm uma


sociedade de desiguais, isto é, dividida em ricos e pobres com
base no primeiro, em sábios e ignorantes com base no segundo,
em fortes e fracos, com base no terceiro: genericamente, em
superiores e inferiores” (BOBBIO, 2010, p.955).
O PODER PRECISA DE LEGITIMAÇÃO
 O poder com base apenas na ameaça de violência é frágil. Se, por exemplo,
um governo precisa manter um policial armado acompanhando cada um de
nós para que respeitemos a lei, dificilmente conseguirá se manter por muito
tempo.

 Weber chamou a probabilidade de encontrar obediência em um grupo de


pessoas de dominação.

 A dominação, para durar, precisa ser legítima: isto é, precisa convencer as


pessoas de que é certo obedecer.
OS TRÊS TIPOS PUROS DE DOMINAÇÃO
LEGÍTIMA

 Dominação tradicional: é a dominação que se baseia no costume ou em um hábito tão


forte que nos pareceria estranho nos desviarmos dele.
Exemplo: As Monarquias foram e são legitimadas pela tradição.
 Dominação racional-legal: tem por fundamento a crença na validade dos regulamentos
estabelecidos racionalmente e na legitimidade dos chefes designados nos termos da lei.
Exemplo: Em uma república, o chefe de governo ou de Estado, deve respeitar a ordem
impessoal do direito. Os membros do Estado não são obrigados a submeter-se senão às
condições previstas pela lei.
 Dominação carismática: se baseia na crença de que o líder político possui qualidades
excepcionais, dons extraordinários.
Exemplo: movimentos missionários, movimentos messiânicos, movimentos
revolucionários, populismo etc.
A POLÍTICA E O ESTADO
Para Weber, o Estado é a instituição política que, dirigida por um governo
soberano, reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física em
determinado território, subordinando os membros da sociedade que nele vivem.

“A violência não é, evidentemente, o único instrumento de que se vale o Estado


– não haja a respeito qualquer dúvida – , mas é seu instrumento específico. Em
nossos dias, a relação entre o Estado e a violência é particularmente íntima. Em
todos os tempos, os agrupamentos políticos mais diversos – a começar pela
família – recorrem à violência física, tendo-a como instrumento normal de
poder. Em nossa época, entretanto, devemos conceber o Estado
contemporâneo como uma comunidade humana que, dentre dos limites de
determinado território – a noção de território corresponde a um dos
elementos essenciais do Estado – reivindica o monopólio do uso legítimo da
violência física.” (WEBER, 2011, p.56).
O ESTADO MODERNO
Com a desintegração do regime feudal, a partir do século XIV, ocorreu um
processo de centralização e concentração:
1. Das Forças Armadas e do monopólio da violência;
2. Da estrutura jurídica, isto é, dos juízes e dos tribunais em várias instâncias;
3. Da cobrança de impostos – um signo do poder e, ao mesmo tempo, o meio
de assegurar a manutenção das Forças Armadas, da burocracia e do corpo
jurídico;
4. De um corpo burocrático para administrar o patrimônio público, como as
estradas, os portos, o sistema educacional, a saúde, o transporte, as
comunicações e outros tantos setores. (TOMAZI, 2010, p.97)
OBSERVAÇÃO 1

 Governo e Estado não são a mesma coisa. O Estado é uma instituição de


caráter permanente, enquanto o governo é compreendido como sendo a
direção e a administração do poder público.
 Um presidente da República, por exemplo, exerce o governo, isto é,
administra os órgãos do Estado, vinculados principalmente ao Poder
Executivo, com o fim de implantar certas políticas públicas (saneamento,
educação, meio ambiente, segurança etc.).
OBSERVAÇÃO 2
Em muitos casos, a identidade entre um Estado e uma nação não acontece.
 Os bascos, que falam sua própria língua e têm sua própria cultura, embora estejam
situados na Espanha e na França (sendo cidadãos desses Estados) não se consideram
nacionais nem da Espanha nem da França.
 Um caso em que havia várias nações num único Estado foi o da extinta URSS. A
Rússia não era a única nação soviética, pois havia os ucranianos, os georgianos (num
total de 15 repúblicas soviéticas) etc.
 O Canadá é um Estado binacional, pois coexistem duas nações: a de língua e cultura
francesa e a de língua e cultura inglesa.
 Há também nações politicamente divididas. Um exemplo histórico foi o caso da
separação política da nação alemã em dois Estados: a Alemanha Oriental (República
Democrática Alemã) e a Alemanha Ocidental (República Federal da Alemanha).
NAÇÃO

“A palavra nação tem origem no latim natus, que significa nascido. Apesar de
não haver uma definição universal, podemos dizer que nação é qualquer
sociedade estabelecida em um dado território, com um mesmo senso de
história, de identidade e de destino. Podemos dizer também que uma nação
corresponde a uma população ampla e anônima que partilha uma cultura
comum, além de ter (ou aspirar ter) seu próprio espaço político. Nesse
segundo sentido, o conceito relaciona-se ao de Estado-nação, unidade
territorial governada por um Estado cuja autoridade se estende por todos os
limites geográficos. A associação entre nação e Estado, contudo, é recente. Até
o século XIX o mundo se organizava em agrupamentos étnicos, divididos em
fronteiras políticas fluidas. Com o advento do Estado moderno, os limites
territoriais tornam-se mais rígidos, bem como o controle administrativo
atribuído ao governo das nações. Pode-se dizer, assim, que os Estados-nação
são a unidade político-organizacional do mundo moderno”. (BOMENY &
FREIRE-MEDEIROS, 2010, p.268)
VEJAMOS:
BIBLIOGRAFIA
BOBBIO, Norberto. Política. BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO,
Gianfranco (Coordenadores). Dicionário de Política. 13. ed. Brasília, DF: UnB, 2010.
P.954-962.
BOMENY, Helena; FREIRE-MEDEIROS, Bianca (Coord.). Tempos modernos,
tempos de sociologia. 1.ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2010.
FREUND, Julien. Sociologia de Max Weber. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense-
Universitária, 1975.
MACHADO, Igor José de Renó; AMORIM, Henrique José Domiciano; BARROS,
Celso Fernando Rocha de. Sociologia Hoje. 1.ed. São Paulo: Ática, 2013.
RIBEIRO, João Ubaldo. Política. Quem manda, por que manda, como manda. 3. ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

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