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MANUAL DO PROFESSOR
CURSO INTENSIVO

CASCAVEL
2019
APRESENTAÇÃO

Caro(a) Professor(a):

A Coordenação do Método Aprova OAB lhe agradece imensamente por ter aceitado ser
nosso parceiro na elaboração dessa experiência preparatório que pretende ser referência de
eficiência e qualidade em todo o país.

Neste Manual você encontrará a descrição detalhada de todos os conteúdos que são
necessários para o desenvolvimento da disciplina da qual você se torna responsável a partir de
agora. Deste modo, além dos itens aqui solicitados, sinta-se à vontade para propor sugestões,
alterações ou mesmo, no caso de identificar alterações importantes na legislação pertinente, para
entrar em contato com nossa equipe para atualizar o material naquilo que for necessário.

Assim, destacamos a importância da leitura atenta de todas as orientações, especialmente


daquelas a respeito das gravações de conteúdo. Isso porque, para que a matriz esteja apta a ser
aproveitada em diferentes contextos, é necessária a observância rigorosa dos itens assinalados. Do
contrário, deslizes, ainda que pequenos, podem comunicar aos nossos alunos que eles não estão
recebendo o conteúdo que queremos lhes entregar.

Estamos à disposição para qualquer dúvida ou orientação que surgir ao longo da produção.
Agradecemos, uma vez mais, e lhe desejamos um excelente trabalho!
SUMÁRIO

1. DAS AULAS GRAVADAS ........................................................................................... 4


1.1 DO TEMPO DE GRAVAÇÃO DE CONTEÚDOS .................................................... 4
1.2 DAS BOAS PRÁTICAS – GRAVAÇÃO DA MATRIZ............................................... 5
1.3 DAS BOAS PRÁTICAS – GRAVAÇÃO DE DICAS .................................................. 7
ANEXO A ...................................................................................................................... 8
ANEXO B .................................................................................................................... 13
ANEXO C .................................................................................................................... 42
1. DAS AULAS GRAVADAS

1.1 DO TEMPO DE GRAVAÇÃO DE CONTEÚDOS

As aulas gravadas para o intensivo devem equilibrar de forma precisa duas variáveis de
naturezas contraditórias. Isso porque devem conciliar o máximo possível de conteúdo pertinente
com o mínimo possível de duração. Assim, além do domínio conferido pela prática da docência da
disciplina do Professor, este também deve se organizar para que as gravações não se estendam por
tempo que extrapole o solicitado.

Em relação aos conteúdos, encaminharemos um material indicando quais são os mais


cobrados na história da prova. De forma a auxiliar o Professor na seleção daquilo que é mais
importante para a prova.

Já em relação ao tempo de gravação para o CURSO INTENSIVO, é preciso que o docente se


paute pela proposta abaixo descrita:

DISCIPLINAS CARGA HORÁRIA (H)


Direito Administrativo 5
Direito Ambiental 2
Direito Civil 7
Direito Constitucional 4
Direito do Consumidor 2
Direito do Trabalho 5
Direito Empresarial 3
Direito Internacional 2
Direito Penal 4
Direito Tributário 3
Direitos Humanos 2
ECA 2
Ética 4
Filosofia 2
Processo Civil 5
Processo do Trabalho 3
Processo Penal 5
TOTAL 60
O CURSO INTENSIVO pretende ter 60 (sessenta) horas. Por isso, nossa equipe precisou
restringir o máximo possível a carga horária de cada disciplina. Como pretendemos elaborar um
cronograma de estudos dia a dia para o aluno, torna-se de grande importância que os conteúdos
sejam produzidos com a observância estrita do tempo assinalado.
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1.2 DAS BOAS PRÁTICAS – GRAVAÇÃO DA MATRIZ

Para que o material seja produzido de acordo com o necessário, para todas as disciplinas, o
Professor deve se atentar aos seguintes itens:

I) Deve ser o mais objetivo possível na comunicação e, especialmente na utilização de


exemplos;

II) Deve enviar um cronograma de gravações dos vídeos, especificando cada vídeo a
ser gravado com o conteúdo que será registrado, conforme modelo presente no Anexo A.

Exemplo: Aula 01 – Princípios Fundamentais da Constituição Federal.

Observação: não deve constar no cronograma e nem no nome do arquivo das aulas
expressões genéricas apenas, como, por exemplo “Aula 01” ou “Parte I”;

III) As aulas devem durar no máximo 30 (trinta) minutos, mas, se o professor assim
entender, podem ser fragmentadas em período menor, de acordo com o conteúdo e o
cronograma proposto;

IV) Para as suas aulas o professor deverá entregar um único material a ser desenvolvido
conforme o modelo apresentado no Anexo B;

V) As indicações de leituras complementares pelo acervo do SARAIVAJUR deverão


indicar uma foto da obra (extraída do próprio sistema), sua descrição e o tema do
conteúdo que o aluno deverá estudar, conforme o modelo apresentado no Anexo C;
VI) Considerando uma avaliação interna a respeito da identidade visual deste produto,
orienta-se, enfaticamente, para que os professores utilizem roupa social durante todas as
gravações;

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VII) O Professor não deve fazer qualquer referência a elementos que situem a aula no
tempo, como se vê nos seguintes casos:

Exemplo: “O caso do Neymar de semana passada!”

Exemplo: “Estamos nos preparando para o Exame XXXI da OAB!”

Exemplo: “Isso apareceu no último Exame, o número XXIX!”

Exemplo: “Neste ano tivemos uma atualização no Código Civil!”

Exemplo: “Você viu o que aconteceu no ano passado?”

Observação: Todas as aulas devem ser gravadas de forma anacrônica.

VIII) Não deve ser feito nenhum comentário ou referência que possa ser entendido como
ofensa por qualquer um de nossos alunos, isso inclui referências jocosas à sexualidade;

IX) Não deve ser descrito nenhum método de estudo ao longo da aula gravada ou
compartilhamento de experiência preparatória. Isso porque estamos desenvolvendo um
método próprio e a orientação pode entrar em conflito com o que estamos propondo e
ainda o tempo de conteúdo não será devidamente aproveitado. Por certo que orientações
sobre macetes ou técnicas mnemônicas diretamente associadas aos conteúdos são
incentivadas;

X) Não divulgar redes sociais ou números de telefone durante a aula, seja de forma
verbal ou escrita no quadro ao fundo. Teremos uma descrição específica de cada
professor, com o currículo, na rede social e na publicidade do curso. Lá, aos que assim
quiserem, serão indicados os dados digitais de redes sociais e e-mail que o Professor
permitir;
XI) Sempre que for necessário atualizar o conteúdo da disciplina, o Professor deverá
indicar qual vídeo deve ser retirado e substituído, de acordo com o cronograma / plano de
aula, e, também, encaminhar um novo material de apoio completo e atualizado.
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XII) Para o procedimento de atualização, que é de responsabilidade do professor, antes


das gravações, solicita-se que seja informado à Coordenação do curso.

1.3 DAS BOAS PRÁTICAS – GRAVAÇÃO DE DICAS

Além das considerações anteriores, seguem as orientações específicas com relação as


dicas:

I) A roupa deve ser mantida como traje social;

II) O tempo de duração máximo de cada conteúdo deve ser de 1 (um) minuto;

III) As dicas são remuneradas a cada 10 (dez) gravações, de forma que o professor
deve se preparar para que, no período das aulas, estejam gravadas ao menos 20
(vinte) dicas de cada disciplina. Caso o professor opte por gravar mais, deverá
solicitar antes à Coordenação do curso;

IV) Recomenda-se que as dicas funcionem como uma espécie de reforço do conteúdo
curricular ou de conteúdos complementares que não foram abordados durante as
aulas;

V) A dicas também devem vir acompanhadas de um cronograma com a descrição dos


respectivos assuntos abordados, podendo contar, inclusive, com uma sugestão de
legenda.
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ANEXO A
PLANO DE AULA / CRONOGRAMA - FILOSOFIA
Professor Gustavo dos Santos Prado

 CURSO INTENSIVO – MÉTODO APROVA OAB 9

- DEMANDA: 4 HORAS GRAVADAS + MATERIAL DE APOIO

- META: CONCLUIR ATÉ 31 DE NOVEMBRO

 PLANO DE AULA / CRONOGRAMA:

AULA 1. A FILOSOFIA DO DIREITO NO MUNDO GREGO.  AGENDADO PARA _11_/_11_/2019

PLATÃO

- Vida e obra;
- Justiça e perfeição;
- O corpo político.

ARISTÓTELES

- Vida e obra;
- Classificação dos tipos de justiça: Distributiva e Comutativa;
- Meio Justo/ Justo Meio.

AULA 2. A FILOSOFIA DO DIREITO NA MODERNIDADE. (PARTE 1)


(Introdução à Modernidade, Maquiavel, Hobbes)  AGENDADO PARA _11_/_11_/2019

NICOLAU MAQUIAVEL

- Vida e obra;
- Idealismo x Realismo;
- Considerações sobre “O Príncipe”.

THOMAS HOBBES
- Vida e obra;
- Estado de natureza;
- Contratualismo;
- O Leviatã.
AULA 3. A FILOSOFIA DO DIREITO NA MODERNIDADE. (PARTE 2)
(Locke, Rousseau, Montesquieu)  AGENDADO PARA _11_/_11_/2019

JOHN LOCKE
- Vida e obra;
- Estado de natureza; 10
- Contratualismo;
- A função do Estado.

JEAN - JACQUES ROUSSEAU

- Vida e obra;
- O “mito” do bom selvagem.
- Contratualismo.
- Estado e Direito.

CHARLES DE MONTESQUIEU

- Vida e obra;
- Divisão dos poderes;
- Direito e liberdade.

AULA 4. A FILOSOFIA DO DIREITO NA MODERNIDADE. (PARTE 3)


(Kant, Bentham, Mill )  AGENDADO PARA _11_/_11_/2019

IMMANUEL KANT

- Vida e obra;
- A maioridade humana;
- O livre arbítrio;
- Mérito Moral;
- Direito e Moral.

JEREMY BENTHAM

- Vida e obra;
- A proposta pragmatista;
- O panóptico.

JOHN STUART MILL


- Vida e obra;
- A liberdade;
- A tirania da maioria.

AULA 5. ERA CONTEMPORÂNEA (PARTE 1)


(PARTE 1: Kelsen, Hart, Ihering)  AGENDADO PARA _18_/_11_/2019

HANS KELSEN

- Vida e obra;
- Positivismo Jurídico;
- A teoria pura do direito;
- A Interpretação.

HEBERT HART

- Vida e obra;
- Direito e coerção; 11
- Positivismo brando.

RUDOLF VON IHERING

- Vida e obra;
- A luta pelo direito;

AULA 6. ERA CONTEMPORÂNEA (PARTE 2)


(Hannah Arendt, Radbruch e Perelman)  AGENDADO PARA _18_/_11_/2019

HANNAH ARENDT

- Vida e obra;
- Totalitarismo;
- Banalidade do mal;
- Apátridas e dignidade humana.

GUSTAV RADBRUCH

- Vida e obra;
- Positivismo e Nazismo;
- Resistência às leis arbitrárias.

CHAÏM PERELMAN

- Vida e obra;
- A importância da retórica;
- O questionamento da neutralidade jurídica.

AULA 7. ERA CONTEMPORÂNEA (PARTE 3)


(Bobbio, Reale) AGENDADO PARA _18_/_11_/2019

NORBERTO BOBBIO
- Vida e obra;
- Escola da Exegese;
- Características do direito (neopositivismo);
- Teoria do Ordenamento Jurídico;
- Poder Constituinte originário;
- Lacunas ideológicas;
- Antinomia real;
- Importância de conhecer o ordenamento.

MIGUEL REALE

- Vida e obra;
- Fato, valor e norma.
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AULA 8. ERA CONTEMPORÂNEA


(Larenz, Dworkin, MacCormick) AGENDADO PARA _18_/_11_/2019

KARL LARENZ

- Vida e obra;
- Os dilemas da interpretação.

RONALD DWORKIN

- Vida e obra;
- Criticas ao positivismo;
- O Direito como prática interpretativa;
- Etapas da interpretação;
- A intenção do intérprete;
- Definições: regras e princípios.

Neil MacCormick
- Vida e obra.
- A argumentação da lei.
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ANEXO B
FILOSOFIA
Professor Gustavo dos Santos Prado

AULA 1. A FILOSOFIA DO DIREITO NO MUNDO GREGO.


(Platão e Aristóteles)
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Na Grécia Antiga, pela primeira vez, o direito deixa de ser objeto exclusivo de sacerdotes e
monarcas e passa a ser discutido por filósofos e juristas. Em parte, a matéria jurídica desvencilhou-
se de traços religiosos, morais e políticos.
A cidade de Atenas foi fecunda para a discussão filosófica e jurídica. Ali se problematizava os
assuntos de ordem política no espaço público, e por conta disso, houve discussões que
multiplicaram as interpretações sobre o direito e a justiça. Sócrates, por exemplo, que foi mestre
de Platão, considerava que era necessária obediência às leis, já que ele via que a ética social deveria
prevalecer sobre a individual.
Platão, que nasceu em Atenas no ano de 427 a. C, seguiu em parte os ensinamentos de seu
mestre. Sua formação erudita foi marcada por um amplo conhecimento em poesia e literatura. Por
conta disso, ele estruturou os seus livros em diálogos compostos por personagens diferentes: cada
personagem dava um ponto de vista sobre um determinado assunto que estava sendo discutido
por Platão.
Platão jamais aceitou a condenação de seu mentor, Sócrates, que foi julgado por subversão
à juventude. Com a morte do mestre, Platão tornou-se mais cético a política da cidade e passou a
viajar distante de Atenas.
O conhecimento platônico pode ser dividido em duas partes: o mundo sensível
(proveniente dos sentidos) e o inteligível (o mundo das ideias). Ele sempre se interessou por
política e pela justiça. Seguiu os ensinamentos de Sócrates e entendia que a Justiça era algo
verdadeiro. Colocando a justiça no mundo das ideias, Platão interpretava que ela não deveria
prejudicar ninguém; e por conta disso ela não poderia ser imperfeita.
Platão colocava que a cidade só poderia ser governada por aqueles que tinham capacidades
intelectuais para tanto – o que pressupunha a passagem por uma educação rígida que fosse capaz
de fazer com que o sujeito fosse competente para liderar o corpo político, ou a cabeça, que
representava a sabedoria dos governantes.
Aristóteles nasceu em Estágira, no ano de 384. a.C. Seu pai era médico. Foi para a cidade de
Atenas estudar na academia de Platão e adotou uma proposta filosófica que valorizava as
experiências. Trabalhou como sofista para o príncipe Alexandre, da Macedônia, império antigo que
conseguiu dominar os gregos. Dentre as suas várias contribuições, Aristóteles ficou conhecido ao
criar o método científico e ao afirmar que a política fazia parte da natureza humana. Por isso que
para o autor “todo o homem é um animal político”.
Se para Platão a justiça estaria no mundo das ideias, Aristóteles entendia que a justiça
poderia ser conquistada neste mundo – desde que o sujeito valorizasse as experiências. O pensador
que nasceu em Estágira, ao discordar da justiça presente no mundo das ideias, entendia que ela
deveria ser refletida e colocada na prática. Por isso ele divide a justiça em dois tipos: a distributiva e
a comutativa. A primeira contempla a distribuição proporcional ao mérito de cada um; já a segunda
decorria das relações de troca, de modo que os produtos trocados fossem equivalentes.
Sua maior contribuição para os estudos jurídicos foi à definição da teoria do meio justo.
Aristóteles entendia que a justiça só acontecia quando o homem abria mão dos excessos, pois,
segundo ele, na vida é necessário a moderação. O filósofo acreditava que a ética e a política
estariam vinculadas ao estudo da prática, e a experiência poderia fazer com que o homem agisse
adequadamente para ser feliz.

 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

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01. Ano: 2019/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Mas a justiça não é a perfeição dos homens?

PLATÃO, A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.

O conceito de justiça é o mais importante da Filosofia do Direito. Há uma antiga concepção segundo a qual justiça é dar
a cada um o que lhe é devido. No entanto, Platão, em seu livro A República, faz uma crítica a tal concepção. Assinale a
opção que, conforme o livro citado, melhor explica a razão pela qual Platão realiza essa crítica.
A) Platão defende que justiça é apenas uma maneira de proteger o que é mais conveniente para o mais forte.
B) A justiça não deve ser considerada algo que seja entendido como virtude e sabedoria, mas uma decorrência da
obediência à lei.
C) Essa ideia implicaria fazer bem ao amigo e mal ao inimigo, mas fazer o mal não produz perfeição, e a justiça é uma
virtude que produz a perfeição humana.
D) Esse é um conceito decorrente exclusivamente da ideia de troca entre particulares, e, para Platão, o conceito de
justiça diz respeito à convivência na cidade.

02. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Considere a seguinte afirmação de Aristóteles:

"Temos pois definido o justo e o injusto. Após distingui-los assim um do outro, é evidente que a ação justa é
intermediária entre o agir injustamente e o ser vítima da injustiça; pois um deles é ter demais e o outro é ter
demasiado pouco.”
(Aristóteles. Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 329.)

De efeito, é correto concluir que para Aristóteles a justiça deve sempre ser entendida como

a) produto da legalidade, pois o homem probo é o homem justo.


b) espécie de meio termo.
c) relação de igualdade aritmética.
d) ação natural imutável.

03. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

A partir da leitura de Aristóteles (Ética a Nicômaco), assinale a alternativa que corresponde à classificação de justiça
constante do texto:
“… uma espécie é a que se manifesta nas distribuições de honras, de dinheiro ou das outras coisas que são divididas
entre aqueles que têm parte na constituição (pois aí é possível receber um quinhão igual ou desigual ao de um
outro)…”
A) Justiça Natural.
B) Justiça Comutativa.
C) Justiça Corretiva.
D) Justiça Distributiva.

 GABARITO:
01- C/ 02- B / 03 –B.

AULA 2. A FILOSOFIA DO DIREITO NA MODERNIDADE. (PARTE 1)


(Introdução à Modernidade, Maquiavel, Hobbes)
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A modernidade, que têm como marco a queda do Império Bizantino, em 1453 d.C foi
marcada por várias transformações, que questionaram a razão e a cultura da Idade Média. Neste
caso, a modernidade foi marcada por um período de ruptura com a tradição medieval e urgiu a
necessidade de entender os fenômenos através da razão e do antropocentrismo.
A decadência dos feudos, que foi resultado de fatores estruturais que se somaram a fome, a
peste negra e a “Guerra dos Cem Anos” (1337-1453), ocasionou a pulverização gradativa do poder
do senhor feudal. O Renascimento literário, científico ou cultural rompeu seus laços com a tradição
medieval. A Reforma questionou a conduta da Igreja Católica e fundou várias religiões inspiradas no
exemplo de Lutero. As grandes navegações e o renascimento comercial e urbano imprimiram um
crescimento exponencial do capitalismo, e trouxe à Europa a possibilidade de produção de
riquezas. O surgimento da imprensa dinamizou a circulação das novas ideias que estavam sendo
discutidas.
O mundo passou a ser organizado através da razão e não da fé. E é por conta disso, que
ocorreu o processo de laicização do Estado e do direito, permitindo o surgimento do Estado
Moderno. Naquela conjuntura, foi necessário conferir maior força à lei – abrindo espaço para o
positivismo jurídico, que possui como representantes Hebert Hart e Hans Kelsen. Além disso,
questionou-se a característica do Estado de natureza do homem e se discutiu qual seria o modelo
de Estado ideal.
Dito de outro modo é nesse terreno que apareceu os autores contratualistas, que de modo
geral, é uma corrente filosófica que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formar os
governos e manter a ordem social.
Maquiavel nasceu em Florença, em 1649. Filósofo, historiador, diplomata e escritor de
peças de teatro, o autor florentino tinha grande erudição, resultado de uma educação formal sólida
e de suas atividades políticas.
Maquiavel inovou ao abordar a política: ele passou a defender que o príncipe deveria agir
de forma realista e não idealista. O modelo idealizado foi praticado rotineiramente na Idade Média,
pois o príncipe era visto como um sujeito sem defeitos. Na literatura, por exemplo, destaca-se o
famoso livro de Thomas Morus, “Utopia”, que conta a história de uma ilha onde cada família
escolhia um Imperador que não tinha defeitos.
O filósofo florentino sabia que o modelo idealista não surtiria mais efeito. Então, ao
escrever “O Príncipe”, Maquiavel reviu o modelo que o governante deveria adotar. Ao mesmo
tempo, desejava que suas reflexões contribuíssem para o fortalecimento político da família Médici.
(Lourenço de Médici II)
Com sua visão antropocêntrica e utilitarista, Maquiavel escreveu “O Príncipe” explicando ao
príncipe como ele deveria agir para conduzir os negócios públicos a fim de manter o principado. O
bom governante deveria agir com inteligência, contrariando momentos desfavoráveis a seu favor.
Astúcia, coragem e a capacidade para se adaptar diante das circunstâncias, qualidades que ele
chamou de Virtú, seriam importantes para que o chefe de Estado garantisse o controle social e
usufruísse da Fortuna. (poder, dinheiro, felicidade)
Outro autor que conferiu força ao rei foi Thomas Hobbes – filósofo que nasceu na Inglaterra,
em 1588. Estudou em Oxford e trabalhou na França durante anos. Teve contato com vários
cientistas da época, como é o caso de Galileu Galilei. Na Inglaterra, presenciou as Revoluções
Inglesas, de caráter liberal, que destituiu a dinastia dos Stuarts e resultou na tomada de poder pela
burguesia. Por conta deste evento político, foi obrigado a deixar o país natal e voltou para a França.
Hobbes é um autor de origem empirista. Ele entende que o conhecimento é proveniente
das impressões, dos sentidos e das experiências. Seu conhecimento científico e político deram
17
condições para que ele escrevesse “O Leviatã” – livro mais importante do autor.
O empirista britânico também refletiu sobre as transformações da modernidade, em
especial, a consolidação do Estado – com sua política e fronteiras definidas. O contato dos
europeus com as tribos da América, que foi resultado das Grandes Navegações, levou à Europa
uma forte discussão: as características da natureza humana.
Hobbes colocava que o homem no estado de natureza vivia num conflito de “todos contra
todos”, no qual o egoísmo superaria os laços coletivos. O homem naquele estado seria um ser
violento, pois tentava resolver os conflitos de forma direta, uma vez que não havia o Estado para
fazer as mediações.
Temendo morrer de forma violenta, Hobbes entendia que o homem saiu do estado de
natureza para o Estado Civil, que seria a organização política, através do contrato social. Ele não é
algo assinado, mas sim um entendimento coletivo que coloca que era necessário a existência do
Estado para fazer a mediação dos conflitos humanos – garantindo à liberdade e à segurança.
Passou então a defender o jusnaturalismo, ou seja, que o homem é dotado de direitos naturais.
O contrato seria uma transferência mútua de poder para o Estado, que teria a missão de
acabar com a desordem oriunda da própria natureza humana. Contudo, Hobbes, que estudou
numa época marcada pela forte interferência do rei nas universidades, entendia que o governo
ideal seria o de um monarca absolutista – ou seja, forma de governo que delega poderes ilimitados
ao rei.
O poder do monarca aparece simbolizado no “Leviatã”, uma espécie de mostro marinho que
é citado no livro de Jó. Hobbes entendia que o governo ruim não invalida o contrato, pois a vida no
estado de natureza, repleta de egoísmos, era muito pior. E neste caso, se o homem não respeita o
contrato, que resultou na formação do Estado, ele estaria fadado a voltar para o Estado de
natureza. Por isso que o autor entendia que todo o homem deveria cumprir o pacto que foi
celebrado: Estado, soberania e o poder do rei estão na premissa do contrato proposto por Hobbes.

 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

4. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

De acordo com o contratualismo proposto por Thomas Hobbes em sua obra Leviatã, o contrato social só é possível em
função de uma lei da natureza que expresse, segundo o autor, a própria ideia de justiça.
Assinale a opção que, segundo o autor na obra em referência, apresenta esta lei da natureza.
a) Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.
b) Dar a cada um o que é seu.
c) Que os homens cumpram os pactos que celebrem.
d) Fazer o bem e evitar o mal.

 GABARITO:
4- C
Aula 3. A FILOSOFIA DO DIREITO NA MODERNIDADE. (Parte 2)
(Locke, Rousseau, Montesquieu)
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Durante a modernidade, surgiram autores que eram contrários ao modelo de Estado


centrado na figura do líder político – no caso, o rei. Surgiram vários autores de vertente liberal. De
modo geral, esse tipo de pensamento filosófico coloca que o Estado (personificado na figura do
líder) não poderia violar as liberdades individuais; ou seja, o Estado não pode ser nocivo à liberdade
do homem. O discurso liberal ganhou força na modernidade, uma vez que historicamente as
monarquias absolutistas cometeram vários excessos – violando as liberdades individuais.
John Locke, o pai do liberalismo político nasceu em 19 de agosto de 1632 em Wrington,
Inglaterra. Estudou filosofia, medicina e ciências naturais na Universidade de Oxford, onde teve
uma vida atrelada a reflexão da ciência, da política e a intelectualidade. Também lecionou o grego,
a filosofia e a retórica.
Locke teve que sair da Inglaterra por conta da Revolução Gloriosa. Após uma passagem de 5
anos na Holanda, o autor trabalhou como Ministro do Comércio do rei Willian III de Orange – o que
contribuiu ainda mais com sua formação.
Defensor do empirismo, Locke entendia que a mente humana era uma espécie da tábula
rasa, pois nasceria em branco. Com as experiências e impressões, o sujeito poderia desenvolver o
intelecto, saindo das ideias simples para as mais complexas. Neste caso, a sensações e as
percepções seriam ativas no processo de conhecimento.
O autor deu prosseguimento às discussões sobre a natureza humana e o processo de
formação do Estado, numa época marcada pelas transformações da modernidade. Locke sempre
discordou do estado de natureza hobbesiano. Ele entendia que o homem era bom por natureza,
pois seria um ser dócil e de boa índole. Neste caso, os conflitos sociais existiriam por conta da
ausência de um juiz que fosse capaz de fazer as mediações valendo-se da razão.
Locke alegava que o Estado deveria garantir a propriedade privada e a liberdade. Segundo o
autor, Deus deu a todos o direito de acesso à terra para a subsistência, porém, o trabalho que o
homem aplicava na natureza fez com que o indivíduo se apropriasse da terra, tornando-a uma
propriedade inquestionável. Ou seja, o trabalho particularizava o que era de todos e caberia ao
Estado garantir que a liberdade – sintetizada no trabalho e na propriedade – não fosse
questionada. Não ao acaso, John Locke é considerado uma das bases do movimento iluminista,
sintetizado em Rousseau, Montesquieu e Kant.
O Estado não poderia violar a propriedade privada. Locke entendia que o governante
deveria ser um administrador. Discordando do poder do “Leviatã”, Locke propôs a separação de
poderes em Executivo e Legislativo e tinha simpatia pela monarquia parlamentar. Com isso, ao
Estado caberiam funções limitadas, porém, ele deveria garantir as normas sociais, o direito, a
propriedade e a liberdade. A vontade do grupo social deveria prevalecer diante dos atritos com o
Estado, pois o Estado Civil teria como função manter inviolável o direito natural. Ao povo caberia
resistir diante dos maus tratos aos quais poderiam ser submetidos.
Outro autor que surgiu para defender as liberdades individuais foi Jean Jacques Roussseau.
Este filósofo franco suíço nasceu em Genebra, em 1712. É considerado um dos maiores expoentes
do Iluminismo. Viveu em várias cidades europeias. Autodidata, dedicou uma parte de sua vida para
compreender a política de sua época.
Naquela conjuntura a Europa era marcada pela existência de reis absolutistas, que tinham
se legitimado por conta da proposta de Estado centralista proveniente de Nicolau Maquiavel e
Thomas Hobbes. Contudo, a burguesia europeia começou a ter simpatia por novas convecções
filosóficas: o Iluminismo. Influenciada por John Locke, pai do liberalismo político, a burguesia
entendia que era necessário impor rédeas ao poder absoluto dos reis.
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O Iluminismo serviu como base teórica, já que o movimento entendia que caberia ao
homem lutar por sua própria liberdade. Além disso, os iluministas defendiam a igualdade civil, o
naturalismo, o experimentalismo, o anticlericalismo e o fim do Antigo Regime (mercantilismo,
absolutismo e os privilégios do clero e da nobreza).
O Iluminismo serviu para trazer uma nova ordem social, que colocou os valores burgueses e
liberais em atrito com os poderes dos soberanos. Não ao acaso, a Europa foi varrida por revoluções
liberais, como é o caso da Revolução Francesa (1789-98).
Contudo, Rousseau tinha uma leitura diferente da maioria dos iluministas do seu tempo,
que acreditavam no caráter libertário da propriedade privada. O filósofo suíço entendia que o
homem era bom por natureza, e que viveria num mundo perfeito, pois seria um ser inocente.
Criou-se uma sátira em torno de suas ideias, sintetizada em torno do “mito do bom selvagem”.
Crítico de sua época, Rousseau entendia que os dilemas humanos ficaram piores com a
propriedade privada: ela seria corruptora das almas, alimentaria os egoísmos e a degradação da
sociedade. Rousseau coloca que caberia ao Estado garantir os direitos naturais, premissa básica de
sua formação.
O contrato social garantiu o surgimento do Estado, pois os indivíduos lançaram mão de uma
parte de sua liberdade para que o Estado existisse. Neste caso, a sociedade seria uma formação
artificial, um artifício da civilização, que permitiu o surgimento do Estado civil – que teria como
missão executar as vontades coletivas e adotar políticas em favor da comunidade.
Caberia então à política valorizar a educação dos homens em torno da ética, pois a
sociedade estruturada através da propriedade privada estaria vulnerável a corrupção,
desigualdades e usurpação. Seu modelo de governo ideal era a República, que deveria combater as
desigualdades morais e defender os interesses coletivos.
Os deveres do homem garantem a sobrevivência das leis políticas e civis. Essa é uma
máxima seguida por Charles de Montesquieu, autor da célebre obra “O Espírito das Leis”. Nascido
na França, em 1869, é considerado um dos maiores expoentes do Iluminismo europeu. Teve uma
sólida formação em Bordeaux e em Paris. Com a morte do tio, ele assumiu o título de barão,
alcançando títulos e méritos na cidade de Bordeaux. Por conta disso viajou por vários países
europeus, e começou a refletir sobre a vida, a filosofia e a função da política.
Seu modelo político ideal era a monarquia parlamentar britânica. Montesquieu admirava o
processo de formação do Estado inglês, principalmente após as Revoluções Inglesas que trouxeram
ao país uma ótica liberal. Seguindo a cultura iluminista de sua época, Montesquieu reconhecia a
existência de governos despóticos – no qual o líder governava segundo sua própria fantasia -, mas
entendia que a forma de governo ideal estaria na divisão de três poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
A criação dos três poderes foi um marco na história do direito. Ele entendia que essa divisão
impediria o monopólio do poder – sendo inclusive capaz de evitar a tirania e os governos
despóticos. Não ao acaso Montesquieu teve grande repercussão à época do Iluminismo, na
formação do Estado Moderno e do ideal democrático – afinal, cada poder poderia impedir as
arbitrariedades dos demais visando garantir o mínimo de liberdade.
Para além da divisão de três poderes, Montesquieu propõe que a sabedoria da lei estaria na
sua adaptabilidade às condições gerais de um país - e o legislador deveria reconhecer essas
condições. O Estado se tornaria livre quando ele evitasse a tirania, sendo que aquele teria como
premissa fundamental estabelecer os princípios que dessem condição do respeito às leis e a
segurança dos cidadãos. 20

Charles de Montesquieu não via com bons olhos à República – reflexo de uma formação no
seio da aristocracia francesa e do iluminismo. Segundo o autor, governos moderados – caso da
monarquia parlamentar – propõem leis que permitem a formação da liberdade política; neste caso,
a liberdade depende das leis, mas também da conduta do rei. Por conta disso, o autor francês
entendia que ser livre é fazer tudo que as leis permitem.

 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

5. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

O Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988 afirma que “todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Muitos autores associam
tal disposição ao conceito de direito de resistência, um dos mais importantes da Filosofia do
Direito, de John Locke.
Assinale a opção que melhor expressa tal conceito, conforme desenvolvido por Locke na sua obra
Segundo Tratado sobre o Governo Civil.
a)A natureza humana é capaz de resistir às mais poderosas investidas morais e humilhações, desde
que os homens se apoiem mutuamente.
b) Sempre que os governantes agirem de forma a tentar tirar e destruir a propriedade do povo ou
deixando-o miserável e exposto aos seus maus tratos, ele poderá resistir.
c) Apenas o contrato social, que tira o homem do estado de natureza e o coloca na sociedade
política, é capaz de resistir às ameaças externas e às ameaças internas, de tal forma que institui o
direito de os governantes resistirem a toda forma de guerra e rebelião.
d) O direito positivo deve estar isento de toda forma de influência da moral e da política. Uma vez
que o povo soberano produza as leis, diretamente ou por meio de seus representantes, elas devem
resistir a qualquer forma de interpretação ou aplicação de caráter moral e político.

6. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Concebo, na espécie humana, dois tipos de desigualdade: uma que chamo de natural ou
física, por ser estabelecida pela natureza e que consiste na diferença das idades, da saúde,
das forças do corpo e das qualidades do espírito e da alma; a outra, que se pode chamar de
desigualdade moral ou política, porque depende de uma espécie de convenção e que é
estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo consentimento dos homens. ROUSSEAU, Jean-
Jacques. Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens.
Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Levando em consideração o trecho
acima, assinale a afirmativa que apresenta a perspectiva de Rousseau sobre como se coloca o
problema da desigualdade.
A) As desigualdades naturais são a causa das desigualdades morais, uma vez que as
diferenças naturais se projetam na vida política.
B) As desigualdades naturais são inaceitáveis; por isso, o homem funda a sociedade civil por
meio do contrato social.
C) As desigualdades naturais são aceitáveis, mas as desigualdades morais não o são, pois
consistem em privilégios de uns sobre os outros.
21
D) Todas as formas de desigualdade consistem num fato objetivo, devendo ser
compreendidas e toleradas, pois elas geram o progresso humano e produzem mais bens do
que males.

7. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

...só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a finalidade de suas
instituições, que é o bem comum...

Jean-Jacques Rousseau

A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do Contrato Social, foi
fundamental para o amadurecimento do conceito moderno de lei e de democracia.

Assinale a opção que melhor expressa essa ideia conforme concebida por Rousseau no livro citado.

a) A soma das vontades particulares.

b) A vontade de todos.

c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.

d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.

8. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a liberdade política não
consiste nisso.
Montesquieu

No preâmbulo da Constituição da República, os constituintes afirmaram instituir um Estado


Democrático destinado a assegurar, dentre outras coisas, a liberdade. Esse é um conceito de
fundamental importância para a Filosofia do Direito, muito debatido por inúmeros autores. Uma
importante definição utilizada no mundo jurídico é a que foi dada por Montesquieu em seu Do
Espírito das Leis.
Assinale a opção que apresenta a definição desse autor na obra citada.
a) A liberdade consiste na forma de governo dos homens, e não no governo das leis.
b)A disposição de espírito pela qual a alma humana nunca pode ser aprisionada é o que chamamos
de liberdade.
c) Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem.
d) O direito de resistência aos governos injustos é a expressão maior da liberdade.

 GABARITO:
5- B
6- C
7- D
8- D
22

AULA 4. A FILOSOFIA DO DIREITO NA MODERNIDADE. (PARTE 3)


(Kant, Bentham, Mill )

Ainda dentro do movimento iluminista, Königsberg, cidade do antigo império da Prússia,


presenciou a vida do maior expoente dessa proposta filosófica. Immanuel Kant nasceu em 1724.
Estudou filosofia e matemática e lecionou a vida inteira na sua terra natal. Sua vida metódica e
regrada o levou a uma reflexão profunda sobre as bases epistemológicas da filosofia moderna. Sua
capacidade intelectual o fez elaborar um método de conhecimento conhecido como criticismo, o
qual utiliza de teses empiristas e racionalistas para estruturar a sua forma de pensamento. Além
disso, o mérito da filosofia kantiana foi ter colocado no centro da filosofia e do conhecimento o
sujeito, retirando a discussão filosófica do plano metafísico. Tal proposta foi denominada pelo autor
de “Segunda Revolução Copernicana”.
Kant foi um dos maiores intelectuais que discutiu um problema caro a epistemologia
jurídica: a relação entre moral, direito e liberdade. Seu livro “Fundamentos da metafísica dos
costumes” é um tratado brilhante que reflete a liberdade humana. O intelectual prussiano entendia
que o homem precisa atingir o estado de maioridade, pois ele entendia que o próprio sujeito
poderia ter a sua própria razão, sem usar das crenças, tradições e opiniões alheias. Livre das
amarras do dogmatismo, o homem assumiria um papel protagonista, pois ele poderia utilizar a
razão de forma pública e viver de forma livre.
A liberdade para Kant pressupõem liberdade de escolhas. Por isso que existem as regras
sociais. Elas só têm função social à medida que o homem é capaz de exercer as suas escolhas de
forma livre. Ou seja, se o homem não puder escolher o que é certo ou errado, proibido ou
permitido, bom ou mal, não adianta a existência de regras. Para o iluminista alemão, o homem
sempre reflete se a escolha feita é certa ou errada. A liberdade dependeria disso.
Kant entendia que o homem é inclinado a fazer coisas ruins. Ele não via com bons olhos a
natureza humana. Todavia, ele entendia que o homem é impelido a fazer o certo por conta do
mérito moral. Nessa perspectiva, o autor entendia que ele aparece justamente no esforço que o
sujeito faz para submeter a sua natureza às exigências do dever. Com isso, a natureza humana
inclina o homem a fazer coisas ruins; porém, se o homem escolhe o correto, ele se impõe diante da
força de sua natureza para fazer aquilo que é aceito como moralmente correto. Forma-se uma
máxima na qual a liberdade humana deve se conciliar com a liberdade de todos, segundo uma lei
universal, a qual Kant designava como “imperativo categórico”.
Não ao acaso Kant delimitava as áreas que envolvem direito e moral. Kant entendia que eles
compõem um todo unitário; porém, o direito regularia à conduta externa; já à moral regularia à
conduta interna. Com isso não é função do direito regular a moral, que poderia ser influenciada
pelos costumes, às tradições e a cultura de uma época. Tempo e espaço são importantes para o
autor.
Kant via que o direito pressupõem coercitividade por conta das ações que os próprios
sujeitos poderiam tomar; já a moral pressupõe autonomia, ligada aquilo que o próprio sujeito
entende que é certo ou erado. A dignidade humana estaria resguardada, pois a missão do direito é
justamente garantir a liberdade.
Outro autor iluminista de destaque foi Jeremy Bentham, que nasceu em Londres em 1748.
Ele foi criador da filosofia política conhecida como utilitarismo. Estudou nos “Queen´s College”, em
Oxford. Começou a exercer a advocacia, porém passou a estudar a filosofia para problematizar o
papel e desenvolver uma crítica as instituições.
Bentham entendia que importava as consequências práticas das ações. Neste caso, a moral
23
da ação levaria em conta o princípio da utilidade, que estaria canalizada num princípio de felicidade.
Logo, seguindo essa ótica pragmática, Bentham entendia que a diferença entre certo e errado
estaria justamente no envolvimento do maior número de pessoas para cada uma das situações. A
utilidade aprovaria ou desaprovaria qualquer ação, segundo a tendência de aumentar ou diminuir a
felicidade das pessoas cujos interesses estão em jogo. Não ao acaso, o autor entendia que haveria
punições que não deveriam ser executadas, se caso a execução da punição resultasse num prejuízo
maior, que poderia ser evitado.
Bentham ficou conhecido por ter estruturado o conceito de “panoptismo”. Ele resultou
numa construção arquitetônica, dividida em celas e com pouca luz. No centro do panóptico ficaria o
vigia que imprimiria a “incerteza da vigilância” no sujeito que teria cometido um determinado delito
e que tinha sido apenado. Além dos presídios, o modelo do panóptico poderia estruturar o
funcionamento de manicômios, escolas e fábricas. Bentham via que a proposta era mais viável
economicamente, e seguindo seu princípio utilitarista, ela deveria ser aplicada.
Outro grande admirador da filosofia e da liberdade foi Stuart Mill – que é considerado um
dos maiores pensadores do século XIX. Ele possui inúmeros trabalhos no campo da filosofia política,
da economia e da lógica. Nasceu em Londres, em 1806. Mill foi eleito membro do parlamento
britânico e lá defendeu o sufrágio universal numa época em que tal proposta ainda era uma utopia.
Mill sempre colocou que a liberdade era o princípio básico da vida em sociedade e por isso
ele combateu todo tipo de radicalismo. Adepto do pragmatismo, Mill alega que a política deveria
ser uma prática que deveria fazer a maioria das pessoas felizes. As leis e os dispositivos sociais
deveriam colocar o máximo possível, a felicidade ou o interesse de cada indivíduo em harmonia
com interesses do todo.
As opiniões contrárias seriam importantes para que o sujeito pudesse ter condições de criar
a sua própria verdade. Contudo, Mill às vezes coloca que a democracia poderia ser um risco, uma
vez que a soberania da maioria poderia, em determinados momentos, ser mais temível que muitas
espécies de opressão política, pois ela penetraria a vida e escravizaria alma.

 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

9. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

“Manter os próprios compromissos não constitui dever de virtude, mas dever de direito, a cujo
cumprimento pode-se ser forçado. Mas prossegue sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de
virtude) fazê-lo mesmo quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do direito e a
doutrina da virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por seus diferentes deveres,
como pela diferença em sua legislação, a qual relaciona um motivo ou outro com a lei”.
Pelo trecho acima podemos inferir que Kant estabelece uma relação entre o direito e a moral. A
esse respeito, assinale a afirmativa correta.
a) O direito e a moral são idênticos, tanto na forma como no conteúdo prescritivo. Assim, toda ação
contrária à moralidade das normas jurídicas é também uma violação da ordem jurídica.
b) A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o direito é imposto por uma
ação exterior e se concretiza no seu cumprimento, ainda que as razões da obediência do sujeito
não sejam morais.
c) A coerção, tanto no direito quanto na moral, é um elemento determinante. É na possibilidade de
impor-se pela força, independentemente da vontade, que o direito e a moral regulam a liberdade.
d) Direito e moral são absolutamente distintos. Consequentemente, cumprir a lei, ainda que
espontaneamente, não é demonstração de virtude moral.
24

10. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Na Doutrina do Direito, Kant busca um conceito puramente racional e que possa explicar o direito
independentemente da configuração específica de cada legislação. Mais precisamente, seria o
direito entendido como expressão de uma razão pura prática, capaz de orientar a faculdade de agir
de qualquer ser racional.
Assinale a opção que contém, segundo Kant, essa lei universal do direito.
a) Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre e simultaneamente como fim, e nunca como meio.
b) Age exteriormente, de modo que o livre uso de teu arbítrio possa se conciliar com a liberdade
de todos, segundo uma lei universal.
c) Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza.
d) Age de forma que conserves sempre a tua liberdade, ainda que tenhas de resistir à liberdade
alheia.

11. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Segundo o filósofo Immanuel Kant, em sua obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes, a
ideia de dignidade humana é entendida
a) como qualidade própria de todo ser vivo que é capaz de sentir dor e prazer, isto é, característica
de todo ser senciente.
b) quando membros de uma mesma espécie podem ser considerados como equivalentes e,
portanto, iguais e plenamente cooperantes se eles possuem dignidade.
c) como valor jurídico que se atribui às pessoas como característica de sua condição de sujeitos de
direitos.
d) como algo que está acima de todo o preço, pois quando uma coisa tem um preço pode-se pôr
em vez dela qualquer outra como equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço,
e portanto não permite equivalência, então ela tem dignidade.

12. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Uma punição só pode ser admitida na medida em que abre chances no sentido de evitar um mal
maior.
Jeremy Bentham

Jeremy Bentham, em seu livro Princípios da Moral e da Legislação, afirma que há quatro casos em
que não se deve infligir uma punição. Assinale a opção que corresponde a um desses casos citados
pelo autor na obra em referência.
A) Quando a lei não é suficientemente clara na punição que estabelece.
B) Quando o prejuízo produzido pela punição for maior do que o prejuízo que se quer evitar.
C) Quando o juiz da causa entende ser inoportuna a aplicação da punição.
D) Quando o agressor já sofreu o suficiente em função das vicissitudes do processo penal.

13. O filósofo inglês Jeremy Bentham, em seu livro Uma introdução aos princípios da moral e da
legislação, defendeu o princípio da utilidade como fundamento para a Moral e para o Direito.
25

Para esse autor, o princípio da utilidade é aquele que


a) estabelece que a moral e a lei devem ser obedecidas porque são úteis à coexistência humana na
vida em sociedade.
b) aprova ou desaprova qualquer ação, segundo a tendência que tem a aumentar ou diminuir a
felicidade das pessoas cujos interesses estão em jogo.
c) demonstra que o direito natural é superior ao direito positivo, pois, ao longo do tempo, revelou-
se mais útil à tarefa de regular a convivência humana.
d) afirma que a liberdade humana é o bem maior a ser protegido tanto pela moral quanto pelo
direito, pois são a liberdade de pensamento e a ação que permitem às pessoas tornarem algo útil.

14. Ano: 2016/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Há um limite para a interferência legítima da opinião coletiva sobre a independência individual, e


encontrar esse limite, guardando-o de invasões, é tão indispensável à boa condição dos negócios
humanos como a proteção contra o despotismo político.
John Stuart Rudolf

A consciência jurídica deve levar em conta o delicado balanço entre a liberdade individual e o
governo das leis. No livro A Liberdade. Utilitarismo, John Stuart Mill sustenta que um dos maiores
problemas da vida civil é a tirania das maiorias.
Conforme a obra citada, assinale a opção que expressa corretamente a maneira como esse autor
entende o que seja tirania e a forma de proteção necessária.

a) A tirania resulta do poder do povo como autogoverno porque o povo não é esclarecido para
fazer suas escolhas. A proteção contra essa tirania é delegar o governo aos mais capacitados, como
uma espécie de governo por meritocracia.
b) A deliberação de juízes ao imporem suas concepções de certo e errado sobre as causas que
julgam, produz a mais poderosa tirania, pois subjuga a vontade daqueles que estão sob a jurisdição
desses magistrados. Apenas o duplo grau de jurisdição pode proteger a sociedade desta tirania.
c) Os governantes eleitos impõem sobre o povo suas vontades e essa forma de opressão é a única
tirania da maioria contra a qual se deve buscar a proteção na vida social, o que é feito por meio da
desobediência civil.
d) A sociedade, quando faz as vezes do tirano, pratica uma tirania mais temível do que muitas
espécies de opressão política, pois penetra nos detalhes da vida e escraviza a alma. Por isso é
necessária a proteção contra a tirania da opinião e do sentimento dominantes.

 GABARITO:

9- B/ 10-B/ 11- A/ 12- B/ 13- B/ 14 –D


AULA 5. ERA CONTEMPORÂNEA (PARTE 1)
(Kelsen, Hart, Ihering)

A Idade Contemporânea possui como marco a Revolução Francesa (1789-98) que


universalizou os princípios de liberdade e impôs uma derrota significativa nas monarquias
absolutistas europeias. O fato histórico em questão universalizou os princípios do iluminismo, que
vinham sendo discutidos desde John Locke. O ideal nacionalista ganhou força na Europa do século
26
XIX, junto aos princípios socialistas - que emergiram num quadro de acentuada miséria após as
Revoluções Industriais. A nova corrida colonial que usou como justificativa o “darwinismo social”
trouxe uma discussão sobre os rumos da colonização – já que tal fato histórico veio acompanhado
de imensa barbárie e violações à dignidade da pessoa humana na África e na Ásia.
O século XX assistiu às guerras mundiais, o holocausto, o extermínio de apátridas, a
concentração econômica e a outras contradições que vieram acompanhadas com o ufanismo com o
progresso. Os autores positivistas ganharam força na área jurídica, da mesma forma que surgiram
intelectuais que desejavam discutir algumas formas de manter a dignidade humana em tempos de
violação de direitos humanos, apolíticos, violentos e hostis. Na segunda metade do século XX,
ensaiaram-se as primeiras discussões que traziam limites as teses positivistas, realinhando o direto
a uma prática interpretativa.
Hans Kelsen é um dos maiores intelectuais do século XIX. Ele nasceu em Praga, no Império
Austro – Húngaro, em 1881. Foi perseguido pelo nazismo e emigrou para os Estados Unidos, onde
exerceu uma sólida carreira na Universidade de Berkeley. Na “Teoria Pura do Direito” Kelsen
delimita o papel do direito de forma detalhista e lógica, usando das influências de Augusto Comte e
Immanuel Kant.
O positivismo foi uma corrente filosófica do século XIX criada por Augusto Comte que
exerceu grande influência ao longo da história. Comte preconizava que o homem na sociedade
capitalista tinha chegado ao Terceiro Estado do conhecimento – o positivista – que tinha como
premissa descobrir às leis segundo as quais os fenômenos desencadeariam uns aos outros. O
estudo das leis naturais explicariam todos os fenômenos que ocorrem. O positivismo defende que
toda a realidade social só poderia ser explicada através da ciência – saindo das fases teológica e
metafísica que ainda tinham explicações baseadas em elementos sobrenaturais.
Na área jurídica, o positivismo teve sua formação ao longo da modernidade. Quando o
homem criou o Estado moderno, foi necessário conferir maior força a lei para que a humanidade
pudesse sair das amarras impostas pelo Direito canônico e da tradição medieval. Por conta disso, o
positivismo jurídico entende que o direito é um conjunto de normas formuladas pelos homens,
abrindo mão das discussões correntes sobre a existência ou não de um direito natural. Além disso, o
positivismo possui a tendência de considerar que somente a lei importa para os estudos jurídicos,
abnegando-a do debate com outras áreas do conhecimento. Para os positivistas, valor e substância
não interessam ao direito, mas sim à sua validade e sua forma.
Kelsen usa dessa premissa e entendia que o direito poderia ser entendido como uma razão
pura, tal como ensina Immanuel Kant. Neste caso, o direito para o jurista deveria ser encarado
como norma, e não como fato social - que seria resultado da experiência. O direito é um objeto
puro que não deveria ser “contaminado” pelos preconceitos e interpretações éticas do cientista,
pois o que importa é a validade da norma jurídica, independente do juízo moral que se possa fazer
sobre o seu conteúdo.
Por conta disso, Kelsen entendia que o direito deveria ser estudado isoladamente, pois a
ciência do direito só poderia ter o mesmo como objeto. Kelsen coloca o direito dentro de um
“domo” separando-o da realidade social e das influências psicológicas, morais, políticas, éticas e
econômicas. Além disso, a norma jurídica teria um caráter prescritivo e seria emanada da
autoridade legisladora.
Kelsen também entendia que o direito possuía uma hierarquia complexa, mas caberia ao
escalão superior regular o escalão inferior. A interpretação da norma estaria presa numa “moldura”
relativamente inflexível, mesmo reconhecendo que não haveria métodos e resultados que seriam
sempre corretos. Dai então a interpretação combina-se com um ato de vontade em que o órgão
aplicador efetua uma escolha entre as possibilidades reveladas por meio do próprio ato de
27
interpretar.
Outro autor positivista foi Hebert L. A. Hart. Ele nasceu no Reino Unido, em 1907. Ficou
conhecido na filosofia do direito a partir do momento em que abraçou as teses positivistas, sendo
um dos grandes expoentes dessa corrente junto a Kelsen. O autor se tornou membro da Academia
Britânica e foi premiado em várias universidades mundo afora. Diante de várias publicações, Hart
ganhou projeção com “O Conceito do Direito” no qual ele afirma que a teoria do direito não tinha
conseguido responder a uma questão central: O que é o Direito?
Herbert Hart alegava que o direito não é uma reunião de ordens que só visariam à coerção
do sujeito. Essa interpretação, segundo o autor, foi comumente desenvolvida na relação entre o
monarca e o súdito, em tempos de absolutismo, sendo que tal perspectiva analítica não se garante
quando colocada em discussão ao longo da trajetória do próprio Estado moderno. O filósofo
britânico discordava que o sistema jurídico seria formado através de ameaças. Em tese, Hart
colocava que as regras gerais da conduta ganhariam sentido específico que seria dado pela
autoridade competente, à luz de um caso concreto.
O autor também reconheceu a existência de um novo tipo de positivismo, que ele chamou
de “brando”. Nele a norma de reconhecimento jurídico poderia incorporar como critério de
validade jurídica a obediência a princípios morais ou valores substantivos.
Rudolf Von Iherinh é um jurista e romancista alemão que nasceu em Hanover, em 1818. Ele
possui vários escritos que visam discutir a importância dos direitos fundamentais. Seu livro “A luta
pelo direito”, escrito no século XIX, ainda é extremamente atual, em especial em tempos de lutas na
concretização dos referidos direitos.
Rudolf entendia que a luta pelo direito é um dever de cada indivíduo. Neste caso, caberia à
sociedade buscar os seus direitos, pois segundo ele, é no direito que o ser humano possui e
defende sua condição existencial e moral.
Neste caso caberia ao direito defender todos os indivíduos diante das arbitrariedades, uma
vez que a sociedade contém violações, conflitos e uma busca constante pelo poder. Como a
essência do direito é a sua realização prática, a luta pelo direito seria cotidiana e com características
subjetivas. Por isso o Direito seria uma força viva e não uma ideia.

 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

15. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Hans Kelsen, ao abordar o tema da interpretação jurídica no seu livro Teoria Pura do Direito, fala
em ato de vontade e ato de conhecimento. Em relação à aplicação do Direito por um órgão jurídico,
assinale a afirmativa correta da interpretação.
a) Prevalece como ato de conhecimento, pois o Direito é atividade científica e, assim, capaz de
prover precisão técnica no âmbito de sua aplicação por agentes competentes.
b) Predomina como puro ato de conhecimento, em que o agente escolhe, conforme seu arbítrio,
qualquer norma que entenda como válida e capaz de regular o caso concreto.
c) A interpretação cognoscitiva combina-se a um ato de vontade em que o órgão aplicador efetua
uma escolha entre as possibilidades reveladas por meio da mesma interpretação cognoscitiva.
d) A interpretação gramatical prevalece como sendo a única capaz de revelar o conhecimento
apropriado da mens legis.

16. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Rudolf Von Ihering, em A Luta pelo Direito, afirma que “ O fim do direito é a paz, o meio de atingi- 28

lo,a luta.” Assinale a afirmativa que melhor expressa o pensamento desse autor
a) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais desta sociedade, e ele resulta de
uma luta de pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força
viva e não uma ideia.
b) O Direito é o produto do espírito do povo que é passado de geração em geração. Por isso,
quando se fala em Direito, é preciso sempre olhar para a história e as lutas sociais. O Direito
Romano é a melhor expressão desse processo.
c) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, em
que a classe dominante o usa para manter o controle sobre os dominados
d) O Direito resulta da ação institucional do Estado, e no parlamento são travadas as lutas políticas
que definem os direitos subjetivos de uma sociedade.

17) Ano: 2018/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Em tempos de mudanças e reformas, é comum assistirmos a diferentes tipos de lutas sociais,


especialmente visando à garantia de direitos e à conquista de novos direitos. Em A Luta pelo
Direito, o jurista alemão Rudolf Von Ihering afirma que o fim do Direito é a paz, mas o meio de
atingi-lo é a luta. Considerando essa afirmação e de acordo com o livro citado, assinale a opção que
melhor caracteriza o pensamento jusfilosófico de Ihering.
A) O Direito é sempre o produto do espírito do povo, que é passado de geração em geração. Por
isso, quando se fala em Direito é preciso sempre olhar para a história. O Direito romano é a melhor
expressão desse processo socialhistórico.
B) O Direito de uma sociedade é a expressão dos conflitos sociais dela e resulta de uma luta de
pessoas e grupos pelos seus próprios direitos subjetivos. Por isso, o Direito é uma força viva, e não
uma ideia.
C) O Direito resulta exclusivamente da ação institucional do Estado. É no parlamento que são
travadas as lutas políticas que definem os direitos subjetivos presentes no Direito Positivo de uma
dada sociedade.
D) O Direito é parte da infraestrutura da sociedade e resulta de um processo de luta de classes, no
qual a classe dominante usa o Direito para manter o controle sobre os dominado.

18. Ano: 2017/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

A principal tese sustentada pelo paradigma do positivismo jurídico é a validade da norma jurídica,
independentemente de um juízo moral que se possa fazer sobre o seu conteúdo. No entanto, um
dos mais influentes filósofos do direito juspositivista, Herbert Hart, no seu pós-escrito ao livro O
Conceito de Direito, sustenta a possibilidade de um positivismo brando, eventualmente chamado
de positivismo inclusivo ou soft positivism.
Assinale a opção que apresenta, segundo o autor na obra em referência, o conceito de positivismo
brando.

a)O reconhecimento da existência de normas de direito natural e de que tais normas devem
preceder às normas de direito positivo sempre que houver conflito entre elas.
b)A jurisprudência deve ser considerada como fonte do direito da mesma forma que a lei, de
maneira a produzir uma equivalência entre o sistema de common law ou de direito
29
consuetudinário e sistema de civil law ou de direito romano-germânico.
c) O positivismo brando ocorre no campo das ciências sociais, não possuindo, portanto, o mesmo
rigor científico exigido no campo das ciências da natureza.
d)A possibilidade de que a norma de reconhecimento de um ordenamento jurídico incorpore, como
critério de validade jurídica, a obediência a princípios morais ou valores substantivos.

19. Ano: 2018/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

A principal tese sustentada pelo paradigma do positivismo jurídico é a validade da norma jurídica,
independentemente de um juízo moral que se possa fazer sobre o seu conteúdo. No entanto, um
dos mais influentes filósofos do direito juspositivista, Herbert Hart, no seu pós-escrito ao livro O
Conceito de Direito, sustenta a possibilidade de um positivismo brando, eventualmente chamado
de positivismo inclusivo ou soft positivism.
Assinale a opção que apresenta, segundo o autor na obra em referência, o conceito de positivismo
brando.
a)O reconhecimento da existência de normas de direito natural e de que tais normas devem
preceder às normas de direito positivo sempre que houver conflito entre elas.
b)A jurisprudência deve ser considerada como fonte do direito da mesma forma que a lei, de
maneira a produzir uma equivalência entre o sistema de common law ou de direito
consuetudinário e sistema de civil law ou de direito romano-germânico.
c) O positivismo brando ocorre no campo das ciências sociais, não possuindo, portanto, o mesmo
rigor científico exigido no campo das ciências da natureza.
d)A possibilidade de que a norma de reconhecimento de um ordenamento jurídico incorpore, como
critério de validade jurídica, a obediência a princípios morais ou valores substantivos.

 GABARITO:
15-C/ 16-A/ 17-B/ 18-D/ 19-D.

AULA 6. ERA CONTEMPORÂNEA (Parte 2)


(Hannah Arendt, Radbruch e Perelman)

Hannah Arendt, conhecida cientista política de origem judia que nasceu em Hanover em
1906, possui reflexões que se aproximam de Von Ihering. Ela teve que fugir da Europa por conta do
nazismo e continuou sua carreira nos Estados Unidos, lecionando nas universidades de Berkley e
Chicago. Escreveu “As origens do totalitarismo” no qual ela investiga as características de regimes
totalitários, em especial, o nazismo e o stalinismo.
Hannah Arendt defendia que a chave da política e do direito estariam na ideia de liberdade,
uma vez que o século XX foi marcado pela negação da política: o nazismo e o stalinismo foram
exemplos clássicos desse movimento. Daí então, a cientista política colocava que o totalitarismo faz
referência a todo e qualquer tipo de governo no qual um único individuo ou partido passa a
controlar as diversas instâncias do Estado.
Com uma leitura impar de sua época, Hannah Arendt, ao cobrir o julgamento Adolf
Eichmann, oficial da Gestapo nazista responsável pelo extermínio ocorrido nos campos de
concentração, afirmava que o condenado era um burocrata medíocre que só estaria cumprindo
ordens e não refletia sobre as suas ações. O mal estaria diluído nos grupos sociais e estaria enleado
as instituições, as quais Eichmann tinha feito parte. Neste caso, ele era um produto da falta da
liberdade que permitiria o surgimento do reino da barbárie e do mal.
Hannah Arendt também se preocupou com a questão dos apátridas, já que o mapa político
30
europeu havia modificado as suas fronteiras por conta da quantidade de conflitos, anexações e
acordos. Ela afirmava que o apátrida não tinha direitos, pois tinha deixado de pertencer a uma
comunidade organizada. Neste caso, a autora afirma que o sujeito perderia a sua própria dignidade.
Gustav Radbruch enleava em seus escritos uma aproximação entre as teses positivistas e
regimes extremistas. Ele nasceu na cidade de Lubeck, em 1878. Foi oficial do exército alemão
durante a Primeira Guerra Mundial. Também foi ministro da Justiça da república de Weimar. Por ser
simpático a ideias de esquerda, foi afastado da cátedra pelos nazistas.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, o jurista alemão distribuiu uma circular para os seus
alunos explicando o porquê tinha sido afastado da docência. Refletindo o tempo que a Alemanha
tinha vivido com o nazismo, Radbruch defendia que as teses positivistas tinham servido de base
para pavimentar o caminho jurídico do nazismo, pois se a lei é o que importava, ele alegava que o
povo, os juristas e o direito alemão não tinham conseguido fazer frente às arbitrariedades. O jurista
colocava esse argumento dizendo que o positivismo tinha resumido o direito à força, e essa prática
acabou encontrando terreno fértil na Alemanha nazista.
Por conta disso, ele passou a alertar os seus alunos que caberiam a eles se manifestarem
contrários a lei que conservaria valores de origem duvidosa, em especial, aqueles relacionados à
injustiça e a nocividade. Não ao acaso, no livro “Cinco Minutos de Filosofia do Direito”, Radbruch
interpreta que as leis que seriam extremamente injustas perderiam a sua validade e o próprio
caráter de jurídicas, sendo, portanto, dispensadas a sua obediência.
Chaim Perelman também teceu várias críticas aos positivistas. Ele nasceu na Bélgica, em
1912. Desenvolveu estudos sobre a filosofia do direito e a retórica. Sua obra mais importante é a
“Lógica Jurídica”.
Ao ter contato com estudos que trabalharam com retórica grega e latina, Perelman
percebeu que o discurso de neutralidade positivista perderia o sentido – uma vez que para a
retórica, nada existe de forma absoluta. Em determinados momentos, a própria retórica permite o
contato com aquilo que é inconcluso e com o relativo, e isso envolve a norma jurídica. Neste caso,
Perelman saiu da formação positivista e passou a incluir a discussão na base epistemológica da
filosofia do direito. Afinal, a retórica permitiria que mais sujeitos pudessem dar as suas
contribuições.
Perelman alegava que qualquer discurso possuía um contexto, e por conta disso, ele se
dirigia para determinados auditórios. No caso de uma decisão judicial, por exemplo, para a retórica
se tornar aceitável, ela deveria convencer as partes em litígio, os profissionais do direito e a opinião
pública. Nota-se, então, como a neutralidade da ciência jurídica proposta por Kelsen e Hart foram
tensionadas através da proposta do filósofo belga.
 GABARITO:

20. Ano: 2018/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Algo mais fundamental do que a liberdade e a justiça, que são os direitos dos cidadãos, está em
jogo quando deixa de ser natural que um homem pertença à comunidade em que nasceu...
ARENDT, Hannah. As origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2012.
A situação atual dos refugiados no mundo provoca uma reflexão jusfilosófica no sentido do que já
havia pensado Hannah Arendt, logo após a II Guerra Mundial, em sua obra As Origens do
Totalitarismo. Nela, a autora sustenta que o mais fundamental de todos os direitos humanos é o
direito a ter direitos, o que não ocorre com os apátridas. Segundo a obra em referência, assinale a
opção que apresenta a razão pela qual o homem perde sua qualidade essencial de homem e sua
própria dignidade.
31
A) Ser privado de direitos subjetivos específicos previstos no ordenamento jurídico pátrio.
B) Viver sob um regime de tirania que viola a liberdade de crença e limita a liberdade de expressão.
C) Cumprir pena de privação da liberdade, quando executada em penitenciárias sob condições
desumanas.
D) Deixar de pertencer a uma comunidade organizada, disposta e capaz de garantir quaisquer
direitos.

21. Ano: 2014/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Segundo Chaïm Perelman, ao tratar da argumentação jurídica na obra Lógica Jurídica, a decisão
judicial aceitável deve satisfazer três auditórios para os quais ela se destina.
Assinale a alternativa que indica corretamente os auditórios.
a) A opinião pública, o parlamento e as cortes superiores.
b) As partes em litígio, os profissionais do direito e a opinião pública.
c) As partes em litígio, o parlamento e as cortes superiores.
d) As cortes superiores, os organismos internacionais e os profissionais do direito.

22. Ano: 2014/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

O jusfilósofo alemão Gustav Radbruch, após a II Guerra Mundial, escreve, como circular dirigida aos
seus alunos de Heidelberg, seu texto “Cinco Minutos de Filosofia do Direito”, na qual afirma: “Esta
concepção da lei e sua validade, a que chamamos Positivismo, foi a que deixou sem defesa o povo e
os juristas contra as leis mais arbitrárias, mais cruéis e mais criminosas.”
De acordo com a fórmula de Radbruch,
a) embora as leis injustas sejam válidas e devam ser obedecidas, as leis extremamente injustas
perderão a validade e o próprio caráter de jurídicas, sendo, portanto, dispensada sua obediência.
b) apenas a lei justa pode ser considerada jurídica, pois a lei injusta não será direito.
c) o direito é o mínimo ético de uma sociedade, de forma que qualquer lei injusta não será direito.
d) o direito natural é uma concepção superior ao positivismo jurídico; por isso, a justiça deve
sempre prevalecer sobre a segurança.

 GABARITO:
20-D/ 21-B/ 22-A

________________________________________________________________________________

AULA 7. ERA CONTEMPORÂNEA (Parte 3)


(Bobbio, Reale)
Norberto Bobbio foi um filósofo italiano que nasceu em Turim, em 1909. Um dos maiores
intelectuais do século XX foi um defensor da democracia, crítico de Marx, do fascismo italiano e do
bolchevismo. Por influência do avô, teve contato com autores clássicos e formou-se em Direito na
Universidade de Turim. Ele teve um papel protagonista na resistência contra Mussolini e contribuiu
para estruturar o cenário político da Itália do pós – guerra. Dentre várias contribuições literárias,
destaca-se a “Teoria do Ordenamento Jurídico”.
Bobbio alegava que a lei deveria ser interpretada segundo os critérios expressos à razão da
32
própria lei e isenta de aspectos valorativos (Escola da Exegese). Admirador do sistema de Kelsen,
Bobbio propunha que só seria possível falar sobre uma Teoria do Ordenamento Jurídico se caso o
direito fosse visto de forma avalorativa, científica, coativa (obrigação) e com a predominância da
legislação – que deveria estar acima de outras fontes do direito. Bobbio entendia que esses
elementos é que formariam um Estado liberal que ele sempre defendeu.
A norma teria que possuir uma execução que seria garantida por uma sanção externa e
institucionalizada – até para garantir a sua neutralidade. Contudo, divergindo de Kelsen quanto à
forma, Bobbio entendia que o direito não era a norma, mas um ordenamento, ou seja, um
complexo orgânico de normas. Para elucidar seu conceito, ele usa como metáfora uma família: ela
possuía como personagem principal o legislador simbolizado na figura paterna; contudo, ele não
seria capaz de definir sozinho às regras do núcleo familiar. Bobbio alegava que para defini-las
entrariam outros agentes como os costumes, as tradições, à mulher e os próprios primogênitos.
Dito de outro modo, em qualquer agrupamento, observa-se uma pluralidade de fontes normativas.
Seguindo dos ensinamentos de Kelsen, Bobbio defendia que a unidade do ordenamento se
daria através da hierarquia das normas jurídicas na qual os conceitos de poder e dever estão
interligados. É por isso, por exemplo, que as pessoas possuiriam a tendência de respeitar os
contratos que foram assinados.
Bobbio também destacava que um ordenamento jurídico não nasce num deserto, ou seja, o
surgimento de uma ordem jurídica sempre ocorreria através da existência de padrões morais,
sociais, religiosos, culturais e econômicos. Por isso ele defendia a importância do poder constituinte
originário, que seria o conjunto de forças políticas que, num determinado momento histórico,
tomaram a dianteira e instauraram um novo ordenamento jurídico. Neste caso, é do poder
constituinte originário que viria a força do próprio direito.
Paradoxalmente, a lei quando surge já nascia historicamente limitada, pois o direito e
ordenamento ficariam atrás das mutações que ocorreriam no tecido social. E é por isso que às vezes
apareceriam “lacunas ideológicas” ( quando a norma não concede uma resposta satisfatória para
um caso concreto) ou a “antinomia real” ( quando há normas colidentes dentro de um mesmo
ordenamento e o intérprete é abandonado a si mesmo pela falta de um critério que permita a
solução dos conflitos).
Por outro lado, existindo relevante semelhança entre dois casos, as consequências jurídicas
atribuídas a um caso já regulamentado deveriam ser atribuídas a um caso não regulamentado,
segundo Bobbio. Isso significaria que o operador do direito conheceria as características do
ordenamento, que para além de regular o comportamento das pessoas, regularia também o modo
pelo qual se deveriam produzir as regras.
Outro autor importante do século XX é Miguel Reale que é Doutor em Direito pela
Universidade do Largo de São Francisco. Nasceu em 1910, na cidade de São Bento do Sapucaí –
próxima a Serra da Mantiqueira. Ocupou a cadeira de número 14 da Academia Brasileira de Letras.
Reitor da Universidade de São Paulo por duas gestões. De toda à sua produção vasta, salienta-se a
“Teoria Tridimensional do Direito” – a qual ele tecia severas críticas ao positivismo jurídico.
Reale entendia que o direito e justiça seriam inseparáveis. Por conta disso, o direito teria um
aspecto normativo, fático e axiológico que seriam às dimensões do direito. Cada uma delas o autor
assim define:

1. Fato: O Direito como fato social e histórico, objeto da História, da Sociologia, da Etnologia do
Direito (estudo histórico da cultura jurídica) e da Filosofia do Direito.
2. Valor: O Direito como valor do justo, estudado pela Filosofia do Direito, na parte denominada
33
Deontologia jurídica (estudo dos princípios, fundamentos e sistemas de moral.).
3. O Direito como norma ordenadora da conduta, objeto da Ciência do Direito ou Jurisprudência; e
da Filosofia do Direito, no plano epistemológico (conhecimento científico que visa sistematizar as
relações jurídicas).

Reale entendia que o Direito não teria condições de existir com a falta de um destes
elementos que seriam à base do tridimensionalismo. Fato, valor e norma não existiram
independentemente, mas eles possuíram uma relação de interdependência. Há aqui um “elo no
processo” no qual Reale indicaria que o Direito é uma realidade histórica, num processo evolutivo
constante, que iria delineando o próprio direito e a prática jurídica. A dialética e os opostos seriam
fundamentais em seus princípios, pois elas revelariam as aparências e as contradições.

 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

23. Ano: 2014/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Ao explicar as características fundamentais da Escola da Exegese, o jusfilósofo italiano Norberto


Bobbio afirma que tal Escola foi marcada por uma concepção rigidamente estatal de direito. Como
consequência disso, temos o princípio da onipotência do legislador.
Segundo Bobbio, a Escola da Exegese nos leva a concluir que
a) a lei não deve ser interpretada segundo a razão e os critérios valorativos daquele que deve
aplicá-la, mas, ao contrário, este deve submeter-se completamente à razão expressa na própria lei.
b) o legislador é onipotente porque é representante democraticamente eleito pela população, e
esse processo representativo deve basear-se sempre no direito consuetudinário, porque este
expressa o verdadeiro espírito do povo
c) uma vez promulgada a lei pelo legislador, o estado-juiz é competente para interpretá-la
buscando aproximar a letra da lei dos valores sociais e das demandas populares legítimas.
d) a única força jurídica legitimamente superior ao legislador é o direito natural; portanto, o
legislador é soberano tomar suas decisões, desde que não violem os princípios do direito natural.

24. Ano: 2014/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

O Art. 126 do CPC afirma que o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou
obscuridade da lei. A questão das lacunas também é recorrente no âmbito dos estudos da Filosofia
e da Teoria Geral do Direito. O jusfilósofo Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento
Jurídico apresenta um estudo sobre essa questão. O autor denomina por lacuna ideológica a falta
de uma norma
a) legitimamente produzida pelo legislador democrático
b) justa, que enseje uma solução satisfatória ao caso concreto.
c) que atenda às convicções ideológicas pessoais do juiz.
d) costumeira, que tenha surgido de práticas sociais inspiradas nos valores vigentes

25. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Para o jusfilósofo Norberto Bobbio, uma antinomia real se caracteriza quando estamos diante

a) de duas normas colidentes que pertencem a ordenamentos jurídicos diferentes.


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b) de normas que colidem entre si, porém essa colisão é solúvel mediante a aplicação do critério
cronológico, do critério hierárquico ou do critério de especialidade.
c) de normas colidentes e o intérprete é abandonado a si mesmo pela falta de um critério ou pela
impossibilidade de solução do conflito entre os critérios existentes.
d) de duas ou mais normas que colidem entre si e que possuem diferentes âmbitos de validade
temporal, espacial, pessoal ou material.

26. Ano: 2016/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

O raciocínio analógico é típico do pensamento jurídico. Esse é um tema debatido por vários teóricos
e filósofos do Direito. Para Norberto Bobbio, na obra Teoria do Ordenamento Jurídico, trata-se de
um método de autointegração do Direito. Assinale a opção que, segundo esse autor, apresenta o
conceito de analogia.
a) Subsunção de um caso (premissa menor) a uma norma jurídica (premissa maior) de forma a
permitir uma conclusão lógica e necessária.
b)Existindo relevante semelhança entre dois casos, as consequências jurídicas atribuídas a um caso
já regulamentado deverão ser atribuídas também a um caso não-regulamentado.
c) Raciocínio em que se produz, como efeito, a extensão de uma norma jurídica para casos não
previstos por esta.
d)Decisão, por meio de recurso, às práticas sociais que sejam uniformes e continuadas e que
possuam previsão de necessidade jurídica.

27. Ano: 2017/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Um sério problema com o qual o advogado pode se deparar ao lidar com o ordenamento jurídico é
o das antinomias. Segundo Norberto Bobbio, em seu livro Teoria do Ordenamento Jurídico, são
necessárias duas condições para que uma antinomia ocorra.
Assinale a opção que, segundo o autor da obra em referência, apresenta tais condições.
a)As duas normas em conflito devem pertencer ao mesmo ordenamento; as duas normas devem
ter o mesmo âmbito de validade, seja temporal, espacial, pessoal ou material.
b)Ambas as normas devem ter procedido da mesma autoridade legislativa; as duas normas em
conflito não devem dispor sobre uma mesma matéria.
c)Ocorre no âmbito do processo judicial quando há uma divergência entre a decisão de primeira
instância e a decisão de segunda instância ou quando um tribunal superior de natureza federal
confirma a decisão de segunda instância.
d)As duas normas aplicáveis não apresentam uma solução satisfatória para o caso; as duas normas
não podem ser integradas mediante recurso a analogia ou costumes.

28. Ano: 2018/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
A ideia da existência de lacuna é um desafio ao conceito de completude do ordenamento jurídico.
Segundo o jusfilósofo italiano Norberto Bobbio, no livro Teoria do Ordenamento Jurídico, pode-se
completar ou integrar as lacunas existentes no Direito por intermédio de dois métodos, a saber:
heterointegração e autointegração. Assinale a opção que explica como o jusfilósofo define tais
conceitos na obra em referência.
A) O primeiro método consiste na integração operada por meio de recursos a ordenamentos
diversos e a fontes diversas daquela que é dominante; o segundo método consiste na integração
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cumprida por meio do mesmo ordenamento, no âmbito da mesma fonte dominante, sem
recorrência a outros ordenamentos.
B) A heterointegração consiste em preencher as lacunas recorrendo-se aos princípios gerais do
Direito, uma vez que estes não estão necessariamente incutidos nas normas do Direito positivo; já
a autointegração consiste em solucionar as lacunas por meio das convicções pessoais do intérprete.
C) O primeiro método diz respeito à necessidade de utilização da jurisprudência como meio
adequado de solucionar as lacunas sem gerar controvérsias; por outro lado, o segundo método
implica buscar a solução da lacuna por meio de interpretação extensiva.
D) A heterointegração exige que o intérprete busque a solução das lacunas nos tratados e nas
convenções internacionais de que o país seja signatário; por seu turno, a autointegração está
relacionada à busca da solução na jurisprudência pátria.

29. Ano: 2019/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Costuma-se dizer que o ordenamento jurídico regula a própria produção normativa. Existem
normas de comportamento ao lado de normas de estrutura... elas não regulam um
comportamento, mas o modo de regular um comportamento... BOBBIO, Norberto. Teoria do
Ordenamento Jurídico. São Paulo: Polis; Brasília EdUnB, 1989. A atuação de um advogado deve se
dar com base no ordenamento jurídico. Por isso, não basta conhecer as leis; é preciso compreender
o conceito e o funcionamento do ordenamento. Bobbio, em seu livro Teoria do Ordenamento
Jurídico, afirma que a unidade do ordenamento jurídico é assegurada por suas fontes. Assinale a
opção que indica o fato que, para esse autor, interessa notar para uma teoria geral do
ordenamento jurídico, em relação às fontes do Direito.
A) No mesmo momento em que se reconhece existirem atos ou fatos dos quais se faz depender a
produção de normas jurídicas, reconhece-se que o ordenamento jurídico, além de regular o
comportamento das pessoas, regula também o modo pelo qual se devem produzir as regras.
B) As fontes do Direito definem o ordenamento jurídico como um complexo de normas de
comportamento referidas a uma dada sociedade e a um dado momento histórico, de forma que
garante a vinculação entre interesse social e comportamento normatizado.
C) Como forma de institucionalização do direito positivo, as fontes do Direito definem o
ordenamento jurídico exclusivamente em relação ao processo formal de sua criação, sem levar em
conta os elementos morais que poderiam definir uma norma como justa ou injusta.
D) As normas, uma vez definidas como jurídicas, são associadas num conjunto específico, chamado
de direito positivo. Esse direito positivo é o que comumente chamamos de ordenamento jurídico.
Portanto, a fonte do Direito que institui o Direito como ordenamento é a norma, anteriormente
definida como jurídica.

30. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

“Mister é não olvidar que a compreensão do direito como 'fato histórico-cultural' implica o
conhecimento de que estamos perante uma realidade essencialmente dialética, isto é, que não é
concebível senão como 'processus', cujos elementos ou momentos constitutivos são fato, valor e
norma (...)"
(Miguel Reale, in Teoria Tridimensional do Direito)
Assinale a opção que corretamente explica a natureza da dialética de complementaridade que,
segundo Miguel Reale, caracteriza a Teoria Tridimensional do Direito.
a) A relação entre os polos opostos que são o fato, a norma e o valor, produz uma síntese
conclusiva entre tais polos.
36
b) A implicação dos opostos na medida em que se desoculta e se revela a aparência da contradição,
sem que, com esse desocultamento, os termos cessem de ser contrários.
c) A síntese conclusiva que se estabelece entre diferentes termos, conforme o modelo hegeliano de
tese, antítese e síntese.
d) A estrutura estática que resulta da lógica de subsunção entre os três termos que constituem a
experiência jurídica: fato, norma e valor.

 GABARITO:

23- B/ 24-B/ 25-C/ 26- B/ 27- A/ 28- A/ 29- A/ 30- A

AULA 8. ERA CONTEMPORÂNEA (PARTE 3)


(Larenz, Dworkin, MacCormick)

Karl Larenz foi um dos primeiros autores a discutir o papel da interpretação no direito. Ele
nasceu em 1903, em Wesel, Alemanha, e se destacou como jurista na área do Direito Civil.
Larenz colocava que a vida pressupõe a necessidade de interpretação das normas, a qual
implica situações problemáticas, uma vez que conceitos e palavras poderiam comportar mais de um
sentido, o que poderia resultar em novos conflitos. Por conta disso, Larenz salientava o papel da
interpretação, que segundo ele, é uma atividade de mediação, pela qual o intérprete traz à
compreensão o sentido de um texto que seria problemático.
Enfático, Larenz colocava que é fundamental que a interpretação fosse a mais clara possível,
embora ele reconheça que é impossível que o interprete faça uma interpretação totalmente neutra,
mesmo que dotado de boa vontade. Dai então, nota-se que o autor se distancia do paradigma
positivista – tão difundido ao longo dos séculos XIX e XX -, uma vez que os textos jurídicos, em
principio, são suscetíveis e carecem de interpretação por que toda a linguagem é passível de
adequação a cada situação. Tal linha interpretativa também foi seguida por Ronald Dworkin.
Ronald Dworkin nasceu em 1931, em Massachusetts, Estados Unidos. É um dos maiores
expoentes da filosofia do direito em tempos recentes. Estudou na Universidade de Harvard.
Lecionou em Universidades importantes dos Estados Unidos e da Europa. É um dos maiores críticos
do positivismo jurídico. Trouxe importantes contribuições ao problematizar a interpretação do
direto, que segundo ele, deveria vir acompanhada de uma prática interdisciplinar – que foi
fundamental para compreender o papel do direito no pós Segunda Guerra Mundial. Tem como
obras importantes “Conceito de direito”, “O Império do Direito” e “Levando o Direito a Sério”.
O intelectual americano teceu severas críticas ao positivismo de Hebert Hart, que alegava
que o direito era um sistema incompleto, e que por isso os juízes tinham o poder de preencher
essas lacunas de forma discricionária (ilimitada). Para Dworkin, os juízes criavam interpretações
arbitrárias diante das lacunas provenientes da própria herança positivista. Neste caso, uma
sociedade democrática e plural não poderia depender das preferências pessoais do juiz, pois o
próprio juiz criaria uma interpretação subjetiva, que colocaria por terra o próprio princípio da
interpretação positivista. Como exemplo, enquanto Kelsen entendia que a interpretação do direito
tinha que ser fixada numa “moldura”, Dowrkin discorda de tal assertiva, pois ela fecharia as
possibilidades de uma solução ao conflito jurídico, ao invés de abrir as possibilidades.
Não haveria problemas em problematizar o papel do juiz, segundo Dworkin. O Direito seria
uma prática interpretativa e por isso não é neutro – como defendia os positivistas. Ele entendia que
toda a interpretação é uma interpretação construtiva, que é influenciada pela história e pela
prática social.
Influenciado pela proposta hermenêutica de Gadamer – que alega que a interpretação não
37
é descobrir o sentido original do texto, mas o que o texto disse ao intérprete -, Dworkin colocava
que não haveria a possibilidade de um intérprete (juiz) ser neutro, pois ele viveria num mundo e é
nele que ele interpretava. Dai então, ele afastaria a ideia de verdade evidente trazida pelos
positivistas; afinal, o direito é uma prática cultural que é mutável por interpretações conflitantes.
O que valeria é a intenção do intérprete. Por isso que o autor dialogava com a literatura,
visando deixar a sua proposta teórica mais palatável após gerações de bacharéis serem formadas
sob o império do positivismo.
Dworkin previa que a “Interpretação Construtiva” teria algumas etapas:
1. Pré – Interpretativa: leva em conta as regras sociais, que dependem de um alto grau de
consenso para existirem.
2. Etapa Interpretativa: o intérprete encontraria uma justificativa geral para os principais
elementos da prática identificada na etapa pré – interpretativa.
3. Etapa pós – interpretação: a qual o intérprete faz um ajuste de sua ideia de interpretação
com as regras sociais da fase pré – interpretativa.

As interpretações do intérprete estariam em sintonia com as dimensões sociais de sua


prática. Por conta disso, Dworkin alegava que o interprete teria convicções que seriam partilhadas
pelos membros da comunidade; fora as influências que pairam na decisão do juiz: a pressão pelo
acordo, as teorias usadas no julgamento, a influência do meio social, o conservadorismo do ensino
jurídico formal e os processos de seleção. Esses elementos criariam uma forma centrípeta que
envolveria a interpretação do intérprete.
Para Dworkin o direito ganharia força justamente nessas disputas pelas interpretações, e
não através da norma, como defende Kelsen e Hart.
O autor americano também se destaca ao fazer uma distinção clara entre regras e princípios
– que na cultura positivista são vistos como sinônimos. Dworkin defendia que as regras atuam no
sentido do tudo ou nada, ou seja elas operam sempre na dimensão de sua validade e, se caso uma
regra entrasse em choque com outra, aquela que perdeu tornar-se inválida; já os princípios operam
num tipo de ponderação ou balanceamento que somente é realizado por meio de uma justificação
argumentativa – portanto, eles possuem peso e valoração; e no caso de atritos entre princípios, um
cede em detrimento do outro, não sendo necessário dizer qual o princípio que foi escolhido.
Dworkin propunha que o positivismo falharia ao esquecer o peso que os princípios possuem nos
tribunais, e isso é preocupante, uma vez que os tribunais são a expressão moral da argumentação
jurídica.
Neil MacCormick foi um autor escocês que nasceu em 1941 e morreu em 2009. Catedrático
de Direito na Universidade de Edimburgo, ele foi importante para estruturar uma série de reflexões
sobre o direito, a moral e a política – inclusive participando do parlamento Europeu (1999-2004).
Possui uma literatura que se aproxima, de início, ao positivismo de Hebert Hart, mas ao longo do
tempo foi se afastando dele e construiu um conceito em torno da argumentação jurídica. Neste
caso, o autor rumou para salientar o papel da interpretação da lei, ressaltando que o direito não é
só uma prática descritiva (como as de Kelsen e Hart), uma vez que sua realização deve ser
justificada por uma razão prática.
E é por isso que o autor destaca a importância das boas razões ostensivas que justifiquem a
defesa da decisão, de modo que o processo de argumentação seja apresentado como processo de
justificação.
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 COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM:

31. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado 38

Segundo o jusfilósofo alemão Karl Larenz, os textos jurídicos são problematizáveis porque estão
redigidos em linguagem corrente ou em linguagem especializada, mas que, de todo modo, contêm
expressões que apresentam uma margem de variabilidade de significação. Nesse sentido, assinale a
opção que exprime o pensamento desse autor acerca da ideia de interpretação da lei.
a) Deve-se aceitar que os textos jurídicos apenas carecem de interpretação quando surgem
particularmente como obscuros, pouco claros ou contraditórios.
b) Interpretar um texto significa alcançar o único sentido possível de uma norma conforme a
intenção que a ela foi dada pelo legislador.
c) Os textos jurídicos, em princípio, são suscetíveis e carecem de interpretação porque toda
linguagem é passível de adequação a cada situação.
d) A interpretação dada por uma autoridade judicial a uma lei é uma conclusão logicamente
vinculante que, por isso mesmo, deve ser repetida sempre que a mesma lei for aplicada.

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32. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

A igualdade de recursos é uma questão de igualdade de quaisquer recursos que os indivíduos


possuam privadamente.
Ronald Dworkin
A igualdade é um dos valores supremos presentes na Constituição da República e, também, objeto
de um debate profundo no âmbito da Filosofia do Direito.
Assinale a alternativa que apresenta a concepção de igualdade distributiva, defendida por Ronald
Dworkin em seu livro A Virtude Soberana.
a)Circunstâncias segundo as quais as pessoas não são iguais em bem-estar, mas nos recursos de
que dispõem.
b)Possibilidade de que todos os membros de uma comunidade política devem ter de usufruir o
bem-estar em condição de igualdade.
c)Igual partilha dos poderes políticos e dos direitos individuais em uma dada sociedade.
d)Um conjunto de políticas que assegurem a maximização utilitária do bem-estar em médio a longo
prazo para a maior parte da população.

33. Ano: 2014/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Em seu livro Levando os Direitos a Sério, Ronald Dworkin cita o caso Riggs contra Palmer, em que
um jovem matou o próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889)
julga o caso considerando que a legislação do local e da época não previa o homicídio como causa
de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso, o Tribunal aplica o princípio, não legislado, do
direito que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria iniquidade ou ilicitude. Assim, o
assassino não recebeu sua herança.
Com esse exemplo podemos concluir que a jusfilosofia de Ronald Dworkin, dentre outras coisas,
pretende
a) revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um ordenamento
jurídico é responsabilidade exclusiva do legislador que deve se esforçar por produzir leis justas.
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b) mostrar como as cortes podem ser ativistas quando decidem com base em princípios e não com
base na lei e que decidir assim fere o estado de direito.
c) defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas características e,
por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos tribunais.
d) argumentar que regras e princípios são normas com características distintas e em certos casos os
princípios poderão justificar de forma mais razoável a decisão judicial, pois a tornam também
moralmente aceitável.

34. Ano: 2018/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado
Em seu livro Levando os Direitos a Sério, Ronald Dworkin cita o caso “Riggs contra Palmer” em que
um jovem matou o próprio avô para ficar com a herança. O Tribunal de Nova Iorque (em 1889), ao
julgar o caso, deparou-se com o fato de que a legislação local de então não previa o homicídio
como causa de exclusão da sucessão. Para solucionar o caso, o Tribunal aplicou o princípio do
direito, não legislado, que diz que ninguém pode se beneficiar de sua própria iniquidade ou
ilicitude. Assim, o assassino não recebeu sua herança. Com base na obra citada, assinale a opção
que melhor expressa uma das pretensões fundamentais da jusfilosofia de Ronald Dworkin.

A) Revelar que a responsabilidade sobre o maior ou menor grau de justiça de um ordenamento


jurídico é exclusiva do legislador, que deve sempre se esforçar por produzir leis justas.
B) Mostrar como as Cortes podem ser ativistas quando decidem com base em princípios, não com
base na lei, e que decidir assim fere o estado de Direito.
C) Defender que regras e princípios são normas jurídicas que possuem as mesmas características,
de forma que se equivalem; por isso, ambos podem ser aplicados livremente pelos Tribunais.
D) Argumentar que regras e princípios são normas com características distintas, mas igualmente
vinculantes e, em certos casos, os princípios poderão justificar, de forma mais razoável, a decisão
judicial.

35. Ano: 2019/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado

Um juiz pode dar uma sentença favorável a uma querelante com um rostinho bonito ou proveniente
de determinada classe social, na realidade porque gosta do rosto ou da classe, mas ostensivamente
pelas razões que apresentar para sua decisão.
Neil MacCormick

Existem diferentes motivos pelos quais uma decisão é tomada, segundo MacCormick. Alguns
argumentos podem ser até mesmo inconfessáveis, porém, de qualquer forma, a autoridade que
decide precisa persuadir um auditório quanto à sua decisão. Assinale a opção que, segundo Neil
MacCormick, em seu livro Argumentação Jurídica e Teoria do Direito, apresenta a noção essencial
daquilo que a fundamentação de uma decisão deve fazer.
A) Dar boas razões ostensivamente justificadoras em defesa da decisão, de modo que o processo
de argumentação seja apresentado como processo de justificação.
B) Realizar uma dedução silogística por intermédio da qual a decisão seja a premissa maior,
resultante da lei, que deve ser considerada a premissa menor do raciocínio lógico.
C) Proceder a um ato de vontade no qual cabe ao juiz escolher uma norma válida contida no
ordenamento jurídico vigente e aplicá-la ao caso concreto.
D) Alinhar-se à jurisprudência dominante em respeito às decisões dos tribunais superiores
expressas na firma de precedentes, enunciados e súmulas.

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 GABARITO:
31- C/ 32- A/ 33- D / 34- B/ 35 - A
41
42

ANEXO C
FILOSOFIA
Professor Gustavo dos Santos Prado

 SUGESTÕES DE LEITURA COMPLEMENTAR – SARAIVA JUR

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TEMA: FILOSOFIA DO DIREITO.


LIVRO: FILOSOFIA DO DIREITO.
AUTOR: Alyson Leandro Mascaro.
EDIÇÃO: 7ª

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