Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Princípios e
Fundamentos do
Direito Penal
Teoria Geral da
Norma (art. 2-12)
Parte Geral
(art. 1 - 120)
Teoria Geral do
Crime (art. 13-31)
Código Penal
Teoria Geral da Pena
(art. 32-120)
Somente os ataques mais insuportáveis (mais graves), os que podem gerar repercussões visíveis (palpáveis) e
muito preocupantes para terceiros (para a convivência social), é que devem ser castigados penalmente. Fora
disso, não se deve usar o Direito Penal, que é fragmentário e subsidiário, ou seja, que está subordinado ao
princípio da intervenção mínima.
> Princípio da fragmentariedade: caberá ao Direito Penal proteger os bens jurídicos mais importantes, e
punir os ataques mais graves, deixando de lado bens ou lesões de pouca importância.
> Princípio da subsidiariedade: o Direito Penal é direito de ultima ratio, é dizer, só deve atuar nos casos em
que os demais ramos do Direito forem insuficientes para resolver o problema.
2. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
O Direito Penal deve procurar proteger a comunidade de crimes que tenham gravidade razoável, evitando
punir os chamados crimes de bagatela (ninharia). Fundamenta-se no princípio da fragmentariedade, pois
compete ao Direito Penal proteger bens jurídicos mais importantes, e não proteger qualquer bem jurídico. A
conduta já nasce insignificante, atípica (excluída a tipicidade material).
Para sua incidência, a jurisprudência do STF e do STJ firmou entendimento de que é necessária a presença
dos seguintes vetores:
- Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados
contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
- Súmula 599, STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública.
- Súmula 606, STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal
de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
- Súmula 502, STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no
art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (CF/1988, art. 5º, XXXIX,
e CP, art. 1º).
Deve existir lei formal definindo quais condutas serão consideradas criminosas.
De acordo com o professor Juarez Cirino dos Santos, o princípio da legalidade é o mais importante
instrumento de proteção individual no Estado Democrático de Direito, porque proíbe (a) a retroatividade
como criminalização ou agravação da pena de fato anterior, (b) o costume como fundamento ou agravação
de crimes e penas, (c) a analogia como método de criminalização ou de punição de condutas e (d) a
indeterminação dos tipos legais e das sanções penais (art. 5, XL, CR).
Em resumos, temos:
O significado político do princípio da legalidade é expresso nas fórmulas de lex praevia, de lex scripta, de lex
stricta e de lex certa, incidentes sobre os crimes, as penas e as medidas de segurança.
Como visto, o princípio da legalidade exige a edição de lei certa, precisa, determinada. Vamos identificar a
CLASSIFICAÇÃO DA LEI quando ao conteúdo:
a) COMPLETA: norma penal completa é aquela que dispensa complemento valorativo (dado pelo juiz)
ou normativo (dado por outra norma).
b) INCOMPLETA: é a norma penal que depende de complemento valorativo (tipo aberto) ou normativo
(norma penal em branco).
TIPO ABERTO
É aquele que depende de complemento valorativo, a ser conferido pelo julgador no caso concreto.
Os crimes culposos, por exemplo, são descritos em tipos abertos, uma vez que o legislador não enuncia as
formas de negligência, imprudência e imperícia, ficando a critério do magistrado no caso concreto. Para não
ofenderem o princípio da legalidade, a redação típica deve trazer o mínimo de determinação.
É aquela que necessita de integração por outra norma, sem a qual é inviável sua aplicação. O complemento
pode estar previsto noutro diploma, de mesmo nível ou não:
Não contraria o princípio da legalidade, pois o tipo penal está previsto em lei, apenas o seu complemento é
que está veiculado em instrumento infralegal.
b) Homogênea (imprópria / em sentido amplo): complementação de mesmo nível (legal). Isto é, emana do
próprio legislador (mesma fonte produtiva).
Norma penal em branco homogênea (imprópria) homovitelina: o complemento emana da mesma instância
legislativa (norma incompleta e seu complemento integram a mesma estrutura normativa).
Exemplo: o artigo 312 do Código Penal trata do crime de peculato, conduta praticada por funcionário
público. O conceito de funcionário público, para fins penais, está positivado em outro artigo, mais
precisamente o 327, também do Código Penal.
Exemplo: o art. 237 pune aquele que contrair casamento conhecendo a existência de impedimento que lhe
cause a nulidade absoluta. Os impedimentos são previstos em outra lei, qual seja, o Código Civil, art. 1.521, I
a VII.
c) Ao revés ( ou invertida): na norma penal em branco ao revés, o complemento refere-se à sanção, preceito
secundário, não ao conteúdo proibitivo (preceito primário).
Exemplo: A Lei 2.889/56, que cuida do crime de genocídio, não cuidou diretamente da pena, fazendo
expressa referência a outras leis no que diz respeito a esse ponto.
d) Ao quadrado: ocorre lei penal em branco ao quadrado quando a lei penal (o tipo penal) exige um
complemento normativo para sua compreensão e este complemento faz referência a outro ato normativo.
Trata-se de uma lei duplamente em branco (ou duas vezes em branco).
É o caso do art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar floresta considerada de
preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido no Código Flores- tal,
que, dentre várias disposições, estabelece uma hipótese em que a área de preservação permanente será
assim considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo.
5. PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE:
A ausência de qualquer desses elementos é suficiente para impedir a aplicação de uma sanção penal.
Nesta acepção a culpabilidade funciona não como fundamento da pena, mas como limite desta, impedindo
que a pena seja imposta aquém ou além da medida prevista pela própria ideia de culpabilidade, aliada, é
claro, a outros critérios, como importância do bem jurídico, fins preventivos etc.
Pelo princípio em exame, não há pena sem culpabilidade, decorrendo daí três consequências materiais: a)
não há responsabilidade objetiva pelo simples resultado; b) a responsabilidade penal é pelo fato e não pelo
autor; c) a culpabilidade é a medida da pena.
Encontra-se previsto no art. 5º, inciso XLVI, da CF, com a seguinte redação: a lei regulará a individualização
da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c)
multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos. A individualização da pena
deverá ocorrer nas seguintes fases: cominação, aplicação e execução.
7. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
É deduzindo da dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado Democrático de Direito (art. 1º,
III, CR) e exclui a cominação, aplicação e execução de penas (a) de morte, (b) perpétuas, (c) de trabalhos
forçados, (d) de banimento, (e) cruéis (castrações, mutilações, esterilizações etc.) ou qualquer outra pena
infamante ou degradante do ser humano (art. 5º, XLVII, CR).
8. PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE / LESIVIDADE
O princípio da lesividade, também conhecido como ofensividade, é aquele segundo o qual somente pode ser
considerada merecedora de tutela penal, a conduta que seja apta a expor a perigo ou a causar dano a bem
jurídico penalmente relevante. Portanto, para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo
de lesão ao bem jurídico.
Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra a lei penal vigente ao tempo da realização
do fato criminoso (tempus regit actum).
Excepcionalmente, no entanto, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar fatos passados,
desde que benéfica ao réu. A esta possibilidade conferida à lei de movimentar-se no tempo (para beneficiar
o réu) dá-se o nome de extratividade.
A extratividade deve ser compreendida como gênero do qual são espécies: (a) a retroatividade, capacidade
que a lei penal tem de ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência; e (b) a ultratividade, que
representa a possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos.
TEMPO DO CRIME
De acordo com o art. 4º do Código Penal, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado.
Extrai-se do referido artigo a teoria da atividade, isto é, importa o instante da ação ou da omissão. No caso
do homicídio, por exemplo, considera-se o momento em que foi efetuado o disparo com a arma de fogo,
ainda que a morte ocorra muito dias após.
TEMPO 01 TEMPO 02
** No Brasil, a Lei 11.106/2005 revogou, dentre outros, o delito de adultério, então capitulado no art. 240,
do CP, tendo vista, justamente, que o bem jurídico que era objeto de tutela – a fidelidade matrimonial
recíproca – deixou de possuir ofensividade penal, devendo eventual infração daquele dever conjugal ser
resolvida na esfera civil (arts. 1566, I, e 1573, I, do CC).
A abolitio criminis representa a supressão formal e material da figura criminosa, expressando o desejo do
legislador em não considerar determinada conduta como criminosa. Doutra banda, o princípio da
continuidade normativo-típica significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém com o
deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal – a intenção do legislador, nesse caso, é que a
conduta permaneça criminosa.
(CP) Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
A lei temporária (temporária em sentido estrito) é aquela instituída por um prazo determinado, ou seja, é a
lei que criminaliza determinada conduta, porém prefixando no seu texto lapso temporal para a sua vigência.
É o caso da Lei 12.663/2012, que criou inúmeros crimes que buscam proteger o patrimônio material e
imaterial da FIFA, infrações penais com tempo certo de vigência (até 31 de dezembro de 2014).
A lei excepcional (ou temporária em sentido amplo) é editada em função de algum evento transitório, como
estado de guerra, calamidade ou qualquer outra necessidade estatal. Perdura enquanto persistir o estado de
emergência.
ATENÇÃO: Podemos afirmar que as leis temporárias e excepcionais não se sujeitam aos efeitos da abolitio
criminis (salvo se houver lei expressa com esse fim).
No Brasil, a regra geral é a da territorialidade da lei penal brasileira, aplicando-se a lei penal nacional aos
crimes cometidos em território brasileiro sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional (art. 5º, caput, CP).
Segundo Juarez Cirino dos Santos, o território é o espaço de exercício da soberania política do Estado,
constituído pelo (a) solo, como extensão de terra contínua/descontínua com rios, lagos e mares territoriais;
(b) subsolo, como profundidade cônica do território em relação ao centro do Planeta, (c) mar territorial,
com a extensão de 12 milhas marítimas a partir do litoral brasileiro (Lei 8.617/1993); (d) plataforma
continental, com a extensão de 200 milhas marítimas a partir do litoral brasileiro, como zona econômica
exclusiva (Lei 8.617/93, que incorporou a Convenção da ONU de 1982 sobre Direito do Mar), (e) espaço
aéreo correspondente ao território (Convenção de Chicago de 1944 e Convenção de Varsóvia de 1929 sobre
aviação civil internacional).
O Código Penal traz, no próprio art. 5º, normas em que há verdadeira extensão do território nacional para
fins de aplicação do Direito Penal:
Nacional, pública ou
a serviço do governo SIM SIM SIM
brasileiro;
Nacional, mercante SIM NÃO SIM
ou particular;
Estrangeira,
mercante ou SIM NÃO NÃO
particular
Conclusões:
a) quando os navios ou aeronaves brasileiras forem públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro,
quer se encontrem em território nacional ou estrangeiro, são considerados parte do nosso território.
b) se privados, quando em alto mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que
ostentam.
c) quanto aos estrangeiros em território brasileiro, desde que públicos, não são considerados parte do
nosso território.
Exemplo: estamos em alto-mar, numa embarcação brasileira privada, e ela naufragou. Sobre os destroços da
embarcação um italiano mata um argentino.
Os destroços continuam ostentando a bandeira, assim aplica-se a lei brasileira.
Exemplo: estamos em alto-mar, numa embarcação brasileira e acaba por colidir em uma embarcação
holandesa. Dois sobreviventes constroem uma jangada com destroços dos dois navios. Um americano mata
um argentino na jangada.
Aqui o código não responde, logo na dúvida aplicamos a lei da nacionalidade do agente, a lei americana.
Exemplo: na costa brasileira, em embarcação colombiana pública, ocorre o crime de tráfico de drogas.
Aplica-se a lei colombiana.
Obs.: Agora se o marinheiro saia da embarcação e pratique o crime em solo brasileiro, a resposta será
dependerá: se o marinheiro descer a serviço da Colômbia aplicar-se-á a lei colombiana, caso contrário será a
lei brasileira.
CUIDADO quanto ao Princípio da Passagem Inocente! Quando um navio atravessa o território nacional
apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino (no nosso território não atracará), não se
aplica a lei brasileira, respeitando-se o princípio da passagem inocente, previsto em tratados internacionais
e na lei 8.617/93:
(Lei 8.617) Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente
no mar territorial brasileiro.
§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à
segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.
§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que
tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de
força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em
perigo ou em dificuldade grave.
§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos
estabelecidos pelo Governo brasileiro.
LUGAR DO CRIME
Para se saber se a lei penal brasileira será aplicada e considerando as regras vistas (no item anterior), é
imprescindível que se defina o lugar em que a infração penal foi cometida.
O Brasil adotou a teoria mista ou da ubiquidade, segundo a qual considere-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado (art. 6º, CP).
A aplicação de tal teoria é importante nos chamados crimes à distância, que são aqueles em que o lugar dos
atos executórios é diferente do lugar do resultado, como no exemplo em que um crime é executado na
Argentina e consumado no Brasil ou vice-versa.
EXTRATERRITORIALIDADE
Embora tenha adotado, como regra geral, o princípio da territorialidade, o Código Penal cuida também, no
seu art. 7º, da aplicação da lei penal brasileira a certos fatos praticados no estrangeiro. Em outros termos,
estende-se a incidência da nossa lei penal para alcançar condutas que ocorrem fora do território nacional,
propriamente considerado ou por equiparação (hipóteses de extraterritorialidade da lei penal).
Portanto, os fatos serão processados e julgados no Brasil, independentemente do seu autor ser brasileiro,
estrangeiro ou apátrida. Pouco importa se a conduta tiver sido praticada em alto-mar ou no espaço aéreo
correspondente, ou ainda no território de outro Estado.
a) crimes contra a vida ou liberdade do Presidente da República;
(União, Estados, Distrito Federal, Municípios, Territórios, Empresa Pública, Sociedade de Economia
Mista, Autarquia, Fundação Pública).
(guarda relação com servidores que estejam desempenhando suas atividades fora do território
nacional – princípio da proteção ou defesa).
(genocídio é a destruição (morte dolosa), no todo ou em parte, de grupo nacional, étnico, racial ou
religioso – princípio da justiça universal).
Cuidam-se, efetivamente, de hipóteses residuais, mas necessárias para que determinados fatos não se
quedem sob o selo da impunidade.
Vincula-se à norma constitucional que veda a extradição de nacionais. Dessa forma, perpetrando o
brasileiro, nato ou naturalizado, determinado crime fora de nossas fronteiras, o Brasil se vê
impossibilitado de extraditá-lo, razão pela qual deve deflagrar ação penal e, se for o caso, condená-lo
por aquele fato – princípio da personalidade ou nacionalidade ativa.
Como visto, a aeronave ou embarcação brasileira, de natureza privada, que se encontre no território
de outro Estado, não é considerada como extensão do território nacional. Assim, cabe a justiça do
outro país processar e julgar os fatos havidos a bordo daquela embarcação o aeronave. No entanto,
caso a justiça estrangeira não se interesse em apreciar o fato delituoso, tal dispositivo prevê a
aplicação da nossa lei penal, suprindo eventual lacuna – princípio da bandeira ou representação.
Obviamente, se o fato ocorreu em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente, este requisitos deve
ser tido como devidamente suprido, na medida em que não há a incidência da lei penal de nenhum
país.
3. Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
4. Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro, ou não ter aí cumprido pena;
5. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
punibilidade, segundo a lei mais favorável.
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA: a lei penal brasileiro será aplicada, desde que cumpridas
condições extras:
Condições (extras):
a) crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) crimes praticados por
brasileiros no estrangeiro; ou c) crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro, e aí não tenham sido
julgados;
2. Não foi pedida extradição pelo pais onde o crime ocorre; ou foi pedida, mas o Brasil a negou;
(CF) Art. 173, §5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos
atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
(CF) Art. 225, §3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
A teoria da dupla imputação condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes
ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa.
Isso era o que prevalecia no STJ até 2013, porém no ano de 2014 o STF (RE 548181) derrubou a tese
do concurso necessário.
CONCEITO DE CRIME
CONCEITO FORMAL
De acordo com Juarez Cirino dos Santos, as definições formais mostram o crime como violação da norma
penal respectiva – por exemplo, o homicídio como violação da norma não deves matar.
CONCEITO MATERIAL
Segundo Juarez Cirino dos Santos, as definições materiais mostram o crime como lesão do bem jurídico
protegido – por exemplo, o homicídio como destruição da vida humana.
CONCEITO ANALÍTICO (dogmático / científico / operacional / doutrinário)
Em resumo, temos:
FATO TÍPICO
É representado por uma conduta humana que provoca um resultado indesejado, previsto na lei penal.
Subdivide-se em:
b) Resultado: naturalístico (que é modificação do mundo fático) ou jurídico (exposição a perigo ou efetiva
lesão ao bem jurídico tutelado).
CONDUTA
De acordo com a Teoria Finalista (de Hans Welzel), conceitua-se a conduta como um comportamento
humano voluntário e consciente dirigido a uma finalidade.
Os delitos que descrevem uma ação proibida são denominados crimes comissivos.
- CRIME OMISSIVO PRÓPRIO: o agente viola a norma mandamental, deixando de fazer o que ela
determina (obrigação de fazer).
- CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO / comissivo por omissão: o agente pode e deve agir (dever jurídico
especial) para impedir o resultado, mas se omite (art. 13, §2º, CP).
Exemplo: “A”, contratada para ser babá da criança “B”, se distrai assistindo TV, não impedindo que
“B” suba numa cadeira e despenque pela janela do apartamento em que reside.
Relevância da omissão
(CP) Art. 13, §2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
Exemplo: um motorista de caminhão é atacado por um enxame de abelhas e acaba colidindo com um outro
veículo.
Exemplo: Thiago dirige normalmente seu automóvel em viagem de férias quando, em determinado
momento, ocorre o rompimento da barra de direção do veículo que, desgovernado, sai da pista e atinge o
transeunte Pedro, causando-lhe lesões corporais graves.
→ Movimento (ou Ato) Reflexo: movimento de reação a um estímulo interno ou externo – ato fisiológico.
ATENÇÃO: os atos instintivos e automáticos (ex.: ação em curto circuito; reação impulsiva ou explosiva) são
passíveis de controle pelo querer (atenção) do agente e não excluem a ação.
Exemplo: “A”, sonâmbulo, pisoteia a cabeça da criança “B”, que estava deitada no chão.
→ Coação Física Irresistível (vis absoluta): Força, constrangimento físico exterior que obriga materialmente
o agente. Deve ser irresistível, isto é, sem possibilidade de resistência / sem domínio do próprio corpo.
Exemplo: “A”, de forma inesperada, empurra “B”, com força, dentro da piscina, chocando-se com a criança
“C”, que vem a se afogar e morrer. Conquanto com seu corpo tenha causado a morte de “C”, “B” não
realizou conduta do ponto de vista penal.
Exemplo: “A”, com força superior a “B” obriga-o a vibrar um golpe de punhal contra o corpo de “C”.
RESULTADO
Cuidado, pois existem crimes sem resultado naturalístico, como, por exemplo, o porte de arma de fogo.
A teoria da equivalência dos antecedentes – também denominada teoria da conditio sine qua non –
sustenta que é causa de um resultado todas as condições que colaboram para a sua produção,
independentemente de sua maior ou menor proximidade ou grau de importância. Visto que toda condição
do resultado é, igualmente, causa dele, fala-se em equivalência das condições.
Já o método de eliminação hipotética considera que uma conduta causou o resultado quando, suprimida
mentalmente (imaginando que ela não ocorreu, no momento em que ocorreu e da forma como ocorreu),
desaparecia, igualmente, o resultado.
CONCAUSAS
Preexistentes
Absolutas Concomitantes
Dependentes
CONCAUSAS Supervenientes
Independentes
Preexistentes
Relativas Concomitantes
Não por si só =
Evento Previsivel
Supervinientes
Por si só = Evento
Imprevisivel
Nessa espécie, a causa efetiva do resultado não se origina, direta ou indiretamente, do comportamento
concorrente, paralelo, podendo ser preexistente, concomitante ou superveniente.
Exemplo: Marília, por volta das 20h, serve, insidiosamente, veneno para seu marido. Na mesma hora,
coincidentemente a vítima é alvo de um disparo efetuado por Frederico, seu desafeto, vindo a morrer.
Exemplo: Marília, por volta das 20h, serve, insidiosamente, veneno para seu marido. Antes mesmo de o
veneno fazer efeito, cai um lustre na cabeça do João Neto que descansava na sala, causando sua morte por
traumatismo craniano.
- PREEXISTENTE: a causa efetiva (elemento propulsor que se conjuga para produzir o resultado) é anterior a
causa concorrente.
Exemplo: Jorge, portador de hemofilia, é vítima de um golpe de faca executado por Matheus. O ataque para
matar, isoladamente, em razão da sede e natureza da lesão, não geraria a morte da vítima que, no entanto,
tendo dificuldade de estancar o sangue dos ferimentos, acaba morrendo.
- CONCOMITANTE: a causa efetiva (elemento propulsor que se conjuga para produzir o resultado) ocorre
simultaneamente à outra causa.
Exemplo: Fernando, com a intenção de matar, atira em Sorocaba, mas não atinge o alvo. A vítima,
entretanto, assustada tem um colapso cardíaco e morre.
- SUPERVENIENTE: a causa efetiva (elemento propulsor que se soma para a produção do resultado)
acontece após a causa concorrente.
Exemplo: Thaeme, com vontade de matar, desfere um tiro em Tiago, que segue em uma ambulância até o
hospital. Quando está convalescendo, todavia, o hospital pega fogo, matando o paciente queimado.
Nesse sentido, citando Jescheck e Roxin, Cesar Roberto Bitencourt expõe que: “Para a teoria da imputação
objetiva, o resultado de uma conduta humana somente pode ser objetivamente imputado a seu autor
quando tenha criado a um bem jurídico uma situação de risco juridicamente proibido (não permitido) e tal
risco se tenha concretizado em um resultado típico. Em outros termos, somente é admissível a imputação
objetiva do fato se o resultado tiver sido causado pelo risco não permitido criado pelo autor.”
Exemplo: mandar uma criança passear na floresta, esperando que ela morra atingida por um raio.
Exemplo: dirigir dentro dos limites de velocidade e atropelar uma criança que, de súbito, se lança sobre o
carro.
Uma realização do risco, que possibilita uma imputação de resultado, deve ser NEGADA:
Exemplo: A, ferido por B, é levado a um hospital, onde vem a falecer em razão de incêndio (curso casual sem
relação com os riscos criados pela conduta proibida).
Exemplo: B dirige em excesso de velocidade, e quando volta a dirigir corretamente, atropela A, que se lança
diante do carro (bem jurídico sem relação com aqueles para os quais a conduta criava um risco).
b) em segundo, quando o resultado teria certamente ocorrido também no caso de o sujeito ter se atido ao
risco permitido;
Exemplo: nem que o caminheiro ultrapassasse o ciclista respeitando a distância correta, este deixaria de cari
para baixo da roda do caminhão.
c) ademais, a realização do risco, em terceiro lugar, está também excluída quando, apesar da criação de
um risco não permitido, a forma como o resultado ocorreu não estiver compreendida pelo fim de
proteção da norma violada.
Exemplo: a vítima de lesões na perna tropeça anos depois e quebra uma costela.
TIPO DOLOSO
Segundo Juarez Cirino dos santos, o DOLO é a vontade consciente de realizar um crime – ou, mais
tecnicamente, vontade consciente de realizar o tipo objetivo de um crime. O dolo é composto de um
elemento intelectual (consciência, ou representação psíquica) e de um elemento volitivo (vontade, ou
energia psíquica), como fatores formadores da ação típica dolosa.
TEORIAS DO DOLO:
Conforme assinala Cleber Masson, privilegia o lado intelectual, não se preocupando com o aspecto volitivo,
pois pouco importa se o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. Basta que o resultado
tenha sido antevisto pelo sujeito. Em nosso sistema penal tal teoria deve ser afastada, por confundir o dolo
com a culpa consciente.
Para a teoria da representação, podemos falar em dolo toda vez que o agente tiver tão somente a previsão
do resultado como possível e, ainda assim, decidir pela continuidade de sua conduta, segundo Rogério
Greco.
De acordo com Cleber Masson, essa teoria se vale da teoria da representação, ao exigir a previsão do
resultado. Conduto, vai mais longe. Além da representação, reclama ainda a vontade de produzir o
resultado.
Segundo Cleber Masson, complementa a teoria da vontade, recepcionando sua premissa. Para essa teoria,
há dolo não somente quando o agente quer o resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo
o risco de produzi-lo.
Em resumo:
DOLO DIRETO: o agente prevê um resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizá-lo.
→ DOLO DE 1º GRAU: O fim é diretamente pretendido pelo agente, ou seja, o que o autor quer realizar.
→ DOLO DE 2º GRAU: O resultado é obtido como consequência necessária à produção do fim, isto é,
compreende as consequências típicas representadas como certas ou necessárias pelo autor.
DOLO EVENTUAL: O agente não quer o resultado, mas prevê e o aceita como possível, assumindo o
risco que ele ocorra.
Em outras palavras, o dolo eventual compreende as consequências típicas representadas como possíveis
pelo autor, que consente (ou concorda) em sua produção.
TIPO CULPOSO
Segundo Paulo César Busato, a essência da CULPA é, junto à ausência de compromisso com o resultado
(falta de intenção ou dolo), a infração de um dever específico de cuidado. Dever de cuidado que
corresponde ao atuar diligente, ao agir de acordo com a experiência comum, com as normas socioculturais e
normativa vigente, que prescrevem uma atuação de acordo com ela, para afastar os perigos derivados da
conduta.
1. Conduta inicial voluntária: A vontade do agente dirige-se a realização da conduta e NÃO a produção do
resultado.
3. Resultado involuntário: O resultado nos crimes culposos sempre será naturalístico, ou seja, exige-se a
modificação do mundo externo.
4. Nexo Causal: É o liame que une a conduta inicial voluntária ao resultado involuntário.
7. Tipicidade: Não se pune conduta culposa, salvo quando houver expressa disposição em lei.
ESPÉCIES DE CULPA:
CULPA PRÓPRIA: O agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzi-lo. De acordo com
Luiz Flávio Gomes, ocorre quando o sujeito não quer o resultado.
CULPA IMPRÓPRIA (ou por extensão): Segundo César R. Bitencourt, a culpa imprópria, culpa por
extensão ou assimilação decorre do erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso
nas causas de justificação.
Exemplo: o agente, à noite, ao ouvir barulho estranho em sua casa, abruptamente, sem tomar nenhum
cuidado, supondo que se trata de perigoso ladrão, sai disparando contra o vulto que vê na varanda e que
tinha algo em suas mãos; descobre-se depois que era o guarda noturno que portava um guarda-chuva e que
procurava se proteger chuva naquele momento.
Responsabilidade penal no exemplo: o agente responde por homicídio culposo. E se a vítima não morrer: de
acordo com a clássica doutrina há tentativa de homicídio culposo.
CULPA CONSCIENTE: Depois de prever o resultado, o agente mesmo assim realiza a conduta,
acreditando sinceramente que ele não ocorrerá.
Descaso em relação ao bem jurídico; o agente Confiança nas próprias habilidades; o agente
anui ao advento do resultado, assumindo o risco repele a hipótese de superveniência do resultado,
de produzi-lo, em vez de renunciar a ação; na esperança de que este não ocorrerá;
Além disso, para traçar a diferença entre a responsabilidade dolosa e a culposa, são utilizadas várias teorias.
Dentre elas, destacam-se a TEORIA DO CONSENTIMENTO ou aceitação do resultado por parte do sujeito
(dolo eventual) e a TEORIA DA PROBABILIDADE, que pune dolosamente se o agente aumentou o risco ou a
probabilidade de causar o resultado.
Deve-se advertir que, em geral, a jurisprudência vale-se de uma concepção eclética, em que se combinam
elementos de probabilidade e de atitudes de consentimento.
Exemplo: “A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, NÃO pode servir de premissa bastante
para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com resultado morte.” STJ. 6ª Turma. REsp
1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623).
Exemplo: “Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a influência de
álcool, além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que evidencia a diferença entre a
culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco ou, no mínimo, não se preocupou com o
risco de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a morte de outrem.” STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info 904).
CONCORRÊNCIA E COMPENSAÇÃO DE CULPAS
Exemplo: um acidente de trânsito em que um autor conduzia seu veículo em excesso de velocidade e sob
efeito de álcool e não consegue, em virtude disso, evitar o choque com outro veículo que,
imprudentemente, cruza a via preferencial em que o primeiro trafegava, sem aguardar a passagem do fluxo.
Responsabilidade penal no exemplo: ambos os condutores são integralmente e mutuamente responsáveis
pelo resultado.
ATENÇÃO: Por outro lado, a imprudência de um não pode ser compensada – como no caso da indenização
civil – pela imprudência do outro. Desse modo, restam responsabilidades penais para cada um deles pelas
lesões cometidas contra o outro.
TEORIA DO ERRO
Mesmo que o
indivíduo tivesse
Escusável, Inevitável, empregado o grau de
Exclui o dolo e a culpa
ou Invencível atenção de uma
pessoa prudente, o
erro teria ocorrido.
ESPÉCIES
Se o indivídio tivesse
empregado o grau de Exclui o dolo, mas
Inescusável, Evitável, atenção de uma permite a punição por
ou Vencível pessoa prudente, o crime culposo se
erro não teria estiver previsto em lei.
ocorrido.
ATENÇÃO: Se qualquer pessoa erraria, evidentemente que o erro sob consideração não pode ser atribuído
ao agente por culpa, por desatenção, por violação do dever de cuidado.
Exemplo: Aquele que mantém relações sexuais consentidas com menor de 14 anos que tem aparência de ser
bem mais velha, sem cogitar sequer estar em companhia de menor;
Exemplo: Caçador que, pensando disparar contra capivara, atinge companheiro de expedição;
Exemplo: Um senhor, por equívoco, em lugar de pegar a sua bicicleta, acaba se apoderando de outra
(deixando a sua no local);
Exemplo: No crime de calúnia, o agente imputa falsamente a alguém a autoria de um fato definido como
crime que, sinceramente, acredita tenha sido praticado.
Exemplo: O agente não presta socorro, podendo fazê-lo, ignorando que se trata de seu filho que morre
afogado.
Exemplo: Pessoa que tinha umas poucas plantas em seu quintal, para fins medicinais, sem saber que era
maconha;
Exemplo: Sujeito que portava um galho verde sem saber que era maconha;
Exemplo: Quem destrói um recibo, achando que se trata de papel sem importância;
Exemplo: No crime de desacato, o agente desconhece que a pessoa contra a qual age desrespeitosamente é
funcionário público, imaginando que se trata de um particular normal.
No erro determinado por terceiro, previsto no artigo 20, §2º, do Código Penal, temos um erro induzido,
figurando dois personagens: o agente provocador e o agente provocado.
Exemplo: um médico, com intenção de matar seu paciente, induz dolosamente a enfermeira a ministrar
dose letal ao enfermo.
ERRO ACIDENTAL
Incidem sobre elementos não essenciais à configuração do crime e, por consequência, não podem afastar a
responsabilidade penal.
As modalidades de erro acidental apontadas pela doutrina são o erro sobre o objeto, o erro sobre a pessoa,
o aberratio ictus, o aberratio criminis e o aberratio causae.
No erro sobre o objeto, o agente, intencionando realizar uma conduta que sabe ilícita, incidente sobre certo
objeto material, equivoca-se quanto às suas características intrínsecas, em nada afetando, porém, o desvalor
da conduta.
Exemplo: O agente quer furtar um computador e leva a maleta respectiva (na crença de que dentro achava-
se o objeto desejado). Descobre-se depois que no seu interior havia só uma calculadora.
O erro sobre a pessoa é previsto expressamente no Código Penal, no artigo 20, §3º, e consiste no equívoco
quanto ao sujeito passivo do delito.
Nesse caso, a opção do legislador, seguindo a opção finalista mencionada na exposição de motivos, foi por
levar em conta as características da pessoa que o autor do delito visava atingir.
Exemplo: Numa favela em São Paulo (Heliópolis) um traficante soube que um policial iria à noite ingressar
nesse local. Posicionou-se na primeira casa e ficou aguardando. Quando viu um vulto se aproximando,
disparou (na crença de que se tratava do policial que queria vingar). Depois se constatou que acabou
matando um padre, por equívoco, que havia sido chamado para uma extrema-unção.
Exemplo: Num ônibus no Rio de Janeiro um sujeito entrou correndo, pulou a catraca e efetuou vários
disparos contra a vítima (que morreu na hora). Em seguida o atirador começou a gritar: errei, errei (logo
percebeu que matou pessoa errada).
Ou seja, o sujeito age mal na realização do crime. Ele pretendia alcançar determinado resultado contra
alguém e age para tanto, mas, por falta de precisão no manejo dos meios de execução, acaba produzindo o
mesmo resultado contra pessoa diversa da pretendida.
Exemplo: Dentro do Senado Federal brasileiro um senador (pai do ex-presidente Collor), em certa ocasião,
disparou contra seu desafeto, errou e acabou matando um outro senador (pessoa diversa da pretendida).
Exemplo: Um outro congressista atirou a Constituição Federal contra “A”, errou e acabou atingindo “B”.
No resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) o que ocorre é que o erro na execução determina a
alteração do delito realizado.
Exemplo: O sujeito discute com um amigo e diz que vai arrebentar o carro dele. Apodera-se de um
paralelepípedo e o atira contra o carro. Erra o alvo e mata um transeunte (que passava pelo local).
O erro pode recair sobre a relação causal da ação e o resultado, isto é, a aberratio causae. Nos crimes de
resultado o tipo compreende a ação, o resultado e o nexo causal.
Pode ocorrer, muitas vezes, que o autor não perceba, não anteveja a possibilidade do acontecer causal da
conduta realizada.
Exemplo: Desejando matar a vítima por afogamento, joga-a de uma ponte, na queda, ela vem a morrer de
fratura no crânio, provocada pelo impacto em uma pedra.
DESCRIMINANTES PUTATIVAS
Por sua vez, putativo origina-se do termo latino putare, que significa errar, ou putativum (algo que se supõe
verdadeiro ou aquilo que aparenta ser autêntico).
Exemplo: Dono da casa, durante a noite, efetua disparo de arma de fogo contra pessoa que pensa ser um
ladrão e acaba por matar o próprio filho que, no escuro, não foi reconhecido.
Exemplo: Indivíduo que encontra um inimigo na via pública e, quando este leva a mão sob as vestes como se
fosse sacar de uma arma, efetua disparo contra ele. Posteriormente, verifica-se que a vítima não possuía
arma e pretendia pegar apenas uma carteira no bolso interno do paletó.
ERRO DE PROIBIÇÃO
Pode-se conceituar o erro de proibição como o erro do agente que recai sobre a ilicitude do fato. Nele o
agente pensa que é lícito o que, na verdade, é ilícito.
Exemplo: Agente proveniente da Holanda com sua cota diária de maconha foi surpreendido em posse da
droga no aeroporto de Cumbica (SP) e alegou que desconhecia a proibição da droga no Brasil, quando se
trata de posse para uso próprio.
Exemplo: Marinheiro preso em flagrante com lança-perfume, quando vinha da Argentina (onde lança-
perfume, ao contrário do que ocorre no Brasil, é permitido).
ITER CRIMINIS
A realização de qualquer fato humano delitivo percorre um caminho, mais ou menos longo, de acordo com
cada caso. Esse caminho, processo ou sucessão de etapas recebe o nome de iter criminis.
A partir dos atos preparatórios existe responsabilidade penal, desde que o fato constitua um crime
autônomo.
Exemplo: O agente, com a intenção de matar a vítima (cogitação), adquiri um revolver e se posta de
emboscada a sua espera (atos preparatórios), atirando contra ela (execução) e produzindo a morte
(consumação).
ATENÇÃO: O que é EXAURIMENTO ou CRIME ESGOTADO? Prevalece que não faz parte do iter criminis,
podendo influir, a depender do caso concreto, na fixação da pena-base (Art. 59, CP) ou funcionar como
qualificadora ou causa de aumento.
Exemplo: corrupção passiva - art. 317, §1º (majorante); resistência - art. 329, §1º (qualificadora).
TENTATIVA
a) início da execução;
b) não consumação do crime por circunstância alheias à vontade do agente;
c) dolo de consumação;
d) resultado possível;
a) os crimes culposos;
ESPÉCIES DE TENTATIVA:
a) Perfeita/ Acabada/ Crime falho: o agente esgota todos os meios executórios que tinha a sua
disposição e não consegue consumar o delito por circunstâncias alheias a sua vontade.
b) Imperfeita/ Inacabada: o agente inicia a execução, mas não esgota o processo executório, deixando
de consumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade.
c) Tentativa Branca (incruenta): ocorre quando o objeto material não é atingido pela conduta
criminosa.
d) Tentativa Vermelha (cruenta): ocorre quando o objeto material é atingido pela conduta criminosa.
OBS: uma só conduta pode abranger várias formas de tentativa ao mesmo tempo, por exemplo, pode haver
nas mesmas circunstâncias uma tentativa perfeita e incruenta.
A análise do iter criminis (itinerário do crime) percorrido tem importância para a adoção do critério de
diminuição de pena. Quanto mais próximo da consumação, menor será a redução de pena, e no sentido
inverso, na hipótese da tentativa se distanciar da consumação.
(CP) Art. 15 - o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
DESISTENCIA VOLUNTÁRIA: pressupõe a desistência voluntaria “o não fazer”, isto é, o abandono da pratica
dos atos que conduzam a consumação do crime, bem como a voluntariedade do agente
(independentemente do motivo).
Exemplo: desferidos dois disparos, possuindo outros projéteis, cessa a agressão, por ato voluntário do
agente, sem que a vítima tenha sofrido lesão fatal.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
(CP) Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.
NATUREZA JURÍDICA: é causa obrigatória de diminuição de pena (- 1/3 a - 2/3).
REQUISITOS:
Exemplo: Tício furtou a TV de Mévio, porém Tício, influenciado por seu pai, resolveu restituir a coisa no dia
seguinte.
PECULIARIDADES:
CRIME IMPOSSÍVEL
(CP) Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Ocorre o chamado crime impossível quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto é impossível à consumação.
Na doutrina também é conhecido como: crime oco, quase-crime, tentativa inútil, tentativa impossível,
tentativa inadequada, tentativa inidônea.
a) Crime impossível por ineficácia absoluta do meio: o meio de execução utilizado pelo agente é
incapaz de produzir qualquer resultado lesivo.
- Súmula 567, STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime
de furto.
b) Crime impossível por improbidade absoluta do objeto: o objeto material é inexistente, antes do
início da execução do delito.
c) Crime impossível em face da preparação do flagrante: é aquela prisão em flagrante que ocorre
indução ou instigação para que alguém pratique o crime, tudo com o objetivo de efetuar a prisão.
- Súmula 145, STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.
ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE)
É a contrariedade entre o fato típico praticado por alguém e o ordenamento jurídico, capaz de lesionar ou
expor a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados.
Em suma, é uma conduta típica não justificada. Por isso, atenção! Todo fato típico será também ilícito se não
estiver acobertado por uma das causas excludentes de ilicitude (justificantes ou descriminantes).
É o ato da vítima (ou do ofendido) em anuir ou concordar com a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico do
qual é titular.
Exemplo: “A”, maior e capaz, consente previamente que “B” destrua seu veículo.
CUIDADO! Em alguns casos o consentimento do ofendido pode funcionar como causa de exclusão da
tipicidade no aspecto formal. Isso ocorre quando o consentimento constitui elemento integrante do fato
típico, como no caso dos crimes de estupro e violação de domicílio.
ESTADO DE NECESSIDADE
-
(CP) Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida
de um a dois terços.
-
LEGÍTIMA DEFESA
A legítima defesa apresenta duplo fundamento: de um lado, a necessidade de defender bens jurídicos
perante uma agressão; de outro, defender o próprio ordenamento jurídico, que se vê afetado ante uma
agressão ilegítima.
a) Agressão Injusta;
b) Atual ou Iminente;
Obs.: A reação a uma agressão justa não caracteriza legítima defesa, como, por exemplo, reagir à regular
prisão em flagrante ou a ordem legal de funcionário público etc.
Obs.: O agente que desfere chupes e pontapés na vítima, seu sogro, um senhor de 74 anos, após uma
suposta agressão verbal, não respeita os limites da necessidade de moderação.
Obs.: São exemplos de direitos passíveis de defesa lícita à vida, a integridade física, o patrimônio, a honra, os
costumes sexuais, a saúde pública, o meio ambiente, a segurança dos meios de transporte etc.
-
(CP) Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários,
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes.
-
Segundo Guilherme Nucci, é o desempenho de atividade permitida por lei, penal ou extrapenal, passível que
ferir bem ou interesse jurídico de terceiro, mas que afasta a ilicitude do fato típico produzido.
Obs.: VIOLÊNCIA DESPORTIVA: Tradicionalmente configura fato típico, mas não ilícito. A ilicitude é excluída
pelo discriminante exercício regular do direito.
Obs: OFENDÍCULOS: É um aparato pré-ordenado para defesa do patrimônio, por exemplo: caco de vidro,
cerca elétrica, cão bravo placa de aviso no portão.
De acordo com Guilherme Nucci, é o desempenho de obrigação imposta em lei, ainda que termine por ferir
bem jurídico de terceiro, afastando-se a ilicitude do fato típico gerado.
EXCESSO PUNÍVEL
O excesso compreende-se na conduta ou na parcela de conduta do agente que se utiliza de meios superiores
aos necessários, ou faz uso dos meios necessários imoderadamente. Se caracterizado excesso esse poderá
derivar de dolo ou culpa.
Trata-se de uma causa supralegal de exclusão da culpabilidade. Constitui-se com a conduta que ultrapassa os
limites adequados da legítima defesa, derivada de causas como a alteração brusca de animo, temor ou
surpresa.
CULPABILIDADE
É o juízo de reprovação que recai sobre o autor culpado por um fato típico e ilícito.
- Imputabilidade;
- Potencial Consciência da ilicitude;
- Exigibilidade de conduta diversa.
IMPUTABILIDADE
É a capacidade de entender um caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento.
→ Aspecto Intelectivo: -
Saber que é errado
Imputabilidade
→ Aspecto Volitivo:
- Conseguir se controlar;
Em regra, todo agente é imputável, salvo se presente uma dirimente, ou seja, uma causa excludente de
imputabilidade.
Doença Mental;
Desenvolvimento mental
incompleto;
Dirimentes (isenta de pena)
Desenvolvimento mental
retardado;
Desenvolvimento mental que não se concluiu, a pessoa está evoluindo intelectualmente para se adaptar a
sociedade.
Embriaguez é uma causa capaz de levar a exclusão da capacidade de entendimento e de vontade do agente,
em virtude de uma intoxicação aguda e transitória causado por álcool ou qualquer outra substancia
psicotrópica.
Cuidado, pois não é qualquer espécie de embriaguez que afastará a responsabilidade penal.
- VOLUNTÁRIA: O agente quer COMPLETA ou INCOMPLETA:
se embriagar.
EMBRIAGUEZ NÃO Não exclui a imputabilidade, em razão da
ACIDENTAL - CULPOSA: Por negligência, teoria da actio libera in causa.
embriagou-se.
EMBRIAGUEZ Serve como meio para prática Agravante (art. 61, II, “l”, CP)
PREORDENADA de crime.
Para que haja juízo de reprovação é necessário que o agente possua consciência da ilicitude do fato ou, ao
menos, nas circunstâncias tenha a possibilidade de conhecê-la (ter discernimento).
ERRO DE PROIBIÇÃO
Incide o erro sobre a ilicitude do fato quanto o agente sabe exatamente o que está fazendo, porém não sabe
que era proibido. Se pelas características dele (baixo nível sociocultural, vida rústica, estrangeiro etc.)
comete erro inevitável será isento de pena.
- Se inevitável (escusável): Isenta de pena, dois exclui a culpabilidade.
- Se evitável (inescusável): Poderá diminuir a pena de 1/6 para 1/3.
Para que a conduta seja reprovável, além da imputabilidade e da potencial consciência de ilicitude, deve-se
verificar se o agente podia ter praticado a conduta em situação de normalidade, conforme o ordenamento
jurídico.
COAÇÃO MORAL
Responde, como autor, pelo crime praticado Responde, também, pelo crime
COATOR pelo coagido + crime de tortura (art. 1° da praticado pelo coagido + agravante
Lei de Tortura) (art. 62, II, CP)
OBEDIÊNCIA HIERARQUICA
CONCURSO DE PESSOAS
É a reunião de duas ou mais pessoas para a prática de uma conduta ilícita penal.
Os crimes unissubjetivos são os que podem ser praticados por uma ou mais pessoas, nesta hipóteses haverá
o concurso eventual.
Os crimes plurissubjetivos são os de concurso necessário ou obrigatório, em que a lei exige um número
mínimo de autores.
TEORIAS
O Código Penal adota como regra a teoria unitária (monista ou monística) que preceitua que todos os
agentes que contribuírem para a prática de uma mesma conduta respondem pelo mesmo tipo penal.
Excepcionalmente, o Código Penal adota a teoria pluralista em que cada pessoa que contribuiu para a
produção de um mesmo resultado responde por tipos penais diversos.
FORMAS DE CONCURSO
Autor é a pessoa que pratica a conduta principal descrita no tipo penal incriminador.
Partícipe é a pessoa que comete conduta secundária, por meio de induzimento, instigação ou auxílio.
Para que haja concurso, portanto, é necessário os seguintes requisitos:
a) pluralidade de pessoas;
b) pluralidade de condutas;
c) liame subjetivo, isto é, todos os agentes devem aderir uns a conduta dos outros;
d) nexo causal entre a conduta perpetrada e o resultado produzido.
Se um dos autores quis participar de crime menos grave, será a ele aplicada a pena deste, porém se o
resultado mais grave era previsível, a pena é aumentada de metade.
Exemplo: “A” induz “B” a praticar um furto na casa de sua vizinha “C”, que se encontra em viagem há mais
de um ano. “B” achando fácil e quase sem risco a prática do crime, resolve cometê-lo. No entanto, ao entrar
na residência, se depara com a vítima, que inesperadamente acabara de retornar de viagem. “B” resolve
subtrair uma TV da mesma forma, mas é preciso utilizar violência para conseguir a subtração.
Nesse caso, “A” responderá apenas pelo crime menos grave (furto), pois não era previsível o resultado mais
grave (roubo). Isso porque “A” sequer tinha conhecimento que a vítima iria retornar de viagem.
Por outro lado, no caso acima, se “A” desconfiasse que a vítima estivesse prestes a retornar de viagem,
pode-se dizer que o crime mais grave era previsível. Nessa hipótese, “A” continuará respondendo pelo crime
menos grave (furto), mas com o aumento de pena.
Circunstância é toda palavra ou expressão de caráter secundário na caracterização da conduta ilícita, por
exemplo, em um homicídio contra o próprio pai, o crime subsistiria ainda a vítima não fosse o pai.
Elementar é a palavra ou expressão que é essencial para a configuração do delito, se eliminada o crime
desaparece, por exemplo, o peculato é crime que só pode ser praticado por funcionário público, sendo tal
condição de caráter pessoal, se comunica ao terceiro que pratica a conduta porque constitui elementar do
tipo.
Exemplo de incomunicabilidade: o homicídio privilegiado não é comunicável ao outro agente que não agiu
diante de uma de suas hipóteses.
Exemplo de comunicabilidade: o partícipe (particular) pode responder por peculato-furto, desde que tenha
conhecimento da elementar funcionário público (elemento normativo de caráter pessoal). Caso não seja de
seu conhecimento, responderá pelo delito de furto.
APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
1. Culpabilidade
É um plus de reprovação da conduta, ou seja, mensurar se o grau do dolo ou da culpa do agente extrapolam
os limites do tipo penal. Essa culpabilidade é sinônimo de grau de reprovação.
Cuidado para não confundir: é diferente da culpabilidade substrato do crime – É o juízo de reprovação que
recai sobre a conduta do agente e é composta pelos seguintes elementos: a) imputabilidade; b) potencial
consciência da Ilicitude; c) exigibilidade de Conduta Diversa;
2. Antecedentes
Possui maus antecedentes o agente capaz que possui contra si uma sentença penal condenatória transitada
em julgado.
Isso é baseado no princípio da não-culpabilidade (art. 5º, LVII, CF) e no princípio da presunção de inocência
(art. 8º, Item 2, CADH – Convenção Americana dos Direitos Humanos/Pacto de San José da Costa Rica).
- Súmula 636, STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus
antecedentes e a reincidência.
- Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
Atenção:
- Jurisprudência (STJ): Os atos infracionais não podem ser considerados maus antecedentes para a elevação
da pena-base, tampouco para a reincidência.
- Jurisprudência (STJ): Havendo diversas condenações anteriores com trânsito em julgado, não há bis in
idem se uma for considerada como maus antecedentes e a outra como reincidência.
3. Conduta Social
- Jurisprudência (STF): Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como
conduta social desfavorável. A circunstância judicial "conduta social", prevista no art. 59 do Código Penal,
representa o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento
com outros indivíduos. Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes
criminais. São circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se mostra correto o
magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como "conduta social desfavorável".
- Jurisprudência (STJ): o uso de entorpecente pelo réu, por si só, não pode ser considerado como má-
conduta social para o aumento da pena-base.
4. Personalidade do Agente
5. Motivos
6. Circunstâncias
- Jurisprudência (STJ): A natureza e a quantidade da droga não podem ser utilizadas simultaneamente para
justificar o aumento da pena-base e afastar a redução prevista no §4º do art. 33 da Lei 11.343/06, sob pena
de caracterizar bis in idem .
7. Consequências
É o resultado da pratica delituosa, isto é, o resultado levando em conta para a vítima, para a família da
vítima e para a sociedade.
- Jurisprudência (STF): Elevados custos da investigação e enriquecimento do réu não são argumentos para
aumentar a pena-base. Os elevados custos da atuação estatal para apuração da conduta criminosa e o
enriquecimento ilícito obtido pelo agente não constituem motivação idônea para a valoração negativa do
vetor "consequências do crime" na 1ª fase da dosimetria da pena. Em outras palavras, o fato de o Estado ter
gasto muitos recursos para investigar os crimes (no caso, era uma grande operação policial) e de o réu ter
obtido enriquecimento ilícito com as práticas delituosas não servem como motivo para aumentar a pena-
base.
- Jurisprudência (STJ): O expressivo prejuízo causado à vítima justifica o aumento da pena-base, em razão
das consequências do crime.
- Jurisprudência (STJ): Nos crimes tributários, o montante do tributo sonegado, quando expressivo, é motivo
idôneo para o aumento da pena-base, tendo em vista a valoração negativa das consequências do crime.
8. Comportamento da Vítima
É verificar, na pratica do delito, se a vítima provocou ou negligenciou para que o crime ocorresse.
- Jurisprudência (STJ): O comportamento da vítima em contribuir ou não para a prática do delito não
acarreta o aumento da pena-base, pois a circunstância judicial é neutra e não pode ser utilizada em prejuízo
do réu.
- Não podem levar a aplicação da pena - Não podem levar a aplicação aquém do
além do limite máximo; limite mínimo (Sumula 231, STJ);
- Não se aplicam quando a atenuante for - Não se aplicam quanto o agravante for
preponderante; preponderante (art. 67, CP).
- Jurisprudência (STJ): diante do reconhecimento de mais de uma qualificadora, somente uma enseja o tipo
qualificado, enquanto as outras devem ser consideradas circunstâncias agravantes, na hipótese de previsão
legal, ou, de forma residual, como circunstância judicial do art. 59 do Código Penal.
REINCIDÊNCIA
Reincidir significa incidir novamente, já no Direito Penal significa repetir o fato punível.
1º Crime Trânsito em julgado Fim do
Fim do Prazo de 5
de sentença Cumprimento /
anos
condenatória Extinção da pena
Ficta Real
Portador de
Reincidência Maus
antecedentes
Os efeitos da reincidência são temporários (sistema da temporariedade). De acordo com Paulo César Busato,
a passagem no tempo de cinco anos sem prática de novo crime, por outro lado, representa um período em
que, ao menos, teoricamente, o sujeito demonstra estar socialmente reintegrado, pelo que seu passado
negativo é desprezado.
GERA reincidência:
Exemplo: embriaguez em serviço (art. 202, CPM); dormir em serviço (art. 203, CPM); desrespeito (art. 160,
CPM; cobardia (art. 363, CPM); fuga na presença de inimigo (art. 365, CPM);
Obs.: homicídio, calúnia, lesão corporal e peculato, por exemplo, são crimes militares impróprios, logo geram
reincidência.
Segundo Heleno Fragoso, para efeitos de excluir a reincidência, devem ser considerados apenas os crimes
propriamente militares, pois estes têm índole inteiramente diversa dos previstos na legislação comum,
atentando contra a disciplina e a hierarquia.
Crimes políticos;
É aquele de motivação política que lesione (lesionar) ou ameaça a estrutura político-social vigente no país,
isto é, atentam contra a ordem constitucional ou o Estado Democrático.
ATENÇÃO: Se a pessoa é condenada definitivamente por crime militar próprio e depois da condenação
definitiva pratica novo crime militar próprio, será considerado reincidente de acordo com artigo 71 do
Código Penal Militar.
MENORIDADE
Tal circunstância atenuante também interfere na contagem dos prazos prescricionais, reduzindo-os de
metade (art. 115, CP).
- Súmula 74, STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento
hábil.
- Jurisprudência (STJ): A menoridade é a circunstância que prepondera sobre qualquer agravante, pois o
agente nesta etapa (entre 18 e 21 anos) conta com a personalidade em desenvolvimento.
SENILIDADE
- Jurisprudência (STJ / STF): deve o agente ser maior de 70 anos até a decisão que primeiro o condena
(sentença condenatória ou acordão condenatório), não basta ser acordão confirmatório.
CONFISSÃO ESPONTÂNEA
- Súmula 545, STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu
fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
- Súmula 630, STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de
entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse
ou propriedade para uso próprio.
- Jurisprudência (STJ): nos casos em que há múltipla reincidência é inviável a compensação integral entre a
reincidência e a confissão espontânea.
- São valoradas na segunda fase do cálculo - São valoradas na terceira fase do cálculo
da pena; da pena;
- Súmula 442, STJ: é inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do
roubo.
- Súmula 443, STJ: o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de
majorantes.
- Súmula 511, STJ: é possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.
- Súmula 607, STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006)
configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição
de fronteiras.
- Jurisprudência (STJ): é possível que a causa de diminuição estabelecida no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/06
seja fixada em patamar diverso do máximo de 2/3, em razão da qualidade e da quantidade de droga
apreendida.
Após estabelecer a quantidade da pena privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples), deverá
o magistrado fixar o regime inicial de cumprimento da reprimenda - fechado, semiaberto ou aberto –, com
fundamento no art. 33 do Código Penal:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
- Súmula 269, STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.
- Súmula 440, STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito.
- Súmula 718, STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
- Súmula 719, STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea.
- Jurisprudência (STJ): o requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados, praticados antes do advento da Lei n. 11.464/07, deve ser o previsto no art. 112
da Lei de Execução Penal, qual seja, 1/6; posteriormente, passou-se a exigir o cumprimento de 2/5 da pena
pelo réu primário e 3/5 pelo reincidente.
- Súmula vinculante 26, STF: para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
Prestação Pecuniária
REAIS
DIVISÃO (Classificação)
Prestação de Serviços a
Comunidade
Interdição Temporária
PESSOAIS
de Direitos
Limitações de Fins de
Semana
Podemos esquematizar os requisitos elencados no artigo 44 do Código Penal da seguinte forma: objetivos
(dizem respeito ao fato praticado) e subjetivos (relacionados ao agente).
REQUISITOS OBJETIVOS REQUISITOS SUBJETIVOS
ATENÇÃO: O reincidente em crime culposo não tem impedimento para receber uma pena restritiva de
direitos.
ATENÇÃO: Mesmo sendo reincidente (em crime doloso), o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em
face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
ATENÇÃO: na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma
pena restritiva de direitos.
ATENÇÃO: na condenação superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma
pena restritivas de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
A Resolução nº 5 de 2012 do Senado Federal suspendeu (nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal) a
execução da expressão “vedada a conversão em penas restritivas de direitos”, uma vez que foi declarada
inconstitucional por decisão definitiva do STF no HC 97.256/RS.
PENA DE MULTA
De acordo com o artigo 49 do Código Penal, a pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário
da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360
(trezentos e sessenta) dias-multa.
Além disso, o valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
O magistrado, portanto, atentando-se aos limites legais e a capacidade econômica do réu fixará a pena
multa, podendo, ainda, aumentar o valor até o triplo, caso entenda ser insuficiente e ineficaz diante da
situação financeira do acusado.
É importante anotar, por fim, que caso não haja o pagamento da pena de multa, esta será convertida em
dívida ativa da Fazenda Pública, ficando sujeita à ação de execução fiscal.
CONCURSO DE CRIMES
Segundo Juarez Cirino dos Santos, no Direito Penal brasileiro a pluralidade sucessiva de fatos puníveis
chama-se Concurso Material (art. 69, CP), a pluralidade simultânea de fatos puníveis denomina-se Concurso
Formal (art. 70, CP) e a pluralidade continuada de fatos puníveis aparece sob a designação de Crime
Continuado (art. 71, CP).
CONCURSO MATERIAL
Ocorre o concurso material quando o agente, mediante mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não.
Adota-se, nesse caso, o CÚMULO MATERIAL – este sistema recomenda a soma das penas de cada um dos
delitos componentes do concurso.
CONCURSO FORMAL
Ocorre o concurso formal quando o agente, mediante uma só conduta (ação ou omissão), pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não.
O concurso formal será próprio (perfeito) quando a unidade de comportamento corresponder à unidade
interna da vontade do agente, isto é, o agente deve querer realizar apenas um crime, obter um único
resultado danoso.
Adota-se, nesse caso, a EXASPERAÇÃO – este sistema recomenda a aplicação da pena mais grave,
aumentada de terminada quantidade em decorrência dos demais crimes.
O concurso formal será impróprio (imperfeito) quando o agente deseja a realização de mais de um crime, ou
seja, tiver consciência e vontade em relação a cada um deles (desígnios autônomos).
Adota-se, nesse caso, o CÚMULO MATERIAL – este sistema recomenda a soma das penas de cada um dos
delitos componentes do concurso.
Se o sistema da exasperação elevar a pena além daquilo que a simples soma aritmética representaria, a lei
determina que seja realizado o cúmulo material.
CRIME CONTINUADO
É uma ficção jurídica, em benefício do réu, significando que a prática de várias condutas, implicando em
vários resultados típicos, desde que concretizem crimes da mesma espécie, em circunstâncias semelhantes
de lugar, tempo e modo de execução, pode formar um só delito consumado, aplicando-se a pena do mais
grave, ou se idênticas, qualquer delas, com um aumento variável, como regra, de um sexto a dois terços.
Adota-se, em regra, a EXASPERAÇÃO – este sistema recomenda a aplicação da pena mais grave, aumentada
de terminada quantidade em decorrência dos demais crimes.
Agora cuidado, pois se for crime continuado específico, ou seja, praticado com violência ou grave ameaça à
pessoa, contra vítimas diferentes, o juiz pode aumentar a pena até o triplo.
A pena de multa não obedece às regras diferenciadas do tratamento dispensado ao concurso de crimes (art.
72, CP).
Se houver revogação do sursis¸ o condenado deverá cumprir a pena imposta na sentença integralmente,
sem o desconto do tempo do período de prova.
REQUISITOS
OBS.: tratando-se de condenado maior de setenta anos de idade (sursis etário), ou com problemas de saúde
(sursis humanitário), a pena pode ser igual ou inferior a quatro anos.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
É a antecipação da liberdade, mediante o preenchimento dos requisitos legais, desde que o agente cumpra
certas condições durante o restante da pena.
REQUISITOS
b) Cumprimento de mais de um terço da pena, se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver
bons antecedentes (livramento condicional especial);
d) Cumprimento de mais de dois terços da pena, se a condenação é por crime hediondo ou equiparado, e
também se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza (livramento condicional
qualificado);
j) Constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir (requisito só
exigido em crimes dolosos, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa).
- Súmula 617, STJ: A ausência de suspensão ou revogação do livramento condicional antes do término do
período de prova enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
- Súmula 441, STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
MEDIDA DE SEGURANÇA
Segundo Paulo Busato, as medidas de segurança são concebidas, pois, “como instrumentos de proteção
social e terapia individual – ou como medidas de natureza preventiva e assistencial”, cujo fundamento reside
“na segurança futura da comunidade, frente às possíveis violações do Direito por parte deste autor”.
Assim, estabelece-se uma contraposição entre a pena, associada à culpabilidade e voltada ao passado, e a
medida de segurança, associada à periculosidade e voltada para o futuro.
De acordo com o artigo 96 do Código Penal, poderá ser internação em hospital de custódia e tratamento
psiquiátrico ou sujeição a tratamento ambulatorial.
Além disso, dispõe o Código Penal que a internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo
indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de
periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
- Súmula 527, STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da
pena abstratamente cominada ao delito praticado.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
- MORTE DO AGENTE
A morte se comprova apenas mediante apresentação de certidão de óbito, de acordo com o artigo 62 do
Código de Processo Penal.
- ANISTIA
A anistia é o esquecimento jurídico do ilícito, e tem por objetivo fatos (não pessoas) definidos como crimes,
em regra políticos, militares ou eleitorais, excluindo-se, normalmente, os crimes comuns.
A anistia pode ser concedida antes ou depois da condenação e, como o indulto, por ser total ou parcial.
A anistia extingue todos os efeitos penais, inclusive o pressuposto de reincidência, permanecendo, contudo,
a obrigação de indenizar.
- GRAÇA
A graça tem por objeto crimes comuns, e dirige-se a um indivíduo determinado, condenado
irrecorrivelmente.
A iniciativa do pedido de graça pode ser do próprio condenado, do Ministério Público, do Conselho
Penitenciário ou da autoridade administrativa.
- INDULTO
Toda lei nova que descriminalizar o fato praticado pelo agente extingue o próprio crime e,
consequentemente, se iniciado o processo, não prossegue; se condenado o réu, rescinde a sentença, não
subsistindo nenhum efeito penal, nem mesmo a reincidência.
- DECADÊNCIA
Decadência é a perda do direito de ação privada ou do direito de representação, em razão de não ter sido
exercido dentro do prazo legalmente previsto. A decadência fulmina o direito de agir, atinge diretamente o
ius persecuendi.
- PEREMPÇÃO
Perempção é a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada, isto é, uma sanção jurídica
aplicada ao querelante pela sua inércia, ou seja, pelo mau uso da faculdade que o Poder Público lhe
concedeu de agir, privativamente, na persecução de terminados crimes.
- RENÚNCIA
Renúncia é a manifestação de desinteresse de exercer o direito de queixa, que só pode ocorrer em ação de
exclusiva iniciativa privada, e somente antes de inicia-la.
Havendo concurso de pessoas, a renúncia em relação a um dos autores do crime a todos se estenderá (art.
49, CPP).
- PERDÃO DO OFENDIDO
Perdão do ofendido (ou perdão aceito) consiste na desistência do querelante de prosseguir na ação penal de
exclusiva iniciativa privada. O perdão é bilateral e só se completa com sua aceitação pelo querelado.
- RETRATAÇÃO
Há hipóteses legais em que a retratação exime o réu de pena. Esses casos são os de CALÚNIA, DIFAMAÇÃO,
FALSO TESTEMUNHO e FALSA PERÍCIA. Pela retratação o agente reconsidera a afirmação anterior e, assim,
procura impedir o dano que poderia resultar da sua falsidade. A injúria não admite retratação.
- PRESCRIÇÃO
A prescrição é o instituto jurídico mediante o qual o Estado, por não ter tido capacidade de fazer valer seu
direito de punir em determinado tempo previsto pela lei, faz com que ocorra a extinção da punibilidade.
DICA! – Se o fato tiver sido praticado antes de 05.05.2010 e a pena for inferior a 1 ano, o prazo prescricional
será de 2 anos.
DICA! – Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de
liberdade.
Reduz-se pela metade o prazo prescricional, se o agente, na data do fato, era menor de 21 anos, ou se o
agente, na data da sentença era maior de 70 anos.
No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente.
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o
fato se tornou conhecido.
V- nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido
proposta a ação penal.
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a
suspensão condicional da pena ou o livramento condicional;
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na
pena.
II - pela pronúncia;
VI - pela reincidência.
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do
crime;
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis;
e
Verifica-se posteriormente se entre cada causa interruptiva foi ultrapassado o lapso referente à prescrição,
se sim, operou-se a prescrição, extinguindo-se a punibilidade.
O termo inicial é a data da publicação da sentença recorrível e o final a data da publicação do acórdão.
Depois, voltando no tempo, entre a data da publicação da sentença recorrível e a data do recebimento da
inicial.
DICA! – Se o fato tiver sido praticado antes de 05.05.2010, é possível voltar entre a data do recebimento e a
data da consumação do crime.
Em regra, o termo inicial é a data do transito em julgado a sentença condenatória para a acusação; ou a que
revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional (art. 112, CP).
O ocorrerá em dois anos, quando a multa for a única cominada, ou no mesmo prazo estabelecido para a
prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for cumulativamente aplicada (art. 114, CP).
SÚMULAS IMPORTANTES
- Súmula 438, STJ - É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
- Súmula 220, STJ - A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva
CRIMES EM ESPÉCIE
1. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO
É possível o homicídio privilegiado qualificado, desde que a circunstância qualificadora que concorre com o
privilégio seja de natureza objetiva (incisos III e IV):
Homicídio simples
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a
defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos.
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
Aplica-se o disposto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (princípio da especialidade), cuja pena é
mais rigorosa:
Homicídio culposo
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para
dirigir veículo automotor.
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
metade, se o agente
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência:
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.
4. PERDÃO JUDICIAL
Na hipótese do homicídio culposo, o juiz, analisando as circunstâncias que envolvam o caso concreto,
decidirá sobre a aplicação do perdão judicial (art. 121, §5º, CP):
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
A partir da Lei n. 13.968/2019, também passou a ser previsto como crime o ato de induzir, instigar ou
prestar auxílio a outrem a fim de que tal pessoa se automutile, ou seja, se autolesione, cause lesões a si
mesmo, no próprio corpo, sem a necessidade de pretender tirar a vida.
Exemplo: induzir, instigar ou auxiliar alguém a amputar ou mutilar um dos dedos da mão ou do pé, a se
cortar ou a se queimar com cigarros.
(CP) Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material
para que o faça:
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos
termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
§ 3º A pena é duplicada:
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social
ou transmitida em tempo real.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.
O agente age com dolo de dano. O agente age com dolo de perigo.
7. ABORTO NECESSÁRIO
Caso seja necessária a realização do aborto por pessoa sem a habilitação profissional do médico (parteira,
farmacêutica, enfermeira etc.), apesar de ser fato típico, está o agente acobertado pela descriminante do
estado de necessidade (art. 24, CP):
(CP) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
de seu representante legal.
8. ANÚNCIO DE MEIOS ABORTIVOS
Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto constitui contravenção penal (art. 20,
LCP).
(LCP) Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto:
1. RETRATAÇÃO
Pela retratação o agente reconsidera a afirmação anterior e, assim, procura impedir o dano que poderia
resultar da sua falsidade.
Há hipóteses legais em que a retratação exime o réu de pena, esses casos são os de calúnia, difamação, falso
testemunho e falsa perícia (art. 143 e 342, §2º).
Quem imputa a alguém uma contravenção penal, incorre em difamação, pois para configurar calúnia, é
preciso que o fato esteja definido como crime.
5. EXCEÇÃO DA VERDADE
Ao contrário do crime de calúnia, em que a possibilidade de o querelado fazer prova da verdade é a regra,
na difamação ela é excepcional, ou seja, só é admitida se a ofensa por proferida contra funcionário público
no exercício de suas funções (art. 139, parágrafo único).
6. INVIOLABILIDADE DO ADVOGADO
O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação qualquer manifestação de
sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, segundo as disposições do Estatuto da OAB
(art. 7º, §2º) e do Código Penal (art. 142, I).
Súmula 567, STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime
de furto.
3. FURTO PRIVILEGIADO
Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a
qualificadora for de ordem objetiva.
A fraude visa a diminuir a vigilância da vítima A fraude visa a fazer com que a vítima incida
e possibilitar a subtração. em erro e entregue espontaneamente o
objeto ao agente.
Súmula 582, STJ - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de
violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e
recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
7. ESPÉCIES DE ROUBO
A Lei n. 13.654/2018 deixou de considerar o emprego de arma branca como causa de aumento de pena no
crime de roubo (novatio legis in mellius).
Todavia, na sequência, a Lei n. 13.964/2019 - Pacote Anticrime - reestabeleceu a referida majorante no §2º
e, ainda, trouxe outra causa de aumento no §2º-B (novatio legis in pejus), vejamos:
I – (revogado);
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o
exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca;
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
A Lei n. 13.964/2019 - Pacote Anticrime – modificou a natureza da ação penal no crime de estelionato, antes
pública incondicionada (com as exceções do art. 182, CP).
Atualmente, a ação penal passou a ser, em regra, pública condicionada à representação, salvo nas hipóteses
listadas no § 5º do art. 171:
(CP) Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
(...)
O agente busca vantagem pessoal ou de O agente não busca vantagem pessoal, mas
terceiro (que não o autor do crime anterior). assegurar vantagem do autor do crime
anterior, prestando-lhe auxílio.
(CP) Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
(CP) Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos
1. IMPORTUNAÇÃO SEXUAL
(CP) Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria
lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
(CP) Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de
vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez
ou pornografia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Aumento de pena
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou
tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação.
Exclusão de ilicitude
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza
jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima,
ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos.
3. ESTUPRO DE VULNERÁVEL
Súmula 593 do STJ - O crime de estupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do
ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
(CP) Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
não pode oferecer resistência.
§ 2º (VETADO)
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
(CP) Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública
incondicionada.
1. PECULATO CULPOSO
Pune-se o funcionário público q que, através de manifesta negligência, imprudência ou imperícia, infringindo
dever de cuidado objetivo, criar condições favoráveis à prática do peculato doloso, em qualquer de suas
modalidades (apropriação, desvio ou subtração).
Nessa hipótese, reparado o dano antes do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão condenatório,
extingue-se a punibilidade. Caso a reparação ocorra após esse limite legal, reduz-se a pena pela metade (art.
312, § 3º, CP)
2. CONCUSSÃO
A conduta típica se consubstancia em exigir o agente, por si ou por interposta pessoa, explícita ou
implicitamente, vantagem indevida, abusando da sua autoridade pública como meio de coação. Trata-se de
uma forma especial de extorsão, executada pelo funcionário público.
(CP) Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
3. CORRUPÇÃO PASSIVA
O particular só será vítima se a corrupção partir do funcionário público corrupto. Se o particular oferecer ou
promoter vantagem, responderá por corrupção ativa (art. 333), um caso típico de exceção pluralista à teoria
monista ou unitária do concurso de pessoas (art. 29).
SOLICITAR -
RECEBER OFERECER
Modicado significativamente pelo Pacote Anticrime, o RDD passa a ter as seguintes características:
(Lei 7.210/84) Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar
subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro,
sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma
espécie;
III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente,
com duração de 2 (duas) horas;
IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro)
presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso;
V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir o
contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou
estrangeiros:
I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização
criminosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.
§ 2º (Revogado).
§ 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação criminosa ou milícia
privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar
diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal.
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso:
I - continua apresentando alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem ou da
sociedade;
II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também
o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a
superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.
§ 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta segurança
interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros
de sua organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais.
§ 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e,
com autorização judicial, fiscalizada por agente penitenciário.
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita de que
trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado,
com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos.
2. PROGRESSÃO DE REGIME
2.1. REQUISITOS:
Os requisitos para a progressão de regimes podem ser divididos em objetivos e subjetivos. Os primeiros
(objetivos) foram sensivelmente alterados pelo Pacote Anticrime, que criou uma variedade de lapsos
temporais a serem observados antes da permissão do benefício:
(Lei 7.210/84) Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos:
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem violência à
pessoa ou grave ameaça;
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça;
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à
pessoa ou grave ameaça;
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou
grave ameaça;
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado,
se for primário;
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o
livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática
de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
equiparado;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime hediondo ou equiparado com
resultado morte, vedado o livramento condicional.
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se ostentar boa conduta carcerária,
comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.
§ 2º A decisão do juiz que determinar a progressão de regime será sempre motivada e precedida de manifestação
do Ministério Público e do defensor, procedimento que também será adotado na concessão de livramento
condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
Além das regras a respeito da prisão domiciliar, a Lei 13.769/18 promoveu alterações em dispositivos da Lei
de Execução Penal, dentre eles, com relação à condenada mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência:
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
requisitos para progressão de regime são, cumulativamente:
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º
deste artigo.
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado, para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas previsto
no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
§ 6º O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade interrompe o prazo para a
obtenção da progressão no regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito
objetivo terá como base a pena remanescente.
- Súmula vinculante 26, STF: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.
- Súmula 439, STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão
motivada.
3. REMIÇÃO
A remição de pena, ou seja, o direito do condenado de abreviar o tempo imposto em sua sentença penal, pode ocorrer
mediante trabalho, estudo e pela leitura, conforme disciplinado pela Recomendação n. 44/2013 do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ).
A remição por meio do trabalho está prevista na Lei de Execução Penal, garantindo um dia de pena a menos
a cada 3 (três) dias de trabalho. A remição pelo trabalho é um direito de quem cumpre a pena em regime
fechado ou semiaberto.
Em maio de 2015, a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pacificou o entendimento de que o
trabalho externo pode ser contado para remir a pena de condenados à prisão, e não apenas o trabalho
exercido dentro do ambiente carcerário.
De acordo com a legislação em vigor, o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto
pode remir um dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – divididas, no mínimo, em 3 (três)
dias –, caracterizada por atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, superior, ou
ainda de requalificação profissional.
3.3. REMIÇÃO POR LEITURA
De acordo com a Recomendação n. 44 do CNJ, o preso deve ter o prazo de 22 a 30 dias para a leitura de uma
obra, apresentando ao final do período uma resenha a respeito do assunto, que deverá ser avaliada pela
comissão organizadora do projeto.
Cada obra lida possibilita a remição de 4 (quatro) dias de pena, com o limite de doze obras por ano, ou seja,
no máximo 48 dias de remição por leitura a cada doze meses.
CRIMES HEDIONDOS
O Brasil adota o critério legal para a definição dos crimes hediondos, conforme disciplina o artigo 5º, inciso
XLIII, da Constituição Federal, e o artigo 1º da Lei nº 8.072/1990 traz o rol taxativo dos crimes que são
considerados hediondos, sejam eles tentados ou consumados:
(Lei 8.072/90) Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, §
3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição;
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de
uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, §
3º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º);
VII-A – (VETADO)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
(art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e §1º-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-
A).
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003;
1. INFRAÇÃO PENAL
Crime = Delito
- Essas espécies, no entanto, não guardam entre si distinções de natureza ontológica (do ser), mas apenas
axiológica (de valor).
(LICP) Art 1º Considera-se crime a infração (LICP) Art 1º Considera-se crime a infração
penal que a lei comina pena de reclusão ou penal que a lei comina pena de reclusão ou
de detenção, quer isoladamente, quer de detenção, quer isoladamente, quer
alternativa ou cumulativamente com a pena alternativa ou cumulativamente com a pena
de multa; contravenção, a infração penal a de multa; contravenção, a infração penal a
que a lei comina, isoladamente, pena de que a lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas. prisão simples ou de multa, ou ambas.
alternativa ou cumulativamente. alternativa ou cumulativamente.
(CP) Art. 75 - O tempo de cumprimento das (LCP) Art. 10. A duração da pena de prisão
penas privativas de liberdade não pode ser simples não pode, em caso algum, ser
superior a 40 (quarenta) anos. superior a cinco anos, nem a importância
das multas ultrapassar cinquenta contos.
Pena de tentativa
(CP) Art. 100 - A ação penal é pública, salvo (LCP) Art. 17. A ação penal é pública,
quando a lei expressamente a declara devendo a autoridade proceder de ofício.
privativa do ofendido.
(CP) Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, (LCP) Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à
embora cometidos no estrangeiro: contravenção praticada no território
nacional.
I - os crimes:
II - os crimes:
(CP) Art. 313. Nos termos do art. 312 deste NÃO é admitida a decretação da prisão
Código, será admitida a decretação da prisão preventiva nem de prisão temporária.
preventiva:
(CP) Art. 77 - A execução da pena privativa (LCP) Art. 11. Desde que reunidas as
de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, condições legais, o juiz pode suspender por
poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 tempo não inferior a um ano nem superior
(quatro) anos, desde que:
a três, a execução da pena de prisão simples,
I - o condenado não seja reincidente em bem como conceder livramento condicional.
crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunstâncias
autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a
substituição prevista no art. 44 deste
Código.