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DIREITO PENAL

PARTE GERAL
TURMA 2020
• PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E ANTERIORIDADE PENAL;

- FUNDAMENTOS NORMATIVOS;
O princípio da legalidade possui como fundamento normativo os seguintes dispositivos legais
(nacionais e internacionais):

- ART. 5 º, II DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em


virtude de lei;

- ART. 5 º, XXXIX DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;

- ART. 1 º DO CÓDIGO PENAL;

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

- ART. 7 º DA CONVENÇÃO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E LIBERDADES


FUNDAMENTAIS;

Ninguém pode ser condenado por uma acção ou uma omissão que, no momento
em que foi cometida, não constituía infracção, segundo o direito nacional ou
internacional. Igualmente não pode ser imposta uma pena mais grave do que a
aplicável no momento em que a infracção foi cometida.
- ART. 9 º DA CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (PACTO SAN JOSÉ DA
COSTA RICA);

Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que
forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável.
Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da
perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a
imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso beneficiado.

- ART. 22 DO ESTATUTO DE ROMA;

Nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável, nos termos do


presente Estatuto, a menos que a sua conduta constitua, no momento em que tiver
lugar, um crime da competência do Tribunal.

- CONCEITO DE LEGALIDADE;

O principio da legalidade se trata de real


limitação ao poder estatal de interferir
na esfera das liberdades individuais.
Assim, trata-se de proteção das esferas individuais, justificando sua presença na Constituição
Federal e em Tratados Internacionais de Direitos Humanos.

ATENÇÃO: O principio da legalidade consiste na soma dos


princípios da reserva legal e anterioridade penal.

LEGALIDADE = RESERVA LEGAL (não há crime


sem lei) + ANTERIORIDADE (não há crime sem
lei anterior que o defina).
- FUNDAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE;

- FUNDAMENTO POLÍTICO;

vincula o Poder Executivo e o Poder Judiciário a leis


O principio da legalidade
formuladas de forma abstrata, impedindo o poder punitivo arbitrário.

- FUNDAMENTO DEMOCRÁTICO;

representa o respeito ao principio da divisão de


O principio da legalidade
poderes, pois compete ao parlamento (Poder Legislativo), a missão de
elaborar leis.

- FUNDAMENTO JURÍDICO;

deve ser exercido através de lei prévia e clara que


O principio da legalidade
produza efeito intimidatório.

- PREVISÃO LEGAL;

Art. 1º CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

CUIDADO: O termo “crime”


abrange as Contravenções Penais, devendo ser
interpretado como infração penal.

CUIDADO: O termo “pena”abrange medida de segurança, devendo ser


interpretado como sanção penal.
ATENÇÃO: O art. 3 º do Código Penal Militar anuncia a reserva legal,
mas não observa a anterioridade no caso de medida de segurança. Por
essa razão, entende a doutrina majoritária que a parte final do
respectivo dispositivo legal não foi recepcionada pela Constituição
Federal, uma vez que viola o principio da legalidade (reserva legal +
anterioridade).
Note:

Art. 3º- CPM - As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da
sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.

- DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE;

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

o principio da legalidade consiste na soma do


ATENÇÃO: Como já dissemos,
principio da reserva legal e o principio da anterioridade.
Note no consiste cada um dos referidos princípios:

- PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL;

“NÃO HÁ CRIME SEM LEI”.

No que tange o termo “LEI”, não se trata de qualquer espécie normativa (lei em
sentido amplo), mas tão somente lei em sentido estrito (lei ordinária ou lei
complementar).

Assim, somente lei em sentido estrito (lei ordinária ou lei complementar),


poderá criar crimes e cominar penas.
OBS: Desta forma, MEDIDA PROVISÓRIA não poderá criar crime ou cominar pena.

CUIDADO: Segundo o STF, poderá medida provisória versar sobre


direito penal NÃO INCRIMINADOR, entendido este como aquele que
não tipifica conduta (cria crime) ou que comine pena (estabeleça pena).
Ex: Medida Provisória 417-08 (medida provisória que impedia a tipificação do delito de posse
de arma de fogo durante determinado período).

CUIDADO: No que se refere às RESOLUÇÕES (CNJ, CNMP, TSE etc.), não


se tratando de leis em sentido estrito (lei ordinária ou lei
complementar), não podem criar crimes ou cominar penas.

Assim, as menções referentes as condutas criminosas indicadas nas


resoluções do TSE são meras reproduções de tipos penais previamente
tipificados por lei.

CUIDADO: A referida LEI, para efeitos de respeito do principio da


legalidade deve ser:

-ESCRITA;

Trata-se da vedação do costume incriminador.

CUIDADO: Apesar dos costumes não poderem criar crimes ou cominar penas, o mesmo possui
aplicação no direito penal, servindo para auxiliar na interpretação das normas penais.

EX: Art. 155 do CP:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o


repouso noturno.
Note que o conceito de repouso noturno dependerá dos costumes da referida
localidade onde se praticou o delito (costume local).

Por outro lado, segundo o STF, os costumes não podem revogar


infrações penais, mesmo que a sociedade não considere a conduta
como at que contrarie interesse social, uma vez que somente lei pode
revogar lei.

- LEI CERTA;

Trata-se do principio da taxatividade (determinação), ou seja, exige-se clareza


dos tipos penais (tipos penais de fácil entendimento).

EX: Cesar Roberto Bitencourt defende que o art. 288-A do CP viola o principio da taxatividade.
Note:

Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização


paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código.

- LEI NECESSÁRIA;

Trata-se de desdobramento do principio da intervenção mínima.


O princípio da intervenção mínima consiste em que o Estado de direito utilize a
lei penal como seu último recurso (ultima ratio), havendo extrema necessidade,
para as resoluções quando são afetados os bens jurídicos mais importantes em
questão.

- PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE;

“NÃO HÁ CRIME SEM LEI ANTERIOR QUE O DEFINA, NEM PENA SEM PRÉVIA
COMINAÇÃO LEGAL”.
OBS: Trata-sede proibição da retroatividade maléfica da lei penal, pois a
retroatividade benéfica é direito fundamental do cidadão.
Segundo o referido principio, em regra, a lei penal somente poderá ser aplicada
em face daqueles que praticaram a conduta delitiva após a vigência da norma
regulamentadora, ou seja, não poderá a lei ser aplicada aos fatos ocorridos
antes de sua existência (vigência).

- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE COMO VETOR BASILAR DO GARANTISMO


PENAL;

ATENÇÃO: Entende-se por garantismo a corrente doutrinária que defende o mínimo


poder do Estado em face das máximas garantias do cidadão.

- PRINCIPIO DA LEGALIDADE (FORMAL X MATERIAL);

Entende-se por legalidade formal o respeito ao devido processo legislativo.


OBS: Nesse caso, sendo respeitado o devido processo legislativo, a lei será VIGENTE.

Entende-se por legalidade material quando o conteúdo do tipo penal


respeitar direitos e garantias do cidadão.

OBS: Nesse caso, sendo respeitados os direitos e garantias do cidadão, a lei será VÁLIDA.

CUIDADO: Assim, para que possamos afirmar que há respeito ao


principio da legalidade, se faz necessário a observância em seu
aspecto formal e material.
EX: Lei de Crimes Hediondos X Regime Integralmente Fechado = Norma vigente,
porém inválida.
QUESTÕES DE CONCURSO

INSTITUTO CIDADES – DEFENSOR PÚBLICO

Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código Penal) é


correto afirmar:

A) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por


um fato que a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da
anterioridade compreende-se que alguém somente responderá por crime
devidamente previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano
anteriormente à prática da conduta;
B) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de
lei anterior à prática de uma determinada conduta para que esta possa ser
considerada como crime;
C) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de lei
para que uma conduta seja considerada crime;
D) são incompativeis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias
diversas;
E) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de
determinada conduta como criminosa independentemente de definição
por lei em sentido estrito.

CESPE – AUXILIAR JUDICIÁRIO – 2018

Segundo o princípio da legalidade, no ordenamento jurídico brasileiro


determinada conduta só será considerada crime caso seja publicada lei posterior
definindo-a como tal.

CERTO

ERRADO
FUMARC – DELEGADO DE POLICIA MG – 2018

O princípio da legalidade, do qual decorre a reserva legal, veda o uso dos


costumes e da analogia para criar tipos penais incriminadores ou agravar as
infrações existentes, embora permita a interpretação analógica da norma pe-nal.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 B – 2 E – 3 C

- LEI PENAL COMPLETA X LEI PENAL INCOMPLETA;

- LEI PENAL COMPLETA;

dispensa complemento valorativo (realizado pelo


Trata-se da lei penal que
juiz) ou normativo (realizado por outra norma).
Ex: Art. 121 do CP (“matar alguém”).

- LEI PENAL INCOMPLETA;

depende de complemento valorativo (realizado


Trata-se da norma penal que
pelo juiz diante do caso em concreto), ou de complemento normativo
(realizado por outra norma).
ATENÇÃO: São espécies de lei penal incompleta:

- TIPO PENAL ABERTO;

ATENÇÃO: Quando a norma penal depender de complemento


valorativo (realizado pelo juiz diante do caso concreto), estaremos
diante do denominado de TIPO ABERTO.
EX: Homicídio culposo, pois nesse caso, o juiz, analisando o caso concreto, decidirá se o
comportamento em análise violou ou não o dever objetivo de cuidado (elemento dos delitos
culposos).

- NORMA PENAL EM BRANCO;

quando a norma penal depender de complemento


ATENÇÃO: Por outro lado,
normativo (realizado por outra norma), estaremos diante da
denominada NORMA PENAL EM BRANCO.
Entende-se por norma penal em branco a espécie de lei penal incompleta que depende de
complemento normativo, ou seja, de complemento realizado por outra norma.

CUIDADO: A norma penal em branco é classificada em:

- NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA (PRÓPRIA OU EM SENTIDO


ESTRITO);

o complemento normativo não emana do legislativo, mas


Nesse caso,
sim de fonte normativa diversa.

a LEI PENAL é complementada por outra espécie


Em outras palavras,
normativa que não seja LEI.
Ex: LEI PENAL (LEI DE DROGAS) --------- COMPLEMENTADA -------- PORTARIA N. 344-98 (MIN.
SÁUDE).

- NORMA PENAL EM BRANCO HOMOGÊNEA (IMPRÓPRIA OU EM SENTIDO


AMPLO);

o complemento normativo emana do legislador, ou seja, a


Nesse caso,
LEI PENAL é complementada por outra LEI.

A LEI complementadora poderá ser PENAL ou


CUIDADO:

EXTRAPENAL.
Se a LEI penal é complementada por outra LEI PENAL, será denominada de
NORMA PENAL EM BRANCO HOMOGÊNEA HOMÓLOGA (HOMOVITELINA).
EX: Peculato (art. 312 do CP) – A expressão “funcionário público” é esclarecida
(complementada) pelo art. 327 do CP (LEI PENAL COMPLEMENTADORA).

se a LEI PENAL é complementada por outra LEI


Por outro lado,
EXTRAPENAL, será denominada de NORMA PENAL HOMOGÊNEA
HETERÓLOGA (HETEROVITELINA).
EX: Ocultação de impedimento para casamento (art. 237 do CP) – A expressão “impedimento”
está prevista no Código Civil (LEI EXTRAPENAL).

- NORMA PENAL EM BRANCO AO QUADRADO (RAIZ QUADRADA DA NORMA


PENAL EM BRANCO);

Nesse caso, a
LEI PENAL é complementada por outra norma que também
depende de complementação por norma distinta.

LEI PENAL --- COMPLEMENTADA---- OUTRA NORMA ----- COMPLEMENTADA---- POR OUTRA
NORMA.
- NORMA PENAL EM BRANCO AO REVÉS (NORMA PENAL EM BRANCO AO
AVESSO);

o complemento exigido se refere a sanção penal (preceito


Nesse caso,
secundária da norma), e não ao conteúdo proibitivo (preceito
primário).
Ex: Art. 1 º da Lei 2.889-56 (Genocídio). Note:

Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo


nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: (Vide Lei nº 7.960, de 1989)

a) matar membros do grupo;

b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;

c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de


ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;

d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;

e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;

Será punido:

Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;

Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;

Com as penas do art. 270, no caso da letra c;

Com as penas do art. 125, no caso da letra d;

Com as penas do art. 148, no caso da letra e;

Note que a complementação recai sobre a sanção penal, e não em


face da conduta delitiva.
CUIDADO:Na norma penal em branco ao revés, sabendo que o
complemento da mesma recai em face da pena, a mesmo somente
poderá ser HOMOGÊNEA (complemento realizado por LEI), uma vez
que, segundo o princípio da reserva legal, SOMENTE LEI PODERÁ COMINAR
PENA, não havendo a possibilidade de utilização de outra espécie normativa
senão a LEI em sentido estrito, a exemplo das portarias.

- NORMA PENAL EM BRANCO X INSTÂNCIA FEDERATIVAS DIVERSAS;

A lei penal em branco pode ser complementada por normas ou atos


administrativos emanados de outras instâncias federativas (Poder
Executivo ou Legislativo Federal, Estadual ou Municipal).
Ex: Art. 63 da Lei de Crimes Ambientais. Note:

Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente


protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso,
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade
competente ou em desacordo com a concedida:

Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

a lei ou ato administrativo criado para proteger a edificação


Nesse caso,
poderá ser municipal ou estadual.
QUESTÕES DE CONCURSO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2018

A norma penal em branco própria recebe tal denominação por seu complemento
ser extraído de norma de igual status, por exemplo, outra Lei Federal, tal qual a
editada para criar o tipo incriminador.

CERTO

ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2015

A norma penal em branco própria homovitelina é aquela em que a norma


incompleta e seu necessário complemento estão contidos na mesma estrutura
legislativa.

CERTO

ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA

As normas penais em branco são aquelas em que há uma necessidade de


complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu
preceito secundário.

CERTO

ERRADO
MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA

A Doutrina denomina de normas penais em branco heterogêneas, próprias


ou stricto sensu, aquelas cujos complementos provêm de fonte legislativa diversa
da que editou a norma que necessita ser complementada, ilustrando, como
exemplo, o crime de conhecimento prévio de impedimento, posto que os
impedimentos matrimoniais são definidos por meio de diploma legal distinto,
qual seja o Código Civil.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 E – 4 E

• PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL;

- PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA;

O Direito Penal é norteado pelo principio da intervenção mínima, apresentando-


se como subsidiário e fragmentário (características da intervenção mínima).

O Direito Penal somente deve ser aplicado quando necessário, de


modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais
esferas de controle, ou seja os demais ramos do direito (caráter
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário).
o princípio da insignificância é desdobramento
ATENÇÃO: Assim,

lógico (decorre) da fragmentariedade (característica do


principio da intervenção mínima).

INTERVENÇÃO MÍNIMA = DIR. PENAL SUBSIDIÁRIO + DIR. PENAL FRAGMENTÁRIO

- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA;

Trata-se de principio limitador do Direito Penal, tratando-se de causa de


atipicidade material.
Desta forma, sendo formalmente típica a conduta (tipicidade formal), e relevante a lesão
causada (tipicidade material), aplica-se a norma penal, ao passo que, havendo somente a
subsunção legal (conduta prevista na norma como típica – tipicidade formal),
desacompanhada da tipicidade material (conduta que lesa bem jurídico de forma
relevante), deve ser ela afastada, pois que estará o fato atingido pela atipicidade
material.

- REQUISITOS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA;

CUIDADO: De acordo com os Tribunais Superiores (STF e STJ), o principio da insignificância


deve observar determinados requisitos, ou seja somente ocorrerá sua incidência (aplicação
ao caso concreto), se respeitados as seguintes condições cumulativas:

- AUSÊNCIA DE PERICULOSIDADE SOCIAL DA AÇÃO;

OBS: Prevalece nos Tribunais Superiores ser incabível o principio da insignificância


em face de reincidentes, portadores de maus antecedentes ou criminosos habituais.
OBS: Há julgados em que o STF somente afasta a aplicação do principio da insignificância, em
decorrência da reincidência, se a mesma recair em face de delitos que protejam o mesmo
bem jurídico.

- REDUZIDO GRAU DE REPROVABILIDADE DO COMPORTAMENTO;

OBS: Entende a jurisprudência a possibilidade da incidência do principio da


insignificância diate do delito de furto simples, desde que preenchido os demais
requisitos, porém há julgados não aplicando o referido principio diante do delito de
furto qualificado, uma vez que a incidência da qualificadora demonstra maior grau
de reprovabilidade da conduta.

- MÍNIMA OFENSIVIDADE DA CONDUTA DO AGENTE;

ATENÇÃO: Por esta razão os Tribunais Superiores não admitem a incidência do


principio da insignificância diante de crime patrimonial praticado mediante
violência ou grave ameaça.

- INEXPRESSIVIDADE DA LESÃO JURÍDICA CAUSADA;

ATENÇÃO: Segundo o STF e o STJ, para efeitos de aplicação do principio da


insignificância, deve-se considerar a capacidade econômica da vítima.

OBS: O STJ firmou entendimento de que, nos crimes contra o patrimônio, para
efeitos de aplicação do principio da insignificância, o valor da lesão patrimonial
causada não poderá ultrapassar 10% do salário mínimo.

- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA X DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS;

Parte da doutrina não admite a incidência do principio da insignificância


diante de delitos que violam bens jurídicos coletivos ou difusos.
os Tribunais Superiores não se entendem, ora vedando a
Por outro lado,
aplicação do principio, ora permitindo sua incidência. Note:
OBS: O STF e o STJ negam o reconhecimento do principio da insignificância
diante dos delitos de ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO, MOEDA FALSA,
POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO, TRÁFICO DE DROGAS e
TRÁFICO DE ARMAS, uma vez que estes delitos tutelam, diga-se, protegem,
bens jurídicos coletivos ou difusos.

OBS: Por outro lado, o STF vem admitindo a incidência do principio da


insignificância aos crimes contra a Administração Pública praticados por
funcionário público, APESAR O STJ NÃO ADMITIR ESSA
POSSIBILIDADE.
Note o teor da Súmula 599 do STJ:

“O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a


Administração Pública”.

OBS: No que tange os crimes contra a Administração Pública praticados por


particulares, tanto o STF como o STJ entendem ser, em determinados casos,
possível a incidência do principio da insignificância.
EX: CRIME DE DESCAMINHO, desde que o valor sonegado não ultrapasse o montante de
R$20.000,00 (vinte mil reais).

OBS: Note que, quem determina o referido valor, diga-se, R$20.000,00 (vinte mil)
reais, para efeitos de aplicação do princípio da insignificância diante do delito de
descaminho é o STF, sendo o mesmo valor adotado pelo STJ atualmente, situação
esta que não ocorria a tempos atrás, uma vez que o STJ fixava como valor máximo
para aplicação do referido principio ao delito descaminho, o montante de
R$10.000,00 dez mil) reais.

OBS: Os Tribunais Superiores vem admitindo a aplicação do principio da


insignificância diante de crimes ambientais.
OBS: Os Tribunais Superiores não reconhecem a incidência do principio
em estudo em face dos crimes praticados no contexto de violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Note o teor da Súmula 589 do STJ:

É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções


penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

OBS: Segundo o STJ, é perfeitamente possível a aplicação do principio da


insignificância em face das condutas regidas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (ato infracional).

- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (BAGATELA PRÓPRIA) X PRINCÍPIO DA BAGATELA


IMPRÓPRIA;

CUIDADO: O principio da insignificância também é denominado de


principio da bagatela (própria). Note que a bagatela possui duas
espécies:

- BAGATELA PRÓPRIA (PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA);

O principio da bagatela própria é expressão sinônima do principio da insignificância,


possuindo as seguintes características:

- Os fatos já nascem irrelevantes para o Direito Penal;

- Consiste em causa de atipicidade material;

Ex: Subtração de caneta “bic”.


- BAGATELA IMPRÓPRIA;

CUIDADO: Note as características da bagatela imprópria, que por sua natureza,


a diverge da bagatela própria:

- Os fatos nascem relevantes para o Direito Penal, mas a pena se mostra


desnecessária;

- Nesse caso a conduta é típica, ilícita e culpável, porém ocorre falta de


interesse de punir.

Ex: Homicídio culposo quando as consequências do fato tornar desnecessária


aplicação da sanção penal (perdão judicial).

- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA X PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL;

Não confunda o principio da insignificância com o principio da


CUIDADO:
adequação social.
O principio da adequação social preconiza que não se pode reputar criminosa uma
conduta tolerada pela sociedade, ainda que se enquadre em uma descrição
típica.

Assim, apesardo fato possuir tipicidade formal (conduta prevista na lei


como infração penal), não será a mesma considerada típica se for
socialmente aceitável (adequada), uma vez que o principio da
adequação social consiste em causa supralegal de atipicidade
material, assim como o principio da insignificância.

CUIDADO: O principio em estudo possui duas funções:

- Orientar o legislador para que não tipifique condutas que a sociedade


considera adequada;

- Limitar a incidência da norma penal incriminadora em face das condutas


taxadas como aceitáveis pela sociedade.
EX: Mãe que fura a orelha da filha recém nascida.

CUIDADO: O principio da adequação social NÃO PODE SER UTILIZADO


PARA REVOGAR CRIMES, uma vez que lei somente pode ser revogada
por outra lei.
Na verdade, a aplicação do principio da adequação social não revoga o tipo penal,
mesmo que este seja aceitado pela sociedade, mas tão somente afasta a
tipicidade material da CONDUTA realizada diante do caso em concreto.
Ex: Mãe que fura a orelha da filha recém nascida = conduta que caracteriza o delito de lesao
corporal (tipicidade formal) - aceitada pela sociedade (principio da adequação social) afastando
a tipicidade material da conduta (sendo que o tipo penal permanece vigente).

Note o teor da súmula 502 do STJ:

“Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime


previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs
piratas.”

QUESTÕES DE CONCURSO

VUNESP – JUIZ DE DIREITO – 2018

“Pode-se afirmar que constitui verdadeira barreira ao abuso da intervenção


punitiva do Estado, evitando-se o exagero da utilização desmedida do Direito
Penal como agente solucionador de conflitos e panaceia de todos os males.
Busca restringir o âmbito de atuação do Direito Penal às situações realmente
relevantes, em que a ação do Estado seja necessária e outros ramos do Direito
não sejam capazes de dar solução adequada ao conflito.” Tal assertiva
relaciona-se com o Princípio da:
A) Lesividade.
B) Legalidade.
C) Culpabilidade.
D) Intervenção mínima.

CESPE – JUIZ DE DIREITO

Segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça, INAPLICÁVEL o


princípio da insignificância às contravenções penais praticadas contra a mulher no
âmbito das relações domésticas e aos crimes contra a Administração pública.

CERTO

ERRADO

VUNESP – PROCURADOR – 2019

De acordo com Súmula do Superior Tribunal de Justiça, o princípio da


insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.

CERTO

ERRADO

CESPE – JUIZ DE DIREITO – 2019

O princípio da adequação social serve de parâmetro ao legislador, que deve


buscar afastar a tipificação criminal de condutas consideradas socialmente
adequadas.

CERTO

ERRADO
GABARITO: 1 D – 2 CERTO - 3 CERTO - 4 CERTO

- PRINCÍPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO


FATO;

Segundo o referido princípio o


Estado somente pode incriminar condutas
humanas voluntárias, isto é FATOS.
Assim, veda-se com isso o Direito Penal do autor (punição do indivíduo baseada
em seus pensamentos, desejos e estilo de vida). Deste modo, podemos
constatar que o Direito Penal brasileiro é do fato e não do autor.

Note o teor do art. 2 º do Código Penal:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória.

OBS: Note que o dispositivo legal supramencionado utiliza a expressão “ fato”,


assim, a
incriminação penal recai sobre os fatos (direito penal dos fatos), e não
em face das características pessoais do agente (direito penal do autor).
CUIDADO: O ordenamento penal brasileiro, de forma legítima, adotou o Direito
mas que considera circunstâncias relacionadas ao
Penal do fato,
autor, especificamente quando da análise da pena.
Desta forma, no momento daTIPIFICAÇÃO da conduta como criminosa o Direito
Penal tipifica o fato (conduta taxada como infração penal), por outro lado,
no momento da condenação a mesma recai sobre o fato, sem
ignorar condições pessoais do agente, tais como a reincidência, maus
antecedentes, conduta social entre outros.
Em suma, no momento da tipificação da conduta (previsão da conduta como infração penal)
deve-se levar em conta apenas o fato (direito penal dos fatos), porém, no momento da
condenação (dosimetria da pena) deve-se levar em consideração não apenas as
circunstâncias do fato, mas também as condições pessoais do autor, visando respeitar o
princípio da individualização da pena.

- PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE (LESIVIDADE);

Segundo determina o princípio em estudo, exige-se


que do fato praticado ocorra
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.

Assim, nãoexiste punição penal se não ocorrer lesão ou ao menos perigo


de lesão ao bem jurídico tutelado.

Em decorrência do principio em estudo, se faz necessário analisar a seguinte


classificação:

- CRIME DE DANO;

Exige-se, para efeitos de configuração do delito, efetiva lesão ao bem jurídico


tutelado.
- CRIME DE PERIGO;

Nesse caso, diferentemente do que ocorre nos crimes de dano, basta que ocorra o
RISCO de lesão ao bem jurídico tutelado, não sendo necessária a
efetiva lesão em face do mesmo.

CUIDADO: O risco (situação de perigo) possui duas espécies. Note:

- CRIME DE PERIGO ABSTRATO;

Entende-se por crime de perigo abstrato quando o delito, para efeitos de


configuração, exigir mero risco de lesão que se encontra presumido por lei, ou
seja o risco advindo da conduta é absolutamente presumido por lei,
bastando a demonstração da conduta, uma vez que o risco decorrente
dela se encontra presumido (dispensa efetiva comprovação do risco) .
Ex: Porte de arma de fogo desmuniciada e Embriaguez ao volante.

- CRIME DE PERIGO CONCRETO;

exige-se que o risco


Nesse caso, para efeitos de configuração do infração penal,
decorrente da conduta seja efetivamente demonstrado.
Ex: Dirigir sem habilitação (CTB – art. 309).

Note:

Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão
para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando
perigo de dano:

Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.


- PRINCIPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
(PESSOALIDADE);

Conforme preceitua o principio em análise,


proibi-se a sanção penal pelo fato
praticado por outrem (vedação da responsabilidade coletiva).
Note o que dispõe a Constituição Federal acerca do tema:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de


reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

Em decorrência disso, o Ministério Público é proibido de oferecer denúncia genérica


(vaga ou evasiva), tratando-se da obrigatoriedade da individualização
da acusação, devendo o mesmo individualizar os comportamentos de cada agente na
denúncia.

CUIDADO: Porém,nos crimes societários (delitos cuja responsabilização


recaia em face dos sócios e diretores de determinada pessoa jurídica),
muitas vezes é impossível, na fase de denúncia, conseguir individualizar
as condutas praticadas por cada um dos sócios ou diretores, e diante
destes casos, os Tribunais Superiores permitem o oferecimento de
denúncia genérica.

Além da individualização da acusação, se faz necessário que ocorra


individualização da pena, por parte do magistrado, tratando-se de
mandamento constitucional (princípio da individualização da pena).
Note:

Art. 5 - XLVI – C.F- A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre


outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA;

Segundo o princípio da responsabilidade subjetiva, não basta que o fato seja


materialmente praticado pelo agente, ficando sua responsabilidade
condicionada a existência da voluntariedade (dolo ou culpa do agente).

Assim,proibi-se, em regra, a responsabilidade penal objetiva


(responsabilização penal sem conduta dolosa ou culposa).
Porém, segunda a doutrina majoritária, excepcionalmente ocorrerá a
responsabilidade penal objetiva, a exemplo da responsabilidade penal da
pessoa jurídica diante de crimes ambientais.

- PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE;

Trata-se de regra limitadora do Direito Penal.

Consiste na exigência de que o Estado somente pode impor sanção penal ao


AGENTE IMPUTÁVEL (pessoa penalmente capaz), com POTENCIAL
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE (possibilidade de conhecer o caráter ilícito
de sua conduta) quando EXIGÍVEL CONDUTA DIVERSA (constatação que
o agente poderia ter agido de outra forma).
Assim, podemos constatar que o principio da culpabilidade consiste na análise dos elementos
da culpabilidade (elemento do crime).
QUESTÕES DE CONCURSO

MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

Segundo Nilo Batista, pode-se admitir como principais funções do princípio da


lesividade, exceto:

A) Proibir a incriminação de uma atitude interna.


B) Proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio
autor.
C) Proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais.
D) Proibir a incriminação de condutas que possam ser tuteladas de forma
eficaz por outros ramos do Direito.

CESPE – JUIZ DE DIREITO – 2019

O princípio da ofensividade, segundo o qual não há crime sem lesão efetiva ou


concreta ao bem jurídico tutelado, não permite que o ordenamento jurídico
preveja crimes de perigo abstrato.

CERTO

ERRADO

CESPE – DELEGADO DE POLÍCIA – 2019

Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às


garantias constitucionais.

O princípio da individualização da pena determina que nenhuma pena passará da


pessoa do condenado, razão pela qual as sanções relativas à restrição de
liberdade não alcançarão parentes do autor do delito.
CERTO

ERRADO

CESPE – DELEGADO DE POLICIA FEDERAL – 2018

A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas
para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para
venda em determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi
surpreendido por policiais, que apreenderam a mercadoria e o conduziram
coercitivamente até a delegacia.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que se


revoga o tipo penal incriminador em razão de se tratar de comportamento
socialmente aceito.

CERTO

ERRADO

CESPE – JUIZ DE DIREITO – 2018

O princípio da responsabilidade pessoal impede que os familiares do condenado


sofram os efeitos da condenação de ressarcimento de dano causado pela prática
do crime.

CERTO

ERRADO
CESPE – JUIZ DE DIREITO – 2018

A posse de um único projétil de arma de fogo de uso permitido não configura


crime se o agente não possuir arma que possa ser municiada, de acordo com o
princípio da ofensividade.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 D – 2 E – 3 E – 4 E – 5 E – 6 E

- PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO


CULPABILIDADE);

- PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA X CONVENÇÃO AMERICANA DE


DIREITOS HUMANOS (PACTO SAN JOSÉ DA COSTA RICA);

Note o que determina o art. 8 da Convenção Americana dos Direitos Humanos:

“Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa
tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas”:
se refere ao termo “presunção de
OBS: Note que o diploma internacional
inocência”, tratando-se assim do principio da presunção de inocência.

- PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA X CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988;

Note o que dispõe o art. 5 LVII da Constituição Federal:


LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;

OBS: Diferentemente do que ocorre na Convenção Americana de


Direitos Humanos, a CF se refere ao termo “culpado” (principio da não
culpabilidade) e não “inocente” (principio da presunção de inocência).

A Constituição Federal adotou o principio da


Assim, pergunta-se:
inocência ou o principio da não culpabilidade?

o principio adotado pela


ATENÇÃO: Temos doutrina lesionando que

CF é o da “presunção de não culpabilidade”, mais coerente


com o sistema de prisão provisória dotado no ordenamento jurídico pátrio, uma
vez que, se adotássemos o principio da presunção de inocência não poderíamos
permitir as prisões provisórias (prisão temporária e prisão preventiva).

OBS: Assim, para essa corrente doutrinária, uma coisa é a presunção de inocência,
outra, é a presunção de não culpa, uma vez que, a impossibilidade de considerar
o agente culpado antes do trânsito em julgado de sentença condenatória não faz
com que o sujeito seja considerado inocente.

CUIDADO: Apesar da discussão doutrinária, entende o STF que os referidos princípios

(presunção de inocência e principio da não culpabilidade) são termos


sinônimos, uma vez que o principio da presunção de inocência possui
carater dinâmico, ou seja, conforme o andamento da persecução penal, o
sujeito passa da presunção de inocência para a presunção de não culpabilidade.
OBS: Para Renato Brasileiro e Nestor Távora, essa discussão não leva a lugar algum.
Desta forma, para efeitos de prova objetiva, os referidos princípios
são sinônimos.

- DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (NÃO


CULPABILIDADE);

Decorrem do principio da presunção de inocência as seguintes regras:

- Qualquer restrição a liberdade somente se admite após


a condenação definitiva, sendo a prisão provisória cabível
quando IMPRESCINDÍVEL, se preenchidos os seus requistos
legais;
- Compete à acusação demonstrar a responsabilidade do
réu, e não a este provar a sua inocência;
- A condenação deve derivar da certeza do julgador, pois
havendo dúvida aplica-se o princípio do in dúbio pró réu
(na dúvida favoreça o réu).
OBS: Note que o principio do in dúbio pró réu decorre do principio da
presunção de inocência.

- EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA X PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA


(NÃO CULPABILIDADE);

No julgamento do HC 126.292-SP, o STF, modificando orientação antes firmada,


considerou possível o início da execução da pena após a condenação
em segunda instância, mesmo que o agente possa interpor Recurso
Especial perante o STJ, ou Recurso Extraordinário perante o STF, alegando
para tanto:
- O agente teve plena oportunidade de se defender por meio do devido processo
legal desde a primeira instância;

- A condenação em segunda instância faz como que se exaure (acaba) a


possibilidade de se discutir o FATO e a PROVA, sendo que o Recurso
Especial e Extraordinário somente analisam matéria de DIREITO, e
não os fatos e provas contidas nos autos;

- O principio da presunção de inocência não pode ser utilizado para obstar,


indefinidamente, a execução da pena;

- A coisa julgada ocorre com o esgotamento da análise


fática (fato) e probatória (prova), que por sua vez ocorre
com a sentença de segunda instância, e não com o
esgotamento das vias recursais;
- Impedir a execução da pena após a condenação em segunda instância gera a
descrença social no sistema penal, fomenta o elitismo e
incentiva a apresentação de recursos protelatórios (visam
“enrolar” o andamento do processo).

CUIDADO: É dispensável (não é necessário), a convergência das duas


instâncias, ou seja, ainda que tenha havido absolvição em primeira
instância o provimento da apelação interposta pelo Ministério Público
(condenação em segunda instância), AUTORIZA a execução provisória
da pena.
ATENÇÃO: A execução provisória da pena engloba a pena privativa de liberdade,
restritiva de direito e multa.

ATENÇÃO: Segundo o STF, admite-se a execução provisória da pena após a


condenação no Tribunal do Júri (conselho de sentença – jurados), pois, nesse
caso, a condenação decorre de decisão colegiada.
OBS: Rogério Sanches Cunha discorda desse posicionamento, uma vez que, não houve
esgotamento de análise fática e probatória, sendo possível a interposição de recurso de
apelação por decisão manifestamente contrária às provas dos autos, podendo o Tribunal
anular o referido julgamento analisando as provas contidas nos autos.

- PRINCIPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA X APLICAÇÃO DE BENEFÍCIOS


PREVISTOS NA LEP ANTES DO TRANSITO EM JULGADO;

Note o teor da súmula 716 do STF:

"Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação


imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em
julgado da sentença condenatória."

Assim,nada impede que benefícios sejam aplicados ao réu antes do


transito em julgado de sentença penal condenatória.

- NOVO ENTENDIMENTO DO STF ACERCA DO


TEMA:

ATENÇÃO: RECENTEMENTE O STF, POR MAIORIA


DE VOTOS (6X5), VOLTOU AO ENTENDIMENTO
ANTERIOR, QUAL SEJA, A IMPOSSIBILIDADE QUE
SE EXECUTASSE A PENA ANTES DO TRÂNSITO EM
JULGADO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA E
ESTABELECEU A POSSIBILIDADE DE
ENCARCERAMENTO APENAS SE VERIFICADA A
NECESSIDADE DE QUE ISSO OCORRESSE POR MEIO
DE PRISÃO CAUTELAR (PRISÃO PREVENTIVA).

- PRINCÍPIO DA ALTERIDADE;

o Direito Penal não


O princípio da alteridade surge a partir do pressuposto de que
interfere em condutas que, mesmo sendo consideradas inaceitáveis
pela sociedade, não lesionam o bem jurídico de outros, não
ultrapassando os efeitos da conduta a disponibilidade do próprio
agente, ofendendo, assim, exclusivamente o seu próprio bem
jurídico.
EX: Tatuagem X Lesão corporal.

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS – 2019

Aplicado no direito penal brasileiro, o princípio da alteridade

A) determina que o juiz analise as especificidades do fato e do autor do fato


durante o processo dosimétrico.
B) assevera que a pena não passará da pessoa do condenado.
C) afasta a tipicidade material de fatos criminosos, ao definir que não haverá
crime sem ofensa significativa ao bem tutelado.
D) reconhece que o direito penal deve abarcar o máximo de bens possíveis
para promover a paz.
E) assinala que, para haver crime, a conduta humana deve colocar em risco ou
lesar bens de terceiros, e é proibida a incriminação de atitudes que não
excedam o âmbito do próprio autor.

FGV – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2018

O princípio da presunção de inocência não é considerado violado com a aplicação


dos benefícios previstos na Lei de Execução Penal ao réu preso diante de
condenação em primeira instância com aplicação de pena privativa de liberdade,
ainda que pendente o trânsito em julgado;

CERTO

ERRADO

FUNDATEC – ANALISTA TÉCNICO – 2018

A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 5º, inciso LVII, assim dispõe:
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”. Em relação ao referido princípio e direito constitucional, analise as
seguintes assertivas:

Tal princípio pode ser chamado de princípio da inocência, de não culpabilidade e


do estado de inocência, sendo tais expressões sinônimas.

CERTO

ERRADO
FUNDATEC – ANALISTA TÉCNICO – 2018

A Constituição Federal, transcreve da mesma forma o referido princípio, tal como


estabelecido na Convenção Americana sobre Direitos Humanos ou Pacto de San
Jose da Costa Rica.

CERTO

ERRADO

FUNDATEC – ANALISTA TÉCNICO – 2018

Considerando a jurisprudência atualizada do Supremo Tribunal Federal, pode-se


dizer que em nome do referido princípio não se pode permitir a execução
provisória da pena.

CERTO

ERRADO

FUNDATEC – ANALISTA TÉCNICO – 2018

De acordo com a presunção da inocência, é possível afirmar que ao réu não


incumbe o ônus de provar a sua inocência.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 C – 4 E – 5 C – 6 C
• EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO;

- TEMPO DO CRIME (MOMENTO EM QUE SE PRATICADO O CRIME);

Três teorias definem o momento em que se considera praticado o crime. Note:

- TEORIA DA ATIVIDADE;

considera-se praticado o crime no


De acordo com a teoria da atividade,
momento da conduta (ação ou omissão), mesmo que outro seja o
momento do resultado.

Essa é a teoria adotada pelo Código Penal em


ATENÇÃO:

relação ao tempo do crime.

Note o teor do art. 4 º do Código Penal:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

os requisitos (elementos) do
CUIDADO: Em decorrência da adoção da referida teoria,
crime, diga-se, FATO TÍPICO, ILICITUDE e CULPABILIDADE, devem ser
analisados no momento da conduta e não no momento do resultado
(princípio da congruência, coincidência ou simultaneidade).
EX: Se “A”, jovem de 17 (dezessete) anos de idade, atira em “B” para matá-lo, porém a vítima
morre dias após, momento este em que “A” já havia completado 18 (dezoito) anos, deverá o
sujeito ativo responder pelo homicídio no âmbito do Estatuto da Criança e do Adolescente (ato
infracional), uma vez que no momento da conduta o agente era menor de idade (inimputável),
independentemente do momento do resultado, ou seja, pouco importando se na data do
resultado (morte) o jovem já havia completado 18 anos de idade (imputável).

em regra, leva-se em
ATENÇÃO: Além disso, em decorrência da teoria da atividade,
consideração o momento da conduta (ação ou omissão) para fixar a
lei vigente ao caso concreto, salvo se lei posterior for benéfica ao réu
(retroatividade da lei penal benéfica).
EX: “A” atira em “B” para matá-lo. No momento da ação restava em vigor a Lei “X”, porém “B”
somente veio a óbito dias após o fato, momento este em que a Lei “X” já havia sido revogada
pela Lei “Y”. Nessa situação, em decorrência do principio da atividade, leva-se em conta a lei
que estava em vigor no momento da ação (Lei “X”), e não a lei em vigor no momento do
resultado morte (Lei “Y”), salvo se esta for benéfica ao réu, situação em que ocorrerá o
fenômeno da retroatividade da lei penal benéfica.

- TEORIA DO RESULTADO;

considera-se praticado o crime no momento em que ocorra o


Nesse caso,
resultado, mesmo que outro seja o momento da conduta.

ATENÇÃO: Essa não é a teoria adotada pelo Código Penal.

- UBIQUIDADE (MISTA);

Nesse caso, considera-se


praticado o crime no momento da conduta (ação
ou omissão), assim como no momento do resultado.

ATENÇÃO: Essa não é a teoria adotada pelo Código Penal.


- SUCESSÃO DA LEI PENAL NO TEMPO (IRRETROATIVIDADE,
RETROATIVIDADE E ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL);

aplica-se, em
Como decorrência do princípio da legalidade (reserva legal e anterioridade),
regra, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso
(“tempus regit actum”).

OBS: Excepcionalmente, será permitida a retroatividade da lei penal


(aplicação da lei penal para os fatos ocorridos antes de sua vigência), DESDE
QUE BENEFICIE O RÉU.

Assim, é perfeitamente possível que a lei penal se movimente no tempo, fenômeno


esse denominado de EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL.

- IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL (REGRA GERAL);

a lei penal não retroage (irretroatividade), ou seja não será


Em regra,
aplicada aos fatos cometidos antes de sua vigência, alcançando apenas
as condutas realizadas a partir de sua entrada em vigor
(IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL).
Ocorre que, apesar da regra (irretroatividade), poderá a lei penal ser aplicada aos
fatos anteriores a sua vigência, desde que isso, de alguma forma, beneficie o réu
(RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA).

Note o que dispõe o art. 5 º, XL da Constituição Federal:

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

OBS: A retroatividade benéfica consiste em direito fundamental do individuo.


- EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL;

Como já dissemos, a
extra-atividade da lei penal consiste na possibilidade da
lei penal se movimentar no tempo, seja quando a mesma é aplicada para
fatos que ocorreram antes da sua existência (retroatividade), seja quando,
mesmo estando revogada, é aplicada a fatos que ocorreram durante sua
vigência (ultratividade).

Desta forma, a extra-atividade da lei penal (movimentação da lei penal no tempo),


poderá ocorrer de duas formas (espécies de extra-atividade penal):

- RETROATIVIDADE DA LEI PENAL;

lei retroage (volta no tempo), sendo aplicada


Na retroatividade da lei penal a
aos fatos pretéritos (anteriores a sua vigência).
CUIDADO: Lembre-se, a retroatividade da lei penal é exceção, somente podendo ocorrer
quando esse fenômeno beneficiar o réu.

EX: LEI “A” -----REVOGADA ------ LEI “B” (norma + benéfica ao réu)

Sendo a conduta de “A” praticada no momento em que vigorava a Lei “A”, porém,
posteriormente entra em vigor a Lei “B” (mais benéfica ao réu), vindo a revogando a Lei “A”,
deverá a Lei “B” ser aplicada ao caso concreto, uma vez que, mesmo não existindo (vigente) na
época dos fatos, é mais benéfica ao agente, ocorrendo o fenômeno da retroatividade da lei
penal benéfica.

- ULTRATIVIDADE;
Nesse caso, a Lei “A”, mesmo se encontrando revogada pela Lei “B”, é aplicada aos fatos
durante sua vigência, uma vez que a lei nova (Lei “B”) é prejudicial ao réu.
EX: LEI A ------ REVOGADA -------- LEI B (norma prejudicial ao réu)

Sendo a conduta realizada durante a vigência da Lei “A”, porém esta se encontra revogada no
momento da aplicação da lei penal, uma vez que no momento vigora a Lei “B”, que é prejudicial
ao agente. Nessa situação hipotética, deverá ser aplicada ao caso concreto a Lei “A”, uma vez
que a Lei “B” não poderá retroagir (ser aplicada ao fato que ocorreu antes de sua vigência), já
que a mesma é prejudicial ao réu.

Assim, a ultratividade impede a retroatividade da lei penal prejudicial.

CONTINUA ...

QUESTÕES DE CONCURSO

FGV – MINISTÉRIO PÚBLICO – 2018

Julia, nascida em 22 de maio de 2000, não mais aguentando o comportamento de


sua prima, Renata, que constantemente a vinha ofendendo, resolve por fim
àquele comportamento. Para isso, no dia 21 de maio de 2018, pega, sem que
ninguém perceba, as chaves do carro de seu pai que estava estacionado na
garagem e, enquanto a prima, de 18 anos, consertava a bicicleta, também na
garagem, dá ré com o veículo e atropela Renata, que é imediatamente
encaminhada ao hospital pelos tios. Em virtude de lesões internas sofridas,
Renata vem a falecer em 25 de maio de 2018. Em procedimento administrativo
para apurar os fatos, Julia, acompanhada de advogado, confessa sua intenção de
matar, apesar de se declarar atualmente arrependida. Concluído o procedimento,
os autos são encaminhados ao Promotor de Justiça com atribuição
exclusivamente criminal.
Com base nas informações expostas, o Promotor de Justiça Criminal, em relação
ao resultado morte, deverá:

A) reconhecer que a atribuição é da Promotoria da Infância e Juventude


infracional, pois o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
momento do crime;

B) reconhecer que a atribuição é da Promotoria da Infância e Juventude


infracional, pois o Código Penal adota a teoria da Atividade para definir o
momento do crime;
C)
oferecer denúncia em face de Julia, pois o Código Penal adota a Teoria da
Ubiquidade para definir o momento do crime;

D) oferecer denúncia em face de Julia, pois o Código Penal adota a Teoria do


Resultado para definir o momento do crime;

E) oferecer denúncia em face de Julia, pois o Código Penal adota a Teoria da


Atividade para definir o momento do crime.

IDIB – GUARDA CIVIL – 2019

Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, ainda


que outro seja o local do resultado.

CERTO

ERRADO
INSTITUTO ACESSO – DELEGADO DE POLÍCIA – 2019

“Chamamos de extra-atividade a capacidade que tem a lei penal de se


movimentar no tempo regulando fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo
depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações
ocorridas anteriormente à sua vigência”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal:
parte geral. vol. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.159). Segundo esse
autor a extra-atividade é gênero do qual seriam espécies a ultra-atividade e a
retroatividade.

A lei penal possui ultra-atividade, nos casos em que, mesmo após sua revogação
por lei mais gravosa, continua sendo válida em relação aos efeitos penais mais
brandos da lei que era vigente no momento da prática delitiva.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 B – 2 E – 3 C

- APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO X CASO CONCRETO;

- 1º SITUAÇÃO: SUCESSÃO DE LEI INCRIMINADORA (“NOVATIO


LEGIS” INCRIMINADORA);

Trata-se de lei
nova que criminaliza (tipifica) conduta anteriormente não
criminalizada (atípica).
Note:

TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR PRINC. APLICÁVEL


FATO ATÍPICO FATO TÍPICO IRRETROATIVIDADE
(ART. 1º do CP).

aplica-se o princípio da
ATENÇÃO: Diante da sucessão de lei incriminadora,
legalidade, que no caso concreto, faz com que ocorra o fenômeno da
IRRETROATIVIDADE da lei penal.
Observe:

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

EX:

LEI Nº. 12.550-11

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI DEPOIS DA VIGÊNCIA DA LEI

COLA ELETRÔNICA era FATO ATÍPICO (não COLA ELETRÔNICA configura o delito do art.
configurava crime), conforme entendia o STF 311-A do Código Penal:
e o STJ.
Note:

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar,


indevidamente, com o fim de beneficiar a
si ou a outrem, ou de comprometer a
credibilidade do certame, conteúdo
sigiloso de:

I - concurso público;
II - avaliação ou exame públicos;

III - processo seletivo para ingresso


no ensino superior; ou

IV - exame ou processo seletivo


previstos em lei:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4


(quatro) anos, e multa.

- 2º SITUAÇÃO: “NOVATIO LEGIS IN PEJUS” – “LEX GRAVIOR”;


Trata-se de lei nova que de qualquer modo prejudica o réu.

aplica-se o principio da legalidade, que no caso concreto,


Nesse caso,
gera o fenômeno da IRRETROATIVIDADE da lei penal.
EX:

LEI Nº. 13.228-15

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI DEPOIS DA VIGÊNCIA DA LEI

O estelionato contra idoso configurava o art. O estelionato contra idoso configura o art.
171 do Código Penal (modalidade simples de 171 do Código Penal, aplicando a pena em
estelionato). dobro (causa de aumento de pena), nos
termos do § 4o.
Note:
Note:

o
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, § 4 Aplica-se a pena em dobro se o
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo crime for cometido contra idoso.
ou mantendo alguém em erro, mediante
artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco
anos, e multa, de quinhentos mil réis a
dez contos de réis.

tratando-se de lei nova que apresenta condições


OBS: Dessa forma,
DESFAVORÁVEIS (prejudiciais) ao réu, a mesma não retroagirá, sendo
aplicado ao caso concreto o fenômeno da IRRETROATIVIDADE da lei
penal.

- “NOVATIO LEGIS IN PEJUS X CONTINUIDADE DELITIVA (CRIME CONTINUADO);

CUIDADO: Primeiramente, se faz necessário tecer alguns comentários acerca da


CONTINUIDADE DELITIVA (CRIME CONTINUADO).

Entende-se por crime continuado (continuidade delitiva)


quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie, e pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro (artigo 71 do
CP).

Na hipótese de reconhecimento da continuidade delitiva o juiz deve aplicar a


pena de um dos crimes se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Note:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Diante disso, imagine a seguinte situação:
“A” praticou 6 (seis) estelionatos contra idoso. Porém, em decorrência das condições de lugar,
tempo e modo de execução, foi reconhecido pelo magistrado a continuidade delitiva (crime
continuado), devendo assim o agente responder POR UM ÚNICO estelionato com causa de
aumento de pena.

os três primeiros estelionatos praticados contra idoso


Ocorre que,
ocorreram antes de vigência da Lei n. 13.228-15 (lei que acrescentou
causa de aumento de pena diante do estelionato contra idoso), e os
demais ocorreram após a entrada em vigor da referida lei.
Diante dessa situação, pergunta-se: Se diante do reconhecimento do crime continuado apenas
um dos delitos será considerado para efeitos de pena (pois os demais são entendidos como
continuação do primeiro), será considerado o estelionato praticado na vigência da
lei benéfica (sem causa de aumento de pena), ou o delito praticado na vigência
da lei prejudicial (com causa de aumento de pena)?

ATENÇÃO: Note o teor da súmula 711 do STF:


A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

diante de crime continuado e crime permanente, aplica-se a lei


Assim,
vigente antes do término do crime, MESMO QUE PREJUDICIAL AO
RÉU.

- 3º SITUAÇÃO: “ABOLITIO CRIMINIS” (ABOLIÇÃO DO CRIME);


revogação de um tipo penal pela superveniência de lei
Trata-se da
descriminalizadora.
Note:

TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR PRINCÍPIO APLICÁVEL

FATO TÍPICO SUPRESSÃO DA FUGURA RETROATIVIDADE DA LEI


CRIMINOSA (CONDUTA PENAL.
DEIXA DE SER
(ART. 2º, caput, do Código
CONSIDERADO CRIME).
Penal).

Diante da “abolitio criminis”, aplica-se ao caso concreto o teor do art. 2º, caput do
CP. Note:

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
EX:

LEI N. 11.106-05

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI DEPOIS DA VIGÊNCIA DA LEI

A conduta de ADULTÉRIO constituía crime A conduta de ADULTÉRIO deixou de ser


previsto no art. 240 do CP. crime, tornando-se conduta atípica.

ATENÇÃO: Segundo o Código Penal, a “abolitio criminis” possui natureza jurídica de


CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE, conforme determina o art. 107 do Código Penal.
Note:

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;


III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como
criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de


ação privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

CUIDADO: São consequências da “abolitio criminis”:

- CESSAÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA;

OBS: Diante da “abolitio criminis”, cessama execução da pena, MESMO QUE SE


TRATE DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM
JULGADO, uma vez que a lei abolicionista não respeita a coisa julgada.

- CESSAÇÃO DOS EFEITOS PENAIS DA PENA;

cessem os efeitos PENAIS da


ATENÇÃO: Note que o dispositivo legal estabelece que
sentença condenatória, devendo permanecer os efeitos civis da
condenação.
EX:

REINCIDÊNCIA – EFEITO PENAL – CESSA

REPARAÇÃO DO DANO – EFEITO CIVIL DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA


– PERMANECE
- 4º SITUAÇÃO: “NOVATIO LEGIS IN MELLIUS” – “LEX MITIOR”;
Trata-se da lei que de qualquer modo favorece o réu.
Note:

TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR PRINC. APLICÁVEL

FATO TÍPICO DIMINUIÇÃO DE PENA RETROATIVIDADE (ART.


2º, P.ÚNICO DO CP).

EX:

LEI N. 13.654-18

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI DEPOIS DA VIGÊNCIA DA LEI

O delito de roubo com emprego de arma A majorante (causa de aumento de


branca configurava causa de aumento pena) da arma branca foi revogada,
de pena de (1/3 a 1/2). servindo, agora, como mera
circunstância desfavorável, considerada
na fase de dosimetria (cálculo) da pena.

Note o que dispõe o art. 2º, p. único do Código Penal:


Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.

OBS: Trata-se da aplicação do princípio da retroatividade da lei penal


benéfica.
ATENÇÃO: Note quea lei favorável deverá ser aplicada ao caso concreto
mesmo que o agente esteja cumprindo pena (execução da pena),
ainda que se trate de decisão condenatória transitada em julgado.

estando o condenado cumprindo pena


CUIDADO: Após o trânsito em julgado,
(execução da pena), competirá ao JUIZO DA EXECUÇÃO PENAL aplicar a
lei favorável ao réu SE A APLICAÇÃO DA NOVA LEI EXIGIR MERA
APLICAÇÃO MATEMÁTICA, pois se a aplicação da lei favorável ao réu
EXIGIR JUÍZO DE VALOR (ANÁLISE DE CIRCUNSTÂNCIAS), DEVERÁ A
NOVA LEI SER APLICADA PELO TRIBUNAL ATRAVÉS DE REVISÃO
CRIMINAL.

Lei “A” (lei benéfica ao réu) cria causa de diminuição de


EX (1):
pena para o delito de roubo quando o bem subtraído não
ultrapassar o valor de 1 (um) salário mínimo.
Nesse caso, não se faz necessária análise aprofundada sobre o tema, devendo o magistrado
apenas realizar aplicação matemática. Assim, diante do referido caso concreto, competirá ao
JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL aplicar a lei nova ao caso concreto.

Lei “A” (lei benéfica) cria causa de diminuição de pena no


EX (2):
delito de roubo quando houver pequeno prejuízo para a vítima.
Nesse caso, a aplicação da lei nova exige juízo de valor (análise de circunstâncias), uma vez que
o magistrado deverá verificar a situação econômica da vitima para verificar, diante do caso
concreto, se o prejuízo que lhe foi causado é ou não de pequeno valor. Assim, diante do
referido caso concreto, deverá aplicação da lei nova ser realizada pelo TRIBUNAL COMPETENTE,
VIA REVISÃO CRIMINAL.

Note o teor da súmula 611 do STF:


“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a
aplicação de lei mais benigna”.
CUIDADO: Segundo o STJ, NÃO é possível a aplicação de lei benéfica ao réu
durante o período de “vacatio legis”, pois a lei durante a mesma não
possui eficácia jurídica e social.

Entende-se por “vacatio legis” o período que decorre entre o dia da


publicação de uma lei e o dia em que ela entra em vigor, ou seja, que
tem seu cumprimento obrigatório.

CUIDADO: Segundo o STF, não admite-se a combinação de leis penais para


beneficar o réu (“Lex tertia”), uma vez que, se fosse possível, estaria o
magistrado criando uma terceira lei (atividade legislativa), situação esta
que viola o principio da separação dos poderes e o principio da
legalidade.
EX:

MOMENTO DA CONDUTA MOMENTO DA SENTENÇA


LEI “A” LEI “B”

- PENA: 2 A 4 ANOS; PENA: 1 – 3 ANOS

- MULTA: 100 DIAS-MULTA. - MULTA: 1000 DIAS-MULTA.

ATENÇÃO: Observe que no exemplo acima a lei


nova, em parte, é benéfica ao réu
(pena privativa de liberdade menor), porém, em outra parte é
prejudicial (multa maior).
Diante dessa situação, NÃO PODERÁ O MAGISTRADO APLICAR AS PARCELAS
FAVORÁVEIS DAS LEIS AO CASO CONCRETO, uma vez que nessa situação, estaria
o magistrado criando uma terceira lei.
deverá o magistrado aplicar integralmente a lei que entender
Assim,
mais favorável ao réu, analisando as suas circunstâncias pessoais e o
caso concreto, podendo até mesmo consultar o defensor do acusado
diante de dúvida.
Note o teor da súmula 501 do STJ:

"É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da


incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis."

QUESTÕES DE CONCURSO

FGV – MINISTÉRIO PÚBLICO – 2018

Jorge cumpre pena em razão de condenação definitiva pela prática de


determinado crime. Na mesma unidade prisional, mas em outra ala, Antônio
encontra-se preso preventivamente em virtude de ação penal, sem sentença, pela
suposta prática de delito idêntico ao de Jorge.

Em determinada data, Jorge e Antônio descobrem que entrou em vigor nova lei
penal reduzindo a sanção penal em abstrato prevista para o delito imputado a
ambos, inclusive sendo a pena máxima atual inferior àquela aplicada na sentença
de Jorge.

Considerando as informações narradas, a inovação legislativa:

A) não poderá beneficiar Jorge, tendo em vista que já houve trânsito em


julgado da sentença condenatória, mas poderá ser aplicada a Antônio por
ser mais favorável;
B) poderá ser aplicada a Antônio, pois se aplica à lei penal o princípio
do tempus regit actum, independentemente de a norma ser favorável ou
desfavorável ao réu;
C) não poderá beneficiar Jorge e Antônio, tendo em vista que não estava em
vigor na data dos fatos, aplicando-se o princípio do tempus regit actum;
D) poderá beneficiar Jorge e Antônio, pois, em sendo mais favorável, deverá
retroagir para atingir situações pretéritas, ainda que já amparadas pela
coisa julgada;
E) não poderá beneficiar Jorge e Antônio, tendo em vista que não
ocorreu abolitio criminis, mas tão só alteração da sanção penal aplicável.

IESES – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS – 2019

Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela os efeitos penais da sentença condenatória, salvo se já
transitada em julgado.

CERTO

ERRADO

FUNDEP – PROCURADOR – 2019

A novatio legis incriminadora, como norma irretroativa, é a lei que não existia no
momento da prática da conduta e que passa a considerar como delito a ação ou
omissão realizada.

CERTO

ERRADO
FUNDEP – PROCURADOR – 2019

Depois do trânsito em julgado da condenação, se a aplicação da lei penal mais


benéfica depender de mera operação matemática, o juiz da execução da pena é
competente para aplicá-la. Por outro lado, se for necessário juízo de valor para
aplicação da lei penal mais favorável, o interessado deverá ajuizar revisão criminal
para desconstituir o trânsito em julgado e aplicar a lei nova.

CERTO

ERRADO

FUNDEP – PROCURADOR – 2019

Segundo entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal, a lei penal mais


leve aplica-se ao crime continuado ou ao permanente, se a sua vigência for
anterior à cessação da continuidade ou da permanência, haja vista que tal
interpretação mais benéfica ao acusado privilegia o princípio constitucional de
presunção de inocência.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 D – 2 E – 3 C – 4 C – 5 E
- 5º SITUAÇÃO – PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA;
lei posterior que revoga apenas o aspecto formal do tipo
Trata-se de
penal, sendo a conduta migrada para outro tipo penal existente
(aspecto material), passando assim a integrar o referido tipo.
Nesse caso, diferentemente da “abolitio criminis”, a intenção do legislador não é
descriminalizar a conduta (conduta deixar de ser crime), mas tão somente fazer
com que a mesma passe a compor outro tipo penal.
Note:

TEMPO DO CRIME LEI POSTERIOR PRINCÍPIO APLICÁVEL


FATO TÍPICO MIGRA O CONTEÚDO PRINCÍPIO DA
CRIMINOSO PARA OUTRO CONTINUIDADE
TIPO PENAL (CRIME). NORMATIVO-TÍPICA.

Assim, não
confunda “abolitio criminis” com o princípio da continuidade
normativo-típica. Note as diferenças:
“ABOLITIO CRIMINIS” CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA

SUPRESSÃO DA FIGURA CRIMINOSA (ASPECTO SUPRESSÃO FORMAL DO TIPO PENAL,


FORMAL E MATERIAL). PERMANECENDO SEU ASPECTO MATERIAL
(CONTEÚDO), PORÉM EM OUTRO TIPO
PENAL.

A CONDUTA NÃO SERÁ MAIS PUNIDA, POIS O A CONDUTA PERMANECE PUNÍVEL, HAVENDO
FATO DEIXAR SER PUNÍVEL (CAUSA EXTINTIVA APENAS A MIGRAÇÃO (TRANSFERÊNCIA) DE
DE PUNIBILIDADE). SEU CONTEÚDO PARA OUTRO TIPO PENAL.

A INTENÇÃO DO LEGISLADOR É NÃO MAIS A INTENÇÃO DO LEGISLADOR É MANTER O


CONSIDERAR O FATO CRIMINOSO. CARÁTER CRIMINOSO DA CONDUTA, MAS
COM OUTRA ROUPAGEM (EM OUTRO TIPO
PENAL).
EX:

LEI Nº 12.015-09

ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI DEPOIS DA VIGÊNCIA DA LEI


ART. 213 do CP – ESTUPRO ART. 213 do CP - ESTUPRO

(CONSTRANGIMENTO REFERENTE A (CONSTRANGIMENTO REFERENTE À


CONJUNÇÃO CARNAL – PÊNIS X VAGINA) CONJUNÇÃO CARNAL OU OUTRO ATO
LIBIDINOSO).

ART. 214 do CP – ATENTADO VIOLENTO AO O ART. 214 DO CP FOI REVOGADO (ASPECTO


PUDOR FORMAL), SENDO O SEU CONTÉUDO
(ASPECTO MATERIAL), MIGRADO
(CONSTRANGIMENTO REFERENTE A OUTROS (TRANFERIDO) PARA O TIPO PENAL DO ART.
ATOS LIBIDINOSOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO 213 (ESTUPRO).
CARNAL).
ASSIM, A CONDUTA CONFIGURADORA DO
EX: SEXO ORAL, ANAL ENTRE OUTROS. DELITO DE ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR
PASSOU A CONFIGURAR O DELITO DE
ESTUPRO.

ATENÇÃO: O princípio da continuidade normativo-típica poderá gerar a


irretroatividade da lei penal ou a retroatividade da mesma, a depender
se, diante do caso concreto, a migração do conteúdo do tipo revogado
gerou benefício ou não para o réu.

Assim,se diante do caso concreto, a migração do tipo gerou beneficio


ao réu, aplica-se o princípio da retroatividade da lei penal (aplicação
da lei penal aos fatos praticados antes de sua vigência), uma vez que a
retroatividade, nesse caso, gerou benefício ao réu.
Por outro lado, se diante do caso concreto for constatado que a migração do tipo
penal gera prejuízo ao réu, aplicar-se-à o princípio da irretroatividade da lei
penal (lei posterior que prejudique o réu não poderá ser aplicada aos fatos
ocorridos antes de sua vigência).
OBS: No caso narrado, qual seja, continuidade normativo-típica em face do delito de atentado
violento ao pudor que passou a integrar o delito de estupro, não há que se analisar a
irretroatividade ou retroatividade da lei penal, uma vez que ambos os tipos penais possuíam a
mesma pena.

- LEI EXCEPCIONAL E LEI TEMPORÁRIA X LEI PENAL NO TEMPO;


Note o teor do art. 3º do Código Penal:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua


duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.

OBS: Entende-se por Lei Temporária (lei temporária em sentido estrito),


aquela que “nasce” para durar (vigência) por tempo determinado, ou seja, em seu
texto já é estabelecido o período de sua duração (vigência).
EX:

LEI N. 12.663-12 (LEI DA COPA)

Note o teor do art. 36 da referida lei temporária:

Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão


vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.

Lei Excepcional (também denominada pela doutrina


OBS: Entende-se por
de lei temporária em sentido amplo), aquela que “nasce” para atender
situações de emergência, a exemplo de guerras, calamidades e epidemias.
A lei excepcional perdura (vigência), enquanto presentes as situações de
emergência que acarretaram sua criação, perdendo sua eficácia quando finda a
referida situação emergencial.
EX: LEI “A” VIGENTE ATÉ PERDURAR O PERÍODO DE GUERRA.

CUIDADO: A Lei Temporária e a Lei Excepcional possuem duas características


próprias.
Note:

- AUTORREVOGABILIDADE;

Trata-se de leis autorrevogáveis (“leis intermitentes”), ou seja, serão


revogadas assim que encerrado o prazo fixado de sua vigência (lei temporária),
ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional).
CUIDADO: Note que as referidas leis (temporária e excepcional), diferentemente das demais,
não será revogada por outra lei, pois sua revogação ocorre de forma
automática.

- ULTRATIVIDADE MALÉFICA;

Trata-se de leis ultrativas, ou seja, alcançam (são aplicadas) aos fatos praticados
no período de sua vigência, ainda que já se encontrem revogadas.
ATENÇÃO: Trata-se de hipótese excepcional de ultratividade maléfica.

EX:

LEI N 12.663-13 (LEI DA COPA)

Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer


Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.


Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de
dezembro de 2014.

Desta forma, em
decorrência da norma penal prevista no art. 3º do Código
Penal, aquele que praticou o fato previsto na Lei da Copa (lei
temporária), durante sua vigência, responderá pelo referido delito,
MESMO QUE A APLICACAO DA LEI OCORRA APÓS O ENCERRAMENTO
DE SUA VIGÊNCIA.
OBS: A doutrina observa que, por serem de curta duração, se não tivessem a característica da
ultratividade maléfica, perderiam sua força intimidativa.

CUIDADO: Parte da doutrina (minoritária), defende a tese de que o art. 3º


do Código Penal (lei temporária e excepcional) é de duvidosa
constitucionalidade, posto que a exceção à irretroatividade legal, previsto na
Constituição Federal, não admite exceções, possuindo caráter absoluto. Assim, a extra-
atividade da lei penal (retroatividade e ultratividade) deve ser sempre benéfica ao réu.

Porém,entende a doutrina majoritária que o art. 3º do C.P não viola o


princípio da irretroatividade da lei penal prejudicial, uma vez que não
existe sucessão de leis penais (não existe lei revogadora), já que a
revogação da lei temporária e excepcional ocorrem de forma
automática.
Em suma, não existe lei nova para retroagir, uma vez que a revogação das mesmas ocorre
automaticamente, não havendo revogação por lei posterior.
QUESTÕES DE CONCURSO

VUNESP – FISCAL DE RECEITAS – 2019

A lei excepcional ou temporária não se aplica ao fato praticado durante sua


vigência.

CERTO

ERRADO

FUNDEP – PROCURADOR – 2019

O princípio da continuidade normativa típica ocorre quando uma norma penal é


revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador,
ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que
topológica ou normativamente diverso do originário.

CERTO

ERRADO

CESPE – JUIZ DE DIREITO – 2019

Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais
previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.

Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é


um exemplo de lei penal

A) excepcional.
B) temporária.
C) corretiva.
D) intermediária.

FUNCAB – PERITO CRIMINAL

A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou


cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante sua vigência, não ocorrendo, nesse caso, a retroatividade de lei mais
favorável.

CERTO

ERRADO

CESPE – DELEGADO DE POLICIA

Por incidência do princípio da continuidade normativo-típica, é correto afirmar


que, no âmbito dos delitos contra a dignidade sexual, as condutas anteriormente
definidas como crime de ato libidinoso continuam a ser punidas pelo direito penal
brasileiro, com a ressalva de que, segundo a atual legislação, a denominação
adequada para tal conduta é a de crime de estupro.

CERTO

ERRADO

CESPE – OFICIAL DE JUSTIÇA

Em relação à aplicação, à interpretação e à integração da lei penal, julgue o item


seguinte.
O instituto da abolitio criminis refere-se à supressão da conduta criminosa nos
aspectos formal e material, enquanto o princípio da continuidade normativo-
típica refere-se apenas à supressão formal.
CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 B – 4 C – 5 C – 6 C

- RETROATIVIDADE DA LEI PENAL NO CASO DE NORMA PENAL EM


BRANCO;

se faz necessário lembrar o conceito e a classificação das


Primeiramente,
normas penais em branco.

Entende-se por norma penal em branco aquela que depende


de complementação normativa para produzir seus efeitos.

ATENÇÃO: A norma penal em branco classifica-se em:


- NORMA PENAL EM BRANCO HOMOGÊNEA;

Trata-se da lei penal em branco que é complementada por outra LEI (penal ou
extrapenal).
Note:

LEI PENAL EM BRANCO -------- COMPLEMENTAÇÃO -------------- LEI (PENAL OU EXTRAPENAL).

- NORMA PENAL EM BRANCO HETEROGÊNEA;

Trata-se da norma penal em branco cuja complementação é realizada por outra


norma de espécie diversa (norma penal que não seja Lei em sentido
estrito).
Note:

LEI PENAL EM BRANCO --------- COMPLEMENTAÇÃO --------- PORTARIA.

ATENÇÃO: O presente estudo visa analisar se ocorrerá a retroatividade


da norma complementadora vigente após a prática do fato.

Segundo o STF, a retroatividade da norma


CUIDADO:

complementadora da lei penal em branco


dependerá da espécie da norma penal em branco.
Note:

- ALTERAÇÃO DE NORMA COMPLEMENTADORA NA NORMA PENAL


EM BRANCO HOMOGÊNEA;

ocorrerá a
Nesse caso, por tratar-se de norma penal em branco homogênea,
retroatividade da norma complementadora se esta for benéfica ao
réu.
EX:

LEI PENAL EM BRANCO ---- COMPLEMENTAÇÃO ------ LEI (PENAL OU EXTRAPENAL)

(ART. 237 do CP) CÓDIGO CIVIL

(IMPEDIMENTO PARA CASAMENTO) (ESTABELECE O ROL DE IMPEDIMENTOS)


ALTERADA POR OUTRA NORMA

COMPLEMENTADORA

(BENÉFICA AO RÉU)

RETROATIVIDADE DA NORMA

COMPLEMENTADORA BENÉFICA

Assim, se “A” se casa, sabendo impedido pelo motivo “X” previsto no Código Civil (Lei
complementadora da Lei penal em branco prevista no art. 237 do CP). Ocorre que meses
depois, o motivo “X” deixa de ser considerado como impedimento para casamento, uma vez
Nesse caso, ocorrerá a retroatividade
que o Código Civil foi alterado pela Lei “Y”.
da norma complementadora posterior aos fatos, já que, tratando-se de
norma penal em branco homogênea, aplica-se a retroatividade de
norma complementadora se benéfica ao réu.

- ALTERAÇÃO DE NORMA COMPLEMENTADORA DE NORMA PENAL


EM BRANCO HETEROGÊNEA;

Havendo alteração da norma complementadora de lei penal em branco heterogênea,


SOMENTE OCORRERÁ A RETROATIVIDADE BENÉFICA quando a nova
norma complementar NÃO POSSUIR CARÁTER DE
EXCEPCIONALIDADE, ou seja, não seja criada para atender situação emergencial.
Note:

LEI PENAL EM BRANCO --------------- COMPLEMENTAÇÃO ----------------- PORTARIA

(LEI DE DROGAS) (DEFINE AS SUBSTÂNCIAS

CONSIDERADAS COMO DROGA)

ALTERAÇÃO DA PORTARIA

RETROATIVIDADE DA NOVA
NORMA COMPLEMENTADORA,

UMA VEZ QUE É BENÉFICA E NÃO

VISA SANAR SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

(EXCEPCIONALIDADE).

EX: “A” é preso vendendo a substância “X”, definida na portaria “1” como substância
entorpecente. Meses após a conduta, a portaria “1” é alterada pela portaria “2”, sendo que
Nesse caso,
esta retira a substancia “X” do rol de substancias classificadas como drogas.
ocorrerá a retroatividade da nova norma complementadora (portaria
“2”), uma vez que é benéfica ao réu e NÃO POSSUI CARÁTER DE
EXCEPCIONALIDADE.
havendo alteração da norma complementadora da
CUIDADO: Por outro lado,
lei penal em branco heterogênea, porém possuindo esta caráter de
excepcionalidade (visa atender determinada situação emergencial),
mesmo que beneficie o réu, não ocorrerá a
retroatividade da mesma.

EX:

LEI PENAL EM BRANCO ------------------ COMPLEMENTADA ------------------ PORTARIA

(CRIME CONTRA A ORDEM ECONÔMICA) (FIXA PREÇO MÁXIMO)

(R$20,00)

PORTARIA ALTERADA

(VISANDO ATENDER SITUAÇÃO

EMERGENCIAL – HIPERINFLAÇÃO)

(R$ 30,00)

IRRETROATIVIDADE DA NORMA

COMPLEMENTADORA BENÉFICA

(CARÁTER EXCEPCIONAL)

EX: “A” vendeu carne pelo valor de R$ 25,00 reais. Na data do fato, estava em vigor a portaria
“1”, estabelecendo preço máximo para venda do referido produto em R$ 20,00 reais. Ocorre
que, meses depois, a referida portaria é alterada pela portaria “2”, alterando o valor para R$
Nesse caso, apesar de benéfica ao réu, não poderá a nova lei
30,00 reais.
complementadora ser aplicada ao réu, uma vez que se trata de norma
penal complementadora de norma penal em branco heterogênea, com
caráter de excepcionalidade.

- RETROATIVIDADE BENÉFICA DE JURISPRUDÊNCIA;

mesmo que benéfica ao réu, não


CUIDADO: Segundo o entendimento majoritário,
haverá retroatividade de jurisprudência (entendimento reiterado dos
magistrados acerca de determinado tema).

Assim, aConstituição Federal e o Código Penal tratam da retroatividade


da LEI benéfica, não se referindo à jurisprudência.
EX:

OUTUBRO - 2001

SÚMULA – 174 do STJ: STJ cancelou a Súmula 174.

“No crime de roubo, a (Arma de fogo não mais


intimidação feita com arma majora a pena de roubo).
de brinquedo autoriza causa
de aumento de pena”.

aqueles condenados com base no entendimento


Assim, nesse caso,
sumulado pelo STJ não terão direito à retroatividade da jurisprudência
atual.
CUIDADO: Segundo Rogério Sanches Cunha, deverá ocorrer a retroatividade de jurisprudência
benéfica se a mesma possuir efeito VINCULANTE, a exemplo das Súmulas

Vinculantes (STF). (POSIÇÃO MINORITÁRIA).

- LEI INTERMEDIÁRIA (INTERMÉDIA);

é aquela que deverá ser aplicada porque


A lei intermediária (ou intermédia)
benéfica ao réu, muito embora não fosse a lei vigente ao tempo do
fato, tampouco seja a lei vigente no momento do julgamento. É possível
possuindo a
notar que a lei penal intermediária é dotada de duplo efeito,

retroatividade em relação ao tempo da ação ou omissão e


ultratividade em relação ao tempo do julgamento.

Note:
QUESTÕES DE CONCURSO
CESPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2018

A lei intermediária pode ter, simultaneamente, dupla extra-atividade, possuindo


características de retroatividade e ultra-atividade.

CERTO

ERRADO

CESPE – PROCURADOR – 2017

De acordo com o CP, com relação à sucessão das leis penais no tempo, não se
aplicam as regras gerais da irretroatividade da lei mais severa, tampouco a
retroatividade da norma mais benigna, bem como não se aplica o preceito da
ultra-atividade à situação caracterizada pela chamada lei penal em branco.

CERTO

ERRADO

FCC – DELEGADO DE POLÍCIA – 2018

A modificação de entendimento reiterado por parte de respectivo Tribunal de


Justiça deverá retroagir se benéfica ao réu.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 E – 3 E
• EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO;

- INTRODUÇÃO;

um fato punível pode, eventualmente, atingir os interesses


Sabendo que
de dois ou mais Estados igualmente soberanos (países), gerando,
nesses casos, um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei penal
no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal brasileira.

- PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO


(PRINCÍPIOS APLICÁVEIS NA SOLUÇÃO DO CONFLITO APARENTE DE
JURISDIÇÃO);

ATENÇÃO: Iremos estudar 6 (seis) princípios, sendo um adotado como


regra pelo ordenamento jurídico brasileiro, e os demais, aplicados
excepcionalmente, permitindo que a lei brasileira ultrapasse os
limites territoriais do Brasil.
Note:

- PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (REGRA);

Segundo o principio da territorialidade, aplica-se a lei penal do local do crime.

Nesse caso, não importa a nacionalidade dos envolvidos ou do bem


jurídico tutelado.
ATENÇÃO: O Brasil adotou como regra o Princípio da Territorialidade, ou seja,
aplica-se a lei brasileira para os crimes cometidos no território nacional.
- PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA (EXCEÇÃO);

aplica-se ao caso concreto a lei penal da nacionalidade do


Nesses casos,
agente (sujeito ativo).
OBS: Assim, não importa o local do crime, tampouco a nacionalidade do ofendido
ou do bem jurídico tutelado, pois a lei penal acompanha o seu cidadão aonde
quer que se encontre.

- PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA (EXCEÇÃO);

aplica-se a lei penal da nacionalidade da vítima, não


Nesse caso,
importando o local do crime, a nacionalidade do agente (sujeito ativo)
ou do bem jurídico tutelado.

- PRINCÍPIO DA DEFESA (REAL);

Nesse caso, aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico lesado.


Assim, não importa o local do crime ou a nacionalidade dos envolvidos (agente e
vítima).

- PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL (JUSTIÇA COSMOPOLITANA);

o agente fica sujeito a lei penal do país em que for


Nesse caso,
encontrado.
Assim, pouco importa o local do crime, a nacionalidade dos envolvidos ou do bem
jurídico lesado.

OBS: O referido princípio se encontra presente em tratados e


convenções internacionais que buscam reprimir delitos graves
transnacionais, a exemplo do tráfico internacional de drogas, pois o Brasil é signatário de
tratado internacional onde se comprometeu a punir a conduta de tráfico internacional, mesmo
que o agente não tenha praticado a conduta no território nacional, desde que se o agente se
encontre no Brasil.

- PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA


SUBSIDIARIEDADE OU DA SUBSTITUIÇÃO);

a lei penal aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e


Nesse caso,
embarcações privadas quando praticados no estrangeiro e no
estrangeiro não sejam julgados (inércia do país estrangeiro).
Assim, a inércia do país estrangeiro em punir o crime praticado no interior de aeronave ou
embarcação privada brasileira que se encontrava em seu território faz nascer,
subsidiariamente, a possibilidade de aplicação da lei brasileira ao caso concreto.

Nesse momento iremos aprofundar o estudo


acerca de cada um dos mencionados princípios.
Note:

- PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (REGRA);

ATENÇÃO: O Brasil adotou, como regra, o Princípio da Territorialidade, ou


seja, aplica-se a lei brasileira para os crimes cometidos no território
nacional.

ATENÇÃO:Ainda que o ordenamento jurídico nacional tenha adotado,


como regra, o principio da territorialidade, aplicando a lei brasileira
para os delitos cometidos no território brasileiro, excepcionalmente (em
casos determinados), adota-se os demais princípios, permitindo diante do caso
concreto, que a lei brasileira seja aplicada em face dos delitos praticados em
território estrangeiro (EXTRATERRITORIALIDADE).
Note o disposto no art . 5 º do Código Penal:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e


regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

ATENÇÃO: Em decorrência do art. 5 º do Código Penal, podemos constatar


que o ordenamento jurídico pátrio adotou a teoria da
TERRITORIALIDADE TEMPERADA, pois é possível, por conta de regras
internacionais, que um crime cometido no Brasil, não sofra as
consequências da lei brasileira.
Assim, para melhor compreensão, se faz necessário demonstrar o conceito e as
diferenças entre os seguintes fenômenos:

- TERRITORIALIDADE;

Previsto no art. 5 º do Código Penal como regra, ocorrerá quando o crime é praticado no
território nacional sendo a este aplicado a lei brasileira.

- EXTRATERRITORIALIDADE;

Previsto no art. 7 º do Código Penal, ocorrerá quando o crime é cometido no estrangeiro,


porém será a este aplicado a lei penal brasileira.

- INTRATERRITORIALIDADE;

Decorrente de tratados e convenções internacionais, ocorrerá quando o crime é cometido no


território nacional, porém será aplicado ao caso concreto a legislação estrangeira.

Ex: Imunidade Diplomática.


CUIDADO: A intraterritorialidade não faz com que o magistrado brasileiro
aplique a lei estrangeira ao caso concreto, mas sim, permite que o
magistrado estrangeiro julgue conforme sua lei, a conduta cometida no
território brasileiro.

- DEFINIÇÃO DE TERRITÓRIO NACIONAL;

o território brasileiro, para efeitos de


O art. 5 º do Código Penal deixa claro que
aplicação do direito penal, não se resume ao espaço geográfico (solo,
subsolo, lagos, rios, mar territorial entre outros), englobando também o
espaço jurídico (por ficção ou equiparação).
Assim, para efeitos penais, considera-se como território nacional o espaco
geográfico e (+) o espaço jurídico (por ficção ou equiparação).
Note:

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional


as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
CUIDADO: Da mesma forma que a legislação brasileira entende que a aeronave ou embarcação
brasileira de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro é extensão do território
nacional, havendo situação contrária, diga-se, aeronave ou embarcação estrangeira de
natureza pública ou a serviço do governo estrangeiro, deverão estas, nesse caso, serem
consideradas extensão do território estrangeiro (principio da reciprocidade).

Note o que dispõe o art. 5 º § 2º do CP:

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas
em porto ou mar territorial do Brasil.

Em suma, tratando-se de embarcação ou aeronave estrangeira de


propriedade privada, estando as mesmas em território nacional, aplicar-
se-à a lei brasileira, porém, tratando-se de embarcações ou aeronaves
estrangeiras de natureza pública ou a serviço de governo estrangeiro,
mesmo que se encontrem em território nacional, não será aplicada a lei
brasileira, mas sim a lei do pais estrangeira.

EM SUMA:
- Tratando-se de AERONAVES OU EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS
DE NATUREZA PÚBLICA OU A SERVIÇO DO GOVERNO
BRASILEIRO, quer se encontre em território nacional ou
estrangeiro, SAÕ CONSIDERADAS PARTE DO TERRITÓRIO
NACIONAL (território por ficção ou equiparação).

- Tratando-se de EMBARCAÇÕES OU AERONAVES DE NATUREZA


PRIVADA, quando em ALTO-MAR ou espaço aéreo
correspondente ao alto-mar, SEGUEM A LEI DA BANDEIRA que
ostentam (embarcação argentina + alto-mar = lei argentina).

- Tratando-se de EMBARCAÇÕES OU AERONAVES BRASILEIRAS


DE NATUREZA PRIVADA em TERRITÓRIO ESTRANGEIRO, aplica-
se a LEI ESTRANGEIRA, pois não são consideradas extensão do
território nacional, uma vez que não possuem natureza pública e
não estão a serviço do governo brasileiro.
- Tratando-se de EMBARCAÇÕES OU AERONAVES
ESTRANGEIRAS DE NATUREZA PÚBLICA OU A SERVIÇO DO
GOVERNO ESTRANGEIRO, em TERRITÓRIO NACIONAL, será
aplicada a LEI ESTRANGEIRA, pois em decorrência do principio fa
reciprocidade, serão consideradas extensão do território
estrangeiro.

- Tratando-se de EMBARCAÇÕES OU AERONAVES


ESTRANGEIRAS DE NATUREZA PRIVADA, em TERRITÓRIO
NACIONAL, aplica-se a lei brasileira (principio da
territorialidade).

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS – 2019

Crime praticado em embarcação de propriedade de governo estrangeiro, quando


se encontrar em mar territorial brasileiro, ficará sujeito à lei penal brasileira.

CERTO

ERRADO

CESPE - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS – 2019

Crime praticado em aeronave brasileira de propriedade privada em território


estrangeiro não se sujeita à lei penal brasileira, mesmo que não seja julgado no
exterior.
CERTO

ERRADO

SELECOM – GUARDA CIVIL – 2019

A aeronave Tropicália é de propriedade da União e está sobrevoando país


estrangeiro quando Joecy, passageiro da aeronave, é acusado de cometer crime
culposo durante o voo. Nesse caso, de acordo com a parte geral do Código Penal,
é correto afirmar:

A) Aplica-se a lei estrangeira do local de sobrevoo.


B) A aeronave é considerada extensão do território nacional brasileiro.
C) A tipificação de crimes culposos não se aplica a sobrevoos.
D) Caberá ao Estado brasileiro decidir qual lei será aplicada.
E) A aplicação da lei cabível dependerá de tratados internacionais.

AOCP – PERITO CRIMINAL – 2019

Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as


embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

CERTO

ERRADO

AOCP – PERITO CRIMINAL – 2019

Em nenhuma situação, a lei brasileira pode ser aplicada aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada.
CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 B – 4 C – 5 E

- EMBAIXADA X EXTENSÃO DO TERRITÓRIO;

ATENÇÃO:As embaixadas não são extensão do território do país a qual


representa, apesar de possuírem inviolabilidade.
Assim, sendo cometido um crime no interior de embaixada estrangeira localizada no Brasil,
deverão as autoridades brasileiras, para adentrarem no local, cumprir procedimentos
burocráticos, apesar de tratar-se de território nacional.

- DIREITO DE PASSAGEM INOCENTE;


Imagine a seguinte situação:

“Navio português, de natureza privada, que sai


de Portugal com destina a Argentina. Durante o
trajeto, a referida embarcação “passa” pelo
mar territorial brasileiro, momento este em que
em seu interior um holandês mata um chinês”.
Diante da situação, pergunta-se:

Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido a bordo de


embarcação privada de passagem pelo mar territorial brasileiro?
Note o teor do art. 5 º, § 2º do Código Penal:

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de


aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas
em porto ou mar territorial do Brasil.

CUIDADO: Apesar do disposto acima, diante de passagem inocente,


aplica-se o disposto no art. 3 º da Lei n. 8.617-93. Note:

Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de


passagem inocente no mar territorial brasileiro.

§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à


paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.

§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas


apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de
navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou
tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em
dificuldade grave.

Desta forma, preenchidosos requisitos no art. 3 º da Lei n 8617-93 não se


aplica a lei brasileira ao caso concreto, mas sim, de acordo com a
doutrina majoritária, a lei da nacionalidade do sujeito ativo (principio
da nacionalidade ativa).
CUIDADO: Note que a lei que regulamenta o direito de passagem inocente se refere tão
parte da
somente a embarcações, nada falando acerca de aeronaves. Diante da omissão,
doutrina entende que a mesma regra deve ser aplicada em face das
aeronaves.
- CRIME PRATICADO SOBRE DESTROÇOS DE EMBARCAÇÃO PRIVADA
BRASILEIRA EM ALTO-MAR;
Imagine a seguinte situação:

“Embarcação privada brasileira, em alto-mar,


naufraga, sendo que, sobre os destroços da mesma
um americano mata um chinês”.
ATENÇÃO: Nesse caso, aplica-se a lei brasileira, pois os destroços da
embarcação continuam ostentando a característica de extensão do
território brasileiro quando em alto-mar.

- EMBARCAÇÃO PRIVADA BRASILEIRA X COLISÃO COM


EMBARCAÇÃO ESTRANGEIRA X JANGADA CONSTRUÍDA COM
DESTROÇOS DE AMBAS AS EMBARCAÇÕES;
Imagine a seguinte situação:

“Embarcação privada brasileira colide com


embarcação privada holandesa, em alto-mar. Diante
dos destroços, os sobreviventes constroem uma
jangada, composta por destroços da embarcação
brasileira e da embarcação holandesa. Sobre a
referida jangada um americano mata um chinês”.
ATENÇÃO: Nesse caso, não
é possível aplicar a lei da bandeira, uma vez que a
jangada ostenta as duas bandeiras, pois foi construída com destroços
de ambas as embarcações (brasileira e holandesa). Assim, diante do caso
concreto, deverá ser aplicada a lei da nacionalidade do sujeito
ativo (principio da nacionalidade ativa), qual seja, a legislação norte
americana, uma vez que no caso concreto o americano figura como sujeito
ativo.

- EMBARCAÇÃO ESTRANGEIRA DE NATUREZA PÚBLICA X CRIME


COMETIDO EM TERRITÓRIO NACIONAL;
Imagine a seguinte situação:

“Embarcação estrangeira de natureza pública atraca


em território nacional. Ocorre que um dos tripulantes
sai da embarcação e adentra em território nacional,
vindo ali a praticar o crime de estupro”.
se o tripulante saiu da embarcação a serviço de seu país,
Nesse caso,
mesmo que cometa o delito em território nacional deverá responder
conforme a legislação estrangeira.

Por outro lado, se


o tripulante saiu da embarcação estrangeira sem estar a
serviço de seu país, aplicar-se-à ao caso concreto a lei brasileira.

- TEORIAS ACERCA DA LEI PENAL NO ESPAÇO;

Três teorias visam determinar o local onde se considera praticado o


crime. Note:
- TEORIA DA ATIVIDADE;

Considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a conduta (ação ou omissão).

- TEORIA DO RESULTADO (EVENTO);

Considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu ou onde deveria ocorrer o resultado.
- TEORIA DA UBIQUIDADE (MISTA);

Considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a conduta, bem como onde ocorreu ou
deveria ocorrer o resultado.

ATENÇÃO:O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria da


ubiquidade para definir o lugar do crime.
Note o teor do art. 6 º do Código Penal:

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

Assim,se qualquer das três situações ocorrerem no território nacional


será aplicada a lei brasileira.

planejamento ou a preparação do
CUIDADO: Se no Brasil ocorrer somente o
crime, o fato, em regra, não será punível, salvo quando a preparação,
por si só, caracterizar delito, a exemplo do crime de associação
criminosa.

- CRIME A DISTÂNCIA X CRIME EM TRANSITO X CRIME PLURILOCAL;

ATENÇÃO: Não confunda os três institutos.


Note:

- CRIME À DISTÂNCIA;

O crime a distância percorre o território de 2 (dois) países soberanos.

Ex: Brasil e Argentina.

Nesse caso, aplica-se a teoria da ubiquidade prevista no art. 6 º do CP.


Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

- CRIME EM TRÂNSITO;

O crime percorre o território de mais de dois países soberanos.


Ex: Brasil, Argentina e Uruguai.

Nesse caso, aplica-se a teoria da ubiquidade prevista no art. 6 º do CP.

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou


omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.

- CRIME PLURILOCAL;

O crime percorre dois ou mais territórios do mesmo país.


Ex: São Paulo, Rio de Janeiro.

para efeitos de definição do local do crime, deve-se


ATENÇÃO: Nesse caso,
aplicar o teor do art. 70 do Código de Processo Penal (teoria do
resultado). Note:

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se


consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.
QUESTÕES DE CONCURSO

FCC - DELEGADO DE POLICIA – 2019

De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa correta acerca do tempo e


lugar do crime:

A) Considera-se praticado o crime no momento em que ocorreu a ação ou


omissão, bem como quando se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.
B) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
ainda que outro seja o local do resultado.
C) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.
D) Considera-se praticado o crime no lugar da ação ou, em caso de omissão,
apenas no local do resultado.
E) Para fins penais, o tempo e o lugar do crime são idênticos.

CESPE – DEFENSOR PÚBLICO – 2019

Considerando o Código Penal brasileiro, julgue o item a seguir, com relação à


aplicação da lei penal, à teoria de delito e ao tratamento conferido ao erro.

Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em


que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se
produziu ou deveria ter sido produzido o resultado.

CERTO

ERRADO
FCC – PROCURADOR – 2019

Sendo o concurso de pessoas operado no território brasileiro, mas o crime sendo


integralmente executado no exterior, aplica-se ao partícipe e ao coautor:

A) Quanto ao coautor o princípio da Ubiquidade, sendo punido pela Lei


Brasileira ou pela Lei Estrangeira.
B) A Lei Brasileira
C) A Lei estrangeira.
D) Irá depender de onde ambos estejam no momento da instrução penal.

GABARITO: 1 C – 2 C – 3 B

- EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL;

a lei penal brasileira poderá extrapolar os limites do


Em casos excepcionais,
território nacional, ou seja, alcançando crimes cometidos
exclusivamente no estrangeiro.

As hipóteses excepcionais da extraterritorialidade estão previstas no


art. 7º do Código Penal, estando divididas (classificadas) em três
espécies, quais sejam, EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA (art. 7º, I do
CP), EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA (art. 7 º, II do CP), e
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA (art. 7, § 3º do CP).

Nesse momento iremos estudar cada uma das espécies de extraterritorialidade,


separadamente.
- EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA;

pelo fato do agente ser


Denomina-se “EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA”
punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
Assim, o fato do agente ter sido absolvido ou condenado no estrangeiro pelo
não afasta a incidência
mesmo fato, conforme a legislação estrangeira,
(aplicação) da lei brasileira em gace do delito praticado
exclusivamente no exterior.

Note o que dispõe o art. 7º, I do Código Penal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

OBS: Nesse caso, aplica-se o principio da defesa (real), uma vez que a aplicação da lei
penal brasileira decorre da nacionalidade do bem jurídico lesado, qual seja, a vida ou
liberdade do Presidente da República.

CUIDADO: O latrocínio não é crime contra a vida, tampouco delito contra a


liberdade. Na verdade, trata-se de crime contra o patrimônio (roubo), qualificado pelo
resultado morte da vitima.

Assim, ocorrendo latrocínio em desfavor do Presidente da República, no estrangeiro, não


ocorrerá a hipótese de extraterritorialidade incondicionada, uma vez que o dispositivo se
refere, exclusivamente, aos delitos contra a vida ou liberdade do Chefe do Poder Executivo da
União.

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de


Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
OBS: Nesse caso, aplica-se o principio da defesa (real), uma vez que a aplicação da lei
penal brasileira decorre da nacionalidade do bem jurídico lesado, qual seja, o patrimônio
público brasileiro.

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

OBS: Nesse caso, aplica-se o principio da defesa (real), uma vez que a aplicação da lei
penal brasileira decorre da nacionalidade do bem jurídico lesado, qual seja, a administração
pública brasileira.

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

OBS: Nesse caso, aplica-se o principio da justiça universal (justiça


cosmopolitana), uma vez que a aplicação da lei penal brasileira decorre do fato de que o
Brasil se comprometeu, mediante tratados e convenções internacionais, a punir e prevenir
determinados delitos graves, dentre os quais o genocídio, pouco importando o local onde o
delito foi praticado, tampouco a nacionalidade dos envolvidos (sujeito ativo e sujeito
passivo), bastando para tal que o agente (sujeito ativo), encontre-se no território nacional
para efeitos de aplicação da lei penal brasileira em face da conduta realizada no exterior.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda


que absolvido ou condenado no estrangeiro.

- EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA;

Denomina-se “EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA” pelo fato de que a lei penal


brasileira somente será aplicada aos crimes cometidos no estrangeiro, nas
hipóteses previstas no II, § 2º do art. 7 º do Código Penal, se preenchidas
algumas condições (requisitos).
Note o teor do mencionado dispositivo legal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

OBS: Nesse caso, aplica-se o principio da justiça universal (justiça


cosmopolitana).

b) praticados por brasileiro;

Nesse caso, aplica-se o principio da nacionalidade ativa, uma vez que a aplicação da
lei brasileira, se preenchidos os requisitos legais, decorre do fato de possuir o agente (sujeito
ativo), nacionalidade brasileira.

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de


propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam
julgados.

Nesse caso, aplica-se o principio da representação (do pavilhão, da bandeira,


subsidiariedade), uma vez que a aplicação da lei brasileira, preenchidos os requisitos
legais, decorre da nacionalidade da embarcação ou aeronave brasileira privada onde ocorreu
o delito, diante da omissão do país estrangeiro titular do território onde o mesmo foi
cometido.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional;

OBS: Entrar não significa permanecer. Assim, adentrando o agente no território nacional,
mesmo que logo depois vise sair, restará preenchida a condição em análise.
o termo “TERRITÓRIO
ATENÇÃO: Prevalece na doutrina o entendimento de que
NACIONAL” engloba não somente o espaço geográfico, mas também o
espaço jurídico (território por ficção ou equiparação).
Assim, a titulo de exemplo, se o agente entrar em embarcação ou aeronave brasileira de
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro (hipótese de extensão do território
nacional), aonde quer que se encontre, restará cumprida a condição em estudo.

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

EX: Posse de drogas para consumo pessoal – BRASIL X HOLANDA.

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;

A Lei de Migração determina os requisitos para a extradição.

ATENÇÃO: O requisito em estudo não exige que ocorra a efetiva extradição, até porque,
tratando-se de brasileiro nato, não seria a mesma possível, tratando-se de mera análise
abstrata.

Ex: Crime com pena privativa de liberdade inferior a 2 (dois) anos.

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a


pena;

Assim, sendo o agente absolvido no estrangeiro, conforme a lei


estrangeira, ou no estrangeiro ter cumprido pena, não será aplicada a
lei brasileira ao caso concreto.
CUIDADO: Diante da extraterritorialidade incondicionada o fato se de ter sido o
agente absolvido ou cumprido pena no estrangeiro pelo mesmo fato não afasta
a incidência (aplicação) da lei penal brasileira.
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

OBS: Deste modo, se


o agente foi perdoado no estrangeiro (perdão judicial),
conforme a lei estrangeira, ou estando extinta a punibilidade de acordo
com a lei brasileira ou de acordo com a lei estrangeira, deverá ser
aplicada a lei mais favorável, não podendo a lei brasileira ser aplicada
ao caso concreto.

ATENÇÃO: Ascondições (requisitos previstos no § 2º do inciso II do


art. 7º do Código Penal são CUMULATIVOS, ou seja, devem
estar todos os requisitos presentes diante do caso concreto
para efeitos de aplicação da lei penal brasileira em face do
crime cometido no exterior (extraterritorialidade
condicionada).

QUESTÕES DE CONCURSO

FGV – DELEGADO DE POLÍCIA – 2017

Relativamente ao tema da territorialidade e extraterritorialidade, analise as


afirmativas a seguir.

I. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes


contra a administração pública, por quem está a seu serviço.

II. Ficam sujeitos à lei brasileira, os crimes praticados em aeronaves ou


embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em
território estrangeiro ainda que julgados no estrangeiro.

III. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes


contra o patrimônio da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território ou de
Município quando não sejam julgados no estrangeiro.

Assinale:

A) se somente a afirmativa I estiver correta.


B) se somente a afirmativa II estiver correta.
C) se somente a afirmativa III estiver correta.
D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

VUNESP – INVESTIGADOR DE POLICIA – PCBA – 2018

Ao autor de crime praticado contra a liberdade do Presidente da República


quando em viagem a país estrangeiro, aplica-se a lei do país em que os fatos
ocorrerem.

CERTO

ERRADO

VUNESP – INVESTIGADOR DE POLICIA – PCBA – 2018

Crime cometido no estrangeiro, praticado por brasileiro, fica sujeito à lei brasileira
independentemente da satisfação de qualquer condição.

CERTO

ERRADO
VUNESP – DELEGADO DE POLICIA – PCCE

Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, mas desde que
presentes algumas condições (entrar o agente no território nacional; ser o fato
punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído entre
aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente
absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o agente
perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
segundo a lei mais favorável), os crimes

A) contra a administração pública, por quem está a seu serviço.


B) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
C) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República.
D) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir.
E) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.

GABARITO: 1 A – 2 E – 3 E – 4 D

- EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA;

Denomina-se extraterritorialidade hipercondicionada pelo fato de que, para


efeitos de aplicação da lei penal brasileira ao delito cometido no estrangeiro, se
faz necessário além de preencher os requisitos do § 2º do art. 7º do Código
Penal (condições da extraterritorialidade condicionada), cumprir os requisitos
do § 3º do mesmo dispositivo legal.
Note:

§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra


brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

aplica-se a extraterritorialidade hipercondicionada em face do


Assim,
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro no estrangeiro, desde
que preenchidos os requisitos da extraterritorialidade condicionada e diante do
caso onde não foi pedida ou foi negada a extradição do estrangeiro ou ainda
diante de requisição do Ministro da Justiça.

para justificar a aplicação da lei brasileira ao delito


ATENÇÃO: Nesse caso,
cometido no estrangeiro (extraterritorialidade), adota-se o principio da
nacionalidade passiva, uma vez que a aplicação da lei penal brasileira decorre
do fato da vitima ser brasileira (nacionalidade passiva).

- EXTRATERRITORIALIDADE X COMARCA COMPETENTE PARA O


PROCESSO E JULGAMENTO;
ATENÇÃO: A aplicação da lei penal brasileira diante da extraterritorialidade (aplicação da lei
em regra, compete à JUSTIÇA
penal brasileira aos crimes cometidos no estrangeiro),
ESTADUAL, salvo se o delito for praticado em detrimento da União e
suas entidades, ou diante de previsão em tratado internacional.
CUIDADO: Para fins de fixação da comarca competente para processar e julgar o
crime praticado no estrangeiro, diante das hipóteses de extraterritorialidade, deverá ser
aplicado o art. 88 do Código de Processo Penal.

Note:
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital
da República.

- EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA X CUMPRIMENTO DE


PENA NO ESTRANGEIRO;

ATENÇÃO: Na extraterritorialidade incondicionada, diferentemente do que ocorre


com a extraterritorialidade condicionada, o agente será processado e julgado
conforme a lei brasileira INDEPENDENTEMENTE de ter sido absolvido ou ter
cumprido pena no estrangeiro.

Assim,diante da extraterritorialidade incondicionada, poderá o agente


ser processado e condenado, pelo mesmo fato, conforme a legislação
estrangeira e a legislação brasileira (“bis in idem”).

OBS:Visando diminuir (atenuar) os efeitos do “bis in idem”, entendido


este como um fenômeno do direito que consiste na repetição de uma
sanção sobre mesmo fato, aplica-se o teor do art. 8º do Código Penal,
onde a pena cumprida no estrangeiro será computada (descontada) ou
atenuada (diminuída) em relação a pena aplicada no Brasil.
Note:

Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo


mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

- EXTRATERRITORIALIDADE X CONTRAVENÇÃO PENAL;

ATENÇÃO: Não haverá extraterritorialidade da lei penal em face de contravenção


penal praticada no estrangeiro, uma vez que o art. 7º do Código Penal (dispositivo legal
que regulamenta a extraterritorialidade incondicionada, condicionada e hipercondicionada),
somente se refere a CRIME praticado no exterior.
Ademais, a Lei de Contravenções Penais, de forma expressa, proíbe a extraterritorialidade em
face de contravenção penal.

Note:

Art. 2º - LCP - A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território


nacional.

- EXTRATERRITORIALIDADE X ATO INFRACIONAL;

ATENÇÃO: Segundo a doutrina majoritária, não


se aplica a extraterritorialidade da
lei penal em face de ato infracional praticado por menor de idade no
estrangeiro, uma vez que não há previsão legal para
extraterritorialidade estabelecida no Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA.
Para essa corrente doutrinária, aplicar as regras da extraterritorialidade diante da omissão do
ECA configuraria analogia “in malam partem”, algo vedado pelo ordenamento jurídico
brasileiro.

QUESTÕES DE CONCURSO

FCC – AUDITOR FISCAL – 2018

As contravenções praticadas contra a Administração pública, por quem está a seu


serviço ficam sujeitas à lei brasileira, embora cometidas no estrangeiro.

CERTO

ERRADO
FCC – AUDITOR FISCAL – 2018

A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo


crime, quando idênticas, ou nela é computada, quando diversas.

CERTO

ERRADO

VUNESP – DELEGADO DE POLICIA – PCSP – 2018

João comete um crime no estrangeiro e lá é condenado a 4 anos de prisão,


integralmente cumpridos. Pelo mesmo crime, João é condenado no Brasil à pena
de 8 anos de prisão. João

A) cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que para essa quantidade de
pena não se reconhece o cumprimento no estrangeiro.
B) não cumprirá pena alguma no Brasil caso de trate de país com o qual o
Brasil tem acordo bilateral para reconhecer cumprimento de pena.
C) não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido no país em que o
crime foi cometido.
D) cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil não reconhece
pena cumprida no estrangeiro.
E) ainda deverá cumprir 4 anos de prisão no Brasil.

VUNESP – INVESTIGADOR DE POLICIA – PCBA – 2018

Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, independentemente da satisfação de qualquer condição.

CERTO

ERRADO
GABARITO 1 E – 2 E – 3 E – 4 E

• CONTAGEM DE PRAZO;

CUIDADO: Não confunda prazo penal com prazo processual


penal.

- PRAZO PENAL;

Nesse caso, incluí-se o dia do início, independentemente de feriado ou final de


semana.

Ex: O prazo decadencial para representação do ofendido diante dos crimes de ação penal
pública condicionada á representação do ofendido é de 6 (seis) meses, e trata-se de prazo
penal.

Assim, se “A” é vítima de lesão corporal leve praticada por “B”, levando-se em consideração
que a vítima tenha conhecimento da autoria do delito, o dia em que ocorreu a agressão já é
computada (contada) para efeitos de prazo penal, independentemente do horário em que
ocorreu a conduta delituosa.

Note o disposto no art. 10 do Código Penal:

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os


meses e os anos pelo calendário comum.

- PRAZO PROCESSUAL PENAL;

Nesse caso, diferentemente do que ocorre com o prazo penal, excluí-se o dia do
começo e conta-se o dia do final.
OBS: A contagem do prazo processual não poderá iniciar ou finalizar em
feriados ou finais de semana, devendo assim ser prorrogado para o dia
útil subsequente, apesar de serem contados de forma contínua.
Ex: “A” foi intimado para realizar ato processual no prazo de 5 (cinco) dias, no dia 01-01-2019
(quarta feira), e, por se tratar de prazo processual, excluí-se o dia do começo, no caso, 01-01-
2019, iniciando a contagem no dia 02-01-2019 (quinta feira), e finalizando o prazo processual
no dia 06-01-2019 (sexta feira).

Note o teor do art. 798, § 1o do Código de Processo Penal:

§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do


vencimento.

• FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA;

Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de


direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

ATENÇÃO: Entende-se por frações de dias as horas, minutos e segundos.

ATENÇÃO: Entende-se por frações de multas os centavos.

• LEGISLAÇÃO ESPECIAL;

Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso.

Assim, tratando-se de leis penais especiais, entendida esta como as leis que

serão aplicadas as
tipificam crimes que não estejam tipificados no Código Penal,

regras do Código Penal, DESDE QUE A REFERIDA LEI ESPECIAL


NÃO ESTABELEÇA NORMA DIVERSA.
• INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL;

Interpretar a norma significa buscar o significado, o alcance e o sentido


das normas jurídicas.

A doutrina classifica a interpretação da norma penal em três grupos distintos. Note:

- INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL QUANTO AO SUJEITO;


Nesse caso busca-se identificar o “sujeito” que realiza a interpretação da
lei penal.

Assim, quanto ao sujeito, a interpretação da lei penal classifica-se em:

- INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA (LEGISLATIVA);

Ocorre quando a interpretação da lei penal é realizada pela própria lei


(legislador).
Ex: Art. 327 do CP (define o conceito de funcionário público para efeitos penais).

CUIDADO: A exposição de motivos contidas no Código Penal não se trata


de interpretação legislativa, mas sim de interpretação doutrinária.

- INTERPRETAÇÃO DOUTRINÁRIA;

Trata-se da interpretação realizada pelos doutrinadores (estudiosos).


Ex: Livros acerca de temas e matérias de direito.
- INTERPRETAÇÃO JUDICIAL (JURISPRUDENCIAL);

Trata-se da interpretação realizada pelos magistrados diante do caso concreto e no


exercício da função jurisdicional (aplicação da lei ao caso concreto).
EX: Súmulas e jurisprudências.

CUIDADO:Não basta que a interpretação seja realizada por magistrado,


devendo para tal que a mesma seja realizada por este no exercício da
função jurisdicional, diga-se, diante do caso concreto.

- INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL QUANTO AO MODO;


busca-se identificar a maneira (modo) pelo qual o sujeito
Nesse caso,
interpretou a norma penal.

A interpretação quanto ao modo se divide em:

- INTERPRETAÇÃO LITERAL (GRAMATICAL);

Ocorrerá quando a interpretação da norma recair sobre as palavras e


termos utilizadas na norma.
Ex: Subtrair = Tomar para si.

- INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA;

Nesse caso, o
intérprete busca identificar a finalidade da norma, ou seja,
a intenção do legislador.
Ex: Art. 319-A CP (aparelho celular) X STF – CHIP (configura o delito em estudo).

Note o que dispõe o tipo penal mencionado no exemplo:


Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu
dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.

- INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA;

Ocorrerá quando o intérprete analisar o contexto social em que foi


criada a norma penal.

- INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA;

quando o intérprete analisar a lei em conjunto com as demais


Ocorrerá
norma (ordenamento jurídico como um todo).
Ex: Art. 59 da Lei de Contravenções Penais:

Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o


trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou prover
à própria subsistência mediante ocupação ilícita:

Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.

OBS: Analisando o dispositivo legal em face da Constituição Federal, podemos constatar que o
mesmo viola o principio da isonomia, pois alcança tão somente a pessoa pobre.

- INTERPRETAÇÃO PROGRESSIVA (EVOLUTIVA);

Ocorre quando o intérprete analisa a norma penal buscando adaptá-la


ao avanço da sociedade.
Ex: Crime de ato obsceno (art. 233 do CP):
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Assim, o que era considerado como ato obsceno na década de 40 poderá não
mais ser assim classificado.

- INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL QUANTO AO


RESULTADO;
Nesse caso, busca-se verificar o resultado ocorrido diante da
interpretação realizada em face da lei penal.

OBS: Quanto ao resultado a interpretação da lei penal se classifica em:

- DECLARATÓRIA;

Nesse caso,verifica-se com a interpretação realizada que a lei penal


significa exatamente o que visava o legislador, não havendo restrição
ou ampliação em seu significado e sentido.
EX: Art. 121 do CP (homicídio).

- RESTRITIVA;

Ocorrerá quando com a interpretação realizada for verificado que a lei


“disse” mais do que queria, devendo o intérprete restringir o seu
alcance.
EX: Antiga causa de aumento de pena o delito de roubo (arma).
- EXTENSIVA;

Ocorre quando com a interpretação realizada for verificado que a lei


“disse” menos do que queria, devendo o intérprete ampliar o seu
alcance.
EX: Art. 159 do CP (extorsão mediante sequestro).

ATENÇÃO: A interpretação extensiva poderá ser utilizada contra o réu,


visando evitar a proteção deficitária do Estado diante dos bens jurídicos
tutelados.

CUIDADO:A interpretação analógica é uma espécie de interpretação


extensiva.

Nesse caso, a
própria lei permite ampliar o seu conteúdo, pois o legislador
apresentou uma fórmula casuística (exemplo), e por ser impossível
prever todas as situações existentes, apresentou no final uma fórmula
genérica (ampla, capaz de permitir a ampliação da norma em face das
situações semelhantes).
EX: Homicídio qualificado “mediante paga ou promessa de recompensa (fórmula casuística), ou
por outro motivo torpe (fórmula genérica)”.

CUIDADO: Não confunda interpretação analógica


com analogia.
• ANALOGIA;

- DIFERENÇAS ENTRE ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA;

A analogia não é forma de interpretação da lei penal, mas sim forma de


INTEGRAÇÃO da mesma, uma vez que não há norma penal tratando do assunto
(lacuna na lei), sendo aplicado ao caso concreto, norma semelhante (analogia).

CUIDADO: A analogia poderá gerar dois efeitos distintos:


- ANALOGIA “IN BONAM PARTEM”;

Ocorrerá quando a analogia favorecer o réu.

ATENÇÃO: A analogia “in bonam partem” é permitida no direito


penal.
Ex: Art. 181 do CP (cônjuge, englobando união estável).

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste
título, em prejuízo:

I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;

- ANALOGIA “IN MALAM PARTEM”;

Ocorrerá quando a analogia prejudicar o réu.


não é permitida no direito
CUIDADO: A analogia “in malam partem”

penal, uma vez que viola o principio da reserva legal


(legalidade penal).
Ex: Art. 269 do CP (em face de enfermeiro).

Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja


notificação é compulsória:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – JUIZ FEDERAL

A interpretação extensiva é admitida em direito penal para estender o sentido e o


alcance da norma até que se atinja sua real acepção.

CERTO

ERRADO

CESPE – JUIZ FEDERAL

A interpretação analógica não é admitida em direito penal porque prejudica o


réu.

CERTO

ERRADO
CESPE – JUIZ FEDERAL

A interpretação teleológica consiste em extrair o sentido e o alcance da norma de


acordo com a posição da palavra na estrutura do texto legal.

CERTO

ERRADO

VUNESP – PROCURADOR – 2018

De acordo com o Código Penal, no cômputo do prazo, não se inclui o dia do


começo, mas sim o do vencimento.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 E – 3 E – 4 E

• SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL;

São sujeitos da infração penal (crime ou contravenção penal):

- SUJEITO ATIVO;
Entende-se por sujeito ativo aquele que, sendo capaz e maior de 18 (anos), contribui para a
prática da infração penal.
Note que os menores de idade (inimputáveis), não poderão figurar como sujeito
ativo de crime ou contravenção penal, uma vez que estes cometem ATO INFRACIONAL e não
crime ou contravenção penal.

OBS: O sujeito ativo poderá ser classificado como AUTOR, COAUTOR, ou PARTÍCIPE.

ATENÇÃO: É perfeitamente possível que uma pessoa figure como sujeito ativo de
uma infração penal através de mera omissão (crimes omissivos).

ATENÇÃO: Os animais não poderão figurar como sujeito ativo de infração


penal, uma vez que estes não possuem “vontade”.
Assim, somente pessoas poderão figurar como sujeito ativo de uma infração penal.

CUIDADO: Pessoa Jurídica poderá figurar como sujeito ativo, desde


que se trate de crime ambiental.

Ocorre que a
Constituição Federal estabelece 3 (três) hipóteses em que a
pessoa jurídica poderá ser responsabilizada penalmente, figurando assim
como sujeito ativo de infração penal. São elas:

- CRIMES CONTRA ORDEM ECONÔMICA (Lei n. 8.137-90);

- CRIMES CONTRA A ECONÔMIA POPULAR (Lei n. 1.531-51);

- CRIMES AMBIENTAIS (Lei n. 9.605-98).

ATENÇÃO: Apesar da previsão constitucional, para efeitos de responsabilização penal da pessoa


jurídica, se faz necessário o preenchimento de dois requisitos:

- PREVISÃO CONSTITUCIONAL;

- REGULAMENTAÇÃO DE PUNIÇÃO DA PESSOA JURÍDICA.


ATENÇÃO: Note que apesar da existência de previsão constitucional para
responsabilização penal da pessoa jurídica diante das três modalidades de
crimes, quais sejam, Crimes Contra a Ordem Econômica, Crimes Contra a Economia Popular e
Crimes SOMENTE A LEI DE CRIMES AMBIANTAIS
Ambientais,
REGULAMENTA AS SANÇÕES PENAIS APLICÁVEIS ÀS PESSOAS
JURIDICAS.

somente será possível a responsabilização penal da


Assim, por esta razão,
pessoa jurídica diante de crimes ambientais.

OBS: São requisitoscumulativos para a responsabilização penal da pessoa


jurídica diante de crimes ambientais:
- INFRAÇÃO SEJA COMETIDA POR REPRESENTANTE LEGAL OU
CONTRATUAL DA PESSOA JURÍDICA OU POR DECISÃO DE SEU
COLEGIADO;

- INFRAÇÃO SEJA COMETIDA NO INTERESSE OU EM BENEFÍCIO DA


ENTIDADE.

CUIDADO: Atualmente, os Tribunais Superiores (STF e STJ), não


aplicam a TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO OBJETIVA (teoria que exige
a responsabilização em conjunto de pessoa física e jurídica).
Assim, É PERFEITAMENTE POSSÍVEL QUE A PESSOA JURÍDICA SEJA RESPONSABILIZADA
PENALMENTE SEM QUE PARA ISSO SEJA NECESSÁRIO A RESPONSABILIZAÇÃO
CONCOMITANTE DE PESSOA FISICA.

- SUJEITO PASSIVO;

Entende-se por sujeito passivo o titular do bem jurídico protegido.


CUIDADO: Os mortos não figuram como sujeito passivo de infração penal, pois
o falecido não mais é possuidor de bens jurídicos.
Assim, apesar de constituir crime a calúnia contra os mortos, nesse caso, entende-se por
sujeito passivo a família do morto.

ATENÇÃO: Os Animais não figuram como sujeito passivo de infração penal,


pois não são titulares de bens jurídicos. Assim, havendo maus tratos a animais,
a coletividade figurará como sujeito passivo.

CUIDADO: O Estado, mesmo que indiretamente, sempre figurará como sujeito passivo de
uma infração penal, pois sua função de promover a ordem pública e paz social é violada
(SUJEITO PASSIVO CONSTANTE OU
diante da prática de infração penal
INDIRETO), enquanto que o titular efetivo do bem jurídico lesado é
denominado de SUJEITO PASSIVO EVENTUAL OU DIRETO.

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – AGENTE DE POLÍCIA – PCPB

Parte da doutrina entende que, sob o aspecto formal, o Estado é sempre sujeito
passivo do crime.

CERTO

ERRADO

CESPE – AGENTE DE POLÍCIA – PCPB

O conceito de sujeito ativo da infração penal abrange não só aquele que pratica a
ação principal, mas também quem colabora de alguma forma para a prática do
fato criminoso.
CERTO

ERRADO

CESPE – AGENTE DE POLÍCIA – PCPB

A pessoa jurídica não pode ser sujeito ativo de infração penal.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 C – 3 E

• ESPÉCIES DE INFRAÇÃO PENAL;

infração penal a conduta, em regra, praticada por pessoa


Entende-se por
humana, que ofende um bem jurídico penalmente tutelado
(protegido).

ATENÇÃO: A infração penal é o gênero do qual decorrem duas espécies, quais


sejam, crime (delito) e contravenção penal (crime anão,
crime vagabundo ou delito liliputiano).

Deste modo, o Brasil adota um critério bipartido (dicotômico) de infração


penal, pois esta se divide em duas espécies, diga-se, crime e contravenção
penal.
ATENÇÃO: A definição da conduta em contravenção penal ou crime é realizada pelo legislador,
tratando-se de questão de política criminal. Assim, é perfeitamente possível que
uma conduta tipificada como mera contravenção penal se torne crime, e vice e versa.

Ex: Porte de arma de fogo até 1997 configurava contravenção penal.

OBS: Nesse momento iremos estudar as diferenças e características de cada


uma das espécies de infração penal.

- CRIME (DELITO);

Os crimes são apenados com pena privativa de liberdade de


RECLUSÃO, DETENÇÃO ou MULTA.

Note o teor do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

Os crimes, a depender do caso, admitem a tentativa.


Note o teor do art. 14 do Código Penal:

Art. 14 - Diz-se o crime:

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.
Os crimes possuem como tempo máximo de cumprimento de pena
30 (trinta) anos.
Note o teor do art. 75 do Código Penal:

Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos.

A depender do caso, é perfeitamente possível a


extraterritorialidade da lei penal em face da prática de crime, se
preenchido os requisitos e condições previstos no art. 7º do Código
Penal.

O processo e julgamentos dos crimes serão de competência da


Justiça Federal ou da Justiça Estadual, a depender do caso
concreto.

Os crimes poderão ser de ação de penal pública (incondicionada


ou condicionada) ou de ação penal privada, a depender do caso.

- CONTRAVENÇÃO PENAL;

As contravenções penais são apenadas com pena privativa de


liberdade de PRISÃO SIMPLES ou MULTA.
Note o teor do art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:

Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
Note o teor do art. 6º da Lei de Contravenções Penais:

Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semi-
aberto ou aberto.

Não se admite tentativa diante das contravenções penais.


Note o teor do art. 4º da Lei de Contravenções Penais:

Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.

Não se admite extraterritorialidade da lei penal em face de


contravenção penal.
Note o teor do art. 2º da Lei de Contravenções Penais:

Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território


nacional.

O tempo máximo de cumprimento de prisão simples é de 5 (cinco)


anos.
Note o teor do art. 10 da Lei de Contravenções Penais:

Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser
superior a cinco anos, nem a importância das multas ultrapassar cinquenta contos.
As contravenções penais, em regra, não poderão ser processadas e
julgadas na Justiça Federal, salvo se praticada por quem possuía
foro por prerrogativa de função.
Ex: Juiz Federal.

Note o teor do art. 109, IV da Constituição Federal:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,


serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;

As Contravenções Penais somente serão processadas mediante


ação penal pública incondicionada.
Note o teor do art. 17 da Lei de Contravenções Penais:

Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício.

OBS: Parte da doutrina defende a tese de que a contravenção penal de vias de fatos
deve ser processada mediante ação penal pública condicionada à
representação, uma vez que a lesão corporal (conduta semelhante e mais grave) é de ação
penal condicionada à representação do ofendido (tese não aditada pelos Tribunais
Superiores).
QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCRN

Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão, de


detenção ou prisão simples, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa.

CERTO

ERRADO

CESPE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCRN

Considera-se contravenção penal a infração penal a que a lei comina pena


máxima não superior a dois anos de reclusão.

CERTO

ERRADO

CESPE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCRN

No ordenamento jurídico brasileiro, a diferença entre crime e delito está na


gravidade do fato e na pena cominada à infração penal.

CERTO

ERRADO
CESPE – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCRN

A infração penal é gênero que abrange como espécies as contravenções penais e


os crimes, sendo estes últimos também identificados como delitos.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 E – 4 C

• ELEMENTOS DA INFRAÇÃO PENAL;

Primeiramente, devemos conceituar o que vem a ser infração penal.

Ocorre que a infração penal pode ser conceituada sob 3 (três) enfoques diferentes.

Note:

- CONCEITO FORMAL DE INFRAÇÃO PENAL (ENFOQUE FORMAL);

aquilo que assim está rotulado em uma norma


Entende-se por infração penal
penal incriminadora, sob ameaça de pena.

- CONCEITO MATERIAL DE INFRAÇÃO PENAL (ENFOQUE MATERIAL);

o comportamento humano causador de


Entende-se por infração penal
relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado, possível de sanção penal.
- CONCEITO ANALÍTICO DE INFRAÇÃO PENAL (ENFOQUE ANALÍTICO);

levam-se em consideração os elementos estruturais que


Nesse caso,
compõem a infração penal.

Assim, considera-se infração penal o fato típico, antijurídico (ilícito) e


culpável.
ATENÇÃO: O conceito analítico será o objeto do nosso estudo, pois estuda
(analisa), os elementos (substratos) que compõem a infração penal.

• TEORIA DO CRIME (ELEMENTOS DA INFRAÇÃO PENAL –


CONCEITO ANALÍTICO);

O conceito analítico de crime compreende as estruturas do delito, ou seja, os elementos que,


reunidos, compõem o crime.

crime é composto
ATENÇÃO: Segundo a doutrina majoritária, sob o enfoque analítico,
por 3 (três) substratos (elementos), quais sejam, FATO TÍPICO,
ILICITUDE (ou ANTIJURIDICIDADE) e CULPABILIDADE. (TEORIA TRIPARTITE
ou TRIPARTIDA).

Assim, presentes os três substratos (elementos), o direito de punir do Estado (jus puniendi),
Desta forma, a punibilidade não é elemento do
se concretiza (PUNIBILIDADE).
crime, mas sim sua consequência jurídica.

Note:
ATENÇÃO: Nesse momento iremos estudar cada elemento (substrato) do crime.
Primeiramente iremos conceituar cada substrato do delito, e
posteriormente analisar de forma aprofundada cada elemento que os
compõem.
• FATO TÍPICO;
o fato humano, indesejado, consistente numa
Entende-se por fato típico
conduta causadora (nexo causal), de um resultado com ajuste formal
e material a um tipo penal.
Assim, são requisitos (elementos) do fato típico:

- CONDUTA;

- RESULTADO;

- NEXO CAUSAL;

- TIPICIDADE (FORMAL E MATERIAL).

• ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE);
contrariedade da conduta típica (fato
Entende-se por ilicitude (antijuridicidade) a
típico) com o ordenamento jurídico.

prevê quatro hipóteses em que o agente está autorizado


O art. 23 do CP,
a realizar uma conduta típica sem que ela seja antijurídica, ou seja,
mesmo realizando a conduta típica, esta será considerada lícita, é o chamado tipo
permissivo.

São elas:

- estado de necessidade;

- legítima defesa;

- estrito cumprimento do dever legal;

- exercício regular do direito.


ATENÇÃO: Além das causas de justificação contidas na parte geral existem
outros casos na parte especial do código, bem como em outros
estatutos jurídicos. Essas causas de exclusão da antijuridicidade são chamadas
de justificações específicas.

Além das definidas no art. 23 do CP, temos


as chamadas excludentes supralegais
que mesmo não estando presente no nosso ordenamento jurídico,
afastam a ilicitude da conduta levada a efeito pelo agente. Entre as
excludentes supralegais a que merece destaque é o consentimento do ofendido.

Essas excludentes apesar de não estarem amparadas no ordenamento jurídico, encontram seu
fundamento nos costumes, analogia e nos princípios gerais do direito.

• CULPABILIDADE;
Trata-se dojuízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta
típica e ilícita praticada pelo agente.
Assim, não basta que a ação seja típica e ilícita, é necessário que também haja
uma reprovabilidade em relação aquele comportamento.

A culpabilidade é dividida em três elementos, conforme a teoria normativa pura, quais


sejam:

- IMPUTABILIDADE;

- POTÊNCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DOS FATOS;

- EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.


QUESTÕES DE CONCURSO

VUNESP – DELEGADO DE POLÍCIA – 2018

Os partidários da teoria tripartida do delito consideram a culpabilidade como


pressuposto da pena e não elemento do crime.

CERTO

ERRADO

IDECAN – AGENTE PENITENCIÁRIO – 2017

Majoritariamente entende-se que, de acordo com o conceito analítico, crime é


um:

A) Fato típico e antijurídico.


B) Fato antijurídico e culpável.
C) Fato típico, antijurídico e culpável.
D) Fato típico, antijurídico, culpável e punível.

PUC-PR – AUDITOR – 2018

São elementos que integram o fato típico: a conduta humana, o resultado, o nexo
causal e a ilicitude.

CERTO

ERRADO
PUC-PR – AUDITOR – 2018

São excludentes legais de ilicitude: o estado de necessidade, a legítima defesa, o


estrito cumprimento de dever legal, o exercício regular de direito e o
consentimento do ofendido.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 E – 4 E

Nesse momento iremos estudar de forma aprofundada cada um dos elementos (substratos) do
crime.

- FATO TÍPICO (CONDUTA);

Como já vimos, o fato típico é composto pelos seguintes requisitos (elementos):

- CONDUTA;

- RESULTADO;

- NEXO CAUSAL;

- TIPICIDADE (FORMAL E MATERIAL).

Nesse momento iremos analisar a CONDUTA, ou seja, primeiro requisito do fato típico.
ATENÇÃO: Acerca da conduta, iremos abordar os seguintes temas:

- Teorias da Conduta;

- Características da Conduta;

- Causas de Exclusão da Conduta;

- Espécies de Conduta (Dolosa e Culposa, Erro de Tipo, Conduta Comissiva


e Omissiva).

- TEORIAS DA CONDUTA;

O Código Penal brasileiro não conceitua conduta, sendo o referido conceito


realizado pela doutrina.
Apesar de existir inúmeras teorias que buscam definir o que vem a ser entendido por conduta,
apenas duas são relevantes para o nosso estudo. São elas:

- TEORIA CAUSALISTA;

Para essa teoria, conduta é o movimento corporal voluntário que causa uma
modificação do mundo exterior.

voluntariedade do movimento corporal


OBS: Os causalistas entendem que a
ocorre quando não há coação em face do movimento corporal
não se preocupando com a finalidade da
realizado,
conduta (dolo e culpa), uma vez que, para essa
corrente, o dolo e a culpa devem ser analisados na
culpabilidade, e não no fato típico (conduta).
Assim, para que ocorra a conduta, basta que haja um movimento corporal
humano voluntário (desprovido de coação), que cause um resultado
(modificação no mundo exterior), INDEPENDENTEMENTE da finalidade desse
movimento (intenção do agente).
Ex: Se “A”, ao dirigir seu veículo, dentro dos limites legais e respeitando o dever objetivo de
cuidado, vem a atropelar “B” , que se jogou na frente do veículo, teria cometido um fato típico.

ATENÇÃO: Note algumas críticas à Teoria Causalista:


- Não tratam da tentativa, pois a finalidade do agente não é
analisada na conduta, mas sim na culpabilidade;
- Não tratam dos crimes omissivos, uma vez que entende por
conduta o movimento corporal voluntário (ação), que cause um
resultado (modificação do mundo exterior).

OBS: Com base nessas críticas, a teoria causalista perdeu sua força, fazendo surgir
outras teorias acerca da conduta, dentre elas a teoria finalista.

- TEORIA FINALISTA;

Para essa teoria a conduta pode ser conceituada como o comportamento humano,
voluntário e dirigido a uma finalidade.
Assim, para o finalismo, toda conduta possui uma finalidade.

o dolo e a culpa devem ser


Desta forma, segundo a Teoria Finalista,

analisadas na conduta (fato típico), e não na


culpabilidade, como defende a teoria causalista.
ATENÇÃO: O Código Penal brasileiro adotou a TEORIA FINALISTA.
- CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA;
São características da conduta:

- COMPORTAMENTO VOLUNTÁRIO (DIRIGIDO A UM FIM);


OBS: O comportamento voluntário dirigido a uma finalidade está presente tanto na conduta
dolosa como na conduta culposa.

Na conduta dolosa o fim almejado é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico


tutelado.

Na conduta culposa o fim almejado é a prática de ato cujo resultado previsível


seja capaz de causar lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

- EXTERIORIZAÇÃO DA VONTADE;

A exteriorização da vontade ocorre através da ação ou omissão do agente, a


depender do caso.

- CAUSAS EXCLUDENTES DA CONDUTA;

Tratam-se das hipóteses em que não ocorrerá a conduta, ou seja situações


que excluem
a conduta, e por sua vez, não havendo conduta, não há fato típico, não
havendo fato típico, não há crime.

São causas excludentes de conduta:


- CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR;

Entende-se por FORÇA MAIOR quando o fato da natureza ocasiona o acontecimento.

Ex: Raio que provoca incêndio.

Por outro lado, entende-se por CASO FORTUITO o evento que tem origem em causa
desconhecida.
Ex: Cabo elétrico que se rompe e causa incêndio.

o caso fortuito e a forca maior são fatos (acontecimentos)


Assim,
imprevisíveis e inevitáveis, não constituindo conduta.

- INVOLUNTARIEDADE;

Trata-se da ausência de capacidade de dirigir a conduta de acordo com uma


finalidade.

A involuntariedade poderá ocorrer nas seguintes situações:

- Estado de Inconsciência Completa;


Ex: Sonambulismo e hipnose.

A embriaguez acidental completa não é hipótese de exclusão


ATENÇÃO:
da conduta, pois nesse caso, mesmo que de forma mínima, há voluntariedade. Nessa
situação poderá ocorrer hipótese de exclusão da culpabilidade, situação esta que iremos
estudar no momento oportuno.

- Movimento Reflexo;

sintoma de reação automática do organismo a um estimulo


Trata-se do
externo, logo desprovido de vontade.
Ex: Susto.

- COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL;

Nesse caso o coagido


é impossibilitado de determinar seus movimentos de
acordo com sua vontade.
CUIDADO: A coação moral irresistível não exclui a conduta, mas sim a
culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa).

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – JUIZ DE DIREITO

A teoria finalista de Hans Welzel define que a ação consiste no mero movimento
corporal capaz de alterar o mundo exterior, independentemente da intenção do
agente.

CERTO

ERRADO

CESPE – JUIZ DE DIREITO

A teoria causalista do delito propõe que o dolo e a culpa, por estarem situados na
conduta, tornam o injusto penal a parte subjetiva do conceito de crime.

CERTO

ERRADO

CESPE – AUDITOR DA RECEITA FEDERAL

Considerando-se o conceito analítico de crime, exclui-se a conduta quando

A) presente coação moral irresistível.


B) presentes caso fortuito e força maior.
C) presente doença mental do agente da conduta.
D) presente coação física, seja resistível, seja irresistível.
E) presente embriaguez complete e acidental.

FGV – TÉCNICO JUDICIÁRIO

Durante uma tragédia causada pela natureza, Júlio, que caminhava pela rua, é
arrastado pela força do vento e acaba se chocando com uma terceira pessoa, que,
em razão do choque, cai de cabeça ao chão e vem a falecer.

Sobre a consequência jurídica do ocorrido, é correto afirmar que:

A) a tipicidade do fato restou afastada por ausência de tipicidade formal,


apesar de haver conduta por parte de Júlio;
B) a tipicidade do fato restou afastada, tendo em vista que não houve conduta
penal por parte de Júlio;
C) o fato é típico, ilícito e culpável, mas Júlio será isento de pena em razão da
ausência de conduta;
D) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica e ilícita, não é culpável,
devendo esse ser absolvido;
E) a conduta praticada por Júlio, apesar de típica, não é ilícita, devendo esse
ser absolvido.

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 B – 4 B
- ESPÉCIES DE CONDUTA;

- DOLO (CONDUTA DOLOSA);


O art. 18 do Código Penal define o que vem a ser considerado como crime doloso. Note:

Art. 18 - Diz-se o crime:

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Assim, entende-se por dolo a vontade consciente e dirigida a realizar (ou


aceitar realizar) a conduta descrita no tipo penal.

DOLO = VONTADE + CONSCIÊNCIA

Desta forma, afirma a doutrina que o dolo possui dois elementos, quais
sejam:
- Elemento Volitivo;

Trata-se da vontade de praticar a conduta descrita na norma.

- Elemento Intelectivo;

Trata-se da consciência da conduta e do resultado causado por esta.


ATENÇÃO: A liberdade da vontade não é elemento do dolo, mas sim
circunstância a ser analisada na culpabilidade, podendo configurar
hipótese de inexigibilidade de conduta diversa (excludente e
culpabilidade), a exemplo do que ocorre na coação moral irresistível.

- TEORIAS DO DOLO;

Várias são as teorias que tratam do dolo. Note:

- Teoria da Vontade;

entende-se por dolo a vontade consciente de


Segundo a teoria da vontade,
querer praticar a infração penal.

- Teoria da Representação;

Fala-se em dolosempre que o agente tiver a previsão do resultado como


possível e, ainda assim, decidir prosseguir com a conduta.
ATENÇÃO: De acordo com a teoria da representação, fica abrangido no conceito de dolo
também o conceito de culpa consciente, uma vez que tanto no dolo eventual como na culpa
consciente o agente prevê o resultado e decide prosseguir com a conduta.

Ocorre que no dolo eventual o agente aceita o resultado (foda-se), mesmo não
tendo a intenção direta de provocá-lo (dolo direto), enquanto que na culpa
consciente o agente acredita poder evitar o resultado previsto (fudeu).

OBS: Note que a teoria da representação não se preocupa em diferenciar


tais situações (dolo eventual e culpa consciente), abrangendo assim no
conceito de dolo o conceito de culpa consciente.
- Teoria do Consentimento (Assentimento);

fala-se em dolo sempre que o agente tiver a previsão do


Para essa teoria,
resultado como possível e, ainda assim, decide prosseguir com a
conduta, assumindo o risco de produzir o resultado.
ATENÇÃO: Note que a referida teoria, ao estabelecer que o agente assume o risco de produzir o
resultado, exclui do conceito de dolo o conceito de culpa consciente, deixando apenas no
conceito a definição de dolo eventual.

OBS: teoria da
O ordenamento jurídico brasileiro adota a
vontade para conceituar o dolo direto, e adota a
teoria do consentimento (assentimento) para
definir o dolo eventual.
Assim, o ordenamento jurídico não adotou a teoria da representação, pois essa confunde o
conceito de dolo com o conceito de culpa consciente.

- ESPÉCIES DE DOLO;

Nesse momento iremos estudar as mais diversas classificações doutrinárias acerca das espécies
de dolo.

Assim, o dolo pode ser classificado em:

- DOLO DIRETO (DETERMINADO, IMEDIATO OU INCONDICIONAL);

Configura-se quando o agente prevê o resultado, dirigindo sua conduta na busca de


realizar esse evento (resultado).
- DOLO INDIRETO;

Nesse caso, o agente, com sua conduta, não busca resultado certo e determinado.

O dolo indireto se divide em:

- DOLO ALTERNATIVO;

Ocorre quando o agente prevê a pluralidade de resultados, dirigindo a sua conduta para
realizar qualquer deles.

ATENÇÃO: Nesse caso o agente possui a mesma intensidade de vontade de realizar


qualquer um dos resultados previstos.
Ex: “A” prevê os resultados ferir ou matar alguém, vindo a dirigir sua conduta para atingir
qualquer um dos resultados, pouco importando para o mesmo qual o resultado venha
efetivamente a ocorrer.

CUIDADO: A doutrina classifica o dolo alternativo em duas espécies. Observe:

- DOLO ALTERNATIVO OBJETIVO;

Ocorre quando a vontade indeterminada estiver relacionada com o resultado em face da


mesma vitima.

Ex: “A” atira para ferir ou matar “B”.

- DOLO ALTERNATIVO SUBJETIVO;

Ocorre quando a vontade indeterminada envolve vitimas de um mesmo (único) resultado.

Ex: “A” atira contra um gruo de pessoas para matar qualquer um daqueles.

- DOLO EVENTUAL;

Nesse caso o agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para
realizar um deles, porém assumindo o risco de realizar o outro.
ATENÇÃO: Note que, nesse caso, a intensidade de vontade em relação aos resultados
é diferente.
Ex: “A” prevê ferir beltrano, mas prevê que sua conduta poderá gerar a morte do mesmo.
Nesse caso, dirige sua conduta visando apenas ferir a vítima, mas aceita a possibilidade de
matar.

- DOLO CUMULATIVO;

Nesse caso o agente pretende alcançar dois resultados em sequência.

OBS: Trata-se de hipótese de progressão criminosa.


Ex: Agente que, depois de ferir a vítima, decide provocar sua morte.

- DOLO DE DANO;

A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.


Ex: Homicídio (art. 121 do CP).

- DOLO DE PERIGO;

O agente atua com a intenção de expor a risco (perigo) o bem jurídico


tutelado. Nesse caso, a intenção do agente não é causar efetiva lesão ao bem jurídico
tutelado, mas tão somente expor a perigo o referido bem jurídico.

Ex: Crime de perigo a vida ou a saúde de outrem (art. 132 do CP). Note:

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:


- DOLO GENÉRICO;

O agente atua com vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal sem
um fim especifico.

- DOLO ESPECÍFICO;

O agente atua com vontade


de realizar a conduta descrita no tipo penal que
possui um fim especifico.
OBS: Os delitos que exigem, para efeitos de configuração, dolo especifico do agente possuem
expressões como “... com o fim específico de ...”.

Ex: Delito de Falsidade Ideológica (art. 299 do CP). Note:

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante:

ATENÇÃO: Atualmente, não se fala mais em dolo genérico ou dolo


especifico. Na verdade, o dolo genérico é denominado de dolo,
enquanto que o dolo especifico é denominado de elemento subjetivo
do tipo.

- DOLO DE 1o GRAU;

Trata-se do dolo direto.


- DOLO DE 2o GRAU;

Trata-se de espécie de dolo direto, porém a vontade do agente se dirige aos meios
utilizados para alcançar determinado resultado visado.

Abrange os efeitos colaterais do crime, de verificação praticamente


certa. Assim, o agente não persegue imediatamente os efeitos
colaterais de sua conduta, mas tem por certa a sua ocorrência caso o
resultado efetivamente pretendido venha a ocorrer.

Ex: “A” visa matar desafeto, passageiro de um avião, e para


tanto, coloca uma bomba na aeronave.

Nesse caso, há dolo de 1o grau (morte do desafeto), e dolo de 2o grau (morte dos demais
passageiros).

CUIDADO: Não confunda dolo de 2 o grau com dolo eventual.


No dolo de 2 o grau o resultado paralelo (efeitos colaterais ou consequências necessárias para
alcançar o resultado efetivamente pretendido) é certo e inevitável, enquanto que no dolo
eventual o resultado pode ou não ocorrer (resultado incerto).

Ex: “A” com o intuito de jogar uma pedra na cabeça de “B”, que se
encontra em um ônibus, prevê a possibilidade de atingir o motorista no
veiculo que esta ao lado da pessoa a qual visa atingir. Mesmo prevendo
o resultado, “A” assume o risco e lança a pedra em direção de “B”,
porém, como já previsto, a mesma atinge a cabeça do motorista do
ônibus que vem a óbito.
Note que nesse caso, trata-se de dolo eventual, e não de dolo de segundo grau, uma vez que o
resultado (atingir a cabeça do motorista) não era certo e inevitável para atingir a pessoa
desejada, uma vez que era possível que “A” atingisse somente a pessoa desejada sem que para
isso fosse inevitável atingir o motorista.
Note outro exemplo:

Ex: “A”, visando matar “B”, passageiro de um determinado avião,


decide colocar uma bomba na respectiva aeronave, mesmo prevendo
que outras pessoas irão morrer em decorrência da explosão causada.
Note que a intenção de “A” (dolo direto de 1 grau) é matar “B”, sendo a
morte dos demais passageiros efeito colateral (consequência
necessária) para atingir o resultado pretendido, qual seja, a morte de
“B”.
Observe que nesse caso, diferentemente do que ocorre no exemplo do ônibus, a morte dos
demais passageiros configura resultado certo e inevitável para alcançar o resultado pretendido.

CONTINUA ...

QUESTÕES DE CONCURSO

COPES UEL - PCPR – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – 2018

No chamado dolo eventual, o agente prevê o resultado danoso como possível,


mas não o deseja diretamente e ainda tem a convicção de que não ocorrerá.

CERTO

ERRADO

UEG – DELEGADO DE POLICIA – PCGO – 2018

Há dolo direto de segundo grau quando há vontade consciente do agente em


relação aos efeitos colaterais possíveis de sua ação.
CERTO

ERRADO

VUNESP – DELEGADO DE POLICIA – PCSP – 2018

“Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente,


que não ocorrerá; configura- se _________ quando a vontade do agente não está
dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo diverso, mas, prevendo
que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua
produção.”
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas.

A) dolo indireto ... dolo alternative


B) dolo eventual ... culpa consciente
C) culpa inconsciente ... culpa consciente
D) culpa consciente ... dolo eventual
E) culpa inconsciente ... dolo eventual

CESPE – STJ – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2018

Acerca do crime doloso e do arrependimento posterior, julgue o item seguinte.

Em relação ao crime doloso, o Código Penal adota a teoria da vontade para o dolo
direto e a teoria do assentimento para o dolo eventual.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 D – 4 C
CONTINUAÇÃO ...

- DOLO ANTECEDENTE;

Trata-se do dolo anterior a conduta.

- DOLO CONCOMITANTE;

Trata-se do dolo simultâneo a conduta.

- DOLO SUBSEQUENTE;

Trata-se do dolo posterior a conduta.

essa classificação é inútil, pois


ATENÇÃO: O professor Guilherme Nucci aponta que
de nada adianta ocorre dolo antecedente ou subsequente se no
momento da conduta não existe dolo por parte do agente, uma vez que
os elementos do crime (fato típico, ilícito e culpável) são analisados no
momento da conduta.
Assim, o dolo sempre deverá ser concomitante, pois do contrário, constituirá
indiferente penal.

- DOLO DE PROPÓSITO;

Trata-se da vontade refletida (pensada).

OBS: Trata-se da premeditação.


- DOLO DE ÍMPETO;

Caracterizado por ser repentino, sem intervalo entre a fase da cogitação e da


execução.

OBS: O dolo de ímpeto está presente nas denominadas “ações de curto circuito”,
entendida esta como o movimento relâmpago e provocado pela
excitação, logo, acompanhado de vontade, razão pela qual também é
conhecida por crime explosivo, de ímpeto ou de vontade instantânea,
já que não ocorre qualquer planejamento.

Ex.: excitação em torcida organizada.

Trata-se de uma ação em forma de reação primitiva, momentânea e impulsiva, ocasião em


que o agente é levado pela emoção.

ATENÇÃO: Trata-se de circunstância que atenua a pena. Observe:

Art. 65 CP- São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

III - ter o agente:

e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o


provocou.

- DOLO ABANDONADO;

desistência voluntária e
Verifica-se o dolo abandonado nas situações de
arrependimento eficaz, em que o agente, afastando-se de seu
propósito inicial (intenção), desiste de prosseguir na execução de
determinado delito ou atua para impedir que o resultado se concretize.
OBS: Os institutos da desistência voluntária e arrependimento eficaz serão estudados na fase
da tipicidade (elemento do fato típico).
- CULPA (CONDUTA CULPOSA);
Os crimes culposos possuem previsão legal no art. 18 do Código Penal. Note:

Art. 18 - Diz-se o crime:

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência


ou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

- CONCEITO DE CRIME CULPOSO;

conduta voluntária que realiza (gera) um


O crime culposo consiste numa
evento (resultado) não querido ou aceito pelo agente, mas que podia
ser evitado se o agente empregasse a cautela (cuidado) necessário.

- ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO;

São elementos do crime culposo:

- CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA;

- VIOLAÇÃO DE UM DEVER DE CUIDADO OBJETIVO;

- RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO;

- NEXO ENTRE CONDUTA E RESULTADO;

- RESULTADO INVOLUNTÁRIO PREVISÍVEL;

- TIPICIDADE.

Nesse momento iremos estudar cada um dos elementos do crime culposo. Note:
- CONDUTA HUMANA VOLUNTÁRIA;

Trata-se da ação ou omissão dirigida ou orientada pelo querer, causando um resultado


INVOLUNTÁRIO.

CUIDADO: Note a diferença entre crime doloso e culposo:

DOLO CULPA
CONDUTA VOLUNTÁRIA CONDUTA VOLUNTÁRIA
+ +
RESULTADO VOLUNTÁRIO RESULTADO INVOLUNTÁRIO

Assim, nos
crimes culposos, o agente busca um resultado (lícito), porém
acaba por produzir um resultado (ilícito), causado por sua
imprudência, negligência ou imperícia.

- VIOLAÇÃO DE UM DEVER DE CUIDADO OBJETIVO;

O agente na culpa viola seu dever de diligência (cuidado), regra básica para o convívio social.

Desta forma, o comportamento do agente não atende o que era esperado pela lei e pela
sociedade.

deve-se
ATENÇÃO: Visando verificar se houve violação do dever objetivo de cuidado,
analisar o cuidado que seria empregado pelo homem médio (pessoa
com inteligência mediana).

ATENÇÃO: São formas de violação do dever de cuidado:

- IMPRUDÊNCIA;

Trata-se da precipitação (afoiteza).

Ex: Conduzir veículo em alta velocidade em dia chuvoso.


- NEGLIGÊNCIA;

Trata-se da ausência de precaução.

OBS: Ao contrário do que ocorre na imprudência, revela-se a negligência antes de


se iniciar a conduta.
EX: Conduzir veículo com pneus gastos.

- IMPERÍCIA;

Trata-se da falta de aptidão técnica para o exercício de arte, oficio ou profissão.

EX: Condutor que troca o pedal do freio pelo pedal do acelerador.

o Ministério Público deve apontar a forma de


CUIDADO: Na denúncia,
violação do dever de cuidado, descrevendo no que consistiu o mesmo.
EX: “Fulano, dirigindo em alta velocidade em dia de chuva, nisso, aliás, consistiu sua
imprudência, matou Beltrano”.

ATENÇÃO: Imagine a seguinte situação:

“Ministério Público denuncia Fulano por crime culposo,


indicando ter havido imprudência. Durante a instrução,
comprova-se a culpa, porém decorrente de negligência.
Nesse caso, poderá o juiz condenar Fulano ou deve enviar
as autos ao Ministério Público aditar (alterar a inicial
(denúncia)”?
deverá o Ministério Público
OBS: Visando não violar o principio da ampla defesa,
aditar a denúncia, aplicando-se o teor do art. 384 do Código de
Processo Penal (mutatio libelli). Note:
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta
houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo
o aditamento, quando feito oralmente.

CONTINUA ...

QUESTÕES DE CONCURSO

MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

Entende-se por dolo abandonado a conduta do agente que, afastando-se de seu


propósito inicial, desiste de prosseguir na execução de determinado delito ou
atua para impedir que o resultado se concretize.

CERTO

ERRADO

MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

No dolo de propósito o sujeito age com vontade e consciência refletida e


premeditada, enquanto que no dolo de ímpeto o autor age de modo repentino,
sem intervalo entre a cogitação e a execução do crime.

CERTO

ERRADO
AOCP – ESCRIVÃO DE POLICIA – PCES – 2019

Considera-se crime culposo quando

A) o agente atinge o resultado delitivo requerido.

B) o agente impede que resultado delitivo se conclua.

C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.

D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.

CESPE – SEFAZ-RS – ANALISTA FAZENDÁRIO – 2018

A conduta culposa é dirigida à prática de um fim ilícito.

CERTO

ERRADO

FCC – DELEGADO DE POLÍCIA - 2017

No exercício da enfermagem, situações podem acontecer por displicência,


atitude precipitada e falta de conhecimento técnico do profissional ao executar
um determinado procedimento, tais falhas caracterizam-se, respectivamente, por

A) imperícia, imperícia, negligência.


B) negligência, imprudência, imperícia.
C) imperícia, negligência, imprudência.
D) imprudência, imperícia, negligência.
E) negligência, negligência, imprudência.

GABARITO: 1 C – 2 C – 3 D – 4 E – 5 B
- RESULTADO NATURALÍSTICO INVOLUNTÁRIO;

Em regra, o crime culposo é material, ou seja o legislador estabelece um


resultado naturalístico (modificação do mundo exterior) e exige que tal modificação ocorra
para efeitos de configuração do delito.

Ex: Homicídio culposo.

ATENÇÃO: Excepcionalmente, temos crimes culposos não materiais, ou


seja crimes culposos formais, entendidos estes como aqueles em que o legislador
estabelece um resultado naturalístico, mas não exige sua ocorrência para efeitos de
consumação do delito.

Ex: Prescrição culposa de droga sem que dela necessite o paciente (art. 38 da Lei de Drogas).

- NEXO CAUSAL ENTRE CONDUTA E RESULTADO;

Nesse caso, deve-se demonstrar que a conduta voluntária está relacionada


(causa) com o resultado involuntário (resultado).

- RESULTADO INVOLUNTÁRIO PREVISÍVEL;

CUIDADO: O termo “previsível” significa a possibilidade de o agente prever o


perigo decorrente da conduta.

ATENÇÃO: Não confunda o termo “previsível” (possibilidade de prever o


perigo), com a efetiva previsão do perigo.
Note que, para efeitos de configuração do crime culposo basta que o agente tenha a
possibilidade de prever o perigo, mesmo que diante do caso o agente não venha
a prever efetivamente o referido perigo (resultado).

CUIDADO: Ainda que o agente venha a prever efetivamente o perigo


(resultado), não se descarta a culpa, desde que, nesse caso, o agente
confie poder evitar o reslutado efetivamente previsto (culpa
consciente).

- TIPICIDADE;

Note o teor do art. 18, parágrafo único do CP:

Art. 18. Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser
punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

OBS: Assim, no
silêncio, o tipo penal somente será punido a titulo de dolo,
uma vez que somente haverá crime culposo se expressamente previsto
em lei (principio da excepcionalidade do crime culposo).
Ex: Lesão corporal culposa.

- ESPÉCIES DE CULPA;
- CULPA CONSCIENTE (COM PREVISÃO);

o agente prevê o resultado, mas espera que ele não ocorra,


Nesse caso,
supondo poder evitá-lo com suas habilidades ou com a sorte.
Note que na culpa consciente, apesar do agente prever efetivamente o resultado involuntário,
não o aceita, acreditando poder evitá-lo, uma vez que se o agente o aceitasse, estaríamos
diante de dolo eventual.

- CULPA INCONSCIENTE (SEM PREVISÃO);

o agente não prevê efetivamente o resultado, apesar do


Nesse caso,
mesmo ser previsível.
Assim, não há previsão efetiva, mas sim previsibilidade (possibilidade de previsão do resultado).
- CULPA PRÓPRIA (PROPRIAMENTE DITA);

O agente não deseja e não assume o risco de produzir o resultado, mas


acaba lhe dando causa por imprudência, negligência ou imperícia.

OBS: Aculpa própria é gênero dos quais são espécies a culpa consciente
e a culpa inconsciente.
Note a estrutura da culpa própria:

CULPA PRÓPRIA = CONDUTA VOLUNTÁRIA + RESULTADO INVOLUNTÁRIO

- CULPA IMPRÓPRIA (IMPROPRIAMENTE DITA, POR EQUIPARAÇÃO,


ASSIMILAÇÃO OU EXTENSÃO);

CUIDADO: Aculpa imprópria foge da estrutura do crime culposo (conduta


voluntária e resultado voluntário), e por esta razão é denominada de
imprópria.

quando o agente, por erro evitável (falsa


Entende-se por culpa imprópria
percepção da realidade que poderia ser evitada se o agente tivesse o
cuidado necessário), imagina certa situação de fato que, se existisse,
excluiria sua ilicitude (descriminante putativa).
Assim, o agente provoca intencionalmente o resultado (resultado voluntário),
mas responde por crime culpa, por razões de política criminal (escolha do
legislador).

Ex: “A” sabendo que “B” gostaria de matá-lo se depara com o mesmo em uma rua
escura. Ao verificar que “B” coloca suas mãos na cintura, imagina que o mesmo
sacará uma arma de fogo, e diante do fato, saca sua arma e mata seu desafeto.
Ocorre que ao verificar a vitima, constata que “B” não estava armado.
Note o que dispõe o art. 20, § 1º, 2 º parte do CP:
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo

Desta forma, a culpa imprópria possui estrutura de crime doloso (conduta voluntária e
resultado voluntário), porém por vontade do legislador (razões de política
criminal), deverá o agente responder pela modalidade culposa do delito
praticado, se esta estabelecer modalidade culposa.
Note a estrutura da culpa imprópria:

CULPA IMPRÓPRIA = CONDUTA VOLUNTÁRIA + RESULTADO VOLUNTÁRIO + ERRO DE TIPO EVITÁVEL.

ATENÇÃO: A culpa imprópria é a única espécie de crime


culposo que admite tentativa, uma vez que possui estrutura
de crime doloso.

- EXCLUSÃO DA CULPA;
- CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR;

Por se tratar de fatos imprevisíveis, o resultado não poder fundamentar


responsabilidade por culpa.
- PRINCÍPIO DA CONFIANÇA;

O dever objetivo de cuidado se estabelece sobre todos os indivíduos e,


por isso, pode-se confiar que todos procedam de forma a permitir a
pacifica convivência em sociedade.
Dessa forma, se alguém age nos limites do dever de cuidado, confiando que os
demais procedam da mesma forma, não responde por eventual resultado lesivo
involuntário em que se veja envolvido.

Ex: Motorista que dirige seu veiculo em velocidade compatível e com


atenção confia que pedestre também será cuidadoso.

- RISCO TOLERADO;

O comportamento humano, no geral, atrai certa carga de risco que, se


não fosse tolerada, impossibilitaria a prática de atividades básicas.
Ex: Médico que realiza procedimento experimental em paciente com doença
grave sem perspectiva de melhora através de tratamento já consagrado.

RESUMO ...
CONSCIÊNCIA VONTADE

DOLO DIRETO PREVÊ O RESULTADO QUER O RESULTADO


DOLO EVENTUAL PREVÊ O RESULTADO ACEITA O RESULTADO
CULPA CONSCIENTE PREVÊ O RESULTADO NÃO QUER E NÃO ACEITA O
RESULTADO, ACREDITANDO
PODER EVITÁ-LO.
CULPA NÃO PREVÊ O RESULTADO NÃO QUER E NÃO ACEITA O
INCONSCIENTE QUE ERA PREVISÍVEL RESULTADO.
QUESTÕES DE CONCURSO

FUNCAB – PERITO CRIMINAL

A culpa consciente ocorre quando o agente:

A) mesmo sem previsão do resultado que é previsível, avança na ação.

B) quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

C) prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que possa evitá-lo, pelo emprego
de habilidades.

D) não quer o resultado, mas assume o risco de produzi-lo.

CESPE – DELEGADO DE POLÍCIA

A) O agente de conduta culposa assume o risco do resultado produzido por


sua conduta.
B) A conduta culposa é dirigida à prática de um fim ilícito.
C) O agente com culpa consciente prevê, mas não aceita, a superveniência do
resultado de sua conduta.
D) O agente de crime culposo não tem previsibilidade objetiva do resultado de
sua conduta.
E) A conduta negligente admite, em regra, tentativa no crime culposo.

FGV – ANALISTA ADMINISTRATIVO

Os tipos culposos estão sujeitos ao princípio da tipicidade, somente podendo ser


punidos quando devidamente prevista em lei a punição a título de culpa;

CERTO
ERRADO

FGV – ANALISTA ADMINISTRATIVO

O tipo culposo próprio, se presentes todos os demais elementos, admite a


punição na modalidade tentada.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 C – 3 C – 4 E

- PRETERDOLO (CRIME PRETERDOLOSO);

o agente pratica delito distinto do que havia


No crime preterdoloso,
planejado cometer, decorrendo da conduta dolosa resultado culposo
mais grave do que o desejado.

ATENÇÃO: O preterdolo é uma figura híbrida (mista), entendida esta


como o concurso de dolo e culpa diante de uma mesma situação fática.
Note:

PRETERDOLO (CRIME PRETERDOLOSO) = DOLO (ANTECEDENTE) + CULPA


(CONSEQUENTE)

OBS: Podemos apontar como exemplo de crime preterdoloso o delito de lesão


corporal seguida de morte. Observe:
Lesão corporal seguida de morte

Art. 129, § 3° CP- Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o


agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:

Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

O crime preterdoloso está previsto no art. 19 do Código Penal. Observe:

Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que
o houver causado ao menos culposamente.

- ELEMENTOS DO CRIME PRETERDOLOSO;

São elementos do crime preterdoloso:

- CONDUTA DOLOSA VISANDO DETERMINADO RESULTADO;

- PROVOCAÇÃO DE RESULTADO CULPOSO MAIS GRAVE QUE DESEJADO;

- NEXO CAUSAL ENTRE CONDUTA E RESUTADO;

- TIPICIDADE.

OBS: Não se pune crime preterdoloso sem previsão legal.

- CRIME PRETERDOLOSO X CASO FORTUÍTO OU FORÇA MAIOR;

o resultado deve ser culposo, pois se for fruto de


No crime preterdoloso

caso fortuito ou força maior (excludentes de culpa), não poderá ser


imputado ao agente responsabilização penal.
Ex: Lutador que, ao se desentender com seu treinador, desfere no mesmo um
soco que faz com que este caia e bata a cabeça em um prego que se encontrava
exposto no ringue (caso fortuito).
Note que no exemplo há dolo na conduta (antecedente), qual seja o de
praticar lesão corporal, porém não há culpa no resultado
(consequente), qual seja, a morte do treinador, uma vez que não era
previsível (possibilidade de previsão do resultado), que em um tatame
estivesse um prego exposto que poderia perfurar o crânio da vítima ao
cair em decorrência do soco proferido pelo agente.

Desta forma, para


efeitos de configuração do preterdolo se faz necessário
que haja previsibilidade do resultado culposo (possibilidade de prever o
resultado indesejado), uma vez que o resultado involuntário previsível constitui elemento do
crime culposo, e não estando o mesmo presente, não a que se falar em culpa, tampouco em
preterdolo, já que este é constituído por dolo na conduta e culpa no resultado mais gravoso
que o desejado.

- CRIME PRETERDOLOSO X TENTATIVA;

não há tentativa em crime preterdoloso, uma


Segundo a doutrina majoritária

vez que nos crimes culposos não se admite a modalidade tentada.

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS – 2019

O crime preterdoloso ocorre quando o agente atua com culpa na conduta


antecedente, mas o resultado agrava a pena devido a uma conduta dolosa
posterior.

CERTO

ERRADO
FUNCAB – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCRO

O crime de lesão corporal seguido do resultado morte, disposto no artigo 129, §


3º, do Código Penal, é exemplo de crime preterdoloso.

CERTO

ERRADO

FUNCAB – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCRO

O crime culposo admite a figura da tentativa.

CERTO

ERRADO

CESPE – CÂMARA DOS DEPUTADOS – ANALISTA LEGISLATIVO

Ocorre crime preterdoloso quando o agente pratica dolosamente um fato do qual


decorre um resultado posterior culposo. Para que o agente responda pelo
resultado posterior, é necessário que este seja previsível.

CERTO

ERRADO

CESPE – AUDITOR FISCAL

Em relação ao direito penal, julgue o item a seguir.

A culpa imprópria ocorre nas hipóteses de descriminantes putativas em que o


agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a
um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo.
CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 E – 4 C – 5 C

- ERRO DE TIPO;

- CONCEITO DE TIPO PENAL, ELEMENTARES DO TIPO E


CIRCUNSTÂNCIAS DO TIPO;

Primeiramente, devemos conceituar tipo penal, elementares do tipo e


circunstâncias do tipo. Note:

tipo penal a descrição da conduta penalmente relevante,


Entende-se por
ou seja a descrição de uma conduta que é configuradora de infração
penal.
Ex: “Matar alguém” – Homicídio.

Ex: “Subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel” – Furto.

ATENÇÃO: O tipo penal é composto por elementares e em alguns casos


circunstâncias.

Entende-se por elementares


do tipo penal os fatores (dados) que integram
a definição básica de uma infração penal, sendo que, se retiradas
(suprimidas), afastam a incidência do crime ou ao menos não restará
configurado aquele tipo penal específico.
Ex: Art. 121 do CP – Homicídio – “Matar alguém”.
Note que no delito de homicídio, tanto o fator “matar” como o fator “alguém” são
elementares do tipo penal em estudo, uma vez que se suprimidos, não restará
configurado o crime de homicídio.

circunstâncias do tipo penal os fatores que se


Por outro lado, entende-se por
agregam ao tipo fundamental (elementares), para o fim de aumentar
ou diminuir a pena.

Observe que, diferentemente das elementares do tipo, as circunstâncias do tipo


se suprimidas (retiradas), não possuem a capacidade de afastar a
incidência do delito específico (tipo penal), influenciando somente na
dosimetria (cálculo) da pena.

- CONCEITO DE ERRO DE TIPO;

Trata-se da falsa
percepção da realidade, ou seja a ignorância ou erro que
recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado
pertencente ao tipo penal.
EX: “A” se apodera de material na rua, imaginando tratar-se de coisa abandonada
(sem dono), porém, na verdade, o material pertence a “B”, que reformava sua
residência.
Note que no exemplo acima “A” não sabia que subtraia coisa alheia móvel (crime de furto),
incorrendo assim em erro (falsa percepção da realidade), que no caso concreto recaiu sobre a
elementar “coisa alheia”.

- ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO;

ATENÇÃO: Não confunda erro de tipo com erro de proibição.


Observe as diferenças entre ambas:

ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO

Existe falsa percepção da O agente percebe a realidade, mas


realidade. equivocando-se sobre a regra de
conduta.

O agente não sabe o que faz, pois o erro O agente sabe o que faz, mas ignora
recai sobre o fato (acontecimento). ser proibida a sua conduta.

Ex: Fulano sai de uma festa com Ex: “A” que ao achar um objeto se
guarda-chuva pensando que é o seu, apodera do mesmo, acreditando ser
mas logo percebe que tratava-se de sua conduta lícita, porém a mesma
guarda-chuva alheio. configura crime (apropriação de coisa
achada).

A análise do erro de tipo ocorre no fato A análise do erro de proibição ocorre na


típico, mais especificamente na conduta culpabilidade (potencial consciência de
(dolo e culpa). ilicitude).

- ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO;

- ERRO DE TIPO ESSENCIAL;

Trata-se do erro de tipo (falsa percepção da realidade) que recai sobre dados essenciais
(elementares) do tipo penal.
O erro de tipo essencial se divide em:

- ERRO DE TIPO ESSENCIAL INEVITÁVEL (ESCUSÁVEL OU INVENCÍVEL);

- ERRO DE TIPO ESSENCIAL EVITÁVEL, (VENCÍVEL OU INESCUSÁVEL);


- ERRO DE TIPO ACIDENTAL;

Trata-se do erro de tipo que não recai sobre os dados essenciais (principais) do
tipo penal, mas sim sobre os dados secundários (periféricos) do tipo.

O erro de tipo acidental se divide em:


- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O OBJETO;

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA;

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A EXECUÇÃO (“ABERRATIO ICTUS”);

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO;

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O NEXO CAUSAL.

Nesse momento iremos estudar cada uma


ATENÇÃO:

das espécies de erro de tipo.

- ERRO DE TIPO ESSENCIAL;

No erro de tipo essencial, o erro recai sobre os dados principais (essenciais) do tipo
penal.

OBS: Se o agente soubesse acerca do erro (falsa percepção da realidade), não


teria praticado a conduta.

O erro de tipo essencial está previsto no art. 20 “caput” do Código Penal. Observe:

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
o agente ignora ou erra sobre
Desta forma, tratando-se de erro de tipo essencial,
elemento constitutivo do tipo penal (elementar do tipo).
Ex: Caçador que atira contra um arbusto pensando que lá se esconde um veado.
Ao se aproximar, percebe que matou alguém (pessoa).
OBS: Note que no exemplo acima o atirador ignorava a elementar do tipo de homicídio
“alguém” (pessoa), achando na verdade (erro) que atirava em um veado (animal).

CUIDADO: Asconsequências jurídicas irão depender da natureza (espécie)


do erro essencial. Note:

- ERRO DE TIPO ESSENCIAL EVITÁVEL;

Constatado o erro de tipo essencial evitável, entendido este como aquele em que
se o agente tivesse sido mais cauteloso não incorreria em erro, ocorrerá a
exclusão do dolo (uma vez que não há consciência do mesmo durante a
conduta), porém, por ser evitável, permite a punição do agente a
título de culpa (uma vez que há previsibilidade do resultado), se previsto em
lei modalidade culposa para o tipo penal praticado.

- ERRO DE TIPO ESSENCIAL INEVITÁVEL;

Constatado o erro de tipo essencial inevitável, entendido este como aquele em


que o agente não poderia evitar, ocorrerá a exclusão do dolo (uma vez
que não há consciência na conduta), como também da culpa (uma vez
que, por ser inevitável, não há previsibilidade do resultado).

ATENÇÃO: Para verificar se o erro essencial é evitável ou inevitável, leva-se


em consideração a capacidade intelectual do homem médio (pessoa com
inteligência mediana), ou seja, indaga-se diante do caso concreto se o homem médio
(pessoa comum) poderia ou não evitar o erro (falsa percepção da realidade).

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL;

Trata-se do erro
de tipo que recai sobre os dados secundários (periféricos)
do tipo penal, ou seja, não essenciais para sua configuração.

OBS: Se o agente fosse avisado do erro, neste caso, o agente corrigiria os


caminhos ou sentido da conduta, mas continuaria a agir de forma ilícita.

ATENÇÃO: O erro de tipo acidental possui 5 (cinco) espécies, quais


sejam:

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O OBJETO;


OBS: O erro de tipo acidental sobre o objeto não possui previsão legal, sendo fruto da
doutrina.

Ocorre o erro de tipo acidental sobre o objeto quando


o agente se confunde (erro)
quanto ao objeto material (coisa) por ele visado, atingindo objeto
diverso do pretendido.
Ex: “A”, querendo subtrair um relógio de ouro, por erro, acaba furtando um
simples relógio durado.

ATENÇÃO: Note que o erro não é essencial, uma vez que sendo o relógio de ouro ou
não, restará configurado o mesmo tipo penal, qual seja o de furto (coisa alheia móvel).

ATENÇÃO:O erro de tipo acidental sobre o objeto não exclui o dolo e a


culpa, não isentando o agente de pena. Na verdade, o agente responderá
pelo delito levando-se em consideração o objeto material efetivamente
atingido, e não o objeto visado (TEORIA DA CONCRETIZAÇÃO).

Se o objeto material (coisa) não for dado periférico do


CUIDADO:

tipo, mas sim constituir elementar do mesmo, não estaremos


diante de erro acidental sobre o objeto, mas sim erro de tipo
essencial. Note o exemplo:
Ex: Senhora que cultiva pé de maconha no quintal de sua casa, imaginando ser
planta ornamental. Note que neste caso, o erro recai sobre o objeto material
(droga), porém o mesmo não é mero dado periférico do tipo penal, mas sim
elementar do tipo.

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE A PESSOA;


O erro de tipo acidental sobre a pessoa está previsto no art. 20, § 3º do Código Penal. Observe:

§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

Assim,trata-se da equivocada (erro) representação do objeto material


(pessoa) pelo agente, ou seja, em decorrência de erro na representação
(identificação da pessoa visada), o agente querendo atingir
determinada pessoa (vítima virtual), acaba por atingir pessoa diversa
(vítima real).
Ex: “A” deseja matar seu pai (vítima virtual), porém representando
equivocadamente a pessoa que entra na casa, acaba por matar seu tio (vítima
real).
CUIDADO: Neste caso não há erro na execução, mas sim erro na representação, ou
seja o agente confunde a vítimas.

ATENÇÃO: O erro acidental sobre a pessoa não exclui o dolo e a culpa,


não isentando o agente de pena, devendo o mesmo responder pelo
LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO AS
crime praticado,
QUALIDADES DA VÍTIMA PRETENDIDA.
Observe que neste caso adota-se a teoria da equivalência, ou seja, leva-se
em consideração as qualidades da pessoa que se visava atingir e não as
da pessoa efetivamente atingida.

CONTINUA ...

QUESTÕES DE CONCURSO

MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

O erro de tipo vencível (ou inescusável) afasta o dolo e a culpa.

CERTO

ERRADO

CESPE – JUIZ DE DIREITO – TJSC – 2019

O erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui o dolo, se inevitável, ou


diminui a pena de um sexto a um terço, se evitável.

CERTO
ERRADO

FGV – DEFENSOR PÚBLICO – 2019

Ao final das comemorações da noite de Natal com sua família, Paulo, quando
deixava o local, acabou por levar consigo o presente do seu primo Caio,
acreditando ser o seu, tendo em vista que as caixas dos presentes eram idênticas.
Após perceber o sumiço do seu presente e acreditando ter sido vítima de crime
patrimonial, Caio compareceu à Delegacia para registrar o ocorrido, ocasião em
que foram ouvidas testemunhas presenciais, que afirmaram ter visto Paulo sair
com aquele objeto. Paulo, ao tomar conhecimento da investigação, compareceu
em sede policial e indicou onde o objeto estava, sendo o bem apreendido no dia
seguinte em sua residência. Preocupado com sua situação jurídica, Paulo
procurou a Defensoria Pública.

Sob o ponto de vista jurídico, sua conduta impõe o reconhecimento de que:

A) ocorreu erro de proibição, afastando a culpabilidade ou gerando causa de


redução de pena, a depender de ser considerado vencível ou invencível;
B) foi praticado crime de furto, mas deverá ser reconhecida a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior;
C) houve erro sobre a pessoa, devendo ser consideradas as características
daquele que se pretendia atingir;
D) ocorreu erro de tipo, o que faz com que, no caso concreto, sua conduta seja
considerada atípica;
E) houve erro na execução (aberratio ictus), logo a conduta deverá ser
considerada atípica.

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 D
- ERRO DE TIPO ACIDENTAL NA EXECUÇÃO (“ABERRATIO ICTUS”);
O erro de tipo na execução (“aberratio ictus”) está previsto no art. 73 do Código Penal.
Observe:

Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao
invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º
do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código

ATENÇÃO:Entende-se por erro na execução o erro no uso dos meios da


execução que faz com que o agente acabe por atingir pessoa diversa
da pretendida.
Ex: “A” visa atar seu pai, atira, mas por falta de habilidade no manuseio da arma
de fogo acaba por atingir pessoa diversa, a exemplo, seu vizinho.

CUIDADO: O erro na execução poderá gerar os seguintes resultados:

- “ABERRATIO ICTUS” COM RESULTADO ÚNICO;

o agente atinge somente a pessoa diversa da pretendida,


Nesse caso,
sendo punido levando-se em consideração as qualidades da pessoa
que visava efetivamente atingir (teoria da equivalência).

- “ABERRATIO ICTUS” COM RESULTADO DUPLO (UNIDADE COMPLEXA);

Nesse caso, o agente atinge tanto a pessoa pretendida como pessoa diversa (não
desejada).
deverá o agente responder por ambos os resultados,
OBS: Nesta situação,
aplicando-se ao caso as regras do concurso formal previstas no art. 70
do CP.
Imagine a seguinte situação:

“A”, QUERENDO MATAR SEU PAI, ATIRA, MAS ACABA POR


ATINGIR TAMBÉM O SEU VIZINHO QUE PASSAVA DO OUTRO
LADO DA RUA.

Neste caso, poderão ocorrer as seguintes situações:

- 1º SITUAÇÃO;

Ocorrendo a morte de ambos (pai e vizinho), teremos dois crimes


(homicídio doloso – pai) em concurso formal com (homicídio culposo
– vizinho).

- 2º SITUAÇÃO;

Ocorrendo lesão corporal em ambos (pai e vizinho), deverá o agente


responder por (tentativa de homicídio – pai) em concurso formal com
o delito de (lesão corporal culposa – vizinho).

- 3º SITUAÇÃO;

Ocorrendo a morte do pai e lesão corporal em face do vizinho, deverá


o agnte responder por (homicídio doloso – pai) em concurso formal
com o delito de (lesão corporal culposa – vizinho).
- 4º SITUAÇÃO;

Ocorrendo a morte do vizinho e lesão corporal em face do pai, deverá


o agente, segundo a doutrina majoritária, responder por (homicídio
doloso – vizinho), porém levando-se em conta as qualidades do pai
(pessoa efetivamente pretendida), não se podendo ignorar a lesão
corporal no pai para fins de exasperação da pena no concurso formal,
ou seja, ocorrerá aumento de pena.
ATENÇÃO: Apesar de ser a posição majoritária, e por esta razão, a que deve ser
adotada em provas, o mestre Fragoso discorda de tal posição, entendendo que
no caso concreto, deverá o agente responder por tentativa de homicídio em
face do pai em concurso foral com o delito de homicídio culposo em face do
vizinho.

CUIDADO: Note as diferenças entre erro sobre a pessoa e erro na


execução:

ERRO SOBRE A PESSOA ERRO NA EXECUÇÃO


Erro na representação A representação
(identificação) da vítima. (identificação) da vítima
ocorre de forma correta.

A execução do crime é correta, A execução do crime é falha.


não havendo falha na
execução.
A pessoa visada não sofre A pessoa visada sofre risco,
risco, pois foi confundida com pois foi corretamente
outra. identificada.
Note que em ambos os casos (erro sobre a pessoa e erro na
ATENÇÃO:
execução), aplica-se a teoria da equivalência, ou seja, leva-se em
consideração as qualidades da pessoa a qual se visava atingir, e não as qualidades
da pessoa efetivamente lesada.

- MODALIDADES DE “ABERRATIO ICTUS” (ERRO NA EXECUÇÃO);

A doutrina moderna classifica o erro na execução em duas espécies. Observe:

- “ABERRATIO ICTUS” POR ACIDENTE;

Neste caso, não há erro no golpe, mas desvio na execução.

OBS: A vítima pode ou não estar no local.

EX: “A” instala uma bomba no carro de “B” visando matá-lo ao ligar o carro.
Porém, naquele dia, quem liga o veículo é “C”, que acaba morrendo.

CUIDADO:Não há erro sobre a pessoa, pois não houve confusão mental


na identificação da vitima pretendida, na verdade, ocorreu desvio na
execução, tratando-se assim de erro na execução.

- “ABERRATIO ICTUS” POR ERRO NO USO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO;

Neste caso, há erro no golpe (desvio na execução em razão da inabilidade do


agente no uso do instrumento).
OBS: A vítima está no local.

Ex: “A” atira em “B”, mas atinge “C”.


QUESTÕES DE CONCURSO

VUNESP – JUIZ DE DIREITO

Quando, por erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse
praticado o crime contra aquela, levando-se em consideração as qualidades da
vítima que almejava. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do concurso formal.

CERTO

ERRADO

VUNESP – JUIZ DE DIREITO

II. Há representação equivocada da realidade, pois o agente acredita tratar-se a


vítima de outra pessoa. Trata-se de vício de elemento psicológico da ação. Não
isenta de pena e se consideram as condições ou qualidades da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.

CERTO

ERRADO

FGV – ANALISTA JURIDICO

Flavio, pretendendo matar seu pai Leonel, de 59 anos, realiza disparos de arma de
fogo contra homem que estava na varanda da residência do genitor, causando a
morte deste. Flavio, então, deixa o local satisfeito, por acreditar ter concluído seu
intento delitivo, mas vem a descobrir que matara um amigo de seu pai, Vitor, de
70 anos, que, de costas, era com ele parecido.
A Flávio poderá ser imputada a prática do crime de homicídio doloso, com erro:
A) sobre a pessoa, considerando a agravante de crime contra ascendente, mas
não a causa de aumento em razão da idade da vítima;

B) sobre a pessoa, considerando a causa de aumento em razão da idade da


vítima, mas não a agravante de crime contra ascendente;

C) de execução, considerando a agravante de crime contra ascendente, mas


não a causa de aumento em razão da idade da vítima;

D) de execução, considerando a agravante de crime contra ascendente e a


causa de aumento em razão da idade da vítima;

E) de execução, considerando a causa de aumento da idade da vítima, mas


não a agravante de crime contra ascendente.

GABARITO: 1 C – 2 C – 3 A

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO


(“ABERRATIO CRIMINIS” OU “ABERRATIO DELICTI”);
Essa espécie de erro de tipo acidental está prevista no art. 74 do Código Penal. Observe:

Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde
por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
não deixa de ser espécie de erro na
ATENÇÃO: A “aberratio criminis”
execução, porém trata-se de erro na execução que atinge bens jurídicos
distintos (pessoa x coisa).
Assim, entende-se por erro acidental sobre o resultado diverso do pretendido
quando o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de execução atinge
bem jurídico distinto daquele que pretendia atingir.
Ex: “A” deseja danificar o carro de “B”. Para tanto, atira uma pedra contra o veículo (coisa), mas
acaba por atingir o motorista (pessoa), que vem a falecer.

Nesse caso, “A”


responderá por homicídio culposo, ou seja, pelo resultado
produzido (diverso do pretendido), a título de culpa.
OBS: Tratando-se de resultado duplo, deverá o agente responder por ambos os
delitos em concurso formal.

CUIDADO:A regra do art. 74 do Código Penal deve ser afastada (não


aplicada) quando o resultado pretendido é mais grave que o resultado
produzido, hipótese esta em que o agente responde pelo resultado
pretendido na forma tentada.
Ex: “A” quer matar “B”. Para tanto, atira uma pedra contra a cabeça de “B”, mas acaba
atingindo o veículo da vítima.

Note que no exemplo acima, se aplicada a regra do art. 74 do CP o fato ficaria impune,
uma vez que, se respondesse pelo resultado produzido (dano), na modalidade
culposa, não restaria configurado crime, já que não existe dano culposo.
Em suma, deverá o agente responder por tentativa de homicídio.

CUIDADO: Não confunda “aberratio ictus” (art. 73 do CP) com a “aberratio


criminis” (art. 74 do CP), apesar de ambas serem espécies de erro na execução.
Note as diferenças entre estas:

“ABERRATIO ICTUS” “ABERRATIO


CRIMINIS”
O agente, apesar do erro O agente, em razão do erro
na execução, atinge o na execução, atinge bem
mesmo bem jurídico (vida), jurídico diferente do que o
mas de pessoa diversa. pretendido.

PESSOA X PESSOA COISA X PESSOA

- ERRO DE TIPO ACIDENTAL SOBRE O NEXO CAUSAL;


Trata-se do erro acidental que não possui previsão legal, sendo fruto da doutrina.

Entende-se por erro sobre o nexo causal quando o agente produz o


resultado desejado, mas com nexo causal diverso do pretendido.

O erro sobre o nexo causal possui duas modalidades. Observe:

- ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL EM SENTIDO ESTRITO;

mediante um só ato, provoca o resultado visado,


Ocorre quando o agente,
porém com outro nexo causal.
Ex: “A” empurra “B” de penhasco para que o mesmo morra afogado (nexo visado). Porém,
durante a queda, “B” bate a cabeça em uma pedra e morre em razão de traumatismo craniano
(nexo real).
- DOLO GERAL (ERRO SUCESSIVO OU “ABERRATIO CAUSAE”);

o agente, mediante conduta desenvolvida em pluralidade de


Neste caso,
atos, provoca o resultado pretendido, porém com outro nexo.
Ex: “A” dispara (nexo visado) contra “B” (1 ato). Imaginando que “B” estava morto, joga seu
corpo no mar (2 ato), porém “B” estava viva e morre afogada (nexo real).

O agente deverá responder pelo crime produzido, levando-se


CUIDADO:
em consideração o nexo real (efetivamente causador da morte).

- QUESTÕES IMPORTANTES;
Imagine a seguinte situação:

“A” deseja matar um agente da Polícia Federal em


serviço. Ocorre que por erro no uso dos meios de
execução, acaba matando outra pessoa que passava pelo
local (erro na execução).
Pergunta-se, nesse caso, o crime de homicídio será julgado
pela Justiça Federal ou pela Justiça Estadual?
CUIDADO: Apesar de tratar-se de erro na execução, modalidade de erro onde se
aplica a teoria da equivalência, ou seja considera-se as qualidades da pessoa a que se
a referida regra
desejava atingir, e não as daquele a qual efetivamente se atingiu,

somente é aplicada para efeitos penais e não para efeitos


processuais penais (competência).
Assim, neste caso, será competente a Justiça Estadual, pois o CPP não trabalha com erro de
tipo.
- ERRO DE SUBSUNÇÃO;

o agente decifra equivocadamente o sentido jurídico do seu


Neste caso,
comportamento.
Ex: “A” falsifica cheque emitido pela Banco Bradesco (instituição financeira
privada). Ao ser denunciado pelo crime de falsificação de documento público
indaga ter praticado falsificação de documento particular. Nesse momento toma
conhecimento que o cheque de natureza provada é equiparado a documento
público.

CUIDADO: Diante desse caso, não


há erro de tipo tampouco erro de proibição,
mas sim erro de subsunção.

Não se trata de erro de tipo, pois não há falsa percepção da realidade (o agente sabe
que falsifica cheque).

Não se trata de erro de proibição, pois o agente conhece a ilicitude de seu


comportamento (sabe que falsificar cheque constitui conduta ilícita).

Na verdade, trata-se de erro de subsunção, ou seja, o erro recai sobre o conceito


(sentido jurídico) de seu comportamento.

ATENÇÃO: Diante do erro de subsunção, não


ocorrerá o afastamento do dolo ou
da culpa, muito menos isenção de pena, devendo o agente responder
pelo delito podendo a pena ser atenuada. Observe:
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

II - o desconhecimento da lei;

- ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO (ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO);

Note o disposto no art. 20, § 2º do CP:

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.


Assim, trata-se
de erro induzido, diferente do erro de tipo onde o agente
erra por conta própria.
ATENÇÃO: Nesse caso, temos o agente provocador (autor mediato) e o agente
provocado (autor imediato).
Ex: Médico que, com a intenção de matar paciente, induz enfermeira a ministrar dose letal
como fosse remédio.

responde pelo crime o terceiro que determina o erro,


Diante desta situação,
no exemplo, o médico responde por homicídio doloso na condição de
autor mediato, sendo que a enfermeira não responde pelo delito, salvo
se constatado que agiu com culpa.

QUESTÕES DE CONCURSO

NUCEPE – PERITO CRIMINAL

O terceiro que determina o erro responde pelo crime.

CERTO

ERRADO

VUNESP - JUIZ

A “aberratio criminis” ocorre diante do desvio do crime, ou seja, do objeto


jurídico do delito. O agente, objetivando um determinado resultado, termina
atingindo resultado diverso do pretendido. O agente responde pelo resultado
diverso do pretendido somente por culpa, se for previsto como delito culposo.
Quando o agente alcançar o resultado almejado e também resultado diverso do
pretendido, responderá pela regra do concurso formal.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 C

• DESCRIMINANTE PUTATIVA;

Entende-se por descriminantes as causas excludentes da ilicitude, a exemplo


da legitima defesa.

Entende-se por putativa aquilo que é imaginário, ou seja o agente imagina algo que não
ocorre no mundo real.

Assim, podemos conceituar descriminante putativa como a modalidade de erro em que o


agente imagina situação de fato em que, se existisse, excluiria sua ilicitude.

ATENÇÃO: Asdescriminantes putativas poderão configurar erro de tipo ou


erro de proibição, a depender do caso concreto.

- ERRO DE TIPO PERMISSIVO;

Note o teor do art. 20, § 1 º do CP:

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,


supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de
pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
EX: “A” ameaçado por perigoso traficante de drogas, o encontra em um beco
escuro. O referido traficante leva as mãos à cintura, momento este em que “A”,
imaginando que será morto, casa sua arma e desfere um disparo letal em
desfavor do traficante. Porém, ao se aproximar do mesmo verifica que este não
se encontrava armado.
Note que no caso hipotético o agente imagina (putativo) estar em legitima defesa
(descriminante), mas não está.

CUIDADO: Por se tratar de espécie de erro que decorre de situação fática


(fato), o legislador confere a este o mesmo tratamento aplicável ao erro de tipo essencial, ou
seja, se INEVITÁVEL, exclui o dolo e a culpa. Por outro lado, se EVITÁVEL, exclui o dolo, mas
permite a punição a titulo de culpa, se prevista tal modalidade para o delito praticado.

- ERRO DE PERMISSÃO (ERRO PERMISSIVO OU ERRO DE PROIBIÇÃO


INDIRETO);

pratique uma conduta


É possível que o agente, diante do caso concreto,
imaginando (putativa) estar amparado por excludente de ilicitude
(descriminante), porém a excludente que imaginava amparar sua
conduta não exista.
Ex: “A” vendo seu familiar em sofrimento no leito de hospital, decide desligar os
aparelhos, vindo a gerar a sua morte. Ocorre que neste caso, acredita o agente
estar amparado por excludente de ilicitude, descriminante essa que não existe.

Observe que no caso concreto o


erro não recai sobre situação fática, mas sim
acerca da existência de norma que permitiria sua conduta (erro de
proibição).

o agente erre quanto a extensão da descriminante,


OBS: É possível ainda que
ou seja a excludente de ilicitude existe, porém o agente age de forma
desproporcional (algo que afasta sua incidência), imaginando que ainda
assim estaria amparado por ela.
Ex: “A” ao ser assaltado imagona poder efetuar 12 disparos de arma de fogo
contra o assaltante.

tratando-se de erro INEVITÁVEL, exclui-se a culpabilidade


Nesse caso,
não havendo assim crime. Por outro lado, sendo o erro EVITÁVEL, aplica-
se mera redução de pena de 1-6 a 1-3.
Note o que dispõe o art. 21 do CP:

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,


se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite


sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias,
ter ou atingir essa consciência.

• CRIME PUTATIVO (CRIME IMAGINÁRIO OU ERRONEAMENTE


SUPOSTO);

aquele que não possui existência, ou seja, que


Entende-se por crime putativo
existe somente na imaginação do agente.

São espécies de crime putativo:

- CRIME PUTATIVO POR ERRO DE TIPO;

Ocorre quando o agente acredita praticar um crime, mas por ausência de elementar
do tipo, o fato é irrelevante para o direito penal (não configura crime algum).
EX: Mulher que realiza manobras abortivas, acreditando estar grávida, mas não está.

- CRIME PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO (DELITO DE ALUCINAÇÃO);

agente realiza conduta acreditando que a mesma configura


Nesse caso o
crime, mas a conduta não é tipificada como delito.
Ex: Pai que mantém relação sexual com a filha, maior de idade, com seu cosentimento,
acreditando que sua conduta configura delito.

- CRIME PUTATIVO POR OBRA DO AGENTE PROVOCADOR (DELITO DE


ENSAIO);

Ocorre quando o
agente provocador induz pessoa a praticar um crime e ao
mesmo tempo adota providências impeditivas da consumação.
Ex: Patroa que induz sua empregada a furtar, mas ao mesmo tempo efetua sua prisão em
flagrante (flagrante preparado).

Note o que dispõe a súmula 145 do STF acerca do tema:

Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna


impossível a sua consumação.

QUESTÕES DE CONCURSO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPGO – 2019

Comete um delito putativo por erro de tipo a mulher que pratica atos abortivos e
depois se descobre que na verdade não havia gravidez.

CERTO
ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPGO – 2019

Há erro de tipo permissivo na hipótese do caçador que está na floresta e atira


contra um vulto acreditando se tratar de um animal, mas depois percebe que
atirou em seu companheiro de caça.

CERTO

ERRADO

FUNDEP – DEFENSOR PÚBLICO – 2019

Descriminantes putativas ocorrem quando o agente supõe que está agindo


licitamente, imaginando que se encontra presente uma das causas excludentes de
ilicitude previstas em lei.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 E – 3 C
• CONDUTA (AÇÃO – OMISSÃO);

- CRIME COMISSIVO (AÇÃO);

O Direito Penal protege determinados bens jurídicos proibindo condutas


consideradas desvaliosas.

Assim, o crime comissivo, nada mais é do que uma conduta desvaliosa


proibida pelo tipo penal incriminador, ou seja, trata-se de ação (conduta
positiva) que viola um tipo penal proibitivo (não fazer algo).
Ex: Homicídio.

- CRIME OMISSIVO (INAÇÃO);

O Direito Penal também protege bens jurídicos proibindo a inação (omissão) de


condutas valiosas.

Assim, o crime omissivo é a não realização de conduta valiosa a que o agente


estava juridicamente obrigado a realizar, desde que possível.

OBS: A omissão viola tipo penal mandamental, ou seja, tipo penal que
determina uma ação por parte do agente diante de determinada
situação.

ATENÇÃO: A norma mandamental (norma que determina a ação) pode decorrer:


- DO PRÓPRIO TIPO PENAL;

O tipo penal descreve a omissão ilegal.

OBS: Trata-se do crime omissivo próprio (propriamente dito ou puro).

Ex: Omissão de socorro (art. 135 do CP).


- DE CLÁUSULA GERAL;

O dever de agir está descrito numa norma geral, e recai sobre determinadas pessoas.

OBS: Trata-se do crime omissivo impróprio (impropriamente dito ou impuro).

Ex: Garantes (agentes garantidores) – art. 13, § 2º do CP.

ATENÇÃO:Se o agente desconhece que tem o dever de agir, de acordo


com a doutrina majoritária, incorrerá em erro de proibição.

Neste momento iremos aprofundar o estudo acerca das


espécies de omissão (omissão própria e omissão
imprópria).

- OMISSÃO PRÓPRIA (PROPRIAMENTE DITA OU PURA);

a conduta omissiva esta descrita no próprio tipo penal


Nesse caso,
incriminador.
Para sua caracterização, basta a não realização da conduta valiosa descrita e exigida
no tipo penal.
Ex: Art. 135 do CP (omissão de socorro). Note:

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
ATENÇÃO: Note que a norma mandamental está descrita no próprio tipo
penal incriminador e imposta a todos, de forma genérica (geral).

- CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO (IMPROPRIAMENTE DITO OU IMPURO);

o dever de agir é acrescido do dever de evitar o resultado


Nesse caso,
(hipótese de dever jurídico).

dever que recai em face de determinadas pessoas (pessoas


Trata-se do
específicas), denominadas de GARANTES (agentes garantidores).
Note que o art. 13, § 2 º do Código Penal aponta as pessoas que, além do dever
de agir, devem buscar evitar os resultado (garantes ou agentes garantidores).
Observe:

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

EX: Pais em relação aos filhos, Policiais Militares, Bombeiros Militares entre outros.

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

EX: Babá em relação a criança que se comprometeu cuidar ou salva vidas particular de clube.

OBS: Abrange o dever contratual (dever jurídico).

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

EX: Pessoa que empurra colega que não sabe nadar na piscina, causando com sua conduta, o
risco do resultado (afogamento).
CUIDADO: Em todos os casos acima trata-se de agentes garantidores
o agente omitente responde
(garantes), e nessas hipóteses,
por crime comissivo por omissão, ou seja, responderá
pelo resultado ocorrido, e não por mera omissão de
socorro.
EX: Mãe que tem conhecimento de que o padrasto da filha a estupra, por ser
garante, havendo omissão de sua parte deverá responder por estupro (crime
comissivo por omissão).

ATENÇÃO: O
agente responderá pelo resultado a título de dolo ou culpa,
a depender do caso concreto.

- CRIME DE CONDUTA MISTA;

Trata-se do crime que é descrito por ação seguida de omissão.


Ex: Apropriação de coisa achada (art. 169, p.único, II do CP). Observe:

Art. 169, p. único, II do CP - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de
entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.
QUESTÕES DE CONCURSO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPGO – 2019

Os tipos de omissão imprópria são aqueles em que o autor só pode ser quem se
encontra dentro de um determinado círculo, que faz com que a situação típica
seja equivalente à de um tipo ativo. Nessa situação, o autor está em posição de
“garantidor”.

CERTO

ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPGO – 2019

São omissões próprias ou tipos de omissão própria aqueles em que o autor pode
ser qualquer pessoa que se encontre na situação típica. Os tipos de omissão
própria caracterizam-se por não ter um tipo ativo equivalente. Ex. artigo 135, do
Código Penal - Omissão de socorro.

CERTO

ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPSC – 2019

Os crimes omissivos próprios são os cujo tipo descreve a conduta omissiva de


forma direta, e por isso não é necessária a incidência do art. 13, § 2º, do CP.

CERTO

ERRADO
NUCEPE – DELEGADO DE POLICIA – PCPI – 2018

JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado


momento eles começam a se afogar. Havia naquele local um salva-vidas que, ao
avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a salvá-lo;
próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo
socorro, mas, por ser seu inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair
do local. As duas pessoas acabam se afogando e morrendo. Em relação ao caso,
qual das alternativas abaixo está CORRETA?

A) O salva-vidas responde por homicídio doloso por omissão.


B) O salva-vidas responde por omissão de socorro.
C) O surfista responde por homicídio doloso por omissão.
D) A conduta do surfista é atípica.
E) O surfista responde por homicídio culposo.

GABARITO: 1 C – 2 C- 3 C- 4 A

• FATO TÍPICO (RESULTADO);

Da conduta podem resultar dois resultados, quais sejam, resultado


naturalístico e resultado jurídico.
Nesse momento iremos estudar os possíveis resultados advindos da conduta.
- RESULTADO NATURALÍSTICO;

modificação no mundo exterior (perceptível pelos sentidos),


Trata-se da
provocada pelo comportamento (conduta) do agente.
CUIDADO: Nem todos os crimes possuem resultado naturalístico.

Note aclassificação doutrinária do crime quanto ao resultado


naturalístico:
- CRIME MATERIAL (RESULTADO NATURALÍSTICO);

Nesse caso, o crime possui resultado naturalístico descrito no tipo penal, sendo
INDISPENSÁVEL sua ocorrência para efeitos de consumação do referido delito.

Ex: Homicídio (art. 121 do CP).

- CRIME FORMAL (CRIME DE CONSUMAÇÃO ANTECIPADA);

Nesse caso, o crime possui resultado naturalístico descrito no tipo penal, sendo DISPENSÁVEL
(não necessário), sua ocorrência para efeitos de consumação do referido delito.

Ex: Extorsão (art. 158 do CP). Note:

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o


intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Note o teor da súmula 96 do STJ:

“o delito tipifica do no artigo 158 do Código Penal se


consuma independentemente da obtenção da vantagem indevida, bastando que a
vítima faça, deixe d e fazer ou tolere que o agente faça alguma coisa mediante
violência ou grave ameaça”.
Assim, o
crime formal consuma-se com a conduta do agente, não sendo
necessário o resultado naturalístico nele previsto para que se consuma.
Por esta razão, é denominado de crime de consumação antecipada.

- CRIME DE MERA CONDUTA;

trata-se do crime onde não há descrição no tipo de


Como o nome já diz,
resultado naturalístico, ou seja, o tipo penal é composto somente de
conduta.
Ex: Violação de domicilio e omissão de socorro. Observe:

Violação de domicílio

Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a


vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
dependências:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Omissão de socorro

Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão


corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
- RESULTADO JURÍDICO (RESULTADO NORMATIVO);

Trata-se doresultado consistente na lesão ou perigo de lesão ao bem


jurídico protegido (tutelado).
CUIDADO: Todos os crimes possuem resultado jurídico. Assim, não existe crime
sem lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

ATENÇÃO:A doutrina classifica o crime quanto ao resultado jurídico


(normativo) em:

- CRIME DE DANO (CRIME DE LESÃO);

Nesse caso, exige-se efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.


Ex: Homicídio.

- CRIME DE PERIGO;

Nesse caso,a consumação se contenta com a mera exposição do bem


jurídico protegido a uma situação de perigo, não sendo necessário a
efetiva lesão ao referido bem jurídico.

ATENÇÃO: O crime de perigo se divide em duas espécies:

- CRIME DE PERIGO ABSTRATO (CRIME DE PERIDO PRESUMIDO);

Para efeitos de consumação, não se faz necessário a comprovação do


perigo de lesão, uma vez que o perigo de lesão é presumido pela lei
através da conduta.
Ex: Art. 130 do CP (Crime de perigo de contágio venéreo). Observe:

Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso,
a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

CUIDADO: Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional,


pois presumir prévia e abstratamente o perigo significa, em última análise, que o perigo não
existe.

Essa tesa, no entanto, não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo Tribunal


Federal decidiu que a criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si
só, comportamento inconstitucional, mas sim proteção eficiente do Estado.
OBS: Podemos apontar como exemplos de crime de perigo abstrato os delitos de
embriaguez ao volante e porte ou posse irregular de arma de fogo.

- CRIME DE PERIGO CONCRETO (CRIME DE PERIGO EFETIVO);

Nesse caso, para


efeitos de consumação, se faz necessário a comprovação
do efetivo perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
Ex: Art. 250 do CP (Crime de incêndio). Observe:

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o


patrimônio de outrem:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.


QUESTÕES DE CONCURSO

FCC – JUIZ DE DIREITO – 2019

É imprescindível a ocorrência de resultado naturalístico para a consumação dos


delitos materiais e formais.

CERTO

ERRADO

FCC – JUIZ DE DIREITO – 2019

Os crimes comissivos são aqueles que requerem comportamento positivo,


independendo de resultado naturalístico para a sua consumação, se formais.

CERTO

ERRADO

CESPE – ESCRIVÃO DA POLICIA CIVIL – PCGO – 2016

Nos crimes materiais, a consumação só ocorre ante a produção do resultado


naturalístico, enquanto que, nos crimes formais, este resultado é dispensável.

CERTO

ERRADO

VUNESP – PROCURADOR MUNICIPAL – 2016

O crime de incêndio é de perigo concreto. Da conduta deve resultar a efetiva


exposição da coletividade a uma concreta situação de perigo.
CERTO

ERRADO

CESPE – CONSULTOR LEGISLATIVO – CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2014

No que diz respeito a noções gerais aplicadas no âmbito do direito penal, julgue o
próximo item.

A jurisprudência dominante admite os crimes de perigo abstrato ou presumido,


por considerar lícito ao legislador dispensar o perigo como elementar do tipo,
sempre que a experiência cotidiana revelar que a ação incriminada é perigosa,
demonstrando-se justificada a construção legal.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 C – 4 C – 5 C
• FATO TÍPICO (NEXO CAUSAL);

O nexo causal (relação de causalidade) é o vínculo (nexo) entre a conduta e o


resultado.

Assim, o nexo causal busca constatar (identificar) se o resultado


naturalístico produzido pode ser atribuído ao agente como obra
(resultado) do seu comportamento típico (conduta).
O nexo causal (relação de causalidade) está previsto no art. 13 do Código Penal. Observe:

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável


a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido.

ATENÇÃO: O art. 13, “caput” do Código Penal adotou a teoria da


equivalência dos antecedentes causais (teoria da
causalidade simples, teoria da equivalência das condições, teoria da
condição generalizadora ou teoria da “conditio sine qua non”).

de acordo com a referida teoria, considera-se causa a ação


Deste modo,
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

PERGUNTA-SE...

COMO SABER SE AÇÃO OU OMISSÃO (CONDUTA) FOI


GERADORA (CAUSA) DO RESULTADO?
Nesse caso, basta aplicarmos a teoria da eliminação hipotética dos
antecedentes causais.
Para identificarmos se a ação ou omissão (conduta) foi causa do resultado, segundo a teoria
da eliminação basta eliminarmos hipoteticamente
hipotética,
(mentalmente) a conduta e verificarmos se o resultado ainda assim
teria ocorrido da forma que ocorreu.

se ao eliminarmos hipoteticamente a ação ou omissão (conduta),


Assim,
diante do caso concreto, e constatarmos que sem ela o resultado seria
isso significa que a conduta foi relevante (é
diferente,
causa) do resultado.
Por outro se ao eliminarmos a conduta, hipoteticamente
lado,
(mentalmente) do caso concreto, e constatarmos que o resultado
ocorreria da forma que ocorreu e no momento em que ocorreu, isso
significa que a conduta não foi relevante (não é causa) do
resultado.

Em suma, para identificarmos a causa do resultado, basta aplicarmos


a teoria da causalidade simples e posteriormente aplicarmos a teoria
da eliminação hipotética. Note:

CAUSA (OBJETIVA) = TEORIA DA CAUSALIDADE


SIMPLES + TEORIA DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA
CUIDADO: Essafórmula é criticada, uma vez que, sob o enfoque objetivo,
a causa regressa ao infinito.
Imagine a seguinte situação:

“A” ao dirigir embriagado, atropela e


causa a morte de “B”.

Ao aplicarmos a teoria da eliminação hipotética, verificaremos que se


eliminarmos a existência do motorista o resultado não ocorreria,
assim a relação sexual entre os pais de “A” seria causa do
resultado.
Se eliminarmos a fabricação da cerveja ingerida por “A” o mesmo não
estaria bêbado e não atropelaria “B”, ou seja, a fabricação da
cerveja seria causa do resultado.
Se eliminarmos a fabricação do automóvel que “A” estava dirigindo, o
mesmo não estaria conduzindo veiculo automotor, e por sua vez não
Assim, a fabricação do
atropelaria “B”, causando sua morte.
automóvel seria causa para o resultado.

ATENÇÃO: Para solucionar a problemática (regresso ao infinito da


causa), a imputação do crime não regressa ao infinito, pois é
indispensável (necessário) a denominada causalidade psíquica
(o agente deve agir com dolo ou culpa), evitando-se assim a
responsabilidade penal objetiva (responsabilidade penal sem que o
agente tenha dolo ou culpa em relação ao resultado).

a presença do dolo ou da culpa (causalidade psíquica),


Deste modo,
interrompe o regresso infinito causado pela aplicação da teoria da
eliminação hipotética.

Em suma, visando identificar a causa, deve-se aplicar a seguinte fórmula:

CAUSA = TEORIA DA CAUSALIDADE SIMPLES + TEORIA


DA ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA + CAUSALIDADE PSIQUICA
(DOLO OU CULPA).

- NEXO CAUSAL X CRIMES MATERIAIS;

o nexo causal visa identificar se a conduta (ação ou


CUIDADO: Como vimos,
omissão) é a causa do resultado (naturalístico).

Assim, levando-se em conta que nos crimes formais não há


necessidade da ocorrência do resultado naturalístico, e, que nos
crimes de mera conduta sequer há resultado naturalístico,
podemos concluir que o nexo causal somente possui incidência
(necessária demonstração) diante dos crimes MATERIAIS, uma
vez que nesses se faz necessário a ocorrência do resultado naturalístico
para efeitos de consumação.
QUESTÕES DE CONCURSO

UFPR – TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS – 2019

Relação de causalidade é o liame ou vínculo de causa e efeito entre atos passíveis


de serem imputados ao suspeito de determinado delito e seu resultado material.
É certo que nosso direito positivo adotou um posicionamento sobre o assunto. A
teoria da relação causal adotada pelo Código Penal brasileiro é:

A) causalidade adequada.
B) relevância jurídica.
C) totalidade das condições.
D) causa eficaz.
E) equivalência das condições.

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

Para a Teoria da equivalência das condições, causa é a condição sem a qual o


resultado não teria ocorrido.

CERTO

ERRADO

CESPE – DELEGADO DE POLICIA – 2017

O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta é relevante, uma vez que se
observa o elo entre a conduta humana propulsora do crime e o resultado
naturalístico.

CERTO

ERRADO
CESPE – DELEGADO DE POLICIA – 2017

O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a afirmação nele


constante de que “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido”.

CERTO

ERRADO

CESPE – AGU – ADVOGADO DA UNIÃO – 2015

Acerca da aplicação da lei penal, do conceito analítico de crime, da exclusão de


ilicitude e da imputabilidade penal, julgue o item que se segue.

Como a relação de causalidade constitui elemento do tipo penal no direito


brasileiro, foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade adequada,
também conhecida como teoria da equivalência dos antecedentes causais.

CERTO

ERRADO

CESPE – DEFENSOR PÚBLICO

De acordo com preceito expresso no CP, a relação de causalidade limita-se aos


crimes materiais.

CERTO

ERRADO
GABARITO: 1 E – 2 C – 3 E – 4 E – 5 E – 6 C

- CONCAUSAS;

O resultado, não raras vezes, é feito (gerado) de pluralidade de comportamentos,


associações de fatores, entre os quais a conduta do agente aparece como seu
principal, mas não único elemento desencadeante.

Ex: “A” atira em “B”, no entanto “B” morre no hospital em decorrência


de erro médico.
Note que no exemplo acima, há pluralidade de comportamentos (disparo de “A” e
erro médico), concorrendo para o mesmo evento (resultado).

Desta forma, entende-se por concausas as causas paralelas a conduta do


agente.

ATENÇÃO: Oestudo das concausas serve para definir a responsabilidade


penal de cada comportamento.

CUIDADO: As concausas se dividem em duas espécies, quais sejam,

CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES e

CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES.


Nesse momento iremos estudar cada uma das espécies de concausas,
separadamente. Observe:
- CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES;

Nesse caso, acausa efetiva do resultado não se origina (não possui


relação) do comportamento concorrente.

As concausas absolutamente independentes se subdividem em:

- CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE PREEXISTENTE;

Ocorre quando a causa efetiva ANTECEDE (anterior) o comportamento


concorrente.

EX: Fulano, às 20h, insidiosamente, serve veneno para Beltrano.


Uma hora depois, quando o veneno começa a fazer efeito,
Sicrano, inimigo de Beltrano, aparece é desfere um tiro no
desafeto. Beltrano morre no dia seguinte em decorrência do
veneno.
Note:

Causa Efetiva = Envenenamento (Fulano)


Causa Concorrente = Disparo de arma de fogo (Sicrano).

OBS:O envenenamento (causa efetiva do resultado) não se origina (não


possui relação) com o disparo de arma de fogo, logo, trata-se de concausa
absolutamente independente.

OBS: O envenenamento (causa efetiva do resultado) é anterior ao


disparo (comportamento concorrente), logo, percebe-se que trata-se de
concausa absolutamente independente PREEXISTENTE.
Fulano que serviu o veneno deve responder por homicídio
OBS:

consumado, pois sua conduta foi causa efetiva do resultado morte.


OBS: De acordo com a teoria da equivalência dos antecedentes causais,
o resultado morte não pode ser imputado a quem não lhe deu causa,
ou seja, o resultado morte não poderá imputado em face de Sicrano,
pois ao eliminarmos hipoteticamente o seu comportamento (disparo),
o resultado teria ocorrido.

Assim, deverá Sicrano responder por tentativa de homicídio.

- CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE CONCOMITANTE;

Ocorre quando a causa efetiva é simultânea (ocorre no mesmo


momento) ao comportamento concorrente.
EX: Enquanto Fulano envenenava Beltrano,
surpreendentemente, surge Sicrano que atira contra Beltrano,
causando sua morte.
Note:

Causa Efetiva = Disparo de arma de fogo (Sicrano).

Causa Concorrente = Envenenamento (Fulano).

OBS: O disparo de arma de fogo (causa efetiva do resultado), não origina


do envenenamento (causa concorrente), tratando-se assim de concausa
absolutamente independente.
OBS:O disparo (causa efetiva do resultado) e o envenenamento (causa
concorrente) são comportamentos simultâneos, ou seja, ocorreram no
mesmo momento, logo, trata-se de concausa absolutamente
independente concomitante.
OBS: O autor do disparo (Sicrano) responde por homicídio consumado,
uma vez que seu comportamento foi a causa efetiva do resultado.

OBS: Aplicando o art. 13, caput do CP (teoria da equivalência dos


antecedentes causais) ao caso concreto, constata-se que o resultado
morte não pode ser atribuído em face de Fulano, pois ao eliminarmos
hipoteticamente do mundo o comportamento de Fulano
(envenenamento) o resultado teria ocorrido.

Assim, deverá Fulano responder por tentativa de homicídio.

- CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE;

Ocorre quando a causa efetiva é posterior ao comportamento concorrente.

EX: Fulano ministra veneno em Beltrano. Antes de o


psicotrópico fazer efeito, Beltrano, enquanto descansava em
seu quarto, é atingido em sua cabeça por um lustre que cai do
teto. Beltrano morre em razão de traumatismo craniano.
Note:

Causa Efetiva = Traumatismo craniano (Lustre).

Causa Concorrente = Envenenamento (Fulano).


OBS:A queda do lustre (causa efetiva do resultado) não se origina (não
possui relação) do comportamento concorrente (envenenamento), logo,
estamos diante de concausa absolutamente independente.
OBS: A causa efetiva do resultado (traumatismo craniano em
decorrência da queda do lustre) ocorreu POSTERIORMENTE ao
comportamento concorrente (envenenamento), logo, trata-se de
concausa absolutamente independente superveniente.
OBS: A queda do lustre é a causa efetiva da morte.

OBS: Aplicando ao caso concreto o teor do art. 13, caput, do CP (teoria


da equivalência dos antecedentes causais), ao eliminarmos
hipoteticamente do mundo o comportamento de Fulano
(envenenamento), o resultado ainda assim teria ocorrido.

deverá responder Fulano por tentativa de homicídio,


Nesse caso,

pois sua conduta não é causa do resultado morte.

MACETE: Nas concausas ABSOLUTAMENTE


INDEPENDETENTES (PREEXISTENTE,
CONCOMITANTE OU SUPERVENIENTE), o
comportamento concorrente deve ser punido na
forma tentada, uma vez que em nenhum dos casos
foi a causa efetiva do resultado, pois se eliminarmos
as mesmas do caso concreto, em todos os casos o
resultado ocorreria da forma que ocorreu.

Nesse caso, diga-se, concausas absolutamente independentes ocorre o ROMPIMENTO


DO NEXO CAUSAL, DEVENDO O AGENTE RESPONDER SOMENTE PELOS ATOS
PRATICADOS (TENTATIVA).

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – TÉCNICO JUDICIÁRIO

A respeito do princípio da legalidade, da relação de causalidade, dos crimes


consumados e tentados e da imputabilidade penal, julgue os itens seguintes.

Considere que Alfredo, logo depois de ter ingerido veneno com a intenção de
suicidar-se, tenha sido alvejado por disparos de arma de fogo desferidos por
Paulo, que desejava matá-lo. Considere, ainda, que Alfredo tenha morrido em
razão da ingestão do veneno. Nessa situação, o resultado morte não pode ser
imputado a Paulo.

CERTO

ERRADO

CESPE – TÉCNICO JUDICIÁRIO

Considere a seguinte situação hipotética.

No interior de uma mata, Cláudio e Tiago, ao mesmo tempo, sem conhecerem a


intenção um do outro, efetuaram tiros de revólver contra Mário, que veio a
falecer em face dos ferimentos causados pelo disparo da arma portada por Tiago.

Com base nessa situação, Cláudio e Tiago responderão pelo crime de homicídio,
em concurso de pessoas.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 E

- CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE;

a causa efetiva do resultado se origina, ou seja, possui


Nesse caso,
relação (ainda que indiretamente), com o comportamento
concorrente.

ATENÇÃO: As concausas relativamente independentes, assim como as concausas


absolutamente independentes, se subdividem em três espécies. Observe:

- CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTE PREEXISTENTE;

causa efetiva do resultado ANTECEDE (anterior) ao


Ocorre quando a
comportamento concorrente.

EX: Fulano, portador de hemifolia é vitima de um golpe de faca


executado por Beltrano. O ataque para matar produziu lesão
corporal leve, mas em razão da doença preexistente acabou
por gerar a morte da vítima.

CAUSA EFETIVA = DOENÇA (HEMOFILIA).

CAUSA CONCORRENTE = GOLPE DE FACA (BELTRANO).

OBS: A doença (hemofilia) e sua consequência (morte) são


desdobramentos (possuem relação) do golpe de faca. Assim, trata-se de
concausa relativamente independente.

OBS: A doença é preexistente, ou seja, existia antes do comportamento do


agente (golpe de faca), tratando-se assim de concausa relativamente
independente preexistente.

OBS: De acordo com teor do art. 13, “caput” do CP (teoria da


equivalência dos antecedentes causais), considera-se causa a ação ou
omissão (conduta) sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Assim, nesse ao eliminarmos hipoteticamente do mundo o


caso,
comportamento de Beltrano (golpe de faca), chegaremos a conclusão
que o resultado não teria ocorrido, ou seja, a causa concorrente, apesar
de não ser a causa efetiva, é causa do resultado.

poderá o resultado (morte) ser imputado a Beltrano,


Dessa forma,
devendo o mesmo responder por homicídio consumado.
ATENÇÃO: Segundo a doutrina majoritária, para evitar
responsabilidade penal objetiva (responsabilidade penal do agente
sem que haja dolo ou culpa quanto ao resultado), em casos como a
morte do hemofílico, se faz necessário que o agente tenha
conhecimento da condição de saúde da vitima (hemofílico), pois do
contrário, deverá o agente responder por tentativa de homicídio.

- CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE CONCOMITANTE;

Ocorre quando a causa efetiva, que possui relação com a causa


concorrente, ocorrem de forma simultânea (no mesmo momento).

EX: Fulano dispara contra Beltrano. Este, ao perceber a ação do


agente tem um colapso cardíaco e morre.

CAUSA EFETIVA = COLAPSO CARDÍACO

CAUSA CONCORRENTE = DISPARO (FULANO)

OBS: O colapso cardíaco se originou (possui relação) do disparo. Assim, em


decorrência da relação existente entra as causas (efetiva e concorrente), podemos afirmar que
se trata de concausa relativamente independente.

OBS:Por terem ocorrido no mesmo momento são denominadas de


concomitantes, ou seja, concausa relativamente independente
concomitante.

OBS: O resultado morte decorre do colapso cardíaco, causa efetiva da morte.


OBS: De acordo com teor do art. 13, “caput” do CP (teoria da
equivalência dos antecedentes causais), causa é toda ação ou omissão sem a qual
o resultado não teria ocorrido. Ao eliminarmos hipoteticamente do mundo o
comportamento do agente (disparo de arma de fogo) chegaremos a
conclusão de que sem o mesmo o resultado não teria ocorrido, sendo
assim, o comportamento de Fulano é causa do resultado (morte),
devendo o agente responder por homicídio consumado.

MACETE: ATÉ O MOMENTO JÁ ESTUDAMOS AS


CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES
(PREEXISTENTES, CONCOMITANTES E
SUPERVENIENTES), ASSIM COMO AS CONCAUSAS
RELATIVAMENTE INDEPENDENTES
(PREEXISTENTES E CONCOMITANTES), SENDO QUE
EM TODAS AS REFERIDAS ESPÉCIES DE
CONCAUSAS APLICAMOS O TEOR DO ART. 13,
“CAPUT” DO CÓDIGO PENAL (TEORIA DA
EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS).

CUIDADO: NESSE MOMENTO IREMOS ESTUDAR A ÚLTIMA ESPÉCIE DE


CONCAUSA, DIGA-SE, CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
EA
SUPERVENIENTE (MAIS COBRADA EM PROVAS DE CONCURSO PÚBLICO),
ESTA, APLICA-SE REGRA DIFERENTE DA APLICADA AS
DEMAIS CONCAUSAS JÁ ANALISADAS.
OBSERVE:
- CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE;

Como diante da concausa relativamente independente


dissemos,
superveniente não aplicaremos a regra do art. 13, “caput” do CP (teria
da equivalência dos antecedentes causais), mas sim a regra prevista
no art. 13, § 1º do CP (Teoria da causalidade adequada).
Note:

Superveniência de causa independente

§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a


imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou.

ATENÇÃO: Segundo a teoria da causalidade adequada, considera-se causa a


causa mais adequada para produzir o resultado.

CUIDADO: O problema da causalidade superveniente se resume em


identificar, conforme demonstra a experiência da vida, se o fato conduz
normalmente a um resultado (resultado como consequência normal do
comportamento do agente).

concausa relativamente independente superveniente


ATENÇÃO: Assim, a
possui duas subespécies. Observe:

- CONCAUSA RELATIVAMENTE SUPERVENIENTE “QUE POR SI SÓ


PRODUZUI O RESULTADO”;

a causa efetiva superveniente NÃO está na linha de


Nesse caso,
desdobramento normal da conduta concorrente, ou seja, a causa
superveniente é um evento imprevisível (sai da linha da normalidade
das coisas).

EX: Fulano atira contra Beltrano para matar. Beltrano é


socorrido, e ao convalescer no hospital, ocorre um incêndio e
Beltrano morre queimado.

OBS: Oincêndio (causa efetiva do resultado) é uma concausa relativamente


independente superveniente.

o incêndio é um evento que foge da linha de


OBS: Nesse caso,
desbobramento normal das coisas, pois é imprevisível a morte de
baleado que se encontre internado em hospital por incêndio.

OBS: Constatando-se que o incêndio não esta na linha de


desdobramento normal de quem levou um tiro, significa dizer que o
incêndio POR SI SÓ causou o resultado morte, devendo assim Fulano
responder por tentativa de homicídio.

- CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE SUPERVENIENTE


“QUE NÃO POR SI SÓ PRODUZIU O RESULTADO”;

Ocorre a causa efetiva superveniente está na linha de


quando
desdobramento normal da conduta concorrente.

Nesse caso,a causa efetiva é um evento previsível (ainda que não


previsto efetivamente), ou seja, não sai da linha da normalidade.
EX: Fulano atira em Beltrano para matar. Beltrano é socorrido,
mas morre na cirurgia por erro médico.
OBS:Levando-se em consideração que o erro médico é algo que não
foge da linha da normalidade (concausa relativamente independente
superveniente que não por si só produzui o resultado), o resultado morte
poderá ser imputado ao agente.

Assim, deverá Fulano responder por homicídio consumado.

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – TITULAR DE SERVIÇO DE NOTAS – 2019

A causa superveniente relativamente independente não exclui a imputação do


fato ao agente, ainda que tenha produzido o resultado por si só.

CERTO

ERRADO

CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO

Com base no direito penal brasileiro, julgue os itens a seguir.

Considere a seguinte situação hipotética.

Júlio, com intenção de matar Maria, disparou tiros de revólver em sua direção.
Socorrida, Maria foi conduzida, com vida, de ambulância, ao hospital; entretanto,
no trajeto, o veículo foi abalroado pelo caminhão de José, que ultrapassara um
sinal vermelho, tendo Maria falecido em razão do acidente.

Nessa situação, Júlio deverá responder por tentativa de homicídio e José, por
homicídio culposo.

CERTO

ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPSC

Na hipótese do sujeito, na condução de um ônibus pela via pública, colidir com


um poste que sustenta fios elétricos, um dos quais, caindo ao chão, atinge um
passageiro ileso e já fora do veículo, provocando a sua morte em decorrência da
forte descarga elétrica recebida, corresponde a causa superveniente
relativamente independente.

CERTO

ERRADO

TJPB – JUIZ DE DIREITO

Considere que Márcia, com intenção homicida, apunhale as costas de Sueli, a


qual, conduzida imediatamente ao hospital, faleça em consequência de infecção
hospitalar, durante o tratamento dos ferimentos provocados com o punhal. Nesse
caso, Márcia responderá por tentativa de homicídio.

CERTO

ERRADO
TJPB – JUIZ DE DIREITO

Considere que a residência de Sara, idosa com setenta e cinco anos de idade, seja
invadida por um assaltante, e Sara, assustada, sofra um ataque cardíaco e morra
em seguida. Nesse caso, considerando-se o fato de a vítima ser idosa e o de que o
agente tivesse conhecimento dessa condição, o ataque cardíaco será uma causa
concomitante e relativamente independente à ação do agente, devendo este
responder por tentativa de homicídio.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 C – 3 C – 4 E – 5 E

• FATO TÍPICO (TIPICIDADE PENAL);

Primeiramente devemos diferenciar tipo penal e tipicidade penal.


Entende-se por tipo penal a descrição (modelo) de conduta proibida.
Ex: Homicídio – “matar alguém”.

Por outro lado, entende-se por tipicidade penal a operação de ajuste entre
fato (conduta) e o tipo penal.
Assim, se o fato se ajusta ao tipo penal descrito na norma teremos a
tipicidade (formal).
Dessa forma, o tipo penal (descrição da conduta proibida) orienta a tipicidade penal.

OBS: A tipicidade penal é o cumprimento do próprio principio da


legalidade, pois a mesma possui uma função de garantia. Somente será possível imputar
uma pena como consequência jurídica de uma conduta criminosa caso a mesma esteja prevista
na lei. Assim, a necessidade de adequação da conduta à lei garante a não incriminação de
todas as outras condutas que não sejam tipificadas.

- TIPICIDADE E SUAS ESPÉCIES;

Para a doutrina moderna a tipicidade penal é composta pela tipicidade formal e


tipicidade material. Observe:

- TIPICIDADE FORMAL;

mera operação de ajuste onde a conduta do agente se


Trata-se da
adequa a um tipo penal previsto.

- TIPICIDADE MATERIAL;

Trata-se da relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico


tutelado.

o principio da insignificância corresponde a causa


Com isso,

supralegal de exclusão da tipicidade (material).


- TIPICIDADE CONGLOBANTE (RAUL EUGÊNIO ZAFFARONI);

Para Raul Eugênio Zaffaroni a tipicidade penal é formada pela


tipicidade formal e tipicidade conglobante (tipicidade material + atos
antinormativos).

Entende-se por atos antinormativos os atos não determinados e não


incentivados por lei.
a partir do momento que a lei determina ou incentiva
OBS: Para Zaffaroni
um comportamento do agente, não poderá o ordenamento jurídico
defini-lo como típico (tipicidade).
Assim, a proposta da teoria da tipicidade conglobante é harmonizar os diversos
ramos do Direito, partindo-se da premissa da unidade do ordenamento jurídico.
É uma incoerência o Direito Penal estabelecer proibição do comportamento
determinado ou incentivado por outro ramo do Direito (isso seria uma
desordem jurídica).

para se concluir pela tipicidade penal da conduta


Dentro desse espírito,
causadora de um resultado, é imprescindível verificar não apenas a
subsunção formal entre o fato e o tipo penal (tipicidade formal) e a
relevância da lesão ou perigo de lesão (tipicidade material), mas
também se o comportamento é antinormativo, diga-se, não
determinado ou incentivado por qualquer ramo do direito (tipicidade
conglobante).

EX: Para Zaffaroni, o oficial de justiça, no cumprimento de um


ordem, ao executar a penhora e o sequestro de um quadro de
propriedade de um devedor, apesar de presentes a tipicidade
formal e a tipicidade material, não pratica fato típico, pois não
existe tipicidade penal. O ato do oficial não é antinormativo,
mas sim normativo (determinado por lei). Assim, não se pode
admitir que na ordem normativa uma norma (Código de
Processo Civil) ordene o que outra norma proíba (Código
Penal).
CUIDADO: A partir do momento em que se adota a teoria da
tipicidade conglobante, o estrito cumprimento do dever legal e
o exercício regular de direito (causas excludentes de ilicitude),
não mais excluem a ilicitude, mas sim excluem a tipicidade
penal, uma vez que, em ambos os casos, estamos diante de
atos normativos.
OBS: O mesmo não ocorre em face da legitima defesa e do
estado de necessidade, uma vez que estes comportamentos
não são determinados ou incentivados pela lei, mas tão
somente tolerado pela mesma.

QUESTÕES DE CONCURSO
MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA 2018

A tipicidade penal como elemento essencial do delito não se satisfaz com a


tipicidade legal, ou seja, a simples adequação da conduta a uma norma
incriminadora.

CERTO

ERRADO

MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA

O princípio da insignificância penal é caracterizado pela ausência de


preenchimento formal do tipo penal.

CERTO

ERRADO
TRT – JUIZ DO TRABALHO

O chamado princípio da insignificância tem sido aplicado no contexto da exclusão


da tipicidade penal, sendo, porém, necessária a aferição da presença de certos
vetores, tais como: a mínima ofensividade da conduta do agente; a nenhuma
periculosidade social da ação; o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
comportamento; e a inexpressividade da lesão jurídica provocada, tudo isso
tendo como norte a formulação teórica atual que reconhece que o caráter
subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos
por ele visados, a intervenção mínima do Poder Público.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 E – 3 C

• ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE);

- CONCEITO;

conduta típica (fato típico), não justificada, espelhando a


Trata-se da
relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico
como um todo.
Assim, diante de um fato típico, deve-se buscar no ordenamento jurídico uma
justificante (causa excludente da ilicitude), e, não estando o fato típico
amparado por qualquer delas, estaremos diante da ilicitude (fato típico ilícito).
Desta forma, podemos concluir que haverá a ilicitude se, diante do caso concreto, em face da
conduta típica (fato típico), não incidir qualquer excludente de ilicitude.

- CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE (JUSTIFICANTES OU


DESCRIMINANTES);
O art. 23 do Código Penal apresenta as “principais” causas excludentes de ilicitude. Observe:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

existem no
CUIDADO: Apesar do art. 23 do CP estabelecer causas excludentes de ilicitude,
ordenamento jurídico outras causas descriminantes diversas das
previstas no mencionado artigo.
Note outras causas excludentes de ilicitude (justificantes ou descriminantes) previstas em
outros dispositivos legais:

- DESCRIMINANTES PREVISTAS NA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL;

Ex: Art. 128 do CP (aborto legal).

- DESCRIMINANTES NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE;

Ex: Lei n. 9.605-98 (Lei dos Crimes Ambientais).


- DESCRIMINANTES NÃO PREVISTAS EM LEI (SUPRALEGAIS);

Ex: Consentimento do ofendido.

ATENÇÃO: Nesse momento iremos estudar cada uma das excludentes de


ilicitude previstas no art. 23 do Código Penal.

• ESTADO DE NECESSIDADE;

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de


perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo.

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena


poderá ser reduzida de um a dois terços.

por haver dois ou mais bens jurídicos em


Diante do Estado de Necessidade,
perigo, permite-se que seja sacrificado um deles, pois a tutela penal
(proteção estatal) não consegue proteger ambos diante do caso
concreto.

Ex: Dois náufragos lutando por um único colete salva vidas.

- REQUISITOS OBJETIVOS DO ESTADO DE NECESSIDADE;

ATENÇÃO: São requisitos objetivos do Estado de Necessidade:

- PERIGO ATUAL;

Para que o agente possa alegar Estado de Necessidade, deve estar diante de perigo
atual.
Entende-se por perigo atual o risco presente causado por conduta humana (ex:
carro desgovernado), por comportamento de animal (ex: ataque de cachorro)
ou por fato da natureza (ex: desmoronamento).

ATENÇÃO: No Estado de Necessidade o perigo não possui destinatário


certo e determinado.

CUIDADO: Entende-se por perigo iminente aquele que está prestes (na
iminência) de ser concretizado.

ATENÇÃO: Para a doutrina majoritária o perigo iminente é abrangido pelo Estado


de Necessidade, porém, diante de uma questão objetiva, deve o
candidato limitar-se a literalidade da lei, ou seja, o Estado de
Necessidade abrange tão somente o perigo atual.
OBS:Quanto a existência do perigo, a doutrina classifica o Estado de
Necessidade em:

- ESTADO DE NECESSIDADE REAL;

Nesse caso, o perigo efetivamente existe.

- ESTADO DE NECESSIDADE PUTATIVO;

o perigo não existe efetivamente, mas é fantasiado pelo


Nesse caso,
agente (imaginário).

CUIDADO: O Estado de Necessidade putativo não exclui a ilicitude.

- QUE A SITUAÇÃO DE PERIGO NÃO TENHA SIDO CAUSADA


VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE;

ATENÇÃO: Se o agente é causador voluntário do perigo, não poderá alegar Estado


de Necessidade.

Entende-se por “causador voluntário do perigo” aquele que,


CUIDADO:
dolosamente causa a situação de perigo.
Assim, aquele que causa culposamente a situação de perigo poderá alegar Estado
de Necessidade.

- SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO;

CUIDADO: Para a doutrina majoritária, para


que o agente possa alegar estado de
necessidade de terceiro não se faz necessário autorização do mesmo,
mesmo que estejamos diante de bens jurídicos disponíveis.
- INEXISTÊNCIA DO DEVER LEGAL DE ENFRENTAR O PERIGO;

Tendo o agente o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar


Estado de Necessidade enquanto o perigo comportar enfrentamento.

Note:

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de


enfrentar o perigo.

ATENÇÃO: Por “DEVER LEGAL” entende-se dever jurídico de agir, abrangendo todas
as hipóteses do art. 13, § 2º do CP (garantes). Note:

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:

a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;

b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

- INEVITABILIDADE DO COMPORTAMENTO LESIVO;

ATENÇÃO:Somente poderá alegar Estado de Necessidade o agente


quando, o único meio para salvar direito próprio ou de terceiro é o
cometimento de fato lesivo, sacrificando bem jurídico alheio, não
podendo ser o referido sacrifício apenas o meio mais cômodo.
CUIDADO: Quanto ao terceiro que sofre a ofensa, o Estado de
necessidade é classificado em:

- ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO;

Nesse caso o agente, diante do risco (perigo atual), sacrifica bem jurídico do próprio
causador do perigo.

Ex: “A” causa incêndio em uma sala de cinema. “B”, visando


salvar sua vida, pisoteia “A” que caiu na sua frente.

- ESTADO DE NECESSIDADE AGRESSIVO;

sacrifica bem jurídico de pessoa


Nesse caso o agente, diante do risco (perigo atual),
diversa daquela que provocou a situação de perigo.

Ex: “A” pisoteia “B” diante de incêndio. “B” não foi o causador
do incêndio.

- INEXIGIBILIDADE DO SACRIFÍCIO DO INTERESSE AMEAÇADO;

requisito de proporcionalidade entre o bem jurídico


Trata-se do
ameaçado e o bem jurídico sacrificado.

Acerca do tem, se faz necessário estudarmos duas teorias. Observe:


- TEORIA DIFERENCIADORA;

Para essa teoria,o Estado de Necessidade poderá ser JUSTIFICANTE


(excluindo a ilicitude), ou EXCULPANTE (excluindo a culpabilidade).

O Estado de Necessidade será JUSTIFICANTE (excluindo a ilicitude)


quando o bem jurídico protegido (salvo) for de maior ou igual valor em relação
ao bem jurídico sacrificado.

Ex: “A”, visando salvar (proteger) sua vida (bem jurídico


protegido), sacrifica o bem jurídico (patrimônio) de “B”.
Note que no exemplo acima o bem jurídico protegido (vida) possui valor maior que o bem
jurídico sacrificado (patrimônio).

ocorrerá o Estado de Necessidade EXCULPANTE (excluindo


Por outro lado,
a culpabilidade), quando o agente proteger (salva) bem jurídico de menor
valor em relação ao bem jurídico sacrificado.

Ex: “A”, visando proteger seu patrimônio (bem jurídico


protegido), sacrifica a vida de “B” (bem jurídico sacrificado).

- TEORIA UNITÁRIA;

o Estado de Necessidade somente poderá ser


Para a teoria unitária
JUSTIFICANTE (excluindo a ilicitude).
Ocorre o Estado de Necessidade JUSTIFICANTE quando o bem jurídico protegido (salvo)
possui valor maior ou igual em relação ao bem jurídico sacrificado.

Ex: “A” sacrifica bem jurídico alheio (patrimônio) para proteger


seu bem jurídico vida (bem jurídico de maior valor que o
sacrificado).
ATENÇÃO: Para a teoria unitária, se o bem jurídico protegido possui valor
inferior ao bem jurídico sacrificado não haverá Estado de Necessidade,
podendo o agente ser beneficiado por mera causa de diminuição de
pena, uma vez que para a teoria unitária não existe Estado de
Necessidade EXCULPANTE.
Note o teor do § 2º do art. 24 do Código Penal:

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena


poderá ser reduzida de um a dois terços.

Desta forma, para a teoria unitária, o Estado de Necessidade sempre será causa excludente da
ilicitude (Estado de Necessidade JUSTIFICANTE).

CUIDADO: O Código Penal adota a TEORIA UNITÁRIA,


porém o Código Penal Militar adota a TEORIA
DIFERENCIADORA.

- REQUISITO SUBJETIVO DO ESTADO DE NECESSIDADE;

além dos requisitos objetivos, se


Para reconhecimento do Estado de Necessidade,
faz necessário cumprir um elemento SUBJETIVO. Note:

- AGENTE TENHA CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE;

Para efeitos de configuração do Estado de Necessidade, se faz


necessário que o agente saiba estar diante de situação de Estado de
Necessidade.

QUESTÕES DE CONCURSO
FEPESE – SJC-SC – AGENTE PENITENCIÁRIO – 2019

Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.

CERTO

ERRADO

MPE-MT – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

Não é admissível no direito brasileiro o estado de necessidade putativo.

CERTO

ERRADO

IESES – JUIZ DE DIREITO – 2018

Considera-se em estado de necessidade, o qual exclui a ilicitude, apenas quem


pratica o fato típico para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Se, porém, era razoável
exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços.

CERTO

ERRADO

FUNDEP – DEFENSOR PÚBLICO – 2019

Segundo a doutrina majoritária, o Código Penal brasileiro adota a teoria


diferenciadora do estado de necessidade, que se contrapõe à teoria unitária.
CERTO

ERRADO

FUNDEP – DEFENSOR PÚBLICO – 2019

O Código Penal brasileiro, de acordo com o entendimento majoritário na


doutrina, consagra o estado de necessidade somente como excludente da
antijuridicidade, ou seja, justificante, enquanto o Código Penal Militar consagra o
estado de necessidade exculpante.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 C – 2 E – 3 C – 4 E – 5 C

CONTINUAÇÃO ...

- ESTADO DE NECESSIDADE X CRIME HABITUAL;

Entende-se por crime habitual aquele que exige reiteração de atos para efeitos
de configuração.
Ex: Exercício Ilegal da medicina.

Imagine a seguinte situação hipotética:

Estudante de medicina que ao verificar que uma epidemia está


gerando efeitos graves na cidade em que reside, e tendo
ciência da falta de médicos no local, decide clinicar para salvar
as pessoas infectadas.
ATENÇÃO: Segundo a doutrina majoritária não é cabível Estado de Necessidade
diante de crime habitual, assim, o estudante de medicina pratica fato típico e
ilícito, porém não culpável (inexigibilidade de conduta diversa).

- ESTADO DE NECESSIDADE X CRIME PERMANENTE;

Entende-se por crime permanente aquele cuja consumação se prolonga no


tempo.
Ex: Cárcere privado.

Imagine a seguinte situação hipotética:

Mãe que acorrenta o filho em casa para que o mesmo não


consuma drogas.

ATENÇÃO: Segundo a doutrina majoritária não é cabível Estado de Necessidade


diante de crime permanente, assim, a mãe pratica fato típico e ilícito, porém
não culpável (inexigibilidade de conduta diversa).

- ESTADO DE NECESSIDADE X ESTADO DE NECESSIDADE (ESTADO DE


NECESSIDADE RECÍPROCO);
Imagine a seguinte situação hipotética:

“A” e “B” se encontram diante de um naufrágio, sendo que


ambos não sabem nadar e somente existe no local um colete
salva vidas. Diante desse cenário ambos lutam pela sua vida,
tentando um do outro sacrificar o bem jurídico vida.
Note que é perfeitamente possível a existência de Estado de
Necessidade em face de Estado de Necessidade.

QUESTÕES DE CONCURSO

FCC – PROMOTOR DE JUSTIÇA – 2019

É cabível o estado de necessidade em crimes habituais.

CERTO

ERRADO

AOCP – INVESTIGADOR – PCES – 2019

O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se, age amparado por qual
causa excludente de ilicitude?

A) Legítima defesa.
B) Estado de necessidade.
C) Estrito cumprimento de dever legal.
D) Exercício regular de direito.
E) Consentimento do ofendido.
AOCP – INVESTIGADOR – PCES – 2019

No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é

A) causa de agravamento da pena.


B) causa de exclusão de ilicitude.
C) quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade pessoal.
D) causa de perdão judicial.
E) quando o agente atua em legítima defesa.

COPS-UEL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PCPR – 2018

O Código Penal prevê um rol taxativo, portanto exaustivo, das causas excludentes
de ilicitude.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 B – 3 B – 4 E
• LEGITIMA DEFESA;

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

II - em legítima defesa;

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios


necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.

Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo,


considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.

- REQUISITOS OBJETIVOS DA LEGITIMA DEFESA;

- AGRESSÃO INJUSTA;

a conduta humana contrária ao direito que


Entende-se por agressão injusta
ataca ou coloca em perigo bens jurídicos de alguém.

a agressão injusta pode ser dolosa ou


ATENÇÃO: Segundo a doutrina majoritária
culposa. Assim, é perfeitamente possível legitima defesa de agressão
culposa injusta.

ATENÇÃO: A agressão injusta, não significa necessariamente fato típico.


Ex: Reagir diante de furto de uso (fato atípico).
CUIDADO: Uma vez constatada a injusta agressão, o agredido pode rebatê-la, não se lhe
exigindo a fuga do local.

A fuga do local é denominado de “commodus discessus”.

COMMODUS DISCESSUS

NÃO É REQUISITO DA É REQUISITO DO ESTADO


LEGITIMA DEFESA DE NECESSIDADE

deve ser observado diante de


CUIDADO: Para Roxin, o “commodus discessus”
agressão realizada por inimputável (menor de idade).

ATENÇÃO: Quanto à existência da agressão, a legitima defesa classifica-se em:


- LEGITIMA DEFESA REAL;

Nesse caso o ataque (agressão injusta) é real.

OBS: Trata-se de hipótese de exclusão da ilicitude.

- LEGITIMA DEFESA PUTATIVA;

Esse caso o ataque (agressão injusta) é imaginária.

OBS: Não constitui causa excludente de ilicitude.

ATENÇÃO: O ataque de animal NÃO PROVOCADO por pessoa, configura perigo


atual, logo autoriza o ESTADO DE NECESSIDADE.
OBS: Por tratar-se de hipótese de estado de necessidade, se possível a fuga, a
pessoa atacada deve evitar o abate do animal (“commodus discessus”).

Por outro lado, o ataque de animal PROVOCADO por pessoa, configura-se


agressão injusta, pois nesse caso o animal é utilizado como arma pelo
sujeito provocador. Assim, nesse caso, autoriza-se a legitima defesa, sendo que,
mesmo que possível a fuga, a pessoa atacada poderá reagir.

- AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE;

Entende-se por agressão atual aquela que está ocorrendo.

Entende-se por agressão iminente aquela está prestes a ocorrer.

CUIDADO: Tratando-se de agressão passada, a reação é vingança.

ATENÇÃO: No que tange a AGRESSÃO FUTURA, a mesma de classifica em:

- AGRESSÃO FUTURA INCERTA QUANTO A OCORRÊNCIA;

Nesse caso, a antecipação da reação é mera suposição (configura crime).

- AGRESSÃO FUTURA CERTA QUANTO A OCORRÊNCIA;

trata-se de legitima defesa antecipada, causa excludente de


Nesse caso,
culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa).
- USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS;

meios necessários o meio menos lesivo à disposição do


Entende-se por
agredido no momento da agressão, porém, capaz de repelir o ataque
com eficiência.
OBS: Uma vez encontrado o meio necessário, deve ser utilizado de forma
moderada.

- SALVAR DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO;

poderá atuar para salvar bem jurídico próprio


O agente em legitima defesa
(legitima defesa própria ou “in persona”), ou ainda para salvar bem
jurídico alheio (legitima defesa de terceiro ou “ex persona”).

- REQUISITO SUBJETIVO;

- O AGENTE DEVE CONHECER AS CIRCUNSTÂNCIAS DA SITUACAO DE


FATO JUSTIFICANTE;

Assim,deverá o agente ter o conhecimento de que se encontra em


situação de legitima defesa.

- ESTADO DE NECESSIDADE X LEGITIMA DEFESA;

ESTADO DE NECESSIDADE LEGITIMA DEFESA

Conflito entre vários bens Ameaça ou ataque a um bem


jurídicos diante da mesma jurídico.
situação de perigo.
Pressupõe: Pressupõe:

Perigo atual + Sem Agressão humana atual ou


destinatário certo. iminente + Injusta + Com
destinatário certo.

Os interesses em conflito O interesse do agressor não


são legítimos. é legitimo.

Cabível Estado de Não é cabível Legitima


Necessidade de Estado de Defesa de Legitima Defesa.
Necessidade.

- LEGITIMA DEFESA SIMULTÂNEA;

não é possível duas pessoas, simultaneamente,


Pressupondo agressão injusta,
uma contra a outra, agirem em legitima defesa.

- LEGITIMA DEFESA SUCESSIVA;

É perfeitamente possível a legitima defesa sucessiva, que é a reação contra o excesso


do agredido.

- LEGITIMA DEFESA X LEGITIMA DEFESA PUTATIVA;

Levando-se em consideração que a legitima defesa putativa é algo


imaginário, tratando-se assim a ato injusto, é possível a legítima defesa
em face de legitima defesa putativa.
- LEGITIMA DEFESA X ESTADO DE NECESSIDADE;

Não será possível a legitima defesa diante de estado de necessidade,


pois a legitima defesa pressupõe agressão injusta.

QUESTÕES DE CONCURSO

INSTITUTO ACESSO – DELEGADO DE POLICIA PCES – 2019

A legitima defesa é uma garantia que permite a defesa de interesse legítimo por
parte de quem sofre a agressão injusta a um bem jurídico. Não obstante os
interesses em conflito no caso de estado de necessidade, todos os interesses são
considerados legítimos ao se tratar de oposição de bens jurídicos de mesmo valor.

CERTO

ERRADO

CONSULPLAN – GUARDA MUNICIPAL – 2019

“Tício veio a se desentender com determinado indivíduo, conhecido como


suposto traficante na cidade de Belo Horizonte, que o ameaçou de morte na
discussão. Sabendo que a referida pessoa tem fama de sempre cumprir as
ameaças que faz, dias após o entrevero, Tício o encontra em local ermo e com
baixa iluminação, momento em que percebe que o indivíduo levou a mão à
cintura, como se fosse sacar algum objeto. Sem hesitar, ele empunha e dispara
seu revólver, vindo a matar o sujeito. Descobre depois que, na realidade, o
traficante iria lhe dar de presente uma Bíblia, pois sua intenção era tranquilizá-
lo e dizer que fora convertido à religião, não se envolvendo com qualquer
prática ilícita.” Sobre a situação hipotética em apreço, é correto afirmar que
A) amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie putativa (imaginária),
posto que Tício, por erro, acreditava que seria agredido injustamente.
B) amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie autêntica (real), uma
vez que a conduta do traficante ensejou perigo que pode ser repelido pelo
agente.
C) trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da conduta
perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade exculpante do erro
cometido.
D) trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da conduta
perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade justificante do erro
cometido.

SELECON – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2019

Bruna é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Otávio, que não logra
acertar os dois primeiros tiros. Antes de desfechar o terceiro tiro, Bruna saca de
arma que carrega em sua bolsa com autorização legal e vem a atingir Otávio, que
veio a óbito. Nesse caso, pode ser assentado que ficou caracterizado, nos termos
do Código Penal, por parte de Bruna:

A) exercício regular de direito


B) estado de necessidade
C) arrependimento eficaz
D) legitima defesa

GABARITO: 1 C – 2 A – 3 D
• ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL;

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

ATENÇÃO: A presente descriminante (causa excludente da ilicitude), diferentemente do estado


de necessidade e da legítima defesa não possui artigo próprio anunciando os
seus requisitos objetivos.
Assim, cabe a doutrina apontar os requisitos da descriminante em estudo.

- CONCEITO;

O agente público, no desempenho de suas funções, não raras vezes é


obrigado, por lei (em sentido amplo), a violar bens jurídicos. Essa
intervenção lesiva, dentro de limites aceitáveis, é justificada pelo
estrito cumprimento de dever legal.
Ex: Policial que emprega violência necessária para executar prisão em flagrante de perigoso
bandido.

Note o dever legal conferido aos policiais diante de flagrante delito:

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes


deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
OBS: A expressão “dever legal”deve ser tomada no sentido amplo,
abrangendo todas as espécies normativas.

CUIDADO: Trata-se de descriminante penal em branco, pois o conteúdo da norma


permissiva (dever atribuído ao agente) necessita ser complementado por outra norma
jurídica.

Ex: Dever do policial diante flagrante delito = demonstrado no art. 301 do Código de Processo
Penal.

OBS: Para efeitos de configuração da causa excludente de ilicitude, o agente deve ter
conhecimento de que está praticando a conduta em face de dever imposto por lei
(requisito subjetivo).

OBS:Segundo a doutrina majoritária a descriminante em estudo (estrito


cumprimento de dever legal), também poderá ser invocada por
particular (pessoa que não goze do “status” de agente público).
Ex: Advogado que se recusa a depor em juízo alegando o dever de sigilo profissional.

- EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO X ATIVIDADE POLICIAL;


CUIDADO: Policial que no exercício de suas funções é recebido a “tiros” e acaba por matar o
agressor não é amparado pelo estrito cumprimento de dever legal, uma vez que não é dever
legal do mesmo matar, mesmo que diante de injusta agressão. Nesse caso, agirá o policial
amparado pela legitima defesa.

• EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO;

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Assim como ocorre com estrito cumprimento de dever legal, não


existe tipo permissivo
especifico explicando os requistos objetivos do exercício regular de
direito, competindo assim a doutrina defini-lo.

- CONCEITO;

Compreende condutas do cidadão comum autorizadas pela existência


de um direito definido em lei e condicionadas à regularidade do
exercício desse direito.

ATENÇÃO: Em regra, o ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL está


relacionado a comportamentos praticados por AGENTES PÚBLICOS,
enquanto que o EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO está relacionado a
comportamentos praticado pelo CIDADÃO COMUM no exercício de
seus direitos.
Ex: Qualquer pessoa do povo poderá prender aquele que se encontre em flagrante delito.
Observe:

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes


deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.

OBS: Podemos apontar como outro exemplo do exercício regular de direito a luta de boxe,
pois a violência empregada nesse esporte também caracteriza exercício regular
de direito, uma vez que a Lei n. 9.615-98 incentiva a prática esportiva, ainda que
o esporte seja violento.
- EXERCÍCIO REGULAR DE DIRETO “PRO MAGISTRATU”;

O Estado não podendo estar presente para impedir a ofensa ao bem


jurídico ou recompor a ordem pública, incentiva o cidadão a atuar em
seu lugar.

- EXERCÍCIO REGULAR DE DIRETO X DESCRIMINANTE PENAL EM


BRANCO;

O exercício regular de direito deve ser complementado por outra


norma, anunciando o direito do cidadão (descriminante penal em
branco).

- EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO X REQUISITOS;

Para efeitos de configuração do exercício regular de direito, segundo a


doutrina, é necessário proporcionalidade e conhecimento da situação
justificante, ou seja, o agente deve agir visando concretizar seu direito.

- OFENDÍCULOS;

Entende-se por ofendículo os aparatos preordenados para a defesa do


patrimônio.
Ex: Cerca elétrica.

ATENÇÃO: Os animais podem ser entendidos como exemplo de


ofendículo.
ofendículo enquanto não acionado
CUIDADO: Segundo a doutrina majoritária, o
constitui exercício regular de direito, por outro lado, quando acionado,
trata-se de legitima defesa preordenada.

ATENÇÃO: O ofendículo traduz direito do cidadão de proteger seu


patrimônio, devendo ser utilizado com prudência e consciência,
evitando excessos.

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – 2019

.Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item.

Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado como


obrigatório, hipótese em que a ação de prender e as eventuais consequências
físicas dela advindas em razão do uso da força se encontram abrigadas pela
excludente de ilicitude denominada exercício regular de direito.

CERTO

ERRADO

CESPE – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2018

Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um mandado de condução coercitiva


expedido pela autoridade judiciária competente, submeteu, embora
temporariamente, um cidadão a situação de privação de liberdade. Assertiva:
Nessa circunstância, a conduta do policial está abarcada por uma excludente de
ilicitude representada pelo exercício regular de direito.

CERTO
ERRADO

CESPE – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2018

Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item


subsequente.

O oficial de justiça encontra-se em exercício regular de direito ao cumprir


mandado de reintegração de posse de bem imóvel de propriedade de banco
público, com ordem de arrombamento, desocupação e imissão de posse.

CERTO

ERRADO

OFFICIUM – JUIZ DE DIREITO – TJRS

Os ofendículos são causa de exclusão da ilicitude, tratados pela doutrina como


forma de exercício regular de direito ou de legítima defesa preordenada.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 E -4 C
• EXCESSO NAS CAUSAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE;

O parágrafo único do art. 23 do Código Penal afirma que o excesso nas causas
excludentes da ilicitude (Estado de Necessidade, Legítima Defesa, Estrito Cumprimento
de Dever Legal e Exercício Regular de Direito) será punível.

Assim, o CP, logo depois de anunciar as justificantes da conduta típica, alerta:

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá


pelo excesso doloso ou culposo.

ATENÇÃO: A expressão “excesso” pressupõe


uma inicial situação de legalidade,
seguida de um atuar extrapolando os limites.
O exagero (excesso) pode ser doloso ou culposo, e será punido.

ATENÇÃO: Parte da doutrina classifica o excesso em:

- EXCESSO EXTENSIVO;

Nesse caso,o agente continua a atuar mesmo quando cessada a situação


de justificação (causa excludente de ilicitude).

Ex:Agredido que, depois de imobilizar o agressor, continua


reagindo (agindo) levando-o a óbito.

- EXCESSO INTENSIVO;

o agente realiza ação exagerada (excessiva), desde o início.


Nesse caso,
Assim, a conduta do agente não completa os requisitos da
descriminante.
Ex: Para impedir furto de suas frutas, o vendedor atira na
cabeça de menor infrator.
ATENÇÃO: Parteda doutrina critica a referida classificação, pois o excesso
intensivo não se trata na verdade do excesso previsto no previsto no
parágrafo único do art. 23 do CP, já que em nenhum momento o
agente agiu legalmente (amparado por excludente de ilicitude).

- EXCESSO DOLOSO;

o agente se propõe a ultrapassar os limites da


O excesso será doloso quando
causa justificante (causa excludente de ilicitude).

- EXCESSO CULPOSO;

quando decorrer da inobservância do dever de


O excesso será culposo
cuidado do agente (negligência, imprudência ou imperícia), enquanto
atua respaldado por alguma das causas excludentes da ilicitude.

Ex: Pessoa que, não percebendo que o agressor já está


imobilizado, permanece o esganando, gerando assim a sua
morte.

- EXCESSO ACIDENTAL;

quando o mesmo decorrer de caso fortuito ou


Ocorrerá o excesso acidental
força maior. Nesse caso, o excesso não será punível, pois foge do
controle do agente.
EX: “A” ao reagir de injusta agressão proferida por “B” acaba
por assustá-lo, susto esse que gera ataque cardíaco de “B”, que
vem a óbito.

- EXCESSO EXCULPANTE;

aquele em que o agente realiza conduta,


Entende-se por excesso exculpante
inicialmente respaldada pela justificante, mas a situação em que se
encontra o sujeito faz surgir nele um estado de pânico que lhe retira a
capacidade de atuar racionalmente.

ATENÇÃO: OCódigo Penal Militar prevê o excesso exculpante, porém o


Código Penal não prevê, apesar da existência de projetos de lei nesse
sentido.

• CONSENTIMENTO DO OFENDIDO;

O consentimento do ofendido não


possui previsão legal como causa excludente
da ilicitude, e por essa razão é denominado de causa supralegal de
exclusão da ilicitude.

- REQUISITOS DO CONSENTIMENTO DO OFENDIDO;


São requistos cumulativos do consentimento do ofendido como descriminante:

- O NÃO CONSENTIMENTO (DISSENTIMENTO) NÃO PODE INTEGRAR O TIPO PENAL, OU


SEJA, NÃO PODE SER ELEMENTAR DO TIPO;
OBS: Se o não consentimento do ofendido for elementar do tipo penal,
havendo o consentimento do ofendido ocorrerá exclusão da tipicidade
(fato atípico) e não causa excludente da ilicitude.

Ex: Estupro.

- OFENDIDO CAPAZ DE CONSENTIR;

- CONSENTIMENTO VÁLIDO;

Entende-se por consentimento válido aquele que é livre e consciente.

- BEM DISPONÍVEL;

O consentimento ofendido deve recair sobre bem jurídico disponível, a


exemplo do patrimônio, pois recaindo em face de bem jurídico
indisponível, a exemplo da vida, o referido consentimento do ofendido
não excluirá a ilicitude da conduta típica.

- BEM PRÓPRIO;

Não se pode consentir lesão a bem jurídico alheio.

- CONSENTIMENTO PRÉVIO OU SIMULTÂNEO À LESÃO AO BEM JURÍDICO;

deverá ocorrer antes ou no momento em que


O consentimento do ofendido
ocorre a lesão ao bem jurídico disponível.
CUIDADO: O consentimento do ofendido posterior a lesão não excluí a
ilicitude, mas pode gerar reflexos na punibilidade (pode figurar como renúncia
ou perdão nos delitos de ação penal de iniciativa privada).

- CONSENTIMENTO EXPRESSO;

OBS: Parte da doutrina vem admitindo o consentimento tácito.

-CIÊNCIA DA SITUAÇÃO DE FATO QUE AUTORIZA A JUSTIFICANTE;

Trata-se do requisito subjetivo aplicável a todas as descriminantes.

- INTEGRIDADE FÍSICA X BEM DISPONÍVEL;

Tratando-se se lesão corporal leve o bem jurídico (integridade física) é relativamente

DISPONÍVEL.
Por outro lado, tratando-se de lesão corporal grave ou gravíssima o bem jurídico
(integridade física) é INDISPONÍVEL.

QUESTÕES DE CONCURSO
MPE – PROMOTOR DE JUSTIÇA

Para que o consentimento do ofendido possa funcionar como causa supralegal de


exclusão de ilicitude bastam que o bem jurídico seja disponível e que o
consentimento esteja livre de vicios.

CERTO

ERRADO
CESPE – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2017

Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item


subsequente.

Segundo o Código Penal, o agente que tenha cometido excesso quando da análise
das excludentes de ilicitudes será punido apenas se o tiver cometido
dolosamente.

CERTO

ERRADO

CESPE – OFICIAL DE JUSTIÇA – 2017

Acerca da antijuridicidade e das causas de exclusão no direito penal, julgue o item


subsequente.

O consentimento do ofendido é uma excludente de antijuridicidade e poderá ser


manifestado antes, durante ou depois da conduta do agente.

CERTO

ERRADO

CESPE – DEFENSOR PÚBLICO – 2017

O consentimento do ofendido é causa de exclusão de ilicitude expressa no CP.

CERTO

ERRADO

GABARITO: 1 E – 2 E – 3 E – 4 E

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