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Princípios
Infração Criminal
Crime vs Contravenção Penal
Lei de Introdução ao Código Penal
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a
lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente.
Se a pena de um crime tiver a previsão de reclusão ou de detenção, está-
se diante de um crime. As contravenções penais podem estar previstas em
prisão simples, prisão simples ou multa, prisão simples e multa ou simplesmente,
multa.
NORMA PENAL
É a que estabelece a conduta criminosa e a pena cominada a essa
conduta. A norma penal é dividida entre preceito primário e preceito secundário.
Preceito Primário Vs Preceito Secundário
O preceito primário é a descrição da conduta delituosa e o preceito
secundário é a sanção penal.
Exemplo:
Código Penal
Art. 121. Matar alguém (preceito primário).
Pena – reclusão, de seis a vinte anos (preceito secundário).
• Origem:
Magna Carta Inglesa, de 1215 – Rei João Sem Terra.
• Fortalecimento:
Revolução Francesa, em 1789 – Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão.
• Previsão constitucional e legal:
– CF/1988, Art. 5º, XXXIX – “não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal;”
– CP, Art. 1º – “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal.”
Cláusula pétrea – Art. 60, § 4º, CF/1988: “Não será objeto de deliberação
a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV – os direitos e garantias
individuais.” Ou seja, o princípio da estrita legalidade é enxergado como um
direito/garantia individual.
ATENÇÃO:
Somente lei ordinária ou lei complementar pode criar crimes ou agravar
penas.
É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a
Direito Penal (CF, art. 62, § 1º, I, b) seja para prejudicar ou beneficiar o réu.
Entretanto, o STF tem admitido medidas provisórias que versem sobre
direito penal favorável ao réu (RHC 117.566/SP, julgado em 24/09/2013).
Inadmissível que lei delegada verse sobre direito penal.
Como decorrência deste princípio, não é permitida a analogia in malam
partem no Direito Penal, tampouco o uso de costumes para criar infrações
penais.
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
O princípio da anterioridade encontra previsão no mesmo dispositivo em
que se encontra o princípio da legalidade ou reserva legal.
Previsão constitucional e legal:
• CF/1988, Art. 5º, XXXIX – “não há crime sem lei anterior que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal;”
• CP, Art. 1º – “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena
sem prévia cominação legal."
Assim, não basta que exista uma lei definindo uma conduta como crime,
pois ela deve ser anterior à prática da conduta.
Se um sujeito pratica hoje uma conduta e somente amanhã ela vem a ser
considerada como um crime, não pode esse sujeito ser punido por ela.
Percebe-se, dessa forma, que os princípios da anterioridade e da
legalidade são bastante próximos, tanto que são previstos nos mesmos
dispositivos legais e formam, juntos, o princípio da legalidade em sentido amplo.
Cláusula pétrea – Art. 60, § 4º, CF/1988: “Não será objeto de deliberação
a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV – os direitos e garantias
individuais.”
Exemplo:
João matou uma pessoa e foi processado e julgado por essa conduta.
Ficou determinado que, pelo seu crime, João irá cumprir pena restritiva de
liberdade de 10 anos e precisará pagar uma indenização à família da vítima no
valor de R$ 100.000,00.
Entretanto, no dia que João seria preso, ele resolve se matar. João tinha
apenas um carro como patrimônio, sendo esse veículo avaliado em R$
50.000,00. Entretanto, João possui um filho, que será o único herdeiro desse
carro.
Nesse caso, ao saber da morte de João, a família da vítima acabou
procurando a Justiça para questionar o pagamento da indenização.
Apesar de o filho de João ser uma pessoa bastante rica, ele não poderá
ser condenado a pagar a indenização devida por seu falecido pai à família da
vítima do homicídio, entretanto, o valor desse carro deverá ser utilizado para
pagar essa indenização, pois trata-se de um bem patrimonial transferido pelo de
cujus.
PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
Criador: Claus Roxin.
Ninguém será punido por ofender somente bens jurídicos próprios.
De acordo com esse princípio, se o agente pratica uma conduta que venha
a prejudicar somente bens jurídicos que lhe pertençam, então não há crime.
Conforme o princípio da alteridade, para que haja crime, o agente deve
ofender bens jurídicos alheios.
Vale destacar: no Direito Penal, só há crime quando o sujeito ativo atinge
bens jurídicos alheios.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
Nem todos os ilícitos configuram ilícitos penais.
Serão considerados ilícitos penais os que forem previstos em lei e que
atentam contra valores fundamentais dos indivíduos e da sociedade.
Os ilícitos penais são apenas uma parte de todos os ilícitos que podem
ocorrer na vida em sociedade. Somente em relação aos bens jurídicos mais
relevantes é que irá ocorrer a incriminação de uma conduta.
ATENÇÃO
Súmula n. 502, STJ: “Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se
típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, § 2º, do CP, a conduta de
expor à venda CDs e DVDs piratas”.
Jurisprudência:
Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria
ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Exceção:
CP, Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando
idênticas.
O dispositivo acima se aplica aos casos de extraterritorialidade
incondicionada. Um exemplo é o crime praticado contra a vida ou liberdade do
Presidente da República Federativa do Brasil.
ATENÇÃO
Súmula n. 241, STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada
como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância
judicial.”
Todavia, “inexiste bis in idem se a pena-base do paciente foi aumentada
por força dos maus antecedentes, fazendo-se referência a determinadas
condenações, e, na segunda fase, incidiu a agravante da reincidência em
decorrência de outra condenação diversa.” (HC 359871/SP. Julgamento em
27/09/2016).
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Também conhecido por “criminalidade de bagatela” ou “infração
bagatelar própria”, foi incorporado ao Direito Penal por Claus Roxin, na década
de 1960, sob o fundamento de política criminal.
Obs.: A política criminal é uma espécie de crítica ao Direito posto, ou seja,
à norma penal.
Essa crítica abarca principalmente a aplicação da norma penal em
determinadas situações. Assim, a ideia do princípio da insignificância é retirar a
punição e dizer que determinada conduta não é um crime, visto que não afeta
um bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
2. Militar:
Não se aplica o princípio da insignificância ao militar em razão do perfil do
autor. O mesmo se aplica aos Delegados de Polícia, policiais em geral, juízes,
promotores etc.
Isso acontece, pois a reprovabilidade do comportamento desses agentes
é muito maior
Furto Qualificado
Em regra, não será aplicado o princípio da insignificância.
Entretanto, é possível sua aplicação a depender do caso concreto. (Info.
793 do STF, HC 123108, julgado em 03/08/2015 e STF - HC 155.920/MG –
27/04/2018).