Você está na página 1de 12

JORNADA 12 X 36

Remuneração, Horas Extras, Compensação, DSR, Intervalo,


Trabalho Noturno, Férias

1. Introdução
Antes de ter sido prevista na legislação trabalhista, a jornada de trabalho 12x36 já era
adotada para algumas atividades em que é necessária mão de obra 24 horas por dia, em
razão da própria natureza da prestação dos serviços. É bastante utilizada em diversas
categorias, tais como atividades de segurança privada, indústria e área da saúde.

Por extrapolar a limitação de 10 horas diárias de trabalho, dividido em 8 horas de jornada e


2 horas extras conforme artigos 58 e 59 da CLT, a legalidade da jornada 12 x 36 era
bastante questionada.

A partir de 2012 foi editada a Súmula n° 444 do TST que considerava válida a jornada 12x36
desde que tivesse previsão em instrumento coletivo, ou seja, Acordo ou Convenção Coletiva
de Trabalho.

Com o advento da Reforma Trabalhista (Lei n° 13.467/2017), com vigência a partir de


11.11.2017, foi acrescentado ao texto da CLT o artigo 59-A, permitindo que a jornada seja
pactuada mediante acordo individual escrito, ou então, por meio de Acordo Coletivo ou
Convenção Coletiva de Trabalho.

A presente matéria abordará as regras aplicáveis ao regime previstas na CLT, bem como,
os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais acerca do assunto, haja vista que a
legislação é omissa em diversos pontos.

2. Conceito
A jornada 12 x 36 é aquela em que o empregado trabalha 12 horas consecutivas e folga 36
horas ininterruptas.

Dessa forma, é vedado ao empregador convocar o empregado para prestar serviços no


período das 36 horas subsequentes ao expediente das 12 horas.

Saliente-se que dentro do período das 12 horas o empregado tem direito ao intervalo
intrajornada para alimentação e descanso, que pode ser usufruído ou indenizado, conforme
previsto no artigo 59-A da CLT.

Conforme mencionado no item anterior, essa jornada especial pode ser convencionada
mediante acordo individual escrito, Acordo Coletivo ou Convenção Coletiva de Trabalho,
conforme artigo 59-A da CLT.

Convém registrar que em 14.11.2017, 3 dias após a entrada em vigor da Reforma


Trabalhista, foi publicada a Medida Provisória n° 808/2017 estabelecendo que as partes não
mais poderiam pactuar a jornada 12x36 mediante acordo individual, sendo necessário
previsão em Acordo Coletivo ou Convenção Coletiva de Trabalho.
Contudo, a citada Medida Provisória perdeu a validade em 23.04.2018 eis que não foi
convertida em lei pelo Congresso Nacional dentro do prazo estabelecido pelo artigo
62 da Constituição Federal de 1988.

Assim sendo, a partir de 24.04.2018 voltou a vigorar a disposição do artigo 59-A da CLT que
permite estabelecer a jornada 12x36 por acordo individual.

3. Jornada de Trabalho
A jornada de trabalho é considerada, nos termos do artigo 4° da CLT, como o período em
que o empregado está à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens e,
via de regra, deve ser estabelecida no contrato de trabalho.

Jornada 12x36 na prática:

A jornada semanal no regime 12x36 é variável, visto que em uma semana o empregado vai
trabalhar 3 dias totalizando 36 horas semanais e na semana seguinte o labor se dará em 4
dias, total de 48 horas semanais.

Exemplificando a jornada semanal:

4. Limitação e Compensação de Jornada


Muito embora a limitação da jornada semanal em 44 horas seja um direito constitucional,
previsto no artigo 7°, inciso XIII, da CF/88, o mesmo dispositivo estabelece que é facultada
a compensação de horários e a redução da jornada, mediante Acordo ou Convenção
Coletiva de Trabalho.

Na jornada 12x36, o empregado cumpre 48 horas de trabalho numa semana e labora 36


horas na semana seguinte, ciclo que se repete sucessivamente.

Nesse sentido, haveria a compensação do trabalho prestado em excesso numa semana


mediante a prestação de menos horas de labor na semana seguinte.

Cabe ressaltar o que dispõe o artigo 58 da CLT:

Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer


atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja
fixado expressamente outro limite.
Portanto, não restaria violado o limite de oito horas diárias e 44 horas semanais tendo em
vista que os dispositivos legais mencionados neste item que prevêem tal limitação também
autorizam que sejam extrapolados mediante compensação da jornada, tal como é
considerada a jornada 12x36.

5. DSR e Feriados Trabalhados


O descanso semanal remunerado é garantido a todo trabalhador pelo artigo 7°, inciso XV,
da CF/88, artigo 67 da CLT e artigo 1° da Lei n° 605/49.

Via de regra, nos termos dos artigos supracitados, o descanso semanal remunerado
corresponde a 24 horas consecutivas que deve preferencialmente coincidir com o domingo.

Quando se trata da jornada 12x36 não se aplica essa regra por força do artigo 59-
A da CLT e, dessa forma, o empregado não faz jus ao DSR, pois as horas do descanso
semanal já estão compensadas nas 36 horas de folga que também incidem durante a
semana.

Portanto, não é possível individualizar o DSR nessa jornada.

Nos exatos termos do artigo 59-A da CLT, a remuneração mensal pactuada no regime de
12x36 abrange os pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo
descanso em feriados.

Assim, no tocante aos feriados, não é mais devido o pagamento em dobro quando a escala
do empregado recair em feriado, pois é considerado como compensado.

Implica em dizer que a Súmula n° 444 do TST, que trazia o entendimento de que o feriado
trabalhado nessa escala deveria ser remunerado em dobro, perdeu a eficácia após a
Reforma Trabalhista e, portanto, não tem mais aplicabilidade.

Além disso, para a adoção da escala 12x36 nas atividades não autorizadas a trabalhar em
domingos e feriados pelo Decreto n° 27.048/49, por força do artigo 68 da CLT é necessário
uma autorização específica expedida pela Secretaria do Trabalho, tendo em vista que nessa
escala de trabalho haverá dias recaindo em domingos e feriados.

Por fim, para mais esclarecimentos sobre a autorização para trabalho em domingos e
feriados, indicamos a leitura da seguinte matéria:
1 Trabalho em Domingos e Feriados - Boletim n° 15/2020

6. Remuneração
Com base no artigo 444 da CLT, empregador e empregado podem pactuar livremente as
cláusulas do contrato de trabalho, dentre elas a forma de remuneração.

Assim sendo, as partes têm liberdade para estabelecer se o pagamento do salário será
apurado por hora, dia, tarefa, comissão ou mês.

No entanto, apesar de não haver previsão específica na legislação, em relação à jornada


12x36 entende-se que o empregado deve ser remunerado como mensalista, que é aquele
que tem uma remuneração fixa correspondente ao mês calendário.

Isso porque nas demais formas de remuneração (horista, diarista, comissionista, tarefeiro),
além do valor estipulado por hora/dia/comissão/tarefa é necessário calcular a remuneração
do DSR.

Conforme mencionado no item anterior, o DSR corresponde à 24 horas consecutivas de


repouso na semana. Contudo, o repouso na jornada em estudo são as 36 horas
subsequentes a cada jornada de trabalho de 12 horas.

Assim, na prática, não há forma de se calcular de forma individualizada o valor da


remuneração do DSR, motivo pelo qual somente é possível que o empregado nessa jornada
seja remunerado como mensalista, cujo salário já compreende o valor relativo ao DSR, salvo
se houver uma previsão específica na convenção coletiva da categoria.

Ademais, dispõe o parágrafo único do artigo 59 da CLT que a remuneração mensal


pactuada no horário 12x36 compreende os pagamentos devidos pelo DSR e feriados.

Conclui-se, dessa forma, que a remuneração do empregado na jornada 12x36 deve ser
pactuada de forma mensal, vez que a legislação não considerou outras formas de
remuneração.

Saliente-se, contudo, que a Convenção Coletiva de Trabalho pode dispor de maneira


diversa.

6.1. Divisor
Os divisores são utilizados para calcular o valor do salário-hora do empregado.

Para se verificar qual é o divisor de horas multiplica-se por 30 o resultado da divisão do


número de horas trabalhadas por semana pelos dias úteis, conforme interpretação conjunta
dos artigos 58 e 64 da CLT, artigo 7°, incisos XIII, da CF/88, artigo 1° da Lei n°
605/49 e Súmula 431 do TST.

Nesse sentido, considerando a jornada de 44 horas semanais, seis dias por semana, então
a média de horas trabalhadas por dia é de 7,333h que multiplicado por 30 dias resulta em
220 horas mensais.

Dessa forma:
Horas Semanais Cálculo Divisor Final

44 horas 44h/6d = 7,333 x 30 220

40 horas 40h/6d = 6,666 x 30 200

36 horas 36h/6d = 6 x 30 180

30 horas 30h/6d = 5 x 30 150


Voltando ao assunto da presente matéria, não há previsão na legislação trabalhista e não
há um consenso na doutrina a respeito de qual o divisor de horas a ser aplicado na jornada
12 x 36.

Nesse caso, orienta-se seja verificada a Convenção Coletiva ou consultado o Sindicato da


Categoria. Sendo omisso o instrumento coletivo e silente o Sindicato, pode o empregador
adotar algum dos entendimentos abaixo:

6.1.1. Divisor 220


O primeiro entendimento é que a duração normal do trabalho, nos termos do artigo
58 da CLT e artigo 7°, inciso XIII, da CF/88, é de 8 horas diárias e 44 horas semanais.

Por sua vez, a jornada 12x36 é considerada uma compensação de jornada conforme
explicado no item 4 e, por tal motivo, equivale-se a uma jornada mensal normal de 44 horas
semanais.

Assim sendo, aplicaria-se o divisor 220.

6.1.2. Divisor 210


O segundo entendimento se baseia na média das horas trabalhadas na semana para se
chegar nas horas mensais e correspondente divisor.

Conforme demonstrado no item 3 da presente matéria, em uma semana o empregado


trabalha 36 horas e na subsequente trabalhará 48 horas semanais.

Fazendo uma média:

Semana 1 36 horas semanais 36h/6d = 6

Semana 2 48 horas semanais 48h/6d = 8

Semana 3 36 horas semanais 36h/6d = 6

Semana 4 48 horas semanais 48/6d = 8

Média de horas trabalhadas em 4 semanas 28h


28 horas / 4 semanas = média de 7 horas por semana
7h x 30 = 210 horas mensasis

6.1.3. Divisor 180


Na prática, o empregado do regime 12x36 trabalha em um dia e folga no outro.

Tendo em conta a regra do artigo 64 da CLT que considera o mês 30 dias para fins de
apuração do salário-hora, este empregado trabalharia 15 dias no mês.

Assim, multiplica-se 12 horas por 15 dias, o que resulta em 180 horas mensais.

Concluindo, além da legislação ser omisssa, a doutrina e jurisprudência não são unânimes
quanto ao divisor correto a ser aplicado à jornada 12x36.

Desse modo, a orientação é verificar o que diz o intrumento coletivo ou entendimento do


Sindicato da categoria e, caso este não se posicione, fica a critério do empregador qual dos
entendimentos acima delineados adotar.

7. Hora Extra
Antes da Reforma Trabalhista, o entendimento que prevalecia nos tribunais era de que a
realização de horas extras além da 12ª hora de trabalho descaracterizava a jornada 12x36
e as horas extras passavam a ser assim consideradas a partir da 8ª hora.

No entanto, o parágrafo único do artigo 59-B da CLT, acrescentado pela Reforma


Trabalhista (Lei n° 13.467/2017), dispõe que a prestação de horas extras habituais não
descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas.

Dessa forma, por expressa previsão legal, o trabalho extraordinário ainda que realizado com
frequência não é suficiente para desconstituir a jornada 12x36.

Apesar disso, entende-se que o regime de trabalho 12x36 e a realização de horas extras
habituais são incompatíveis entre si.

Isso porque quando o empregado trabalha além da 12ª hora não estaria respeitando as 36
horas de descanso.

No entanto, acaso realizada a hora extra, é devido o adicional de 50% nos mesmos moldes
do cálculo das horas extras na jornada habitual, em conformidade com o § 1° do artigo
59 da CLT.

Havendo horas extras há, consequentemente, reflexo no descanso semanal remunerado,


conforme artigo 7°, alínea "b", da Lei n° 605/49 e Súmula n° 172 do TST.

Considerando a ausência de previsão legal expressa acerca da possibilidade ou não da


realização de horas extras na escala 12x36, bem como as regras e cálculos aplicáveis se
realizadas, orienta-se consultar a Convenção Coletiva da categoria ou a Secretaria do
Trabalho e o entedimento da jurisprudência da sua região.

8. Faltas
A ausência de previsão legal acerca da forma de individualizar o DSR da jornada 12x36,
reiteradamente mencionada ao longo da presente matéria, traz também dúvidas na forma
correta de proceder ao desconto no salário do empregado relativo às faltas injustificadas.
Via de regra, o empregado que não cumpre integralmente a sua jornada semanal perde o
direito à remuneração do DSR da semana seguinte, como prevê o artigo 6° da Lei n° 605/49.

Assim, um empregado que não comparece ao serviço por um dia, sofrerá o desconto do dia
da falta e da remuneração do DSR da semana seguinte.

No caso do regime 12x36, conforme já adiantado e como se trata de uma jornada


diferenciada, não há uma regra específica sobre como calcular de forma correta o desconto
da falta e não há previsão legal de como individualizar o DSR a ser descontado.

Dessa forma, orienta-se que seja verificado o entendimento do Sindicato da categoria ou da


Secretaria do Trabalho da região.

8.1. Abandono de Emprego


Considera-se abandono de emprego a sequência ou sucessão de faltas injustificadas do
empregado ao trabalho, que podem ensejar a rescisão por justa causa do empregado,
conforme previsão do artigo 482, alínea "i" da CLT.

Com base na Súmula n° 32 do TST, entende-se que a configuração do abandono de


emprego se dá após o transcurso de 30 dias de faltas injustificadas.

Considerando que não há previsão específica em relação à jornada 12x36, de forma


preventiva orienta-se computar como dias de falta apenas os dias de escala, ou seja, apenas
os dias em que o empregado deveria trabalhar, deixando de contar os dias referentes às 36
horas de descanso.

9. Intervalo Intrajornada
Em jornadas superiores a seis horas é assegurado ao empregado um intervalo para
alimentação e repouso de no mínimo uma hora, não podendo exceder a duas horas, salvo
acordo escrito ou previsão em instrumento coletivo do trabalho, segundo estipula o artigo
71, da CLT.

O intervalo mínimo de uma hora poderá ser reduzido mediante Acordo ou Convenção
Coletiva de Trabalho, com base no artigo 611-A, inciso III, da CLT, respeitado o limite
mínimo de 30 minutos.

Também poderá ser reduzido por ato da Secretaria do Trabalho, consoante dispõe o §
3° do artigo 71 da CLT e Portaria MTE n° 1.095/2010, se verificar que o estabelecimento
atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando
os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas
suplementares.

Prevê o § 2° do artigo 71 da CLT que o período de intervalo não é computado na duração


do trabalho.

Especificamente na jornada 12x36, o intervalo intrajornada pode ser usufruído ou


indenizado, conforme autoriza o artigo 59-A da CLT.

9.1. Intervalo Usufruído


Quando o empregador decide por conceder o intervalo intrajornada, considerando que o
intervalo não é computado dentro da jornada, tem-se duas situações:
A. o empregado trabalha 12 horas e goza uma hora de intervalo, totalizando 13 horas. Nesse
caso, é necessário respeitar as 36 horas de descanso, fazendo com que a jornada
subsequente comece sempre uma hora depois da jornada anterior.

B. o empregado trabalha efetivamente 11 horas e goza 1 hora de intervalo, fechando, assim,


o período de 12 horas.

Assim, tendo em vista que a legislação não regulamentou como se dará o gozo do intervalo
para repouso e alimentação, orienta-se verificar se a Convenção Coletiva traz alguma
previsão a respeito ou consultar o posicionamento do Sindicato da Categoria.

9.2. Intervalo Indenizado


Se o intervalo intrajornada não for concedido, integral ou parcialmente, o empregador deve
remunerá-lo com a indenização de 50% sobre o valor da hora normal, em relação apenas
ao período suprimido, de acordo com § 4° do artigo 71 da CLT.

De acordo com o mesmo dispositivo, a verba tem natureza indenizatória, ou seja, não integra
a remuneração do empregado e não gera incidências de INSS e FGTS.

Cumpre registrar, no entanto, que mesmo na hipótese de ser indenizado o período do


intervalo, ainda assim é necessário que o empregador conceda um período para o
empregado se alimentar.

Por fim, sobre o tema, sugere-se a seguinte matéria:

1 Intervalo Intrajornada - Descanso e Alimentação - Boletim n° 02/2019.

10. Trabalho Noturno


O direito à remuneração da hora noturna superior à diurna é garantido a todos os
trabalhadores, independente do regime de trabalho, pela Constituição Federal, artigo
7°, inciso IX.

Considera-se trabalho noturno aquele realizado pelo trabalhador urbano entre as 22 horas
de um dia até 5 horas do outro, conforme definido pelo artigo 73 da CLT.

No âmbito rural, o trabalho noturno é aquele prestado entre 21h de um dia e 5h do outro no
caso de serviço prestado na agricultura e entre 20h e 4h em se tratando de serviço prestado
na pecuária, conforme artigo 7° da Lei n° 5.889/73.

De acordo com o artigo 73 da CLT o adicional noturno é de pelo menos 20% sobre o valor
da hora diurna.

Antes da Reforma Trabalhista, o trabalho noturno na jornada 12x36 era regido pela Súmula
n° 60 do TST e pela Orientação Jurisprudencial n° 388 SDI-1/TST, das quais se extraía o
entendimento de que o empregado tinha direito ao adicional noturno relativo às horas
trabalhadas após as 5 horas da manhã.

No entanto, tais dispositivos perderam a eficácia e não tem mais aplicabilidade em razão do
disposto no parágrafo único do artigo 59 da CLT que estabelece que é considerada
compensada a prorrogação de trabalho noturno de que trata o § 5° do artigo 73 da CLT.
Vale dizer que a prestação de serviços após as 5h da manhã está incluída na própria jornada
normal no regime de trabalho 12x36.

Exemplificando, se o empregado tem a jornada estabelecida de 19h até as 7h da manhã,


terá direito ao adicional noturno sobre as horas trabalhadas entre 22h e 5hs, não sendo
devido o adicional nas últimas 2 horas laboradas após as 5h da manhã, haja vista que essa
compensação já seria considerada como parte da sua remuneração.

Convém salientar que o § 2° do artigo 8° da CLT estipula que Súmulas e outros enunciados
de jurisprudências editados pelo TST e pelos TRT's não podem restringir direitos previstos
em lei nem criar obrigações que não estejam previstas em lei.

A matéria a seguir trata do trabalho noturno de maneira mais aprofundada:

1 Trabalho Noturno - Boletim n° 18/2020.

10.1. Redução da Hora Noturna


Por se tratar de questão de saúde e segurança do trabalho, via de regra, a redução da hora
noturna se aplica a todos os trabalhadores, independente da jornada cumprida.

No entanto, com as alterações promovidas pela Reforma Trabalhista, a doutrina tem se


dividido no que se refere ao direito à hora reduzida quando o empregado labora no regime
12x36 durante o período noturno.

De acordo com os ensinamentos de Homero Batista Mateus (na obra Comentários a


Reforma Trabalhista, Ed. Revista dos Tribunais, página 43), a Reforma promoveu a
supressão da hora noturna reduzida de forma que as 12 horas sejam integralmente
trabalhadas.

Por outro lado, o entendimento da doutrinadora Vólia Bomfim Cassar (Comentários a


Reforma Trabalhista, Ed. Método) é no sentido de que a supressão da redução da hora
noturna causa prejuízo ao trabalhador no regime 12x36, tendo em vista que já se trata de
uma jornada extenuante.

Verifica-se, portanto, que não há consenso na doutrina acerca da questão.

Dessa forma, recomenda-se consultar antecipadamente o entendimento do Sindicato da


categoria, para fins de verificar se o empregado na jornada 12x36 terá a hora reduzida para
fins de fechamento da jornada de trabalho ou se a redução será aplicada apenas com a
finalidade de pagamento do adicional noturno conforme estabelecido no artigo 73 da CLT.

11. Férias
Estabelece o § 3° do artigo 134 da CLT que o gozo das férias não pode iniciar nos dois dias
que antecedem o DSR do empregado.

Ocorre que na jornada 12x36 o descanso semanal remunerado do empregado são as 36


horas de repouso que se seguem às 12 horas de labor.

E, ainda, conforme parágrafo único do artigo 59 da CLT, a remuneração do empregado na


escala 12x36 já abrange os pagamentos pelo descanso semanal remunerado e pelo
descanso em feriados.
Logo não há um dia específico como DSR.

Desse modo, entende-se que as férias do empregado nessa jornada devem se iniciar em
um dia em que efetivamente trabalharia em sua escala de revezamento.

Por fim, diante da ausência de regulamentação na legislação, orienta-se verificar se a


Convenção Coletiva de Trabalho traz previsão nesse sentido.

12. Aviso Prévio


Não há tratamento diferenciado no que tange ao aviso prévio para empregado que labora
nessa jornada especial.

Dessa forma, assim como determina o artigo 487 da CLT, o aviso prévio trabalhado deve
ser de 30 dias corridos, independente dos dias que o empregado trabalha no mês e, se
motivado pelo empregador, a cada ano completo de serviço será acrescido três dias no
aviso prévio do empregado, com base na Lei n° 12.506/2011.

A contagem do aviso prévio se inicia no dia seguinte ao da comunicação, ainda que seja a
folga das 36 horas, nos termos do artigo 20 da Instrução Normativa SRT n°
015/2010 e Súmula 380, do TST.

Conforme artigo 488 da CLT, no caso de dispensa motivada pelo empregador, o empregado
tem o direito de optar pela redução de sete dias corridos ou duas horas diárias.

Nesse sentido, optando pela redução de sete dias, o empregado vai cumprir a sua jornada
de acordo com a escala, trabalhando 12h e descansando 36h, nos 23 dias corridos do aviso
prévio.

Se a opção for pela redução de duas horas, ele irá trabalhar dez e o descanso será as 36
horas mais as duas horas reduzidas, totalizando 38 horas, mas sem que isso descaracterize
a jornada.

Sobre o tema, orienta-se a leitura das seguintes matérias:

1 Aviso Prévio - Motivado Pelo Empregado - Boletim n° 12/2020;

2 Aviso Prévio - Motivado Pelo Empregador - Boletim n° 13/2020.

13. Empregado Doméstico


O contrato de trabalho doméstico é regulamentado pela Lei Complementar n° 150/2015.

Estabelece o artigo 10 da mencionada LC n° 150/2015 que empregador e empregado


doméstico podem pactuar, mediante acordo escrito, o horário de trabalho de 12 horas por
36 de descanso.

Os intervalos para descanso e alimentação devem ser concedidos ou indenizados, conforme


determina o § 1° do mesmo artigo.

Assim como previsto na CLT, a remuneração do DSR e feriados está incluída na


remuneração mensal pactuada no contrato de trabalho. E, ainda, os feriados trabalhados e
as prorrogações da hora noturna são considerados compensados, conforme dispõe o §
1° do artigo 10 da LC n° 150/2015.

Portanto, é possível a adoção da jornada 12x36 para o empregado doméstico.

14. Atividades Insalubres


Via de regra, nos termos do artigo 60 da CLT, nas atividades insalubres, a realização de
quaisquer prorrogações somente poderá ser acordada mediante licença prévia das
autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito,
procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de
trabalho, quer diretamente, quer por intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais
e municipais, com quem entrarão em entendimento para tal fim.

No entanto, o parágrafo único do mesmo artigo, dispensa a necessidade de autorização


específica da Secretaria do Trabalho para liberação do trabalho da 8ª à 12ª horas em
ambientes insalubres quando o empregado laborar no regime 12x36.

15. eSocial
De acordo com o Manual e Leiautes do eSocial as informações relativas ao contrato de
trabalho na jornada 12x36 devem ser prestadas conforme a seguir especificado.

Em primeiro lugar, o empregador deverá cadastrar todas as possibilidades de horários dos


trabalhadores, exceto daqueles submetidos a jornadas especiais (turno de revezamento, por
exemplo), no evento S-1050 - Tabela de Horários/Turnos de Trabalho.

A tabela abaixo, elaborada com base na tabela constante na página 94 do Manual de


Orientação do eSocial, exemplifica como se dá o preenchimento das informações de
horários de trabalho:

Código Horário (codHorContrat) 001 002 003 004 005

Hora Entrada (hrEntr) 0800 0800 0700 1900 0700

Hora Saída (hrSaída) 1800 1200 1900 0700 520

Duração da Jornada em Minutos


480 240 660 711 440
(durJornada)

Permite Horário Flexível


N N N N N
(PerHorFlex)

Tipo Intervalo (tplnterv) 1 1 1 2

Duração Intervalo (inilnterv) 120 60 60 60

Início Intervalo (inilnterv) 1100 1100 2300

Término Intervalo (termlnterv) 1300 1200 0000


Após o cadastro dos horários de trabalho no Evento S-1050, os horários devem ser
referenciados no Evento S-2200 - Cadastramento Inicial do Vínculo e Admissão/Ingresso de
Trabalhador e informado o tipo de jornada de trabalho conforme as opções abaixo, de
acordo com o Leiautes do eSocial, páginas 83/84:

1 - Jornada com horário diário e folgas fixos;

2 - Jornada 12x36 (12 horas de trabalho seguidas de 36 horas ininterruptas de descanso);

3 - Jornada com horário diário fixo e folga variável;

9 - Demais tipos de jornada.

E, ainda, orienta o Leiautes do eSocial, página 84, que o empregador deverá informar o
horário contratual diário do empregado, preenchendo com o código relativo ao dia do
horário, conforme abaixo:

1 - Segunda-Feira;
2 - Terça-Feira;
3 - Quarta-Feira;
4 - Quinta-Feira;
5 - Sexta-Feira;
6 - Sábado;
7 - Domingo;
8 - Dia variável.

Dessa forma, no envio do evento S-2200 deve ser informado o horário contratual do
empregado, de acordo com os códigos criados na tabela S-1050 - Tabela de
Horários/Turnos de Trabalho, conforme os seguintes exemplos constantes da página 152
do Manual de Orientações do eSocial:

Empregado - 44 horas semanais, 8h de 2ª a 6ª e 4h no sábado

Campo {tpJornada}: 1 - Jornada com horário diário e folga fixos;


Dias e campo {codHorContr}: 1-001, 2-001, 3-001, 4-001, 5-001, 6-002

Observa-se que os dias que são os numerais 1, 2, 3, 4, 5 e 6 referem-se aos dias da semana,
já os números 001 e 002 referem-se aos códigos de horários cadastrados no evento S-1050
(tabela exposta no exemplo anteriormente).

Empregado - 12 x 36

Campo {tpJornada}: 2 - Jornada 12x36


Dias e codHorContr: 8-003 ou 8-004

Observação: o numeral oito refere-se a dia variável e os números 003 e 004 referem-se aos
códigos de horários cadastrados no evento S-1050 (tabela exposta no exemplo
anteriormente).

Você também pode gostar