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De acordo com a
Lei 13.467/2017 (que alterou o
art. 58-A da CLT) o trabalho em regime de tempo parcial passou a
ser válido nas seguintes hipóteses:
a) Aquele cuja duração não exceda a 30 (trinta) horas semanais, sem a possibilidade de horas
suplementares semanais, ou
b) Aquele cuja duração não exceda a 26 (vinte e seis) horas semanais, com a possibilidade de
acréscimo de até seis horas suplementares semanais.
Nota¹: Vale ressaltar que a nova lei entrou em vigor a partir de nov/2017. Portanto, até esta
data valem as
antigas regras, conforme nota² abaixo.
Nota²: O trabalho em regime de tempo parcial (até a entrada em vigor da lei acima citada) era
aquele cuja duração não excedia a 25 (vinte e cinco) horas semanais, sem a
possibilidade de horas extras suplementares.
A Constituição Federal estabelece uma jornada normal de trabalho de 44 horas semanais, ou seja, 220 horas mensais
considerando, em média, 5 semanas no mês (44 horas x 5 semanas).
Para o contrato de trabalho a tempo parcial a jornada normal mensal, considerando as hipóteses acima citadas será:
a) Se a jornada for de até 30 horas semanais, a jornada mensal será de 150 horas (30 horas x 5 semanas);
b) Se a jornada for de até 26 horas semanais, a jornada mensal será de 130 horas (26 horas x 5 semanas).
Vale ressaltar que a lei estabelece como limites máximos os acima citados, ou seja, nada impede que o empregador
contrate um empregado em regime de tempo parcial com jornada de 20 horas semanais ou com 24 horas semanais, por
exemplo.
ADOÇÃO DO REGIME
A adoção do regime de tempo parcial será feita mediante mediante opção dos atuais empregados, manifestada perante
a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva ou através da contratação de novos
empregados sob este regime.
SALÁRIO
PROPORCIONAL À JORNADA
O salário a ser pago aos empregados submetidos ao regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada semanal,
em relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, jornada de tempo integral, conforme dispõe a
Orientação Jurisprudencial 358 do TST, nos termos da jurisprudência abaixo.
Exemplo
Empregado que exerce a função de operador de máquinas, recebe a salário mensal de R$ 1.700,00, com carga horária
semanal de 44 horas (220 horas mensais).
Caso a empresa tenha outros empregados que trabalhem em regime de tempo parcial, na mesma função, com jornada
de trabalho de 30 horas semanais (150 horas mensais), o salário mensal destes empregados será de R$1.159,09 (R$
1.700,00 : 220 x 150).
PRESTAÇÃO DE
HORAS EXTRAS
- CONDIÇÕES - ACRÉSCIMO E LIMITAÇÃO
As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50% (cinquenta por
cento) sobre o salário-hora normal. Para maiores detalhes, veja o tópico
Horas Extras.
Conforme já mencionado anteriormente, os empregados submetidos ao regime de tempo parcial (Nos termos do art.
58-A da CLT) devem seguir os seguintes critérios para prestação de horas extras, a saber:
a) Não poderão prestar horas extras: se a jornada normal semanal for de até 30 horas semanais;
b) Poderão prestar horas extras: se a jornada normal semanal for de até 26 horas semanais, limitada a 6
horas extras por semana;
c)
Poderão prestar horas extras: se a jornada normal semanal for inferior a 26 horas semanais, limitada
a 6 horas extras por semana.
Nota: uma vez descumprida as normas acima estabelecidas, ou seja, havendo prorrogação de jornada para quem tem
jornada de até 30 horas semanais ou ultrapassado o limite de horas extras semanais para quem trabalha até 26
horas semanais ou menos, restará descaracterizado o trabalho em regime de tempo parcial, ficando a empresa
sujeita à nulidade do contrato desse regime de trabalho, bem como ao pagamento das horas extras e eventuais
diferenças salariais.
COMPENSAÇÃO - SEMANA SEGUINTE
As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana
imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês
subsequente, caso não sejam compensadas.
FÉRIAS
- PERÍODO DE GOZO E ABONO PECUNIÁRIO
Após cada período de doze meses de vigência do contrato de trabalho a tempo parcial, o empregado terá direito a
férias, nos mesmos termos do que dispõe o art. 130 da CLT:
30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes;
24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas;
18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;
12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas;
Conforme dispõe o §6º do art. 58-A da CLT é facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial
converter um terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário.
De acordo com o disposto o § 1º do
art. 134 da CLT (nova redação dada pela
Lei 13.467/2017), desde que haja
concordância do empregado, as férias poderão ser usufruídas em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser
inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.
Clique aqui e veja maiores detalhes sobre o fracionamento das férias em 3 períodos.
Importante: ver nota¹ acima quanto às regras para o período de férias até a entrada em vigor da nova lei.
13º SALÁRIO
Os trabalhadores que integrarem o regime de contrato de trabalho por tempo parcial farão jus ao beneficio do 13º
salário, na proporcionalidade da carga horária e salários recebidos, conforme o disposto no inciso VIII do art. 7º da
Constituição Federal/88.
Para maiores detalhes acesse o tópico
13º salário.
APLICAÇÃO DA CLT
Aos empregados contratados a tempo parcial são aplicáveis as normas da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
naquilo que não conflitem com as disposições das regras aqui tratadas.
Assim, os trabalhadores contratados sob regime de tempo parcial fazem jus aos demais direitos trabalhistas e
previdenciários estendidos aos empregados, tais como: aviso prévio, descanso semanal remunerado (DSR),
recebimento de adicionais (noturno, periculosidade e insalubridade), auxílio-doença, salário-maternidade, entre outros.
JURISPRUDÊNCIA
EMENTA. RECURSO ORDINÁRIO. DIFERENÇAS SALARIAIS. REGIME DE TEMPO PARCIAL. (...). "Alega a
autora que durante todo o período contratual recebeu salário inferior ao piso normativo, requerendo o pagamento de
diferenças salariais, observando-se à época própria de cada convenção coletiva da categoria dos comerciários
(2013/2014, 2014/2015 e 2015/2016). Insurge-se a reclamada afirmando que o salário da autora era proporcional ao
número de horas trabalhadas, sempre observando o piso salarial estipulado nas convenções coletivas. (...). No contrato
de trabalho a título de experiência firmado entre as partes litigantes, consta que a jornada de trabalho da autora era de
18 horas semanais, distribuídas entre sexta, sábado e domingo (Id-b94b230). Na Ficha de Registro de Empregado
consta a informação de jornada de trabalho de 36 horas semanais e 180 horas mensais (Id-3e4dde0). Além disso, os
cartões de ponto colacionados aos autos também demonstram que a autora trabalhava em jornada reduzida,
corroborando a tese da defesa. A Constituição Federal estipula o pagamento de um salário mínimo para uma jornada
de trabalho não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais, nos termos dos incisos IV e VIII, do art. 7º, da CF,
interpretados conjuntamente. Isso não significa que se o empregado trabalha em jornada reduzida, não possa receber o
salário-mínimo proporcional as horas trabalhadas. Nesse sentido é a OJ nº 358, do TST: "Salário Mínimo e Piso
Salarial Proporcional à Jornada Reduzida. Empregado. Servidor Público. Havendo contratação para cumprimento de
jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o
pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado." Cumpre ressaltar, que desde a
contratação a autora teve conhecimento de que trabalharia em jornada de trabalho reduzida e que o pagamento seria
proporcional à quantidade de horas trabalhadas, conforme se depreende do contrato de trabalho anexado. Dessa forma,
no caso em exame, é lícito o pagamento do piso salarial proporcional ao tempo trabalhado. Pelo exposto, julgo
improcedente o pedido de pagamento de diferenças salariais, postulado na alínea "d" do rol de pedidos da inicial." (...).
Não afronta a norma coletiva que fixa o piso salarial da categoria, o seu pagamento, aos que laboram em regime de
tempo parcial, levando em conta a proporcionalidade da jornada desempenhada. Inteligência da Orientação
Jurisprudencial nº 358 da SBDI-1 do C. TST. (Processo: RO-0001471-57.2016.5.17.0013. Relator(a): GAB. DES.
CLAUDIA CARDOSO DE SOUZA. Julgamento em 22/03/2018. Colegiado: 2ª Turma. Acórdão em 26/04/2018).
Á
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. CONTRATO DE TRABALHO POR TEMPO PARCIAL.
HORAS EXTRAS HABITUAIS. DESVIRTUAMENTO. Os artigos 58-A e 59, § 4º, da CLT dispõem que o trabalho
em regime parcial não pode ultrapassar vinte e cinco horas semanais, bem como que os empregados submetidos a esse
regime não podem realizar sobrelabor. Uma vez reconhecida, na sentença, que a jornada máxima de 25 horas semanais
era excedida, impõe-se a declaração de nulidade desse regime de trabalho, bem assim o deferimento das diferenças
salariais em relação ao piso da categoria previsto nas normas coletivas. Recurso provido. (Processo: RO - 0000463-
25.2014.5.06.0012, Redator: Virginia Malta Canavarro, Data de julgamento: 24/07/2017, Terceira Turma, Data da
assinatura: 25/07/2017).
TRABALHO EM REGIME DE TEMPO PARCIAL. O trabalho em regime de tempo parcial é aquele cuja duração
não exceda a 25 horas semanais, sendo, neste caso, devido o salário pago à proporção da jornada praticada, em relação
aos empregados que, nas mesmas funções, laboram em tempo integral. Ilação proveniente do art. 58-A da CLT e da
Orientação Jurisprudencial n. 358 da SDI-1 do TST. (TRT-12 - RO: 00042949320145120051 SC 0004294-
93.2014.5.12.0051, Relator: NIVALDO STANKIEWICZ, SECRETARIA DA 3A TURMA, Data de Publicação:
16/03/2016).
JORNADA EM TEMPO PARCIAL. SALÁRIO PROPORCIONAL. Comprovado o labor de apenas duas horas por
dia, seis dias por semana, deve ser afastado o pagamento de um salário mínimo integral, consoante o disposto na OJ
358 da SDI-1 do TST. JORNADA REDUZIDA. FÉRIAS. ARTIGO 130-A, DA CLT. Incide o art. 130-A, da CLT,
quanto aos dias devidos a título de férias, para a jornada em tempo parcial. Assim, devidos apenas doze dias de férias
por ano, para a jornada reconhecida de doze horas semanais, observada a proporcionalidade do salário mínimo. (TRT-
16 00167167320135160003 0016716-73.2013.5.16.0003, Relator: FRANCISCO JOSE DE CARVALHO NETO, Data
de Publicação: 15/12/2015).