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A gratificação ou o prêmio são formas de remunerações pagas como agradecimento ou reconhecimento por um
trabalho realizado ou uma meta atingida pelo empregado, e que tenha superado as expectativas do empregador.
Não obstante, a gratificação ou prêmio também podem ser pagos por liberalidade do empregador, seja por
determinação contratual ou para determinada função ocupada pelo empregado.
A gratificação paga aos empregados não é base para cálculo de horas extras, férias, aviso prévio, adicional noturno ou
outro adicional como insalubridade ou periculosidade, desde que o período mínimo de pagamento seja semestral.
QUEM PODE RECEBER
A legislação trabalhista não estabelece quem pode ou não receber o pagamento de gratificações ou de prêmio. A
princípio, o pagamento destas verbas podem ser feitas a qualquer empregado.
Este tipo de remuneração ocorre com mais frequência no setor público que nas empresas privadas, muito embora estas
se utilizam deste recurso, por exemplo, para atrair ou reter talentos, garantindo-lhes um acréscimo na remuneração por
superar determinada meta estabelecida.
Normalmente as suas concessões decorrem da convenção coletiva de trabalho da categoria profissional respectiva, do
regulamento interno da empresa ou por conta da liberalidade do empregador quando do pacto do contrato individual
de trabalho.
GRATIFICAÇÃO OU PRÊMIO - DIFERENÇAS
A legislação trabalhista não traz uma definição exata entre estes dois institutos. Na prática há confusões e as empresas
acabam utilizando as duas formas de remuneração (nomenclatura) para uma mesma condição de resultado de trabalho
ou de metas estabelecidas/atingidas.
Entendemos que a gratificação é uma forma mais abrangente de remuneração, enquanto o prêmio é mais restrito, ou
seja, aquela é um gênero da qual esta é uma espécie.
A gratificação é uma retribuição concedida de forma esporádica pelo empregador, em função de o empregado ter
atingido uma meta que extrapolou a expectativa da empresa, seja pelo aumento do faturamento decorrente do
lançamento de um novo produto ou serviço, seja por uma redução drástica no custo com sucata, com matéria prima, ou
serviço, que leva o empregador a retribuir, em forma de gratificação, aquela considerável contribuição econômica.
O prêmio é uma retribuição concedida de forma contínua pelo empregador, que envolve o desempenho mensal do
empregado em atingir determinadas metas como produção, assiduidade, antiguidade ou tempo de serviço, sendo uma
remuneração vinculada a certa condição, ou seja, depende de certas circunstâncias subjetivas ou objetivas para ser
pago.
Incidência ou Não na Remuneração - Antes e Depois da Reforma Trabalhista
Mesmo sendo pago de forma contínua ou a cada mês que o empregado atinge aquela meta, a partir da
Reforma
Trabalhista, o pagamento de prêmio não integra a remuneração.
Conforme dispõe a nova redação do
§ 2º do art. 457 da CLT
(alterado pela
Lei 13.467/2017), além de não integrar a
remuneração, o prêmio não se incorpora ao contrato de trabalho e não constitui base de incidência de qualquer encargo
trabalhista e previdenciário.
Já a gratificação, com a nova redação dada ao § 1º do art. 457 da CLT pela Reforma Trabalhista, integra a
remuneração para todos os efeitos legais, independentemente da periodicidade de pagamento.
Entretanto, antes da Reforma Trabalhista, se a gratificação fosse estabelecida de forma semestral, o valor pago seria
base somente para cálculo da indenização por antiguidade e no pagamento do 13º salário, nos termos do que
estabelece a
Súmula 253 do TST:
"Nº 253 GRATIFICAÇÃO SEMESTRAL. REPERCUSSÕES (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003. A gratificação semestral não repercute no cálculo das horas extras, das férias e do aviso prévio, ainda
que indenizados. Repercute, contudo, pelo seu duodécimo na indenização por antiguidade e na gratificação
natalina."
Se antes da reforma a gratificação fosse estabelecida de forma mensal, bimestral, trimestral, o valor pago repercutiria
na remuneração do empregado, sendo base para cálculo das horas extras, férias, aviso prévio e etc.
Por isso é importante o empregador entender tais diferenças e utilizar cada instituto para que não haja um acréscimo
nos encargos trabalhistas e sociais, pois enquanto a gratificação integra a remuneração a partir da Reforma Trabalhista
(independentemente da periodicidade de pagamento), o prêmio não incorpora ao salário e nem constitui base de
incidência de encargos trabalhistas ou previdenciários, mesmo sendo pago de forma mensal.
CLASSIFICAÇÕES
Mesmo com as diferenças apontadas anteriormente, a gratificação ou o prêmio podem ser classificados de diversas
formas:
I) Quanto a periodicidade do pagamento: mensais, bimestrais, trimestrais, semestrais ou anuais;
II) Quanto ao valor: fixos ou variáveis;
III) Quanto à fonte da obrigação:
a) Autônomas (decorrentes da vontade das partes, empregado e empregador ou ainda por acordo ou convenção
coletiva); ou
b) Heterônomas (decorrentes da vontade unilateral do empregador);
IV) Quanto ao tipo de ajuste: expressas, verbais ou escritas e tácitas;
V) Quanto à causa:
GRATIFICAÇÕES PRÊMIOS
Gratificações de função (que tem como causa o exercício de uma Prêmio
função específica). O empregado só terá direito a receber a gratificação Empregado do
enquanto permanecer na função. Cessada a causa, cessa o efeito; Mês
(empregado de
Gratificações de balanço (decorrentes dos lucros acusados em balanço,
destaque que é
podendo serem pagas de forma fixa ou percentagem do salário, a
eleito pelos
critério da empresa);
próprios
Gratificações de eventos (decorrentes de um evento específico como colegas, que o
festas, semana da CIPA, campanhas diversas entre outras). avaliam de
acordo com
itens pré-
estabelecidos);
Prêmio por
Km rodado
(premiação ao
empregado
motorista que
atinge
determinado
número de km
rodado
durante o
mês);
Prêmio
produção
(decorrentes
de um
determinado
volume de
produção
atingida pelo
esforço do
empregado);
Prêmio
assiduidade
(decorrentes
da
pontualidade e
da assiduidade
do empregado
que não falta
ao serviço).
Nota: a gratificação tratada aqui é diferente da gratificação de função paga em razão do cargo de confiança, conforme
mencionado abaixo.
PAGAMENTO HABITUAL - INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO - DIVERGÊNCIAS
Não sendo estipulado a forma de pagamento da gratificação por força de contrato, acordo ou convenção coletiva, a
jurisprudência entende que a frequência mínima entre um período e outro (antes da Reforma Trabalhista), para que não
integre o salário, seja de 6 (seis) meses.
No entanto, pode-se entender, pela Súmula 207 do Supremo Tribunal Federal que, mesmo que o pagamento seja anual,
a gratificação irá integrar o salário do empregado:
Súmula 207 do STF:
"Gratificações Habituais, Inclusive de Natal - Convenção Tácita - Integração ao Salário.
As gratificações habituais, inclusive a de natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salário."
Não há, portanto, um conceito exato sobre a "habitualidade", o que dependerá, geralmente, do entendimento do
Tribunal que está julgando a matéria.
Nota: conforme mencionado acima, a partir da Reforma Trabalhista, ainda que o pagamento da gratificação seja
semestral, tal valor integra a remuneração para todos os efeitos legais.
Há muitas empresas que acabam diluindo o pagamento da parcela única semestral em parcelas bimestrais ou até
mesmo mensais. Esta forma de remuneração é entendida pelos Tribunais do Trabalho, inclusive pelo TST, como
habitual, integrando o salário para todos os efeitos legais, conforme dispõe o
§ 1º do art. 457 da CLT.
Se o valor da gratificação paga for variável, a integração ao salário se dará pela média duodecimal. Quando a
gratificação corresponder a um valor fixado por mês ou a um determinado percentual sobre o salário, a integração
independe de média, sendo efetuada pelo valor devido na data da concessão da verba trabalhista (férias, 13º salário
etc.).
Exemplo
No ano de 2020 o valor de gratificação recebida por um determinado empregado foi de R$ 2.280,00 (por semestre),
tendo em vista que o mesmo concluiu um projeto que gerou significativo aumento da produtividade. Em 2021 o
empregador decidiu efetuar este pagamento de forma mensal. Após os 6 primeiros meses de 2021, o empregador
reajustou o valor para pagamento do 2º semestre em 25%, conforme tabela abaixo:
1º Semestre 2021 2º Semestre 2021
R$ R$
Janeiro Julho
580,00 725,00
R$ R$
Fevereiro Agosto
580,00 725,00
R$ R$
Março Setembro
580,00 725,00
R$ R$
Abril Outubro
580,00 725,00
R$ R$
Maio Novembro
580,00 725,00
Junho R$ Dezembro R$
580,00 725,00
R$ R$
Total 1º Semestre Total 2º Semestre
3.480,00 4.350,00
R$
Total Geral Pago no Ano
7.830,00
R$
Média (Total : 12)
652,50
Neste caso, o valor total das gratificações irá integrar o salário para todos os efeitos legais, inclusive para efeito de
férias, 13º salário ou aviso prévio, no caso de rescisão contratual, já que o pagamento da gratificação após a reforma
trabalhista ( § 1º do art. 457 da CLT ) integra o salário.
Para fazer esta integração, o empregador deverá fazer a média anual, somando-se o total pago e dividindo por 12 (ou
número de meses trabalhados), o que resultará, neste caso, numa média de R$ 652,50 (R$7.830,00 : 12).
Integração no 13º salário com reflexo nas horas extras
Considerando que o salário deste empregado seja de R$1.600,00 em dezembro/21 e que realizou horas extras durante
o ano (conforme média indicada abaixo), o valor devido do 13º salário será:
Salário base = R$ 1.600,00
Média Gratificação = R$ 652,50
Base cálculo 13º salário = R$ 2.252,50 (salário + média gratificação)
Média horas extras apuradas no ano = 12,5 horas (50%)
Nº avos 13º salário a que tem direito = 12 meses (trabalhou o ano integral)
Cálculos:
→ Horas Extras (considera-se o salário + a média de gratificação para o
cálculo)
Horas extras = R$ 2.252,50 : 220 x 12,5 + 50%
Horas extras = R$ 10,238 x 12,5 + 50%
Horas extras = R$127,983 + 50%
Horas extras = R$191,97
→ DSR (consideraremos 25 dias úteis e 5 domingos e feriados)
DSR = valor horas extras : nº dias úteis x domingos/feriados
DSR = R$191,97 : 25 x 5
DSR = R$ 38,39
→ 13º. Salário (2ª parcela)
13º. Salário = (base cálculo 13º salário + média horas extras + DSR) :
12 x nº avos (meses) a que tem direito
13º. Salário = (R$ 2.252,50 + R$ 191,97 + R$ 38,39) : 12 x 12
13º. Salário = R$ 2.482,86 : 12 x 12
13º. Salário = R$ 2.482,86
Nota: como foi calculado a 2ª parcela do 13º salário, do valor bruto deverá ser descontado o adiantamento da 1ª
parcela, o
INSS e o
IRF se houver, conforme tabela em vigor.
ENCARGOS SOCIAIS
Conforme estabelecido pela CLT a gratificação ou o prêmio pagos, de forma habitual ou esporádica - mesmo que em
períodos anuais ou semestrais - integra a base de cálculo do empregado para efeitos de desconto do INSS, imposto de
renda e inclusão na base de cálculo do FGTS, inclusive sobre a parte previdenciária a cargo do empregador.
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO
A gratificação de função está vinculada diretamente ao cargo de confiança exercido pelo empregado e não a um
resultado por ele atingido.
Portanto, a gratificação de função, independentemente do resultado ou meta atingida pelo empregado, será devida o
pagamento a partir do momento em que o mesmo passa a exercer aquela função.
Para maiores detalhes acesse o tópico
Cargo de Confiança - Gerente.
JURISPRUDÊNCIA
RECURSO DE REVISTA. (...) GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO PERCEBIDA POR MAIS DE DEZ ANOS.
SUPRESSÃO. INCORPORAÇÃO. A incorporação da função exercida por mais de dez anos decorre do princípio da
estabilidade financeira, previsto no artigo 7º, VI, da Constituição Federal, também consagrado na Súmula nº 372 deste
c. TST. Decisão regional que conclui pelo direito dos substituídos à incorporação da gratificação de função, sem
evidenciar nenhuma conduta faltosa por eles praticada, está em conformidade com a Súmula nº 372, I/TST. Recurso de
revista não conhecido. (RR - 31300-04.2002.5.17.0004 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de
Julgamento: 28/09/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/10/2016).
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