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RESCISÃO POR CULPA RECÍPROCA E FORÇA MAIOR

 
A legislação trabalhista estabelece várias formas de rescisão de contrato de trabalho, seja nos contratos por tempo determinado ou
indeterminado, podendo ser por iniciativa do empregador ou do empregado. Dentre as diversos tipos de rescisão está a por culpa
recíproca e por força maior.
 
As rescisões de contrato por culpa recíproca e força maior possuem particularidades que se diferenciam das demais forma de rescisão
de contrato, conforme abaixo demonstrado.
 
RESCISÃO POR CULPA RECÍPROCA
 
A culpa recíproca ocorre quando as partes, empregado e empregador, ao mesmo tempo, cometem falta grave que configura a perda da
confiança entre as partes, ensejando a rescisão de contrato de trabalho.
 
A falta grave cometida pelas partes não precisa, necessariamente, ter o mesmo peso, a mesma gravidade, mas será configurada quando
o empregador cometer uma das faltas previstas no
art. 483 da CLT, e o empregado em uma das faltas previstas no
art. 482 da CLT, de
modo que fique impossível a continuidade da relação empregatícia.
 
Portanto, não será configurado a culpa recíproca quando há uma falta grave praticada pelo empregador e uma falta leve praticada pelo
empregado, e vice-versa.
 
De acordo com o
art. 484 da CLT, havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal de
trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade.
 
Como o referido artigo não é específico sobre quais verbas o empregado receberia (por metade), o TST firmou entendimento de que o
empregado terá direito a 50% do aviso prévio, do 13º salário e das férias proporcionais, conforme dispõe a
Súmula 14 do TST.
 
Não só a ação em si pode ser considerada como falta grave, mas também a omissão cometida pela parte. Assim, se há um acidente de
trabalho que cause sequela permanente ao empregado, decorrente da falta de fornecimento de Equipamento de Proteção Individual -
EPI ao empregado, o empregador terá cometido falta grave por omissão.
 
Por outro lado, se ficar comprovado que o acidente ocorreu por conta de o empregado ter realizado uma tarefa para a qual ainda não
havia sido treinado, poderá haver ficar configurado a culpa recíproca.
 
Culpa Recíproca - Ação Judicial - Desnecessidade
 
Com base no que dispõe o art. 484 da CLT, num primeiro momento pressupõe que a culpa recíproca só se concretiza por meio de ação
judicial. Entretanto, é plenamente possível que tanto o empregado quanto o empregador reconheçam que cometeram falta grave,
formalizando a rescisão por culpa recíproca.
 
É quase impossível que isto ocorra na prática, tendo em vista que as partes tendem a acusar a outra de ter cometido a falta grave,
pleiteando a rescisão sem justa causa (no caso do empregado), ou o pedido de demissão (no caso do empregador).
 
Caso não haja o reconhecimento voluntário da culpa recíproca pelas partes, inevitavelmente ambas irão levar a controvérsia para
apreciação da Justiça do Trabalho que, com base nas provas produzidas, irá decidir pelo reconhecimento da culpa recíproca ou
estabelecendo qual a parte quem deu causa à rescisão de contrato.
 
Culpa Recíproca por Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho - Impossibilidade
 
Há sindicatos que estabelecem cláusulas em acordo ou convenção coletiva de trabalho, prevendo a rescisão contratual por culpa
recíproca nos casos de empresas prestadoras de serviços que perdem a licitação e ficam impossibilitadas de realocarem empregados em
outros postos de trabalho.
 
Se a empresa já presta serviços ao ente público (município, estado ou União) e perde a licitação, sem ter onde realocar os empregados
que prestavam serviços naquele local, inevitavelmente teria que demitir os empregados, pagando-lhes todos os direitos previstos
legalmente.
 
Nestes casos, os sindicatos estabelecem cláusulas convencionais específicas em que a empresa que prestava serviços (e que perdeu a
licitação), poderia rescindir o contrato de trabalho nos termos do que estabelece o art. 484 da CLT (culpa recíproca), reduzindo o
pagamento da multa de 40% para 20%, mediante o compromisso de empresas que ganharam a licitação, de contratarem os empregados
da empresa sucedida.
 
Entretanto, o entendimento jurisprudencial do TST é de que a referida cláusula convencional ultrapassa os limites da atuação sindical, a
teor do art. 7º da CF, pelas seguintes razões:

Se utiliza de fato incerto e futuro (perda da licitação) para retirar direitos quando da rescisão de contrato de trabalho;
Se utiliza de terceiro (empresa sucessora), alheio à relação empregatícia, para isentar o efetivo empregador das obrigações
contratuais;
Transfere o risco da atividade econômica ao empregado, na medida em que atribui culpa recíproca à rescisão de contrato por um
fato (perda da licitação) que ocorreu por incapacidade do empregador em renovar o contrato de prestação de serviços, e não por
qualquer falta grave cometida pelo empregado (art. 482 da CLT).
Declara obrigações a terceiro (empresa sucessora) em relação futura, como se sucessor fosse, sem observar as regras dos
arts. 10
e
448 da CLT;
Se utiliza do art. 9º, § 2º do
Decreto 99.684/1990 para atribuir culpa recíproca (reduzindo a multa do FGTS de 40% para 20%)
em fato (perda da licitação) não previsto no
art. 482,
483 e
484 da CLT, desvirtuando ainda a previsão contida no art. 484 da CLT
em relação à intervenção judiciária para determinar a redução da multa.

Embora haja decisões divergentes nos Tribunais Regionais do Trabalho, ora reconhecendo a validade da norma e ora negando esta
possibilidade, a jurisprudência majoritária do TST é no sentido de que a inserção de cláusula em norma coletiva prevendo a rescisão
por culpa recíproca, com redução da multa do FGTS de 40% para 20%, sem que haja a ocorrência de prática de quaisquer atos
configurados como falta grave (art. 482 e 483 da CLT), viola a Lei 8.036/1990, o art. 484 da CLT e o art. 7º, XXVI da CF, conforme
jurisprudência abaixo.
 
Mesmo depois da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), que atribuiu maior autonomia aos acordos e convenções coletiva (art. 611-A
da CLT), estabelecer cláusulas convencionais que reduz a multa de 40% para 20%, viola o
art. 611-B da CLT, o qual estabelece que
constitui
objeto ilícito de  convenção coletiva  ou de acordo coletivo de trabalho, a supressão ou a redução do valor dos depósitos
mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do tempo de serviço (FGTS).
 
Direitos Trabalhistas no Caso de Rescisão de Contrato por Culpa Recíproca
 
Conforme já mencionado acima, de acordo com o
art. 484 da CLT, a rescisão de contrato por culpa recíproca assegura ao empregado o
direito às seguintes verbas rescisórias:

50% do valor do
Aviso prévio indenizado a que teria direito;
Saldo de salários;
Horas extras (se houver);
Salário família (se houver);
Férias Vencidas acrescidas de 1/3 constitucional (se houver);
50% do valor das
Férias proporcionais acrescidas de 1/3 constitucional a que teria direito;
Comissões (se for comissionado);
50% do valor do
13º salário proporcional a que teria direito;
50% do valor da Multa devida pelo art. 479 da CLT (no caso de contrato determinado/experiência);
Depósito do FGTS sobre as verbas rescisórias;
Multa de 20% sobre o saldo do FGTS.

Nota: O pagamento das férias vencidas acrescidas de 1/3 constitucional deverá ser feito integralmente, tendo em vista que já era direito
adquirido do empregado.
 
Veja maiores detalhes sobre o pagamento das verbas rescisórias no caso de rescisão por culpa recíproca no cálculo prático abaixo.
 
RESCISÃO POR FORÇA MAIOR
 
De acordo com o
art. 501 da CLT, entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e
para a realização do qual este não concorreu direta ou indiretamente. A força maior pressupõe acontecimento grave, imprevisível,
involuntário e causado por fator externo. Nessas circunstâncias, alguns direitos trabalhistas podem ser relativizados.
 
O § único do referido artigo dispõe que a imprevidência do empregador exclui a razão de força maior, ou seja, se há descuido,
imperícia ou desleixo por parte do empregador na administração da empresa e, em razão disso, a empresa acaba falindo ou se
extinguindo, não se caracteriza a força maior.
 
Significa dizer que o insucesso do empreendimento em função de uma má gestão não poderá ser alegado como força maior, tendo em
vista que foi o empregador quem provocou, por incompetência, a extinção, o fechamento ou a falência da empresa. Neste caso foi o
próprio empregador o responsável pelo fato.
 
Isto porque o risco do empreendimento é do empregador, nos termos do
art. 2º da CLT, ou seja, assim como o empregador é o
beneficiário dos lucros por uma boa administração, também deverá ser responsável pelos prejuízos (incluídos aqui o pagamento dos
direitos trabalhistas e previdenciários), decorrentes de uma má administração que cause a extinção ou o fechamento da empresa.
 
A rescisão de contrato por força maior ocorrerá quando, por exemplo, há uma descontinuidade das atividades (falência, fechamento,
extinção ou encerramento total das atividades) da empresa em razão de fatores externos, tais como:

Alagamento: alagamento decorrente de fortes chuvas ou tempestades, que provoque a destruição da empresa;
Incêndio no Shopping: quando ocorre a destruição da empresa decorrente de um incêndio no shopping onde a mesma
funcionava;
Pandemia: quando ocorre a falência da empresa em função de uma parada total das atividades por conta de uma epidemia ou
pandemia (Coronavírus, por exemplo);
Terremoto/furacão/tornado: quando há destruição da empresa em função de um evento natural e que está fora do controle da
empresa;
Guerras: extinção da empresa em função de guerra;
Revoluções: atos revolucionários que acarretem a extinção da empresa;
Outros Fenômenos da natureza: extinção da empresa decorrentes de fenômenos da natureza, como o rompimento da barragem de
Brumadinho/MG, ainda que a causa seja decorrente de falha de terceiros;
Extinção da Matéria-Prima: a extinção da matéria-prima pode ser objeto de extinção da empresa, caso seja esta a única fonte do
seu produto final;
Outros fatores alheios à vontade da empresa.

Importante ressaltar que não basta o evento "força maior", ou seja, é preciso comprovar que o fato em si foi o causador da extinção
total da empresa, já que a
paralisação parcial poderá ensejar apenas a
redução salarial, mas não a demissão sem justa causa nos moldes
do disposto abaixo.
 
Direitos Trabalhistas no Caso de Rescisão de Contrato por Força Maior
 
De acordo com o
art. 502 da CLT, quando, por força maior, há a extinção da empresa ou de um dos estabelecimentos em que trabalhe o
empregado, é assegurada a este, quando despedido, uma indenização na forma seguinte:

Se o empregado tiver estabilidade: o inciso I do referido artigo dispõe que a indenização será de um mês de remuneração por
ano de serviço efetivo, nos termos do que determina o
478 da CLT. Vale ressaltar que a partir de 1988, a CF adotou o regime do
FGTS. Por este regime, em lugar da indenização prevista no citado artigo, o empregado recebe metade da indenização a que teria
direito pela estabilidade, além dos direitos previstos no inciso II do art. 502 da CLT (art. 502, I da CLT).
Se o empregado não tiver estabilidade: a indenização será metade da que seria devida em caso de rescisão sem justa causa (art.
502, II da CLT);
Havendo contrato por prazo determinado, a indenização prevista no
art. 479 da CLT será de 25% do valor da remuneração a que
teria direito até o termo do contrato (art. 502, III da CLT).

Portanto, havendo a extinção da empresa por força maior, com a consequente demissão sem justa causa do empregado, o empregador
será obrigado a pagar as seguintes verbas rescisórias:

50% do valor do
Aviso prévio indenizado a que teria direito;
Saldo de salários;
Horas extras (se houver);
Salário família (se houver);
Férias Vencidas acrescidas de 1/3 constitucional (se houver). O pagamento das férias vencidas deverá ser feito integralmente,
tendo em vista que já era direito adquirido do empregado.
50% do valor das
Férias proporcionais acrescidas de 1/3 constitucional a que teria direito;
Comissões (se for comissionado);
50% do valor do
13º salário proporcional a que teria direito;
25% da Multa devida pelo art. 479 da CLT (no caso de contrato determinado/experiência);
Depósito do FGTS sobre as verbas rescisórias;
Multa de 20% sobre o saldo do FGTS.

Nota¹: Nos termos do


art. 449 da CLT, os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência,
concordata ou dissolução da empresa, ou seja, na falência, constituirão crédito privilegiado a totalidade dos salários devidos ao
empregado e a totalidade das indenizações a que tiver direito.
 
Nota²: Havendo concordata na falência, será facultado aos contratantes tornar sem efeito a rescisão do contrato de trabalho e
consequente indenização, desde que o empregador pague, no mínimo, a metade dos salários que seriam devidos ao empregado
durante o interregno, nos termos do art. 449, § 2º da CLT.
 
Veja maiores detalhes sobre o pagamento das verbas rescisórias no caso de rescisão por força maior no
cálculo prático abaixo.
 
Falsa Alegação de Força Maior
 
De acordo como o
art. 504 da CLT, comprovada a falsa alegação do motivo de força maior, é garantida a reintegração aos empregados
estáveis e, aos não estáveis, o complemento da indenização já percebida, assegurado a ambos o pagamento da remuneração atrasada.
 
Redução dos Salários Quando a Interrupção das Atividades por Força Maior é Apenas Parcial
 
Se o motivo de força maior não gerar a extinção da empresa (de forma que a empresa seja impedida de operar de forma integral), mas
apenas prejuízos devidamente comprovados (de forma que a empresa possa operar de forma parcial), é licita a redução geral dos
salários dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser superior a 25%,
respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo, nos termos do
art. 503 da CLT.
 
A constituição Federal assegura a irredutibilidade salarial (nos termos do art. 7º, VI da CF), salvo o disposto em acordo ou convenção
coletiva de trabalho. O
art. 468, § 2º da CLT dispõe que a alteração nos contratos individuais só é lícita se não resultar (direta ou
indiretamente) em prejuízos ao empregado.
 
Entretanto, além do
art. 503 da CLT citado acima, o art. 2º da Lei nº 4.923/1965  estabelece que, em face de conjuntura econômica
devidamente comprovada, a empresa que se encontrar em condições que recomendem, transitoriamente, a redução da jornada normal
ou do número de dias do trabalho, poderá fazê-lo, mediante prévio acordo com a entidade sindical representativa dos seus empregados.
 
A citada lei prevê ainda que o acordo deva ser homologado pela Delegacia Regional do Trabalho, mediante as seguintes condições: 
 
Prazo certo, não excedente de 3 meses;
Possibilidade de prorrogação, nas mesmas condições, se ainda indispensável; 
Que a redução do salário mensal resultante não seja superior a 25% (vinte e cinco por cento) do salário contratual - consoante o
disposto no art. 503 da CLT;
Deve ser respeitado o salário mínimo regional; e
Deve haver a redução proporcional da remuneração e das gratificações de gerentes e diretores.
 
Assim, considerando que haja algum dos motivos de força maior em que a empresa fique impossibilitada de exercer sua atividade
comercial ou produtiva de forma normal (integral), mas possibilitada de exercer sua atividade de forma parcial, a mesma poderá se
valer do
art. 503 da CLT  e do art. 2º da Lei nº 4.923/1965, para reduzir a carga horária e o salário (limitado a 25%), de modo que se
possa superar a situação adversa enfrentada.
 
Nota: Nos termos do art. 3º da
Lei nº 4.923/1965,
as empresas que tiverem autorização para redução de tempo de trabalho, não
poderão, até 6 meses depois da cessação desse regime admitir novos empregados, antes de readmitirem os que tenham sido
dispensados pelos motivos que hajam justificado a citada redução ou comprovarem que não atenderam, no prazo de 8 dias, ao
chamado para a readmissão.
 
INDICAÇÃO DO MOTIVO DE DESLIGAMENTO NO TRCT
 
Além das verbas rescisórias, devem ser observadas as instruções de preenchimento do formulário. Os vários campos que compõem o
TRCT trazem diversas informações que indicam, por exemplo, se o empregado desligado tem direito ou não ao saque do FGTS, além
de outras informações importantes.
 
No campo 22 do TRCT o empregador deve consignar por extenso a causa da rescisão do contrato de trabalho e no campo 27, o código
de afastamento correspondente, conforme tabela abaixo:
 
Código
Código de
Código Afastamento de Multa
Causas do Afastamento Movimentação
Novo TRCT Saque Rescisória
FGTS
FGTS
CR0 Rescisão por culpa recíproca I2 02 20%
FM0 Rescisão por força maior I2 02 20%
 
Veja os códigos de saque de FGTS na
Circular CEF 839/2018.
 
FORÇA MAIOR - SEGURO DESEMPREGO
 
Nos casos em que haja rescisão por força maior, normalmente o sistema da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (antigo
Ministério do Trabalho) exige que seja informado o número do processo, sugerindo que a força maior tenha ocorrido por conta de uma
ação judicial (reclamatória trabalhista).
 
Entretanto, como já mencionado acima, a rescisão sem justa causa por força maior nem sempre irá ocorrer por conta de uma ação
judicial. Assim, para que o empregador possa emitir o requerimento do seguro desemprego do empregado, basta fazê-lo
através
do Portal MTE Mais Emprego.
 
VALIDADE - DESNECESSIDADE DE HOMOLOGAÇÃO
 
O recibo de quitação de rescisão de contrato de trabalho, TQRCT, somente será válido quando formalizado de acordo com a legislação
vigente.
 
A
Lei 13.467/2017 (lei da reforma trabalhista) revogou o
§§ 1º e 3º do art. 477 da CLT, desobrigando a empresa de fazer a
homologação do TRCT e do TQRCT junto ao sindicato da categoria ou ao Ministério do Trabalho, nos casos de rescisão de contrato
firmado por empregado com mais de 1 ano de serviço.
 
Para maiores esclarecimentos quanto à formalização (prazo para pagamento) acesse o tópico
Formalização da Rescisão do Contrato de
Trabalho.
 
EXEMPLO DE CÁLCULO E PREENCHIMENTO DO TRCT - CULPA RECÍPROCA
 
Considerando os dados abaixo, demonstraremos um cálculo de rescisão de contrato de trabalho e o preenchimento do respectivo TRCT
no caso de culpa recíproca.
 
Empresa: Empresa de Sucesso Ltda.
Empregado: Fabiano Augusto de Araújo
Cargo: Assistente Administrativo
Motivo: Rescisão de Contrato por Culpa Recíproca
Salário Mensal R$ 2.450,00
Possui um dependente para imposto de renda (filho maior 14 anos)
Média de Horas Extras / Variáveis não possui
Admissão: 15/04/2012
Data da Demissão: 22/09/2020 (não vai cumprir o aviso - culpa recíproca)
Tempo de empresa: 8 anos e 5 meses (tem direito a
54 dias de aviso prévio)
Férias vencidas indenizadas 15/04/2019 a 14/04/2020 (12/12) Avos
Férias Proporcionais 15/04/2020 a 22/09/2020 (05/12 avos)
Férias Proporcionais (Projeção do Aviso Indenizado) 23/09/2020 a 15/11/2020 (02/12 avos)
Adiantamento salarial 40%: R$ 640,00
Não utiliza vale transporte
 
Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho - TRCT (Modelo Novo)
 
 
 
Nota¹: Embora ainda conste as informações sobre a assistência na homologação da rescisão de contrato pela entidade sindical, a
partir dada Lei 13.467/2017 (lei da reforma trabalhista) o Ministério deverá publicar nova portaria alterando o formulário do
TRCT, do TQRCT e do THRCT.
 
Nota²: A proporcionalidade (acréscimo de 3 dias a cada ano trabalhado) do aviso prévio estabelecido pela
Lei 12.506/2011 é devida
somente ao empregado (quando o empregador o dispensa sem justa causa ou por culpa recíproca), ou seja, quando o empregado
pede seu desligamento, independentemente do tempo de trabalho, o aviso prévio será sempre de 30 dias (seja para cumprimento
ou para desconto).
 
EXEMPLO DE CÁLCULO E PREENCHIMENTO DO TRCT - FORÇA MAIOR
 
Considerando os dados abaixo, demonstraremos um cálculo de rescisão de contrato de trabalho e o preenchimento do respectivo TRCT
no caso de rescisão de contrato por Força Maior.
 
Empresa: Empresa de Vigilância Ltda
Empregado: Jose da Silva Pereira Neto
Cargo: Porteiro
Motivo: Rescisão por Força Maior
 
Salário Mensal R$ 1.970,00
Possui dois dependentes para imposto de renda
Média de Horas Extras / Variáveis não possui
 
Admissão: 10/08/2017
Demissão por Força Maior: 05/11/2020 (aviso prévio indenizado)
Tempo de empresa: 3 anos e 2 meses
Dias de Aviso Prévio: 54 dias
 
Férias vencidas indenizadas: 10/08/2019 a 09/08/2020 (12/12 avos)
Férias Proporcionais Indenizadas: 10/08/2020 a 05/11/2020 (03/12 avos)
Férias Proporcionais Reflexo do Aviso: 06/11/2020 a 14/12/2020 (01/12 avos)
 
13º Salário Indenizado: 10/12 avos (01/01/2020 a 05/11/2020)
13º Salário Indenizado (projeção do aviso prévio): 01/12 avos (06/11/2020 a 14/12/2020)
Nota: Conforme
Solução de Consulta Cosit 292/2019, há incidência de INSS sobre o 13º salário indenizado.
 
Vale transporte:
Não utiliza
Horas Extras: 5h com 50% de acréscimo
Adicional Noturno: 36hs
 
Adiantamento salarial 40%: R$ 980,00
 
Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho - TRCT (Modelo Novo)
 
 
 
 
 
Nota: Embora ainda conste as informações sobre a assistência na homologação da rescisão de
contrato pela entidade sindical, a partir da validade da
Lei 13.467/2017 (lei da reforma
trabalhista) o Ministério deverá publicar nova portaria alterando o formulário do TRCT,
do TQRCT e do THRCT.
 
Nota: A partir de 1º de janeiro de 2020 foi extinta a contribuição social de 10% sobre o saldo rescisório em caso de demissão sem justa
causa.
Clique aqui para maiores detalhes.
 
MODELOS
 
Para obter os modelos do Termo
de Rescisão de Contrato de Trabalho - TRCT, com as respectivas instruções de preenchimento, acesse
o tópico
Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho.
 
JURISPRUDÊNCIA
 
"RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. ACÓRDÃO REGIONAL PUBLICADO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/14.
CONTRATO DE TRABALHO. RESCISÃO. CULPA RECÍPROCA. MODALIDADE. MATÉRIA FÁTICA. (...). O Eg. TRT de
origem negou provimento ao recurso ordinário da Reclamante. Manteve, assim, a r. sentença no que declarou a existência de rescisão
contratual por culpa recíproca. Quanto ao tema em epígrafe e em atendimento ao artigo 896, §1º-A, I, da CLT, a parte transcreveu o
seguinte excerto do acórdão prolatado pelo TRT (págs. 284/285): A reclamante foi contratada em 01.07.2015 para exercer a função de
auxiliar de limpeza, sendo despedida por justa causa em 06.03.2018. Postula rescisão indireta sob alegação de que era tratada com rigor
excessivo, além de sofrer assédio moral. Alega que era obrigada a lavar os carros da empresa, o carro particular do Sr. Mario, dono da
empresa, as motos dos clientes, tinha que comprar os produtos de uso na limpeza vassouras, rodo, álcool, sabão, detergente, bombril,
pano, etc.), sem que fosse ressarcida, além de ser humilhada pelos funcionários da reclamada sem que o Sr. Mario tomasse alguma
providência. Aduz que o fornecimento de vales transportes não suficientes para o trajeto ida e volta, procedendo ao desconto do vale no
período de setembro/2015 a maio/2016 e que não quitou a integralidade do período de férias, trabalhou 10 dias no período em que
usufruía férias sem que fosse fornecido vale transporte. Por a reclamada deixou de recolher o fgts de um mês. A defesa negou as
alegações da reclamante, aduzindo que a autora havia faltado 12 dias no mês de fevereiro sem apresentar justificativa, ficando
insatisfeita com os descontos, e a partir de 06 de março de 2018 não mais compareceu à empresa, sendo despedida por abandono de
emprego. A sentença afastou o abandono de emprego, haja vista que a reclamante sequer ficou 30 dias sem comparecer à empresa, bem
como a rescisão indireta por não restarem comprovadas as alegações iniciais, declarando a rescisão em 06.03.2018 por culpa recíproca.
As irregularidades reconhecidas em sentença (não fornecimento de vale transporte; não fruição de férias do período aquisitivo
2015/2016; ausência do depósito na conta vinculada do mês de julho/2015) não ensejam o reconhecimento da rescisão indireta, nos
termos do artigo 483 da CLT. Sendo assim, ratifico os termos da sentença para considerar rescindido o contrato de trabalho por culpa
recíproca, já que as provas convergem para o descontentamento recíproco na manutenção do contrato de trabalho. Nego provimento.
(...). O Tribunal Regional manteve a sentença no que declarou a extinção do contrato de trabalho por culpa recíproca. Asseverou, a
propósito, que " as irregularidades reconhecidas em sentença (não fornecimento de vale transporte; não fruição de férias do período
aquisitivo 2015/2016; ausência do depósito na conta vinculada do mês de julho/2015) não ensejam o reconhecimento da rescisão
indireta, nos termos do artigo 483 da CLT" , uma vez que "as provas convergem para o descontentamento recíproco na manutenção do
contrato de trabalho". Por divergência jurisprudencial o recurso não se viabiliza, dada a incidência das disposições do art. 896 da CLT e
da diretriz perfilhada na Súmula nº 337, I, "a", do TST. De outra parte, diante das assertivas veiculadas no acórdão regional, a análise
das violações apontadas pressupõe, inequivocamente, o revolvimento de matéria fática, inviável em sede de recurso de revista,
consoante entendimento consubstanciado na Súmula nº 126 do TST. Recurso de revista não conhecido" (RR-1000406-
03.2018.5.02.0063, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 13/03/2020).
 
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - RECURSO ANTERIOR À LEI Nº 13.015/2014 - LIMITAÇÃO DA
CONDENAÇÃO - ALCANCE DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. (...). Na minuta do agravo de instrumento , a segunda
reclamada renova a violação dos arts. 7º, XXVI, 8º, III , da Constituição Federal e 611 da CLT. Argumenta que o autor tem direito
apenas à indenização de 20% do FGTS, porquanto as normas coletivas aplicáveis estabeleceram a redução do percentual da
indenização. Por primeiro, reitero que a argumentação jurídica trazida somente no agravo de instrumento é insuscetível de exame. De
fato, a Constituição da República de 1988 - arts. 7º, XXVI, e 114, § 2º - prestigiou a representação sindical e seus instrumentos de
atuação, reconhecendo as convenções e acordos coletivos de trabalho e incentivando a tentativa de negociação coletiva. A negociação
coletiva, incluindo os acordos e convenções, quando assentada na boa-fé e observadas as normas mínimas de proteção do empregado,
deve ser respeitada, por ser fruto da vontade das partes, que livremente negociam as condições de trabalho e de salário que melhor
reflitam os seus interesses. Todavia, o campo de negociação coletiva não é ilimitado, devendo visar à melhoria da condição social do
trabalhador, além de observar as normas mínimas de proteção do trabalho e os direitos legais indisponíveis do empregado. O
reconhecimento constitucional da negociação coletiva faz-se sob o prisma da valorização social do trabalho, inserto no art. 1º, IV, da
Carta Magna, orientando-se, pois, numa visão prospectiva, que não tolera involuções com relação ao patamar já assegurado legalmente.
No caso, é incontroverso que a norma coletiva estabeleceu a chamada "cláusula de incentivo" ou "cláusula de continuidade", que
textualmente reduziu a indenização sobre o saldo da conta vinculada do FGTS para 20% quando o trabalhador demitido sem justa
causa é imediatamente recontratado pela nova empresa terceirizada. Ocorre que, o art. 18, § 1º e § 2º, da Lei nº 8.036/90 tem a seguinte
redação: Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta
vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que
ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. § 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa,
depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os
depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos
respectivos juros. § 2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o
percentual de que trata o § 1º será de 20 (vinte) por cento. Da literalidade do dispositivo legal percebe-se que em caso de despedida
sem justa causa o empregado tem direito à indenização de 40% sobre os depósitos efetuados durante o pacto laboral na conta vinculada
do FGTS. Por outro lado, em caso de rescisão contratual por culpa recíproca, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o valor da
indenização passa a ser de 20%. Tais preceitos legais são normas mínimas de proteção ao trabalhador e devem sempre ser estritamente
observados. A referida cláusula coletiva implica, efetivamente, em renúncia de parte substancial da indenização do FGTS em caso de
dispensa imotivada. Além disso, segundo a sistemática legal em vigor (art. 484 da CLT), a caracterização da culpa reciproca depende
da verificação da prática simultânea, por empregado e empregador, das infrações capituladas nos arts. 482 e 483 da CLT. É totalmente
impróprio o tratamento distinto e o disciplinamento da matéria em termos contrários aos da lei, mediante negociação coletiva. Não
pode a norma coletiva subverter e alterar a qualificação de institutos jurídicos e de conceitos eminentemente técnicos para reduzir
vantagem pecuniária do empregado (indenização sobre o FGTS de 40% para 20%) , que constitui direito indisponível do trabalhador.
Dessa forma, sob a ótica anterior à Lei nº 13.467/2017, o reconhecimento constitucional da validade dos instrumentos normativos de
produção autônoma ou heterônoma não confere ampla e irrestrita liberdade às partes celebrantes para a flexibilização de direitos. É
plenamente possível a declaração de invalidade de cláusula de norma coletiva à luz das normas legais pertinentes, como no caso, visto
que o art. 7º, XXVI, da Carta Magna não é absoluto e enseja a observância às regras mínimas trabalhistas. Logo, não tem validade a
disposição coletiva que reduz a indenização de 40% do FGTS em caso de dispensa imotivada e altera a modalidade de extinção do
vínculo empregatício para a culpa recíproca. (...). Assim, não tem viabilidade o agravo de instrumento da segunda reclamada também
neste capítulo, pois a tese recursal está superada pelo entendimento consolidado desta Corte. Incide a Súmula nº 333 do TST. (...). É
inviável inovação recursal no agravo de instrumento. Somente as questões (pressupostos recursais e fundamentação jurídica) deduzidas
no recurso de revista podem ser reiteradas no agravo de instrumento. No caso, as violações normativas e divergência jurisprudencial
trazida unicamente no agravo de instrumento são inovatórias, sendo insuscetíveis de exame. INDENIZAÇÃO DE 40% DO FGTS -
REDUÇÃO POR NORMA COLETIVA - INVALIDADE . Não tem validade a cláusula coletiva que reduz de 40% para 20% a
indenização incidente sobre os depósitos efetuados a título de FGTS na conta vinculada do trabalhador . Trata-se de direito
indisponível do empregado e com expressa previsão legal (art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90), que não pode ser vilipendiado por ajuste
coletivo. Agravo de instrumento desprovido" (AIRR-1820-49.2011.5.10.0007, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, DEJT 07/12/2018).
 
EMENTA: RESCISÃO POR CULPA RECÍPROCA. COMPROVADOS OS ATOS ILÍCITOS PRATICADOS PELO EMPREGADO E
EMPREGADOR. (...). O reclamante/recorrente alega que foi perseguido durante o pacto laboral, e que a sua dispensa por justa causa
ocorreu indevidamente. Afirma que utilizava o e-mail pessoal para se comunicar com os clientes, e que, mesmo após a proibição pela
empresa de se utilizar desse endereço, necessitaria de um tempo para que pudesse modificar a forma de interação com a clientela.
Assegura que as reclamadas descumpriram os seus deveres contratuais, tais como deixar de recolher o FGTS, não repassar os valores
descontados para a previdência, dentre outros atos ilícitos, o que justifica a conversão de sua demissão por culpa recíproca em rescisão
indireta. A pretensão de reforma da sentença pelo reclamante não merece acolhimento.
No caso em análise, não há dúvidas de que
ambos os litigantes cometeram atos faltosos no decorrer da relação contratual, dando ensejo a que reconhecida a culpa recíproca na
rescisão contratual. (...). Um dos motivos ensejadores da justa causa pela parte reclamada restou demonstrada pela prova testemunhal
produzida pelo autor. A testemunha conseguiu afirmar que a empresa utilizava determinado percentual para pagamento de comissões,
que depois foi alterado em nítido prejuízo ao empregado, que, caso cumprisse a mesma meta estipulada pela empresa, iria auferir
valores reduzidos, o que configura a redução de parcela de natureza salarial. (...). Por sua vez, a conduta irregular do reclamante
também restou demonstrada, pois estava inequivocamente ciente de que não deveria utilizar o e-mail pessoal para o envio de
mensagens relativas ao trabalho, e ainda assim continuou a realizar a prática, mesmo após sofrer advertências e suspensões pela
reclamada (ID. 546c4b1, seguintes e ID. 9374001 e seguintes).
 (...). Não havendo dúvidas de que ambos os litigantes cometeram atos
faltosos no decorrer da relação trabalhista, é de ser reconhecida a culpa recíproca na rescisão contratual. Recurso que se nega
provimento. (Processo: ROT - 0000773-67.2015.5.06.0021, Redator: Andrea Keust Bandeira de Melo, Data de julgamento:
19/01/2018, Terceira Turma, Data da assinatura: 23/01/2018).
 
"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO DE REVISTA . CULPA RECÍPROCA PARA RESCISÃO CONTRATUAL.
ART. 484 DA CLT. (...).
O Regional negou provimento ao recurso ordinário do reclamante, sob os seguintes fundamentos (fls.
346/355-PE): "b. CULPA RECÍPROCA PARA RESCISÃO CONTRATUAL O MM. Julgador de origem concluiu que houve culpa
recíproca na ruptura contratual, declinando os seguintes fundamentos (fls. 301/302): MÉRITO DA AÇÃO O autor postula rescisão
indireta do contrato de trabalho devido ao descumprimento das obrigações patronais relativas a atrasos de salários, 13º salário,
benefícios e FGTS. O empregador alega que as parcelas foram pagas e que o empregado abandonou o emprego. Os documentos
colacionados pela ré, recibos de pagamento e de 13º salário, não são suficientes para demonstrar o pagamento pois não vieram aos
autos todos os comprovantes do FGTS e justamente o recibo de 13º do período alegado na inicial como não pago está ausente. Nesses
termos, estaria adequado o pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho e consectários legais, embora sejam improcedentes os
danos morais, por que o dano não pode ser presumido o dano nesse caso não havendo prova de outros danos indenizáveis. MÉRITO
DA RECONVENÇÃO A parte ré tem também razão, pois o mero ajuizamento de ação postulando rescisão indireta não autoriza o
autor a deixar o emprego a menos que esteja sofrendo risco à saúde ou demonstre tal necessidade, sob autorização do juízo. A tutela
antecipada foi negada e a ausência do autor está demonstrada por documentos nos autos. Solução: culpa recíproca. Declara-se a
rescisão por culpa recíproca no caso, com base no artigo 484 da CLT. A ré deverá quitar ao autor as parcelas rescisórias decorrentes,
nos seguintes limites: 13º salário do ano de 2014 e 13º salário proporcional e férias proporcionais até a data de 04/06/2015 (fls. 215).
FGTS 8% mais a indenização em 20% referente ao período abatido o valor já recolhido e comprovado até a liquidação. Aviso prévio,
15 dias, que se integra ao tempo de serviço para todos os fins (artigo 487 da CLT c/c artigo 484 da CLT). Indevidas as multas dos
artigos 477 e 467 da CLT para a modalidade de rescisão decidida em sentença após controvérsia válida nos autos. A ré deverá anotar a
CTPS do autor com a data do desligamento, não autorizada qualquer menção à ação trabalhista na anotação, tudo sob pena de multa a
ser cominada em execução caso a obrigação não seja cumprida em 5 dias do trânsito em julgado. O reclamante busca a reforma do
entendimento supra, alegando que a decisão contraria as provas produzidas nos autos, "principalmente no tocante a situação em que a
reclamada se encontrava no momento em que o reclamante deixou de prestar serviços". Reafirma que a ré não adimpliu com suas
obrigações contratuais, não efetuando o pagamento do 13º salário de 2014, dos benefícios e não recolhendo corretamente o FGTS, bem
como por ter pago 50% do salário de janeiro/2014, apenas. Insiste que não há culpa recíproca, pois a ré não teria juntado extrato
atualizado da conta vinculada do autor ou comprovante de pagamento do 13º salário de 2014, devidamente assinado pelo reclamante.
Aponta que sequer há comprovação de pagamento do INSS à instituição previdenciária. Afirma, ainda, que "O fato de o reclamante
deixar de laborar e aguardar a decisão final do MM. Juízo quanto à aplicação ou não do instituto pleiteado, não constitui qualquer
ilegalidade. Isso porque deixar de laborar na reclamada é prerrogativa insculpida no § 3º do art. 483 da CLT", razão pela qual entende
não ter havido abandono de emprego. Sem razão. (...). A finalidade dos embargos declaratórios é suprir vícios existentes, a saber,
aqueles expressamente previstos nos arts. 897-A da CLT e 1.022 do CPC de 2015, sendo impróprios para outro fim. Na hipótese dos
autos, esta Eg. Terceira Turma concluiu que para afastar a hipótese de culpa recíproca reconhecida pelo TRT (art. 484 da CLT), seria
necessário o revolvimento de fatos e provas, procedimento vedado a esta instância recursal pela Súmula 126 do TST. Dessa forma, não
há que se falar em omissão no julgado. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos " (ED-RR-319-33.2015.5.09.0012, 3ª
Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 18/08/2017).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CONVENÇÃO COLETIVA. REDUÇÃO DA INDENIZAÇÃO DO


FGTS, DE 40% PARA 20%. INVALIDADE. Diante da constatação de divergência jurisprudencial, dá-se provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista. RECURSO DE REVISTA. CONVENÇÃO COLETIVA.
REDUÇÃO DA INDENIZAÇÃO DO FGTS, DE 40% PARA 20%. INVALIDADE. Cinge-se a controvérsia a determinar a validade da
cláusula normativa que estipula que a rescisão do contrato de trabalho decorrerá de culpa recíproca pré-estabelecida e que define a
redução para 20% da multa sobre os depósitos do FGTS. Firmou-se, neste Tribunal Superior, o entendimento de que a partir da
promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, foi permitida a inserção, no âmbito da negociação coletiva, do
princípio da flexibilização das relações de trabalho, conforme exegese dos incisos VI, XIII, XIV e XXVI do art. 7º da Constituição
Federal, os quais privilegiam a instituição de condições de trabalho mediante negociações coletivas, desde que não contrárias à lei.
Diante disso, esta Justiça do Trabalho tem primado por incentivá-las e garantir-lhes o cumprimento, desde que devidamente
formalizadas. Entretanto, "in casu", a flexibilização consistiu na redução de parcela rescisória relativa ao FGTS firmada por lei, no
percentual de 40% para 20%. Assim, ao pré-estabelecer que a rescisão do contrato se daria por culpa recíproca, a norma coletiva deu
tratamento jurídico diverso ao disposto no artigo 484 da CLT. Com efeito, a culpa recíproca é causa de resilição do contrato, o que
implica redução da multa incidente sobre o saldo do FGTS. No entanto, cabe ao Poder Judiciário definir se houve conduta culposa
mútua, a fim de ensejar a consequência prevista na lei. Precedentes desta Corte. Ação julgada improcedente. Recurso de revista de que
se conhece e a que se dá provimento." (RR - 21740-97.2006.5.10.0002, Relator Ministro: Pedro Paulo Manus, 7ª Turma, DEJT
28/05/2010).

Base Legal: Art. 484, art.


477, art.
478, art.
479, art.
501,
art. 504 da CLT;
Lei nº 4.923/1965;
Portaria MTE 1.621/2010;
Portaria MTE 302, de 26/06/2002;
Portaria 1.815/2012;
Lei 13.467/2017
e os citados no texto.
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