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Considerando que o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto

Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, decorrente da pandemia do novo


coronavírus (covid-19), vem sendo amplamente reconhecido como hipótese
de força maior, nos termos do disposto no art. 501 da Consolidação das
Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
cumpre a nós proceder com as seguintes considerações:

Inicialmente, cumpre salientar que o art. 501 da CLT conceitua o termo “força
maior” da seguinte forma:

Art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em


relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não
concorreu, direta ou indiretamente.

§ 1º - A imprevidência do empregador exclui a razão de força maior.

§ 2º - À ocorrência do motivo de força maior que não afetar


substancialmente, nem for suscetível de afetar, em tais condições, a situação
econômica e financeira da empresa não se aplicam as restrições desta
Lei referentes ao disposto neste Capítulo. (GRIFO NOSSO)

O art. 502 do mesmo dispositivo legal, por sua vez, dispõe que, ocorrendo
motivo de força maior que determine a EXTINÇÃO da empresa, ou de um dos
estabelecimentos em que trabalhe o empregado, é assegurada a este, quando
despedido, uma indenização na forma seguinte:

 I - sendo estável, nos termos dos arts. 477 e 478;

II - não tendo direito à estabilidade, metade da que seria devida em caso de


rescisão sem justa causa;

III - havendo contrato por prazo determinado, aquela a que se refere o art. 479
desta Lei, reduzida igualmente à metade.

Desta forma, na hipótese de vir a ocorrer, infelizmente, a EXTINÇÃO da


empresa ou de um dos estabelecimentos desta, em razão de motivo de força
maior ora subsistente (decorrente da pandemia de COVID-19), sendo que a
ocorrência de tal fato tenha afetado substancialmente a situação econômica e
financeira da empresa a ponto de justificar a demissão de seus empregados,
esta poderá se valer do disposto no art. 502 da CLT, para fins de
pagamento, POR METADE da indenização a que seus empregados que não
têm direito à estabilidade, ou que se encontram na vigência de contrato por
prazo determinado, teriam direito na hipótese de rescisão imotivada.

Lado outro, AINDA QUE NÃO OCORRA A EXTINÇÃO DA EMPRESA, OU DE


UM DE SEUS ESTABELECIMENTOS, destacamos que o §2º do art. 18 da Lei
n. 8.036/90 (Lei do FGTS), estabelece que quando ocorrer despedida por culpa
recíproca ou força maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual
da multa sobre o saldo do FGTS será de 20% (vinte por cento).
Diante da gravidade da situação em que nos deparamos atualmente, tanto o
Conselho Nacional de Justiça, quanto o Tribunal Regional da 3ª
Região, editaram normas estabelecendo a suspensão do atendimento
presencial, adiamento de audiências e sessões de julgamento presenciais, bem
como também a suspensão dos prazos processuais até o dia 30/04/2020, em
razão da atual pandemia de COVID-19.

Sendo assim, caso o empregador opte por se valer dos dispositivos legais
acima mencionados, recomendamos que sejam separados e arquivados todos
os documentos que venham a demonstrar os PREJUÍZOS sofridos pelo
empregador em decorrência do estado de calamidade vigente, e que afetaram
substancialmente a situação econômica e financeira da empresa, a fim de
que os mesmos possam ser utilizados como meio de prova em eventual
demanda trabalhista porventura proposta por um dos colaboradores afetados
por esta medida.

Desta forma, o VALÉRIA ESTEVES ADVOGADOS ASSOCIADOS, no intuito


de lhe oferecer um melhor suporte neste momento conturbado que estamos
vivenciando, e a fim de se evitar futuros riscos de passivo trabalhista em razão
de eventual descumprimento da legislação atualmente vigente, disponibiliza-se
a auxiliá-los na adoção das medidas acima destacadas

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