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PUC Goiás
Curso de Direito - Jur.
Disciplina: DIREITO DO TRABALHO II
Prof.: Milton I. Heinen
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1.1. LEGISLAÇÃO: CLT — artigos 477 a 486, com alterações e acréscimos oriundos da
reforma trabalhista; outros dispositivos específicos da CLT e leis esparsas que
versam sobre verbas rescisórias.
C - Ocorrendo a rescisão (resilição) antecipada do contrato por qualquer das partes, sem
previsão neste sentido previamente ajustada no contrato, a parte que toma a iniciativa da
rescisão deverá indenizar a outra parte pela metade do tempo que faltava para o término
normal do prazo do contrato (artigos 479 e 480 da CLT).
A — Morte do Empregado:
(equivalente a rescisão de contrato a termo).
- Trata-se de rescisão equivalente ao pedido de demissão, com a diferença que os
direitos cabem aos herdeiros inclusive o levantamento do FGTS depositado ( Código
23, conforme Circular 166, de 23/02/99.
- Saldo de salários, correspondente aos dias trabalhados e ainda não pagos.
- 13º salário.
- Férias vencidas (se tiver), + 1/3.
- Férias proporcionais + 1/3 (Convenção 132 da OIT e Súmula 171 do TST).
- FGTS. – ART. 20, IV da Lei nº 8.036.
- Não tem aviso prévio a indenizar.
A — Pedido de demissão:
O empregado toma a iniciativa da rescisão contratual. Deve conceder aviso (30
dias) ao empregador e trabalhar por este período (a não ser que seja liberado pelo
empregador) sob pena de sofrer desconto do valor correspondente no acerto de contas.
Não depende de aceitação do empregador.
Neste caso não cabe indenização ou multa do FGTS e o empregado não fará o
levantamento deste, e não receberá as guias do seguro-desemprego.
- Direitos:
- Saldo de salários
- 13º Salário;
- férias integrais (se tiver mais de ano de casa) e proporcionais (convenção 132 da
OIT e Súmula 171 do TST em conflito com art. 146 e 147 da CLT), sempre
acrescidas de 1/3;
- eventuais horas extras, etc.
Exercício:
Empregado contratado por prazo indeterminado, em 01/10/17, com salário normal fixo de R$ 1.900,00. Em
10/04/18, sem justo motivo, o empregado considerou o contrato encerrado (pediu demissão) sem conceder
aviso prévio. Juntamente com o salário de março recebeu o adiantamento do 13o Salário referente a 2018.
No período trabalhado e antes de abril de 2018, cometeu 06 faltas injustificadas ao serviço, do que houve
desconto nos salários. Tem, neste caso, direito a férias? Se tiver, calcular estas e calcular saldo de
salários e 13o Salário.
As situações que ensejam justa causa estão relacionadas no art. 482 da CLI:
- ato de improbidade — malícia, desonestidade, mau caráter, fraude, etc. (ex. furto ou
apropriação indébita de materiais ou objetos da empresa, falsificação de
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documentos;
- incontinência de conduta ou mau procedimento — procedimento grosseiro que
ofende a dignidade do empregador ou de outros empregados, atos obscenos,
assédio sexual, etc ; cabem também os atos em geral que caracterizam infração
penal. O mau procedimento são os demais atos irregulares que não se encaixam
nas outras hipóteses do art. 482. De qualquer forma, cabe observar que, neste
específico, a subjetividade é muito grande dando margem a controvérsias que
somente se resolvem na justiça do trabalho, com as provas que ali forem
produzidas.
- Negociação habitual — exige habitualidade, não concordância do empregador e que
seja caracterizada como concorrência.
- Condenação Criminal — exige condenação criminal com sentença transitada em
julgado, sem a suspensão da execução da pena.
- Desídia — Desinteresse no exercício de suas funções, descumprimento de
obrigações, pouca produção, atrasos frequentes, faltas injustificadas, produção
imperfeita, descuido na execução dos serviços, etc. A desídia, para ficar bem
caracterizada supõe a repetição de procedimentos, ficando mais evidenciada se o
empregador aplica outras penalidades prévias ( advertênçia, suspensão).
- Embriaguez — caracteriza-se por ingerir álcool ou drogas. Sendo habitual, provoca
a degradação física e moral do obreiro ( supõe o prolongamento da prática no
tempo, mas fora de serviço). Sendo embriaguez em serviço, caracteriza-se por ato
único. Contudo, há julgados, além de posições doutrinárias contrárias à
caracterização da justa causa, mesmo porque tal situação é entendida como
doença, exigindo tratamento adequado.
- Violação de segredo de empresa — pode ser caracterizada pela divulgação de
novos inventos, fórmulas, códigos, métodos de fabricação de produtos, de negócios,
de listas de clientes, etc.
- Indisciplina ou insubordinação — São duas situações diferentes. A indisciplina é
descumprimento de ordens gerais em serviço ( ordens contidas em regulamento de
uso de equipamentos de proteção individual exigidos, não cumprimento do horário,
etc). A insubordinação é não acatar as ordens do empregador ou de preposto deste.
É descumprimento de ordens pessoais. Não executar as tarefas atribuídas ao
empregado, não concluir serviço no prazo estipulado, cometer atos não autorizados,
etc). Sendo a ordem ilegal ou imoral, não cabe a justa causa.
- Abandono de emprego — supõe a falta ao serviço e a intenção do empregado de não
mais retomar. Deve haver prova do abandono. Como a lei silencia quanto ao prazo,
há orientação jurisprudencial no sentido de que o empregador deve aguardar 30
dias ( analogia com art. 474 da CLT), a não ser que fique provado que o empregado
não tem mais a intenção de retomar. Pode ser feita comunicação ou convocação do
empregado por carta com aviso de recebimento, ou notificação judicial ou
extrajudicial.
- Ato lesivo à honra e boa fama — ferir a honra e boa fama do empregador ou de outros
superiores hierárquicos, especificamente através da calúnia, injúria e difamação. Os
atos (palavras ou gestos) devem ser divulgados para produzir os efeitos.
- Ofensa física — agressão a empregador ou outros superiores hierárquicos, salvo
situação de legítima defesa.
- Prática constante de jogos de azar — é situação controvertida e, atualmente, muito
questionada como ensejadora da justa causa, porque há jogos autorizados e outros
não, sem diferenciação perante a lei.
- Perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da
profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado. Trata-se de acréscimo
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de situação de justa causa feita pela lei 13.467/17, podendo envolver qualquer
atividade profissional para a qual a lei exige formação específica. Fraudes ou
condutas irregulares que levam ao cancelamento da inscrição na respectiva
profissão (OAB, CRM, etc), tratando-se de profissional empregado, tal fato poderá
acarretar a dispensa por justa causa.
- Outras situações de justa causa previstas na CLT — não observância das normas de
segurança e medicina do trabalho (art. 158, § único); a greve com inobservância das
disposições legais também pode ensejar a justa causa.
Ocorre quando ambas as partes praticam ato que caracteriza falta grave, nos
termos dos artigos 482 e 483, indicando justa causa para o rompimento contratual.
Neste caso, se o empregado tem direito à indenização, esta será efetuada pela
metade. No mesmo sentido, sendo optante pelo FGTS, predomina o entendimento de
que deverá ocorrer a rescisão com possibilidade do levantamento dos valores do FGTS,
sobre cujo montante incidiria multa pela metade, ou seja, de 20%. (art. 484 da CLT). E,
conforme Súmula 14 do TST, empregado tem direito, ainda, a 50% do valor do aviso
prévio, do 13º salário e das férias proporcionais.
A - SALDO DE SALÁRIOS: /
É o salário dos dias trabalhados no mês da rescisão. Ex. empregado
trabalhou 18 dias no mês e foi dispensado. Sendo salário fixo, divide-se este pelos dias
do mês (30) e multiplica-se pelo n0 de dias trabalhados. Se o salário for variável, por
comissão ou peça, faz-se o cálculo diário do valor dos dias trabalhados.
B- AVISO PRÉVIO:
Sendo o aviso prévio trabalhado, o valor a ser pago é o fixo ou, se salário variável,
o efetivamente apurado. Contudo há dúvidas em razão da diminuição da jornada em
duas horas. Então, o correto seria dividir o produzido pelo número de horas trabalhadas
para acrescer o valor horário nas horas não trabalhadas.
C – 13º SALÁRIO:
Se o salário for fixo mais variável, pega-se o fixo mais variável (comissões ou h.
extras habituais) para fazer a divisão supra.
D - FÉRIAS NA RESCISÃO:
Odireito a férias, em dobro se não concedidas no tempo legal, simples e
proporcionais, acrescidas de 1/3, têm sempre como referência a data de admissão do
empregado.
Obs.:
- Tendo a empresa deixado ultrapassar o período concessivo, as férias são calculadas
em dobro e feito o acréscimo de 1/3.
- No caso de ocorrência de faltas não justificadas ou não abonadas pela empresa, estas
poderão incidir no cálculo das férias, conforme regra do art. 130 da CLT.
- Se o salário for variável, calcula-se o valor médio dos últimos 12 meses (art. 142 § 3º
da CLT), ou de período inferior se houver norma coletiva neste sentido ou se o contrato
tiver durado menos tempo.
- A mesma regra é aplicável no caso de realização de horas extras habituais e de
adicional noturno, devendo ser calculada a média do período aquisitivo e incorporado no
salário de férias. Se o serviço for por unidade (peça) calcula-se a média da quantidade
produzida no período aquisitivo e multiplica-se pelo valor unitário da peça no momento
da concessão ( pagamento) das férias.
Exercício:
Havia diferenciação de prazos. A CLT estabelecia como limite o primeiro dia útil
após o encerramento do contrato quando houve concessão de aviso prévio (aviso prévio
trabalhado) e nos casos de término de contrato a termo, ou até o décimo dia, sem a
concessão de aviso prévio ou dispensa de cumprimento. (Art. 477, § 6º da CLT). Com a
nova redação dada ao parágrafo 6º do art. 477 da CLT (com a lei 13.467/17), o prazo
passou a ser único de 10 dias a contar da rescisão do contrato. A contagem do prazo
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exclui o dia de início e inclui o dia final do prazo. Se o final do prazo recair em sábado,
domingo ou feriado, o pagamento precisa ser antecipado. De qualquer forma, este novo
prazo resultou em prejuízo ao trabalhador.
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