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de empregado que teve o contrato suspenso ou jornada e salário reduzidos nos termos da
Medida Provisória 936/2020 e/ou da Lei 14.020/2020?
Com a comunidade jurídica ainda em fase de adaptação à nova lei e sendo proferidas as
primeiras decisões acerca da reforma trabalhista, o Brasil foi tomado de assalto pelo
surto da COVID-19: aos 30/01/2020 foi declarado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) que o contágio da doença constitui Emergência de Saúde Pública Internacional,
e em 11/03/2020 a COVID-19 foi caracterizada como pandemia 1. No Brasil, o estado de
calamidade pública em razão do vírus foi reconhecido até 31/12/2020 por meio do
Decreto Legislativo n. 62, publicado aos 20 de março de 2020.
Diante do contexto emergencial, tanto a rotina das famílias como inúmeras atividades
empresariais foram afetadas. Medidas como isolamento social, lockdown, proibição de
funcionamento de escolas, centros comerciais, academias e etc. foram implementadas, e
apenas os serviços denominados essenciais puderam ser prestados de maneira contínua,
tudo isso com vista a evitar a aglomeração de pessoas nas ruas e nos estabelecimentos e
evitar o avanço da doença.
Toda essa transformação repentina fez com que milhares de empresários fossem
compelidos a paralisar e interromper, sem qualquer planejamento, seus negócios “da
noite para o dia” e, como consequência, a impossibilidade do uso da força de trabalho
de seus colaboradores. A crise sanitária do coronavírus se tornou, portanto, além de
questão sanitária, também uma crise econômica, trabalhista e social.
Tão logo os efeitos desse desequilíbrio foram sentidos, o Governo Federal passou a
editar planos para contenção de tal instabilidade, e uma das alternativas encontradas
para o enfrentamento do estado de calamidade pública se deu através da edição da
Medida Provisória n. 936, aos 01/04/2020, que instituiu o Programa Emergencial de
Manutenção do Emprego. Tal programa visou dar suporte aos empregadores para que
fossem mantidos os postos de emprego em suas empresas, evitando assim o desemprego
em massa e o agravamento da crise econômica e social causados pela pandemia.
Referida medida provisória foi convertida na Lei 14.020/2020 aos 06/07/2020.
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jornada de trabalho e salário (artigo 7º da Lei 14.020/2020), e em ambas houve a
instituição do benefício emergencial pago pelo Governo Federal ao empregado que
tivesse o contrato suspenso e/ou a jornada de trabalho e salário reduzidos.
Ainda, caso fosse adotada uma das possibilidades acima pelo empregador, o trabalhador
contemplado teria reconhecida garantia provisória no emprego, nos termos do artigo 10 3
da Lei 14.020/2020. Assim, a dispensa imotivada desse funcionário dentro do período
de estabilidade demandaria do empregador o pagamento ao empregado de indenização,
além das verbas rescisórias.
Com efeito, a reforma trabalhista conferiu legalidade à antiga prática firmada entre
empregado e empregador e absolutamente desamparada pelo ordenamento jurídico, o
acordo para extinção do contrato de trabalho.
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre
empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas
trabalhistas:
I por metade:
a) o aviso prévio, se indenizado; e
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,
prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990;
II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
§ 1o A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a
movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei n o 8.036, de 11 de
maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.
§ 2o A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não
autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego.
Entretanto, o contexto ora tratado envolve empregado detentor de estabilidade, eis que
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Art. 10. Fica reconhecida a garantia provisória no emprego ao empregado que receber o Benefício
Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda, previsto no art. 5º desta Lei, em decorrência da
redução da jornada de trabalho e do salário ou da suspensão temporária do contrato de trabalho de que
trata esta Lei, nos seguintes termos:
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os incisos I e II do artigo 10 da Lei 14.020/2020 conferem garantia de emprego ao
trabalhador que teve o contrato suspenso ou redução de jornada e salário durante o
estado de calamidade pública.
Isso posto, imperioso que se confira segurança jurídica ao ato, especialmente para o
empregador para que no futuro não venha a responder demanda laboral questionando a
rescisão de contrato de trabalho de empregado estável.
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Art. 500 - O pedido de demissão do empregado estável só será válido quando feito com a assistência do
respectivo Sindicato e, se não o houver, perante autoridade local competente do Ministério do Trabalho e
Previdência Social ou da Justiça do Trabalho.