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AO DOUTO JUÍZO DA _____ VARA DE TRABALHO DA COMARCA DE SÃO PAULO -

SP

JOÃO DA SILVA, (nacionalidade), (estado civil), Policial Militar concursado e segurança,


portador da cédula de identidade nº XXX, CPF nº XXX, residente e à rua xxx, (estado), vem
através desta - na figura de seus procuradores e advogados, ROBERT RICHARD DIAS
VIDAL OAB-XXX, JESSÉ ANDRADE ARAÚJO OAB-XXX, LARYSSA DA SILVA MOURA
OAB-XXX, ANDERSON MICAEL DA SILVA COSTA OAB-XXX, que abaixo subscrevem e
anexam procuração devidamente assinada - Interpor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face do Condomínio ABC, na pessoa de seu representante.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O autor declara, para os devidos fins, ser pobre na forma da lei, não podendo arcar
com as custas e despesas processuais conforme declaração de hipossuficiência em anexo,
estando acobertada pela presunção referente ao artigo 99, § 3º do CPC. Desta forma, resta
comprovado seu direito aos benefícios concedidos pelo artigo 5º, LXXIV da CRFB/88 e dos
artigos 98 e seguintes do CPC relativos a gratuidade judiciária.

1 - DOS FATOS

JOÃO DA SILVA, devidamente qualificado, fora contratado, sem a assinatura em


carteira de trabalho, para prestar serviços como segurança para a pessoa jurídica
CONDOMÍNIO ABC, na data de 05/03/2019, onde ao lado da portaria e sob supervisão do
seu superior e então zelador do condomínio SR. Pedro, vinha prestando, desde então, de
maneira regular e idônea seus serviços, em 4 dias pré determinados da semana com carga
horária diária de 8 horas e intervalo para refeição e descanso de 20 minutos, até que em
meados de 2020, JOÃO, inesperadamente e informado da sua dispensa sem uma
motivação ou justa causa, sem receber qualquer qualquer verba indenizatória a título de
rescisão após inidônea alegação do síndico de o mesmo não possuía vínculo empregatício
com o condomínio.

2 - DO DIREITO
2.1. Do reconhecimento de vínculo empregatício

Haja vista o supracitado, é cediço que o caso em tela demanda o reconhecimento do


vínculo empregatício, já que desde da data 05/03/2019 o Reclamante se encontrava sob
subordinação laboral em relação à pessoa do Reclamado. Nesse sentido, como já exposto,
resta configurado, por hegemonia da realidade, vínculo empregatício que aufere a
declaração de reconhecimento judicial, a fim de aplicar o Direito ao que já é de fato. Posto
isso, preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é legítimo o reconhecimento de relação de
emprego entre policial militar e empresa privada.
Importante destacar que não há qualquer óbice legal no sentido de cumular funções,
quando o agente é policial militar e desempenha atribuições alheias que não são paradoxais
ao seu cargo público. Com isso, já é sumulado pelo TST o entendimento in verbis:

SÚMULA 386 DO TST

POLICIAL MILITAR. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO


COM EMPRESA PRIVADA. Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT, é
legítimo o reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e
empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade
disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar.

2.2. Da anotação na CTPS, depósito no FGTS, Multa Rescisória e adicional de


periculosidade

Por conseguinte, faz-se necessária determinação no sentido de promover a


inscrição do ofício, exaustivamente citado, na CTPS concernente ao Reclamante - com fito
na disposição legal do art.3° da CLT - que elenca os pressupostos para existência e
validade da relação jurídico-trabalhista, claramente verificados in casu.
Não só, a Lei n° 8.036 de 1990 determina que haja o depósito mensal do quantum
referente a 8% do salário pago ao contratado; o que não se fez, já que o Reclamado reluta
em admitir a existência de vínculo empregatício. Por fim, com a rescisão contratual, há o
ensejo do pagamento de 40% do valor total do FGTS - medida que demanda o prévio
pagamento dos valores suso.
O adicional de periculosidade é um valor devido ao empregado exposto a atividades
periculosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O valor do adicional de periculosidade será o salário do empregado acrescido de
30%, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros
da empresa.
Conforme dispõe o art. 193 da CLT são consideradas atividades ou operações
perigosas, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a:
Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial;
As atividades de trabalhador em motocicleta.

2.3. Dos intervalos intrajornada


Como fora exposto de maneira incipiente, o intervalo intrajornada não era respeitado
na relação em tela, pois o Reclamante contava com o lapso de apenas 20 minutos para sua
alimentação e o devido descanso. Nessa esteira, de acordo com o Art.71 da CLT está
previsto que em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 horas, é obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 hora.
Diante disso, o caso em análise se enquadra no que prevê o § 4º do Art.71, na
situação em que caso o período de intervalo não seja concedido ou concedido
parcialmente, implica o pagamento, de natureza indenizatória, do período suprimido, com
acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho, ou seja, caso
o intervalo para repouso e refeição não for concedido, o empregador deve pagar, com
acréscimos de 50%, o valor desse intervalo para o empregado.

3 - DOS PEDIDOS

a) concessão dos benefícios da justiça gratuita;


b) seja reconhecido o vínculo empregatício desde o dia 05 de março de 2019;
c) condenação da reclamada a realizar anotações na CTPS do reclamante, estabelecendo
multa diária pelo descumprimento da obrigação;
d) seja a reclamada condenada ao pagamento de aviso prévio;
e) seja condenada a depositar o FGTS de todo o contrato de trabalho;
f) A condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no § 8º do artigo 477 da
CLT, correspondente ao salário, bem como da indenização pelo período de repouso
suprimido acrescido de 50%, como prevê § 4º do Art.71 e os 30% do auxílio periculosidade.

Dá-se à causa o valor de R$ … correspondente ao somatório dos pedidos.

ANDERSON MICAEL DA SILVA COSTA


(OAB-XXX)

LARYSSA DA SILVA MOURA


(OAB-XXX)

JESSÉ ANDRADE ARAUJO


(OAB-XXX)

ROBERT RICHARD DIAS VIDAL


(OAB-XXX)

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