Você está na página 1de 7

AO JUÍZO DA _XX VARA DO TRABALHO DE ITAÚNA

O autor faz a opção pelo juízo 100% digital,


nos termos do art. 5º, da Resolução Conjunta GP/GCR/GVCR nº 204/21.

GERALDO CLEMENTINO DA SILVA brasileiro, casado, empregado doméstico,


portador do CPF nº…, carteira de identidade nº..., da CTPS nº…, Série …, PIS nº…, residente
e domiciliado em Itaúna/MG, com endereço na Rua …, nº…, no Bairro …, CEP ..., endereço
eletrônico ..., vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seus procuradores ao final
assinados (procuração anexa), propor

Ação trabalhista de procedimento ordinário

em face de JAIR, nacionalidade..., estado civil..., Profissão..., portador do CPF nº..., da


CI nº...; da CTPS nº..., Série..., Is nº...; residente e domiciliado em Itaúna/MG, na Rua..., nº...,
no Bairro..., CEP..., o que faz pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

1 de 14
RESUMO DO CONTRATO
-Empregador: Dr. Jair (Pessoa Física);
-Tipo de rescisão do contrato: Dispensa sem justa causa com aviso prévio;
-Função: Empregado Doméstico;
-Última remuneração (de acordo com o TRCT): R$ 2.500,00

DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

O autor é pobre no sentido legal e não tem condições de arcar com as custas e nem
com as despesas processuais sem prejuízo do sustento próprio e do sustento da sua família,
conforme declaração anexa (Documento 1). Requer a concessão do benefício da justiça
gratuita.

2 de 14
DOS FATOS

O Reclamante foi admitido pelo demandado para executar tarefas na propriedade rural
do reclamado, localizada no município de Itaúna/MG, cujas funções incluíam irrigar as
plantas, higienizar a piscina, transportar o lixo de trator até o ponto de recolha, alimentar o
cão e cuidar de alguns carneiros. Seu horário de trabalho funcionava da seguinte forma: De
segunda a sexta, iniciava o trabalho bem cedo. A primeira atividade era realizada às
04h:00min até às 10h:00min da manhã. Logo após, fazia uma pausa para lanche e para
descansar até às 15h:00min, quando retornava do descanso, regava as plantas e as flores e
limpava a piscina, encerrando a pausa às 17h00min,

Conforme resumo do contrato o Reclamante tinha sua carteira assinada como


“trabalhador rural”, sendo as atividades realizadas pelo mesmo em uma Fazenda na área rural
(regar as plantas, limpar a piscina, levar o lixo de trator até o ponto de coleta, dar ração para o
cachorro e cuidar da criação de carneiros.) devemos reconhecer seu vínculo como
“empregado doméstico”. O critério de enquadramento (identificação) na categoria se dá pelo
fato de que para haver vínculo empregatício doméstico é necessário que haja a confluência
dos requisitos fixados no artigo 1º da Lei Complementar n. 150 de 1º de junho de 2015, ou
seja, trabalho por pessoa física, de forma contínua (mais de 2 dias por semana), subordinada,
onerosa e pessoal, sem que haja finalidade econômica na prestação elaborativa.

O contratante, por sua vez, deve ser pessoa física ou família, que contrata trabalho a
ser executado em ambiente residencial, como é o caso do sr. Geraldo. Sendo assim, o simples
fato de o reclamante ter trabalhado em propriedade rural, não basta para enquadrá-lo como
trabalhador rural, devendo, para tanto, ser evidenciada que a prestação de serviços se reverteu
em benefício de atividade econômica, com o objetivo de obter lucro, o que, entretanto, não
ocorreu, no caso

DO DIREITO

O trabalho é uma das atividades que visa garantir a promoção e a proteção da


dignidade da pessoa humana, ele fornece o subsídio necessário em forma de contraprestação,
para que você tenha a oportunidade de desfrutar dos mecanismos essenciais para a
manutenção da sua vida e da sua família.
3 de 14
Diante disso, para haver o trabalho é necessária uma relação de emprego entre aquele
que está contratando e aquele que será contratado, relação está firmada pelo contrato de
trabalho. Para mais, a saudosa desembargadora Alice Monteiro de Barros, ressalta que: “A
tutela dos trabalhadores fora da relação de emprego é ineficaz. O mercado informal, no que
lhe concerne, desenvolve-se em um cenário dramático”. Em concordância com suas palavras,
afirma-se que aquele que realiza sua profissão dever ter a assinatura na Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS), sob pena de não ter suas prerrogativas respeitadas e muito menos
seus direitos devidamente atribuídos.
Perante o dito, a CLT, Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 13, caput,
observa da identificação profissional, in verbis:

Art. 13 – A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o


exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter
temporário, e para o exercício por conta própria de atividade profissional
remunerada.

Ainda que os trabalhadores no Brasil, tenham um rol considerado de direitos e


garantias, na nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7°, isso não foi o suficiente
para equilibrar a relação trabalhista entre empregador e empregado; sendo os primeiros a
classe “privilegiada”, portadora de mais artifícios e meios de trabalho, com o exposto faz-se
necessário a criação de mecanismos para fornecer mais aparatos aos empregados, como no
caso da assinatura da carteira de trabalho.
Em suma, a CTPS, popularmente conhecida como carteira de trabalho, é um
documento importante de identificação do profissional, é o instrumento para averiguar a
relação trabalhista, bem como, para dispor das informações relevantes dessa relação; como o
valor financeiro atribuído, o período de trabalho, se todos os direitos inerentes ao empregado
foram observados, direitos como, décimo terceiro salário, FGTS, férias. Logo, ter a carteira
assinada dá uma seguridade maior à essa classe, tida como a parte mais vulnerável da relação
de trabalho.
Malgrado, por iguais razões é valido lembrar que a CLT, em seu artigo 41, caput,
afirma que todas as atividades relacionadas a trabalho é preciso o registro dos seus
trabalhadores, e conforme o artigo 47 do mesmo ordenamento jurídico, quem não fizer esse
registro estará sujeito a multas, reza o artigo:

Art. 47. O empregador que mantiver empregado não registrado nos


4 de 14
termos do art. 41 desta Consolidação ficará sujeito a multa no valor de R$ 3.000,00
(três mil reais) por empregado não registrado, acrescido de igual valor em cada
reincidência.
Sobredita lei e com alusão ao contexto do reclamante desta ação, é concluso destacar
que por lei e por virtude do tempo que esteve em serviço para o Sr. Jair este tinha por
obrigação legal realizar a assinatura da sua Carteira de Trabalho e Previdência Social. De
modo que pudesse usufruir seus direitos a férias, décimo terceiro, FGTS, inerentes de todos os
trabalhadores.
Dessa forma, a relação empregatícia doméstica se configura em uma atividade
continua, subordinada, onerosa, pessoal, sem finalidade lucrativa para a família e por mais de
2 (dois) dias na semana, na medida que disciplina o artigo 1° da Lei Complementa 150 de
2015.

DO FGTS

Além dos direitos já mencionados, que faz jus o Requerente, a garantia constitucional
do trabalhador ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), disposto no inciso III, do
art. 7 da Constituição, foi, também, violado.
Assim, com a rescisão do contrato de trabalho sem justa causa, deverá, o Reclamado,
pagar a multa de 40% (quarenta por cento) sobre o valor total a ser depositado a título de
FGTS, de acordo com o parágrafo 1º do art. 18 da Lei 8.036/90, in verbis:

Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do


empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no
FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao
imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das
cominações legais.
§ 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará
este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do
montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do
contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros.

Diante da violação ao direito do Autor, requer a condenação do Reclamado para que efetue os
depósitos correspondentes desde (data de início) até (data da rescisão), com a devida correção
monetária, bem como a multa de 40% (quarenta por cento), tendo em vista a ausência de registro
do contrato de trabalho e a dispensa sem justa causa.
5 de 14
DOS REQUERIMENTOS E PEDIDOS

Em face do exposto, requer:

a) Primeiramente, o benefício da justiça gratuita, por ser o autor pobre no sentido legal,
incapaz de arcar com as custas e com as despesas processuais sem prejuízo do sustento
próprio e do da sua família, conforme declaração anexa.

b) A declaração da existência do vínculo empregatício com a anotação na CTPS, na


função de empregado doméstico;

c) O pagamento de um salário-mínimo mensal de todo o período trabalhado, dos


descansos semanais remunerados, dos feriados trabalhados, do aviso prévio e o pagamento do
FGTS não recolhido bem como a multa rescisória de 40%.

d) Aplicação da multa prevista no art. 477 da CLT;

e) Inscrição no INSS e o respectivo recolhimento e no PIS.

f) Ademais, requer a citação do reclamado para que compareça à audiência designada


e, querendo, apresente defesa, sob pena de aplicação da pena de confissão ficta.

g) O reclamante requer ainda que os demais pedidos sejam julgados totalmente


procedentes para que o réu seja condenado a pagar:

h) Honorários sucumbenciais no importe de 15%.

Igualmente o autor requer a colheita do depoimento pessoal das rés (ou de seus
prepostos), além da produção de prova testemunhal.

6 de 14
Nesta oportunidade, o advogado signatário declara, sob sua responsabilidade pessoal,
na forma do art. 830 da CLT, que os documentos anexos a esta petição inicial juntados em
cópia digital conferem com os originais apresentados pelo autor. Os originais estão
disponíveis para a juntada, caso esta seja determinada por Vossa Excelência.
Por fim, o autor requer que as intimações sejam feitas no nome da Beatriz Gonçalves
Ramos.
Dá à causa o valor de R$... (), apenas para fins de determinação do procedimento a ser
seguido.

De Contagem/MG para Itaúna/MG, 27 de fevereiro de 2024.

<Assinado eletronicamente>
P/p Beatriz Gonçalves Ramos (OAB/MG ...)

7 de 14

Você também pode gostar