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AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE ITAJAÍ-SC

RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, office boy, portador do CPF xxx.xxx.xxx-


xx, RG xxxxxxx, residente e domiciliado na Rua xxxxx, nº xxx, apartamento xxx,
bairro xxx, CEP xx.xxx-xxx, na cidade de xxx, com endereço eletrô nico: xxx,
representado por seus procuradores que esta subscreve, com endereço
profissional na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx, na cidade de xxx, CEP xx.xxx-xxx, com
endereço eletrô nico: xxxxx, onde recebe intimaçõ es e outros documentos judiciais
pertinentes, vem, mui respeitosamente perante Vossa Excelência, propor a
presente:
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, com
fulcro no art. 840, § 1º da CLT, em face de:
RECLAMADA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ nº
xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com endereço na Rua xxxxx, nº xxx, bairro xxx, na cidade de
xxx, CEP xx.xxx-xxx, pelos motivos de fato e de direito a seguir explanados:
I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Cumpre salientar que o Poder Judiciá rio é de livre acesso para qualquer cidadã o, e
diante da dificuldade financeira em que o Reclamante se encontra, o mesmo nã o
possui condiçõ es de arcar com as custas processuais e honorá rios advocatícios,
sem o prejuízo do pró prio sustento ou de sua família, requer a concessã o da Justiça
Gratuita a seu favor, com fulcro no art. 790, § 3º da CLT e art. 98 do CPC.
II – DOS FATOS
O Reclamante foi contratado na data de 07/12/2015, e posteriormente dispensado
verbalmente sem justa causa em 28/08/2019, sem ter cumprido o aviso prévio ou
sido indenizado.
Laborou como office boy para a Reclamada, percebendo um salá rio de R$ 1.285,00
reais por mês no ano de 2019.
Vale ressaltar que durante todo o período laborativo o Reclamante recebia ordens
apenas do cô njuge da Reclamada citada no preâ mbulo, com nome de xxxxx, na qual
seria seu verdadeiro empregador de acordo com a primazia da realidade.
Ocorre que, no dia 28/08/2018 durante o horá rio de trabalho, seu empregador foi
até ao seu encontro para tirar satisfaçõ es a respeito dos seus serviços.
Apó s isso, seu empregador o demitiu verbalmente sem justa causa, seguindo com
xingamentos de baixo calã o.
Ato contínuo, quando estava saindo do local, o reclamante foi violentamente
agredido com empurrõ es pelo preposto do empregador, que o derrubou com a
bicicleta na qual trabalhava; desta forma, o autor se viu obrigado a agir em legítima
defesa de sua integridade física e entrou em luta corporal com o preposto da ré.
A namorada do autor, que se encontrava pró ximo ao local, ao ver as agressõ es que
o mesmo estava sofrendo passou a filmar a ocorrência, fato que irritou ainda mais
o preposto da ré, que nã o gostando de estar sendo filmado, passou a agredir a
namorada do autor com socos, um dos quais a atingiu no rosto e lhe causou lesõ es
físicas na face.
Logo apó s todo o ocorrido, o Reclamante acionou a polícia militar, registrando o
devido Boletim de Ocorrência contra seu empregador, conforme segue em anexo.
Portanto, apó s sua demissã o, nã o lhe foram pagas as devidas verbas rescisó rias,
tampouco, dado baixa em sua CTPS, conforme dispõ e a legislaçã o trabalhista.
Por fim, propor a presente reclamaçã o trabalhista é o meio necessá rio e mais
seguro para o Reclamante pleitear a baixa em sua CTPS e as demais verbas
rescisó rias.
III – DO DIREITO
3.1 – DA BAIXA NA CTPS
Conforme exposto nos fatos, o Reclamante foi contratado para trabalhar como
office boy entre 07/12/2015 e 28/08/2019, sem ter sido dado baixa em sua CTPS
apó s sua demissã o.
Ocorre que, apó s a dispensa verbal e em decorrência da situaçã o de violência em
que passou, o Reclamante nã o teve mais contato com seu empregador para dar a
devida baixa em sua CTPS, o que seria um comportamento no mínimo esperado
diante do iminente risco à sua integridade física.
Em razã o disso, conforme dispõ e a OJ-SBDI 82 “a data de saída a ser anotada na
CTPS deve corresponder à do termino do prazo do aviso prévio, ainda que
indenizado”, ou seja, apó s 39 dias contados a partir de 28/08/2019, data em que
foi demitido, acrescidos mais 09 dias de aviso prévio referentes aos anos de 2016,
2017 e 2018.
Diante do exposto, requer seja a Reclamada compelida a realizar a devida baixa na
CTPS do Reclamante com data de 06/10/2019.
3.2 - DAS GUIAS DO SEGURO DESEMPREGO
O seguro desemprego é um direito constitucional garantido a todo trabalhador
formal dispensado sem justa causa que atingiu o tempo de serviço necessá rio.
Contrariando o dispositivo legal, a Reclamada deixou de liberar as guias do seguro
desemprego quando demitiu injustamente o Reclamante.
Sendo assim, conforme expõ e a Sú mula 389 do TST, a Reclamada possui o dever de
regularizar a situaçã o do Reclamante perante o programa de seguro desemprego,
sob pena de arcar com o pagamento das parcelas devidas.
Dessa forma, requer seja a Reclamada compelida a realizar a liberaçã o das guias do
seguro desemprego, ou havendo recusa, seja condenada ao pagamento de uma
indenizaçã o no respectivo valor.
3.3 – DO SALDO DE SALÁRIO
No mês de agosto/2019, o Reclamante trabalhou até o dia 28 do respectivo mês,
sendo dispensado sem justa causa e nada recebendo a título de saldo de salá rio.
Ocorre que, de acordo com o art. 4º da CLT, o Reclamante faz jus ao pagamento do
salá rio proporcional pelo tempo de serviço efetivo em que esteve à disposiçã o de
seu empregador.
Portanto, nada mais justo seria o Reclamante receber pelos seus dias trabalhados
antes de sua dispensa imotivada, consolidando direito adquirido ao seu patrimô nio
jurídico.
Dessa forma, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento do saldo de salá rio
referente a 28 dias do mês de agosto, no valor de R$ 1.200,00.
3.4 – DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
O Reclamante foi dispensado sem justa causa na data de 28/08/2019, sem ter
recebido o aviso prévio ou sido indenizado.
Ocorre que, de acordo com o disposto no art. 487, § 1º da CLT, a nã o concessã o do
aviso prévio por parte do empregador ainda gera o direito aos salá rios
correspondentes ao respectivo período, na qual integra ao seu tempo de serviço
para todos os fins legais.
Portanto, o Reclamante faz jus ao recebimento de 39 dias de aviso prévio
indenizado, acrescentando 03 dias referentes a cada ano de serviço prestado
(2016, 2017 e 2018), conforme o dispositivo legal acima exposto.
Ante o exposto, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de 39 dias de
aviso prévio no valor de R$ 1.670,00, bem como, o seu reflexo no 13º salá rio e nas
férias.
3.5 - DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL
O Reclamante nã o recebeu as verbas relativas ao seu 13º salá rio proporcional
referente ao ano de 2019 em que trabalhou para a Reclamada.
Contudo, conforme expõ e o art. 7º, VII da CRFB/88, todo trabalhador urbano e
rural tem direito ao recebimento do 13º salá rio com base na sua remuneraçã o
integral.
Dessa forma, de acordo com o dispositivo legal acima exposto, é notó rio visar que o
Reclamante faz jus ao recebimento do 13º salá rio proporcional ao período
laborativo de 2019.
Dessa forma, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de 9/12 do 13º
salá rio proporcional no valor de R$ 963,00.
3.6 - DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3
Apó s sua demissã o, o Reclamante também nã o recebeu as suas férias
proporcionais ao período trabalhado no de 2019.
No entanto, conforme dispõ e o art. 7º, XVII da CRFB/88 e art. 146, pará grafo ú nico
da CLT, o empregado terá direito a remuneraçã o das férias proporcionais
adquiridas com acréscimo de 1/3 constitucional do salá rio normal.
Desse modo, o Reclamante faz jus a remuneraçã o das férias proporcionais com o
adicional de 1/3 constitucional referentes ao ano de 2019 em que trabalhou para a
Reclamada.
Ante o exposto, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento das férias
proporcionais acrescidas de 1/3 constitucional no valor de R$ 1.281,00.
3.7 – DA MULTA DE 40%
De acordo com os fatos narrados, o Reclamante foi dispensado injustamente, e no
presente caso, a Reclamada nã o realizou o pagamento da multa de 40% durante o
período laborativo do empregado.
Contudo, em razã o da rescisã o injusta do contrato de trabalho por parte da
Reclamada, deverá ser paga uma multa de 40% sobre o valor total a ser depositado
a título de FGTS, conforme dispõ e o art. 18, § 1º da Lei nº 8.036 /90 c/c art. 7, I da
CRFB/88.
No entanto, é mister ressaltar que nã o houve o referido pagamento ao Reclamante.
Dessa forma, requer a condenaçã o da Reclamada a indenizaçã o de uma multa de
40% correspondente no valor de R$ 1.850,00.
3.8 – DA MULTA DO ART. 467 DA CLT
Em razã o da rescisã o do contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o
montante das verbas rescisó rias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador,
à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas
verbas, sob pena de pagá -las acrescidas de cinquenta por cento, conforme
preceitua o art. 467 da CLT.
O objetivo de tal dispositivo é obrigar o empregador a realizar o pagamento da
parcela incontroversa das verbas rescisó rias, a fim de nã o permitir que sejam
inseridas como verbas incontroversas aquelas nã o discutidas ou nã o contestadas,
com o intuito de postergar o pagamento e até mesmo punir o Reclamante.
Dessa forma, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de todas as verbas
incontroversas em primeira audiência, sob pena de serem acrescidas em multa de
50%, conforme dispõ e o art. 467 da CLT.
3.9 – DA MULTA DO ART. 477, § 8º DA CLT
Apó s sua dispensa imotivada, o Reclamante jamais recebeu suas verbas rescisó rias.
Ocorre que, de acordo com o art. 477, § 6º e 8º da CLT, a Reclamada nã o respeitou
o prazo de 10 (dez) dias a contar do término do contrato de trabalho para efetuar o
pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisã o, bem como, ao
pagamento da multa em favor do Reclamante no valor de 1 (um) mês de salá rio
devidamente corrigido.
Dessa forma, observa-se que a Reclamada nã o cumpriu com seus encargos
trabalhistas no prazo legal, contrariando claramente o que consta na respeitosa
Consolidaçã o das Leis do Trabalho.
Ante o exposto, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de uma multa
equivalente a um mês de salá rio revertida em favor do Reclamante, no valor de R$
1.285,00.
4.0 – DO DANO MORAL
De acordo com o art. 114, VI, da Carta Magna, a Justiça do Trabalho também é
competente para julgar as açõ es com pedido de indenizaçã o por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relaçã o de trabalho.
O dano moral caracteriza-se como a ofensa ou violaçã o dos bens de ordem moral
de uma pessoa, tais sejam o que se referem à sua liberdade, à sua honra, à sua
saú de (mental ou física), à sua imagem.
No caso em tela, é possível perceber facilmente a caracterizaçã o do dano moral
quando seu empregador proferiu uma série de ofensas, atingindo sua dignidade e
honra com palavras de baixo calã o e também sua integridade física apó s o agredir,
conforme relata o Boletim de Ocorrência em anexo.
Como pode ser notado de acordo com os fatos expostos, os eventos que ensejaram
a presente reclamaçã o trabalhista foram mais do que suficientes para abalar
psicologicamente o Reclamante. Nota-se que, através desse evento traumatizante o
Reclamante se sentiu extremamente desvalorizado pelo seu trabalho, na qual
sempre buscou exercer seus serviços com a devida dedicaçã o e honestidade em
todo tempo que trabalhou para a Reclamada.
No entanto, Excelência, sua recompensa foram as atitudes desrespeitosas e
também inaceitá veis por parte do seu empregador.
Destarte, como se pode notar, houve claramente um total desrespeito à integridade
física do Reclamante, bem como a sua imagem e dignidade, haja vista uma série de
ofensas proferidas à sua pessoa.
Nesse sentido, o obreiro clama pela condenaçã o da Reclamada ao pagamento de
uma indenizaçã o à título de danos morais, com base nos fatos narrados.
Dessa forma, requer a condenaçã o da Reclamada ao pagamento de uma
indenizaçã o à título de danos morais no valor de R$30.000,00.
IV – DOS PEDIDOS
Assim, diante do exposto, vem mui respeitosamente à presença de V. Exa. para
requerer:
a) Preliminarmente seja deferido o benefício da Assistência Judiciá ria Gratuita,
pelo fato de o Reclamante nã o possuir condiçõ es de custear o pró prio processo,
sem prejuízo do pró prio sustendo ou de sua família;
b) Citaçã o da Reclamada para querendo, na audiência que Vossa Excelência
designar, apresentar defesa, sob pena de revelia e confissã o e ao final ver-se
condenada ao pagamento das verbas reclamadas e demais cominaçõ es legais;
c) Requer seja a Reclamada compelida a realizar a devida baixa na CTPS do
Reclamante, com data de 06/10/2019, bem como, a liberaçã o das guias do seguro
desemprego;
d) A entrega da guia destinada ao FGTS, sob pena de pagamento de indenizaçã o do
valor correspondente;
e) A entrega da guia CD destinada ao seguro desemprego, sob pena de pagamento
de indenizaçã o no valor correspondente;
f) Condenaçã o da Reclamada ao pagamento dos seguintes pedidos:
f1) Saldo de salá rio no valor de R$ 1.200,00, referentes aos 28 dias trabalhados do
mês de agosto/2019;
f2) Aviso prévio no valor de R$ 1.670,00;
f3) 9/12 de 13º salá rio proporcional no valor de R$ 963,00;
f4) 8/12 de Férias proporcionais acrescidas de 1/3 constitucional no valor de R$
1.281,00;
f5) Multa de 40% do FGTS no valor de R$ 1.850,00;
f6) Multa do art. 477 da CLT referente a 1 (um) mês de salá rio revertida em favor
do Reclamante, no valor de R$ 1.285,00;
f7) Pagamento de uma indenizaçã o à título de danos morais no valor de R$
30.000,00;
g) A produçã o por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente
documental, testemunhal e pericial;
h) O pagamento de todas as verbas incontroversas em primeira audiência, sob
pena de serem acrescidas da multa de 50%, conforme dispõ e o art. 467 da CLT;
i) Condenaçã o da Reclamada ao pagamento das custas e honorá rios advocatícios
fixados em 15% sobre o valor da condenaçã o, conforme dispõ e o art. 791-A da CLT,
no valor de R$ 5.737,35;
j) Ao final, julgar TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Reclamaçã o, para que se
faça a costumeira Justiça!
Dá -se à causa o valor de R$ 43.986,35.
Nestes termos, pede deferimento.
Cidade, 00 de xxx de 0000.
Guilherme Nascimento Neto
OAB/SC 57154

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