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AO DOUTOR JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE RECIFE

RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do CPF


025.695.894-58 e do RG n°6.258.695 (SSP/PE), portador da CTPS 025894574,
PIS/PASEP n°256.55459.2554, residente e domiciliado na Rua Verde, nº.50,
Bairro: Cordeiro, Recife-Pernambuco, CEP 52.659-898, por sua advogada
abaixo assinado, com escritório no endereço: Rua marechal ribeiro, 569,
Iputinga, Recife-PE, onde recebe todas as notificações e citações sob pena de
nulidade, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro
no art. 840 da CLT c/c 300 do CPC, ajuizar a presente

AÇÃO DE RESCISÃO INDIRETA C/C TUTELA DE URGÊNCIA- LIMINAR


pelo rito, em face de RECLAMADA, pessoa jurídica de direito PRIVADA inscrita
no CNPJ sob o n° 54.659.586/0001-89, estabelecida e sediada no endereço:
Rua: Ribeiro de Brito, 345, Recife – Pernambuco, CEP 54.698-987, pelos fatos
e fundamentos que passa a expor:

DOS FATOS
O Sr. Lauro Oliveira foi contratado em 01/07/2017 para laborar como
Supervisor de vendas para a Reclamada, percebendo um salário R$ 2.640,00
por mês, com jornada semanal (50H/semanais) de segunda a sábado, mas,
que em momento algum sua contratação foi registrada em sua CTPS, bem
como teve gozo de férias, ainda sem inscrição em seu INSS nem recebimento
de seu FGTS.
Durante todo o período trabalhado, o supervisor não teve sua CTPS anotada
pela Reclamada, ao passar dos tempos via seus direitos a férias e decimo
terceiro não serem suprimidos, quando tentou por meio do RH e solicitou sua
CTPS, foi que constatou o fato, além de ter inclusive sua CTPS recolhida
durante todo seu período de trabalho.
Ocorre que, após a sua contratação nunca foi realizado a entrada na CTPS,
nem tampouco devolvido, seus direitos trabalhistas todos foram negados e
nenhum concedido desrespeitando o prazo legal e o que manda a legislação
trabalhista.
Por fim, após aguardar e tentar a solução amigavelmente, lhe foi dito para que
busque seus direitos, sendo assim, ressalta-se, SEM LOGRAR ÊXITO, não lhe
restou outra opção, senão propor a presente reclamação trabalhista, como
meio necessário a pleitear o reconhecimento por meio de sentença, da
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO, consequentemente,
as devidas anotações na CTPS com a entrada e baixa, bem como a devolução
de sua CTPS, que se encontra retida, ilegalmente, junto a reclamada
absurdamente desde o dia 01 de julho de 2017.
DO ÔNUS DA PROVA
A contemporânea teoria do processo qualifica-o como um meio de efetivação
dos direitos fundamentais. É, portanto, um meio e não um fim em si mesmo, de
maneira que as previsões processuais podem ser mitigadas e alteradas para a
concretização dos referidos direitos fundamentais.
Em relação ao Direito Processual do Trabalho, ressalte-se que conforme
possível inferir do “caput” do art. 2º, da CLT, o empregador detém o poder
diretivo na relação empregatícia, o qual pode ser conceituado como a
prerrogativa de dirigir, regular, fiscalizar e disciplinar a prestação de serviços
dos seus empregados. Encontra-se, portanto, em melhores condições para a
produção de provas.
Requer, portanto, diante da ascendência do empregador, a inversão do ônus da
prova em relação às afirmativas da parte reclamante, mormente considerando
os motivos da rescisão indireta, obrigando as reclamadas à produção
probatória dos fatos contestados.

DA RESCISÃO INDIRETA
A rescisão indireta é direito do empregado sempre que diante das
circunstâncias legais previstas na CLT:
Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a
devida indenização quando:
[...]
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
[...]
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
(Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965).
Na ação em análise, resta evidenciada a adequação do caso ao
dispositivo em destaque. Primeiramente, cite-se o descumprimento impetrado
pela Reclamada quando da negativa de efetuar o pagamento do décimo
terceiro e das férias do supervisor infringindo direitos fundamentais do
trabalhador previstos na CRFB/88, cap. II - DOS DIREITOS SOCIAIS – no art.
7° respectivamente nos incisos VIII e XVII, verbas essas, que foram
suprimidas, durante todo o pacto laboral, deixando aquele jogado à própria
sorte.
Ademais, há de se repisar que a Reclamada infringiu também o art. 15 da Lei
8036/90 ao não realizar de forma regular e tempestiva os depósitos de FGTS
deixando de recolher um total de 72 parcelas, sendo isso mais um motivo para
o deferimento do pedido de Rescisão Indireta.
Assim, como se pôde observar, inconteste é a impossibilidade de manutenção
do contrato de trabalho. O Reclamante, como sempre fez, cumpria com as
suas funções de forma profissional, pontual, dedicada. A Reclamada, por sua
vez, recusa-se a garantir os mais básicos direitos inerentes ao contrato de
trabalho, restando comprovado que seu empregador não cumpre suas
obrigações contratuais fazendo surgir o direito a RESCISÃO INDIRETA DO
CONTRATO DE TRABALHO de acordo com o dispositivo legal supracitado e
conforme os fundamentos que passa a expor:

DAS FÉRIAS
O reclamante relata que nunca gozou o descanso, muito menos recebeu os
valores referentes às férias durante todo o pacto laboral, sentindo-se lesado,
decidiu, neste momento buscar o respaldo jurídico para obter seu direito.
Nesse sentido, o art. 130 da CLT dispõe que o reclamante tem direito a um
período de férias correspondente a cada doze meses trabalhados, já o art. 137
da CLT dispõe que as férias que não forem gozadas ou pagas dentro do
período concessivo, previsto no art. 134 da CLT, serão pagas em dobro sobre o
valor da respectiva remuneração.
Como é de notório conhecimento jurídico, no caso de cessação do contrato
laboral, o empregado, dependendo da modalidade de rescisão contratual,
qualquer que seja a causa, perceberá proporcionalmente os valores inerentes
as suas férias, vejamos:
Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa,
será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o
caso, correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses
de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa,
terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo
com o art. 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou
fração superior a 14 (quatorze) dias.
Sendo assim, em virtude da rescisão indireta do contrato de trabalho, são
devidos os valores inerentes aos períodos de férias adquiridos, por parte do ora
reclamado, pelos períodos de 2017 a 2023, estas vencidas e em dobro.

DA FALTA DE RECOLHIMENTO DOS DEPOSITOS NO FGTS E DA MULTA


DOS 40%
Ademais, o ora supervisor, ao ter acesso aos extratos de sua conta de fundo de
garantia do tempo de serviço – FGTS, constatou que, a Reclamada não
promoveu os recolhimentos corretamente, não sendo o mesmo nem inscrito no
INSS, não ocorrendo nenhum dos depósitos efetuados.
Por outro lado, é necessário ressaltar que, o ato comprovadamente praticado
pela empresa reclamada é um ilícito penal, onde o ora reclamado cometeu um
abuso ilegal, apropriando-se indevidamente dos valores de propriedade do
supervisor tipificado no código penal, em seu art. 168-A, e que para coibir tal
pratica, prevê uma pena de 05 anos de Reclusão do administrador da empresa,
vejamos:
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas
dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Desta forma, em virtude ausência de recolhimento dos valores pela reclamada,
bem como, das faltas graves por essa cometida, como por exemplo nítido o
presente objeto, requer o reclamante a condenação da empresa reclamada, ao
pagamento dos valores ausentes de pagamento do FGTS, no montante de R$
15.265,89 corrigido monetariamente.
Por outro lado, é necessário ressaltar novamente que, o supervisor teve seu
contrato de trabalho interrompido de maneira indireta, sendo que nesta
modalidade, são devidas as penalidades sobre o valor depositado sobre o
referido fundo, não inferiores a 40% (quarenta por cento), como determina o §
1º do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, vejamos:
Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador,
ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os
valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao
imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das
cominações legais.
§ 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará
este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta
por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada
durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e
acrescidos dos respectivos juros.
Sendo assim, requer que o ora reclamado seja condenado a realizar o
pagamento referente as diferenças dos depósitos do FGTS do reclamante,
corrigidos com juros, além da multa de 40% do FGTS, por motivo da rescisão
do contrato de trabalho sem justa causa, o qual chegam aos valores de no
mínimo R$ 6.106,36 c/ multa do art. 467 da CLT- R$ 2.598,23;

DO AVISO PRÉVIO
Adiante, graças a rescisão do contrato de trabalho ter ocorrido pela via indireta,
como será declarado por vossa excelência, far-se-á direito do empregado a
indenização inerente ao período de aviso prévio pela ruptura contratual.
Isso porque, o supervisor já realizava suas atividades a mais de 2 anos em prol
da presente reclamada, tempo esse suficiente para garantir ao trabalhador a
indenização pela rescisão do seu vínculo empregatício proporcional a 30 dias
de acordo com o art. 1° e § 1° da Lei 12.506/11com a projeção para o término
em 18/12/2023 para fins de cálculos trabalhistas e previdenciários.
Como determina o art. 487, § 4º da CLT, é devido ao empregado o aviso prévio
respectivo em caso de rescisão indireta do vínculo empregatício, vejamos:
Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência
mínima de:
[...]
§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta
[...]
Pois bem, como já se demonstra amplamente clara a falta grave cometida pela
ora reclamada, o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho
faz-se necessário, e consequentemente a condenação da reclamada ao
pagamento do aviso prévio proporcional ao período trabalhado pelo supervisor.
Sendo assim, requer o reclamante o reconhecimento da rescisão indireta do
contrato de trabalho, com base na mora demonstrada, com a consequente
condenação do reclamado ao pagamento do seu aviso prévio indenizado não
inferior ao valor de R$ 2.658,69 c/ multa do art. 467 da CLT- R$ 1.320,00.

DA TUTELA DE URGÊNCIA EM CARATÉR ANTECIPADO – DA LIBERAÇÃO


DO FGTS E SEGURO DESEMPREGO.
Pois bem, como podemos observar no curso da exordial, diversos direitos
trabalhistas do supervisor foram lesionados, suprimidos e agredidos, fato esse
em que, não restou opção ao trabalhador senão rescindir o vínculo
empregatício de maneira abrupta e indireta amparado pelo art.483, d e § 3° da
CLT, resguardando-lhe o direito a Rescisão indireta e consequente verbas
rescisórias.
Entretanto, até o presente momento, a reclamada opta por não reconhecer
suas falhas e realizar o pagamento das verbas rescisórias a quem de direito,
ocasionando assim um sério dano ao obreiro e aos seus descendentes, pois
todo o sustento seu e de sua família restou comprometido.
Nestes casos, o código de processo civil, aplicado subsidiariamente ao
processo trabalhista, pela inteligência do art. 769 da CLT, prevê que:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
[...]
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
[...]
Isto posto, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza conduta
irreversível, não conferindo nenhum dano ao Reclamado, sendo devida a
concessão da tutela de urgência aqui pleiteada, visto que no transcurso da
presente, nota-se mais do que evidente o preenchimento dos dois requisitos
necessários para a concessão da tutela de urgência, o fumus boni iuris e o
periculum in mora.
Tal alegação lastreasse nas seguintes afirmativas: o fumus boni iuris, ou a
fumaça do bom direito, é nítida, cristalina, ao momento que, pelas provas
documentais e extratos de FGTS do reclamante trazido à baila processual, fica
nítida a ausência de pagamento das obrigações contratuais da empresa
perante obreiro, ocasionando assim uma ruptura contratual indireta pelo
empregador, como prevê o art. 483 da CLT.
Já o periculum in mora é evidente, graças a negativa da empresa em efetuar os
devidos pagamentos das verbas rescisórias, e consequentemente a ausência
de disponibilidade financeira do proventos salariais mensais do supervisor,
ocasionando assim, um déficit na sua renda, e consequentemente a
impossibilidade de promoção do seu próprio sustento e de seus familiares,
gerando-se assim uma séria lesão, principalmente, a garantias constitucionais
do princípio de preservação da dignidade da pessoa humana.
Pois bem, tendo em vista que os requisitos inerentes a concessão da tutela de
urgência em caráter antecipado estão todos atendidos, nada mais justo que,
em virtude da ruptura contratual ter ocorrido por culpa do empregador e pelos
fatos e direitos lesionados aqui já demonstrados, faz-se necessário que vossa
excelência digne-se a promover autorização para concessão da RESCISÃO
INDIRETA, e consequente levantamento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e habilitação do obreiro ao programa do Seguro Desemprego.
Ademais, a garantia de saque dos valores já depositados na sua conta do
FGTS é um direito garantido ao trabalhador, isso porque, conforme consta no
rol de possibilidades de movimentação do referido fundo, em seu art. 20 da Lei
8.036/1990, prevê que em caso de desligamento obreiro sem justa causa, ou
de maneira indireta, poderá ocorrer a movimentação do referido fundo:
Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser movimentada
nas seguintes situações:
I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa recíproca e de
força maior;
[...]
Assim sendo, como podemos observar, o caso em epígrafe é uma das
possibilidades previstas de movimentação do rol taxativo do dispositivo legal
supramencionado, fato esse que, por si só, dá total garantia e direito ao
trabalhador sobre os valores ali depositados.
Infelizmente, como já dito alhures e até mesmo no presente pleito, o contrato
de trabalho do autor vigente a mais de 2 anos, fora interrompido abruptamente
pelas faltas graves cometidas pelo seu empregador.
Todavia, o legislador previdenciário ao elaborar a lei nº 7.998, de 11 de janeiro
de 1990, que instituía o Programa de Seguro Desemprego, Abono Salarial e
Fundo de Amparo ao Trabalhador, prevendo a possibilidade de rescisões
indiretas por faltas graves dos empregadores, instituiu em seu art. 2º que:
Art. 2º O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:
I - prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em
virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador
comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição
análoga à de escravo;
Ou seja, como podemos extrair da inteligência do dispositivo legal
supramencionado, aqueles trabalhadores que encontrarem-se desempregados,
em virtude de dispensa sem justa causa e/ou pela via INDIRETA, poderão
perceber tal auxílio.
Assim, requer que seja expedido o devido alvará judicial, nos termos do art.
300 do CPC aplicado subsidiariamente por força do art. 769 da CLT,
reconhecendo liminarmente a RESCISÃO INDIRETA, bem como a certidão
narrativa, para que o Reclamante possa sacar seu FGTS e liberação das guias
para que o mesmo possa habilitar-se no programa do Seguro Desemprego,
bem como seja imediatamente anotada e consequentemente liberada a CTPS
do Reclamante, sob pena de multa diária.

DO SEGURO-DESEMPREGO
Em 2015, com o objetivo de cortar despesas e aumentar significativamente a
arrecadação mediante o cenário de recessão econômica, o Governo Federal
propôs novas regras do seguro-desemprego as quais se aplicam ao
Reclamante no presente caso, é fundamental que o obreiro:
1. Seja demitido sem justa causa;
2. Comprove vínculo empregatício por, no mínimo, seis meses para requerer
pela terceira vez, com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada;
3. Esteja configurado um intervalo de 16 meses entre a solicitação de um e
outro Seguro Desemprego;
4. Não estar usufruindo de nenhum tipo de auxílio-desemprego, exceto o
auxílio-acidente e a pensão por morte;
5. Não possuir nenhuma renda que seja capaz de sustentar a si e a sua família.
Desta forma, considerando que as atividades laborais tiveram início em
01/07/2017 e se findou em 18/12/2023, está plenamente configurado o direito
que o RECLAMANTE tem de receber 06 parcelas no valor de R$ 2560,00, por
06 meses para tanto se faz necessário a apresentação do TRCT (Termo de
Rescisão de Contrato de Trabalho) para que o Reclamante se dirija ao banco
credenciado para o recebimento das parcelas.
Considerando que Vossa excelência autorize a rescisão indireta por culpa
patronal, requer e faz jus o reclamante ao recebimento da guia do Seguro
Desemprego, que deverá ser liberada em primeira audiência, sob pena da
reclamada não o fazendo, que seja expedido Alvará de Levantamento pela
Secretaria da Vara, ou seja compelida a arcar com o valor indenizatório
correspondente as parcelas devidas no importe de R$ 15.360,00

DA RETENÇÃO DA CTPS E DO DANO MORAL (EXTRAPATRIMONIAL)


Por fim, no que tange à retenção da CTPS, atente-se que não foi entregue ao
supervisor o "Protocolo de entrega de documento" que confirma a entrega do
documento em 06/07/2023. Assim sendo, a conclusão é de que a empregadora
reteve a CTPS do empregado por lapso temporal superior ao prescrito em lei e,
ainda, manteve por todo o tempo que durou o contrato de trabalho, sem
anotações da contratação e de função:
Art. 29 - A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente
apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o
qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a
data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo
facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme
instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
Art. 53 da CLT - A empresa que receber Carteira de Trabalho e Previdência
Social para anotar e a retiver por mais de 48 (quarenta e oito) horas ficará
sujeita à multa de valor igual à metade do salário mínimo regional.
Portanto, a retenção da carteira de trabalho constitui ato ilícito do empregador,
que agiu com culpa e negligência ao não devolvê-la no prazo estabelecido por
lei.
É inegável que tal circunstância é capaz de gerar transtornos e sofrimento ao
empregado e, pois, passível de reparação por danos morais pelo abuso do
direito do empregador e quebra do princípio da boa-fé.
A CTPS é documento indispensável para que o empregado consiga um novo
emprego e, desse modo, efetivamente impede a recolocação do trabalhador no
mercado de trabalho, sendo obrigatória a sua apresentação para eventuais
contratações, servindo, inclusive, para demonstrar a vida profissional do
empregado, assim como para obter benefícios previdenciários.

Assim, a retenção da carteira de trabalho pelo empregador não constitui mero


aborrecimento, pois além de impedir a oportunidade de emprego, também
impede o acesso aos recursos que lhe são assegurados pela legislação para
garantir-lhe a subsistência mais imediata, como o FGTS e o seguro-
desemprego, valores os quais, muitas vezes são os mais expressivos da
rescisão contratual. Tais fatos geram prejuízos ao trabalhador e independem de
prova, sendo presumível o dano moral sofrido causador de lesão à dignidade
do trabalhador. Assim entendem os recentemente os Tribunais:

RETENÇÃO DA CTPS. DANOS MORAIS. A retenção indevida da CTPS é


capaz de gerar transtornos e sofrimento ao empregado, sendo passível de
reparação por danos morais pelo abuso do direito do empregador e quebra do
princípio da boa-fé. Recurso do Autor a que se dá parcial provimento para fixar
a indenização por danos morais no valor de R$5.000,00.
(TRT-1 - RO: 01011966420175010551 RJ, Relator: GISELLE BONDIM LOPES
RIBEIRO, Data de Julgamento: 09/12/2020, Sétima Turma, Data de
Publicação: 09/01/2021)
Desta forma, requer a Vossa Excelência que arbitre valor digno a condenação,
capaz de efetivamente ressarcir o Autor pelos danos morais sofridos, nos
termos do que estabelece o artigo 223-G da CLT, capaz de reparar a vítima
pelo dano sofrido e evitar que tais práticas voltem a ocorrer no ambiente de
trabalho, evitando indenizações pífias que, por vezes, até ofendem o atingido e
encorajam o ofensor a perpetrar as mesmas práticas.

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Ademais, tendo em vista que, ocorreu a necessidade da parte reclamante
buscar auxilio dessa casa de justiça especializada, para a obtenção do
pagamento das verbas rescisórias do supervisor, e para isso necessitou da
assessoria do ora profissional que redige essa peça, nada mais justo que, a
reclamada seja condenada ao pagamento de honorários sucumbências.
Isso porque, conforme a reforma trabalhista realizada pela Lei nº 13.467/2017,
em seu art. 791-A, prevê que:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
Ou seja, em caso de sucumbência da parte reclamada, a legislação trabalhista
pátria prevê a condenação também em honorários para o patrono da parte
reclamante, e vice-versa, entre o montante de 5 a 15 por cento da condenação
liquida.

Sendo assim, requer o ora reclamante que, tendo em vista o transtorno


ocasionado pela empresa reclamada, esta seja condenada ao pagamento de
honorários advocatícios no montante de 15% do valor da condenação.

DOS REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, requer:


1. a concessão da tutela antecipada em caráter liminar nos termos do art. 300
do CPC aplicado subsidiariamente por força do art. 769 da CLT, reconhecendo
liminarmente a RESCISÃO INDIRETA de acordo com o art. 483, d da CLT, bem
como seja imediatamente anotada e liberada a CTPS do Reclamante, sob pena
de multa diária, além de que sejam efetuados os recolhimentos de parcelas
suprimidas indevidamente do FGTS do obreiro e sua posterior liberação por
conta da rescisão do contrato de trabalho;
2. que seja determinado ao Reclamado a exibição de documentos de
comprovação da pontualidade dos pagamentos de férias, decimo terceiro e dos
depósitos de FGTS à composição das provas necessárias a esta demanda;
3. a citação da Reclamada para responder a presente ação, querendo, sob
pena de revelia e confissão quanto a matéria de fato;
4. a produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a
documental, testemunhal e pericial se essa for necessária, com a inversão do
ônus da prova nos termos do Art. 818, § 1º da CLT;

DOS PEDIDOS:
Em face dos fatos acima elencados, o RECLAMANTE postula a procedência
total da ação, com acolhimento dos pedidos abaixo:
· que seja declarada, liminarmente, a Rescisão indireta do contrato
de trabalho, com fulcro na alínea d e § 3° do artigo 483 da CLT - R$
inestimável; e
· se realize a baixa na CTPS com as devidas anotações
(atualização de função e remuneração) e sua devolução ao supervisor – R$
inestimável;
seja a RECLAMADA condenada ao pagamento das verbas
contratuais e rescisórias em audiência, quais sejam:
a) do aviso prévio indenizado R$ 2658,00 c/ multa do art. 467 da CLT- R$
1.320,00;

b) das férias vencidas em dobro, férias simples e proporcionais todas


acrescidas do 1/3 constitucional - R$ 12.800 c/ multa do art. 467 da CLT- R$
5.689,25;
c) do 13º salário retroativos em atraso e 13º proporcional - R$ 12.500,00 c/
multa do art. 467 da CLT- R$ 6.600,00;
d) do FGTS 8% - pagamento de todas as parcelas não recolhidas R$
35.172,00;
e) do FGTS – multa de 40% (quarenta por cento) – R$ 6.106,36 c/ multa do
art. 467 da CLT- R$ 2.598,23
Além disso, deverá comprovar nos autos os recolhimentos previdenciários
referentes a todas as verbas, o que se requer;
· Seja a RECLAMADA condenada ao pagamento da multa prevista
no art. 477 da CLT, pelo não pagamento das verbas do tempo legal – R$
16.265,89;
· Apresentar o TRCT (Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho)
devidamente preenchido e acompanhado das guias de seguro-desemprego ou
em sua falta ou recusa seja compelida a arcar com o valor indenizatório
correspondente as parcelas devidas - R$ 5.698,23
· A arcar com o pagamento dos valores correspondentes a IR e
INSS que serão descontados dos créditos deferidos ao Reclamante, visto que
deixou de adimplir as mesmas em tempo oportuno – R$ 15.698,12;
· Seja a RECLAMADA condenada ao pagamento de custas e
demais despesas processuais, inclusive em honorários advocatícios, estes
arbitrados em 15% (quinze por cento), a teor do Art. 791-A da CLT – R$
25.685,21;
· Seja a Ré condenada ao pagamento de indenização por danos
morais (extrapatrimoniais) em decorrência da retenção da CTPS do obreiro por
prazo além do autorizado por lei cuja, quantificação é encargo do Juízo, a luz
do que disciplina o artigo 223-G da CLT. R$ 15.000,00;

Requer ainda que:


· Seja a RECLAMADA condenada ao pagamento da atualização
monetária e juros de mora sobre os créditos deferidos o RECLAMANTE, na
forma estipulada em Lei – R$ a apurar;
· A notificação da RECLAMADA, nas pessoas de seus
representantes legais, para comparecerem em audiência e apresentarem
defesa, sob pena de revelia e confissão quanto a matéria de fato;

· A produção de todos os demais meios de prova em direito


admitidos, em especial a documental e testemunhal, e outras que forem
necessárias, além dos depoimentos pessoais dos representantes legais da
reclamada;
· Determinar, por fim, que as publicações, intimações e/ou
notificações se façam exclusivamente em nome dos advogados, sob pena de
nulidade.

Dá à causa o valor de R$ 144.691,29 para os efeitos de lei.

Nestes termos,

Pede e espera justo deferimento.

RECIFE, 09.11.2023

Advogada OAB/PE n°2555698

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