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DOS FATOS
O Sr. Lauro Oliveira foi contratado em 01/07/2017 para laborar como
Supervisor de vendas para a Reclamada, percebendo um salário R$ 2.640,00
por mês, com jornada semanal (50H/semanais) de segunda a sábado, mas,
que em momento algum sua contratação foi registrada em sua CTPS, bem
como teve gozo de férias, ainda sem inscrição em seu INSS nem recebimento
de seu FGTS.
Durante todo o período trabalhado, o supervisor não teve sua CTPS anotada
pela Reclamada, ao passar dos tempos via seus direitos a férias e decimo
terceiro não serem suprimidos, quando tentou por meio do RH e solicitou sua
CTPS, foi que constatou o fato, além de ter inclusive sua CTPS recolhida
durante todo seu período de trabalho.
Ocorre que, após a sua contratação nunca foi realizado a entrada na CTPS,
nem tampouco devolvido, seus direitos trabalhistas todos foram negados e
nenhum concedido desrespeitando o prazo legal e o que manda a legislação
trabalhista.
Por fim, após aguardar e tentar a solução amigavelmente, lhe foi dito para que
busque seus direitos, sendo assim, ressalta-se, SEM LOGRAR ÊXITO, não lhe
restou outra opção, senão propor a presente reclamação trabalhista, como
meio necessário a pleitear o reconhecimento por meio de sentença, da
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO, consequentemente,
as devidas anotações na CTPS com a entrada e baixa, bem como a devolução
de sua CTPS, que se encontra retida, ilegalmente, junto a reclamada
absurdamente desde o dia 01 de julho de 2017.
DO ÔNUS DA PROVA
A contemporânea teoria do processo qualifica-o como um meio de efetivação
dos direitos fundamentais. É, portanto, um meio e não um fim em si mesmo, de
maneira que as previsões processuais podem ser mitigadas e alteradas para a
concretização dos referidos direitos fundamentais.
Em relação ao Direito Processual do Trabalho, ressalte-se que conforme
possível inferir do “caput” do art. 2º, da CLT, o empregador detém o poder
diretivo na relação empregatícia, o qual pode ser conceituado como a
prerrogativa de dirigir, regular, fiscalizar e disciplinar a prestação de serviços
dos seus empregados. Encontra-se, portanto, em melhores condições para a
produção de provas.
Requer, portanto, diante da ascendência do empregador, a inversão do ônus da
prova em relação às afirmativas da parte reclamante, mormente considerando
os motivos da rescisão indireta, obrigando as reclamadas à produção
probatória dos fatos contestados.
DA RESCISÃO INDIRETA
A rescisão indireta é direito do empregado sempre que diante das
circunstâncias legais previstas na CLT:
Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a
devida indenização quando:
[...]
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
[...]
§ 3º - Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a
rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas
indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
(Incluído pela Lei nº 4.825, de 5.11.1965).
Na ação em análise, resta evidenciada a adequação do caso ao
dispositivo em destaque. Primeiramente, cite-se o descumprimento impetrado
pela Reclamada quando da negativa de efetuar o pagamento do décimo
terceiro e das férias do supervisor infringindo direitos fundamentais do
trabalhador previstos na CRFB/88, cap. II - DOS DIREITOS SOCIAIS – no art.
7° respectivamente nos incisos VIII e XVII, verbas essas, que foram
suprimidas, durante todo o pacto laboral, deixando aquele jogado à própria
sorte.
Ademais, há de se repisar que a Reclamada infringiu também o art. 15 da Lei
8036/90 ao não realizar de forma regular e tempestiva os depósitos de FGTS
deixando de recolher um total de 72 parcelas, sendo isso mais um motivo para
o deferimento do pedido de Rescisão Indireta.
Assim, como se pôde observar, inconteste é a impossibilidade de manutenção
do contrato de trabalho. O Reclamante, como sempre fez, cumpria com as
suas funções de forma profissional, pontual, dedicada. A Reclamada, por sua
vez, recusa-se a garantir os mais básicos direitos inerentes ao contrato de
trabalho, restando comprovado que seu empregador não cumpre suas
obrigações contratuais fazendo surgir o direito a RESCISÃO INDIRETA DO
CONTRATO DE TRABALHO de acordo com o dispositivo legal supracitado e
conforme os fundamentos que passa a expor:
DAS FÉRIAS
O reclamante relata que nunca gozou o descanso, muito menos recebeu os
valores referentes às férias durante todo o pacto laboral, sentindo-se lesado,
decidiu, neste momento buscar o respaldo jurídico para obter seu direito.
Nesse sentido, o art. 130 da CLT dispõe que o reclamante tem direito a um
período de férias correspondente a cada doze meses trabalhados, já o art. 137
da CLT dispõe que as férias que não forem gozadas ou pagas dentro do
período concessivo, previsto no art. 134 da CLT, serão pagas em dobro sobre o
valor da respectiva remuneração.
Como é de notório conhecimento jurídico, no caso de cessação do contrato
laboral, o empregado, dependendo da modalidade de rescisão contratual,
qualquer que seja a causa, perceberá proporcionalmente os valores inerentes
as suas férias, vejamos:
Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a sua causa,
será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o
caso, correspondente ao período de férias cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único - Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses
de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa,
terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo
com o art. 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou
fração superior a 14 (quatorze) dias.
Sendo assim, em virtude da rescisão indireta do contrato de trabalho, são
devidos os valores inerentes aos períodos de férias adquiridos, por parte do ora
reclamado, pelos períodos de 2017 a 2023, estas vencidas e em dobro.
DO AVISO PRÉVIO
Adiante, graças a rescisão do contrato de trabalho ter ocorrido pela via indireta,
como será declarado por vossa excelência, far-se-á direito do empregado a
indenização inerente ao período de aviso prévio pela ruptura contratual.
Isso porque, o supervisor já realizava suas atividades a mais de 2 anos em prol
da presente reclamada, tempo esse suficiente para garantir ao trabalhador a
indenização pela rescisão do seu vínculo empregatício proporcional a 30 dias
de acordo com o art. 1° e § 1° da Lei 12.506/11com a projeção para o término
em 18/12/2023 para fins de cálculos trabalhistas e previdenciários.
Como determina o art. 487, § 4º da CLT, é devido ao empregado o aviso prévio
respectivo em caso de rescisão indireta do vínculo empregatício, vejamos:
Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser
rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência
mínima de:
[...]
§ 4º - É devido o aviso prévio na despedida indireta
[...]
Pois bem, como já se demonstra amplamente clara a falta grave cometida pela
ora reclamada, o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho
faz-se necessário, e consequentemente a condenação da reclamada ao
pagamento do aviso prévio proporcional ao período trabalhado pelo supervisor.
Sendo assim, requer o reclamante o reconhecimento da rescisão indireta do
contrato de trabalho, com base na mora demonstrada, com a consequente
condenação do reclamado ao pagamento do seu aviso prévio indenizado não
inferior ao valor de R$ 2.658,69 c/ multa do art. 467 da CLT- R$ 1.320,00.
DO SEGURO-DESEMPREGO
Em 2015, com o objetivo de cortar despesas e aumentar significativamente a
arrecadação mediante o cenário de recessão econômica, o Governo Federal
propôs novas regras do seguro-desemprego as quais se aplicam ao
Reclamante no presente caso, é fundamental que o obreiro:
1. Seja demitido sem justa causa;
2. Comprove vínculo empregatício por, no mínimo, seis meses para requerer
pela terceira vez, com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada;
3. Esteja configurado um intervalo de 16 meses entre a solicitação de um e
outro Seguro Desemprego;
4. Não estar usufruindo de nenhum tipo de auxílio-desemprego, exceto o
auxílio-acidente e a pensão por morte;
5. Não possuir nenhuma renda que seja capaz de sustentar a si e a sua família.
Desta forma, considerando que as atividades laborais tiveram início em
01/07/2017 e se findou em 18/12/2023, está plenamente configurado o direito
que o RECLAMANTE tem de receber 06 parcelas no valor de R$ 2560,00, por
06 meses para tanto se faz necessário a apresentação do TRCT (Termo de
Rescisão de Contrato de Trabalho) para que o Reclamante se dirija ao banco
credenciado para o recebimento das parcelas.
Considerando que Vossa excelência autorize a rescisão indireta por culpa
patronal, requer e faz jus o reclamante ao recebimento da guia do Seguro
Desemprego, que deverá ser liberada em primeira audiência, sob pena da
reclamada não o fazendo, que seja expedido Alvará de Levantamento pela
Secretaria da Vara, ou seja compelida a arcar com o valor indenizatório
correspondente as parcelas devidas no importe de R$ 15.360,00
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Ademais, tendo em vista que, ocorreu a necessidade da parte reclamante
buscar auxilio dessa casa de justiça especializada, para a obtenção do
pagamento das verbas rescisórias do supervisor, e para isso necessitou da
assessoria do ora profissional que redige essa peça, nada mais justo que, a
reclamada seja condenada ao pagamento de honorários sucumbências.
Isso porque, conforme a reforma trabalhista realizada pela Lei nº 13.467/2017,
em seu art. 791-A, prevê que:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e
o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
Ou seja, em caso de sucumbência da parte reclamada, a legislação trabalhista
pátria prevê a condenação também em honorários para o patrono da parte
reclamante, e vice-versa, entre o montante de 5 a 15 por cento da condenação
liquida.
DOS REQUERIMENTOS
DOS PEDIDOS:
Em face dos fatos acima elencados, o RECLAMANTE postula a procedência
total da ação, com acolhimento dos pedidos abaixo:
· que seja declarada, liminarmente, a Rescisão indireta do contrato
de trabalho, com fulcro na alínea d e § 3° do artigo 483 da CLT - R$
inestimável; e
· se realize a baixa na CTPS com as devidas anotações
(atualização de função e remuneração) e sua devolução ao supervisor – R$
inestimável;
seja a RECLAMADA condenada ao pagamento das verbas
contratuais e rescisórias em audiência, quais sejam:
a) do aviso prévio indenizado R$ 2658,00 c/ multa do art. 467 da CLT- R$
1.320,00;
Nestes termos,
RECIFE, 09.11.2023