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ACÓRDÃO
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 1 de 9
Superior Tribunal de Justiça
MINISTRO RAUL ARAÚJO
Relator
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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 767.766 - SP (2015/0205987-4)
RELATÓRIO
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3) A fundamentação do acórdão é deficiente, pois "(...) assentou-se em meras
presunções, tendo reconhecido que não foram analisadas detidamente as provas carreadas
nos autos" (fl. 842).
Ao final, requer a reconsideração da decisão agravada ou, se mantida, seja o
presente feito levado a julgamento perante a eg. Quarta Turma.
Apresentada impugnação do agravo interno às fls. 889/974.
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 767.766 - SP (2015/0205987-4)
VOTO
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comportamento contraditório e violação da boa-fé objetiva pelas autoras, ora agravadas, tendo tal
alegação sido rechaçada pela Corte local com base nos seguintes fundamentos:
"Some-se a isso o fato de que a pretensão das recorridas, dirigida à
recuperação dos valores correspondentes ao "vale-pedágio", não deva
ser compreendida como violadora do dever de boa-fé objetiva, haja visto
que o dever ético que se impõe nas relações contratuais, não possa ser
erigido em pedestal inalcançável, sob pena de se impor ao contratante,
tido como prejudicado, a impossibilidade de obtenção da tutela
jurisdicional, o que, diga-se de passagem, não se pode admitir, por força
do dogmático princípio da inafastabilidade da jurisdição.
Não é demais lembrar, também, que o princípio da boa-fé objetiva exige
que o credor exerça comportamento dirigido a impedir o agravamento de
seu próprio prejuízo, sendo este, inclusive, o entendimento consagrado
pelo enunciado 169, da lil Jornada de Direito Civil promovida pelo
Conselho da Justiça Federal, que assim diz: "O princípio da boa-fé
objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio
prejuízo." (fl. 622, g.n.)
Dessa forma, afasta-se o óbice das Súmulas 282 e 356 do STF, no ponto, e passa-se
ao exame do mérito recursal.
A Lei 10.209/2001 instituiu o vale-pedágio obrigatório sobre o transporte
rodoviário de carga, dispondo, em seu art. 1°, § 1º, que "O pagamento de pedágio, por veículos de
carga, passa a ser de responsabilidade do embarcador".
Os §§ 2º e 3º do mesmo artigo consideram como embarcador o contratante do
transporte, seja ele proprietário originário da carga ou não, enquanto o art. 2º da Lei veda
expressamente que o valor do vale-pedágio integre o valor do frete.
Consoante dispõe o art. 3º e parágrafos da referida Lei, o embarcador deve
antecipar o valor do vale-pedágio obrigatório ao transportador nas hipóteses de transportador
autônomo ou de empresa comercial que realizar o transporte de forma exclusiva para um único
embarcador, sendo que, em caso de inadimplemento dessa obrigação legal, nos termos do art. 8º do
mesmo diploma, o embarcador deve pagar ao transportador indenização equivalente ao dobro do
valor do frete, comumente chamada de "dobra do frete":
Art. 8º Sem prejuízo do que estabelece o art. 5º, nas hipóteses de
infração ao disposto nesta Lei, o embarcador será obrigado a indenizar
o transportador em quantia equivalente a duas vezes o valor do frete.
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do dispositivo legal, in verbis:
"Na espécie, não verifico princípios constitucionais em conflito a
ensejarem a ponderação e a análise na dimensão do peso para se
integrar a norma com fundamento na proporcionalidade. Na dimensão da
validade, não há normas conflitantes aptas a afastarem a aplicabilidade
do dispositivo legal impugnado."
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manter a procedência da demanda, decidiu com base em meras presunções de que: (I) os veículos
utilizados pela agravada eram pertencentes à frota própria; e (II) a agravante não pagou os valores
referentes ao vale-pedágio. Alega que as provas carreadas aos autos não foram analisadas
corretamente, sendo necessário, portanto, reconhecer a ausência de fundamentação do acórdão, que
não expôs os motivos que formaram o convencimento dos julgadores.
Por sua vez, o eg. TJ-SP, ao analisar as provas constantes nos autos, concluiu que as
agravadas comprovaram adequadamente a propriedade dos veículos utilizados na realização do
frete, bem como afastou expressamente a ocorrência de violação ao princípio da boa-fé objetiva,
concluindo que as transportadoras comprovaram os valores devidos a título de vale-pedágio, e que,
por sua vez, a embarcadora não comprovou que houve o seu efetivo pagamento, de forma
destacada, como exige a Lei. É o que se extrai do seguinte trecho do acórdão recorrido:
"Some-se a isso o fato de que o reconhecimento da propriedade dos
veículos utilizados pelas recorridas, conforme afirmado pelo Juízo,
resultou do adequada enfrentamento dos elementos de cognição
encartados ao todo processado, elementos estes que, muito embora não
tenham contado com a mais aprofundada análise de seu conteúdo,
permitiu a adequada elucidação da questão como posta nos autos,
circunstância esta que, ao contrário do que tentou fazer crer a ora
inconformada, não conduz à conclusão de que a R. Sentença se apresente
como sendo nula, porque fiada em suposições não demonstradas, ou
mesmo porque proferida de maneira genérica, uma vez que o Juízo não
está adstrito ao fundamento jurídico aduzido pelas partes, podendo
embasar sua decisão em fundamento jurídico diverso, posto que ao. Juiz
incumbe solucionar a contenda segundo o direito aplicável à espécie, em
consonância com os brocardos "lura novit cúria" e "da mihi factum,
dabo tibi ius", daí porque, ao contrário do que sustenta a embargante,
inexistiu qualquer ofensa ao princípio evocado.
(...)
Superados tais aspectos, necessário frisar que resultou incontroverso nos
autos, o fato narrado na peça primeira, notadamente diante da
inexistência de elementos outros de provas, inclusive quanto à ocorrência
de fato modificativo, ou mesmo extintivo do direito evocado pelas autoras,
no sentido de lhes ser devidas as verbas correspondentes às despesas
despendidas com o custeio dos pedágios existentes no curso da malha
viária percorrida pelas autoras, ora recorridas.
Nesse sentido, como bem observou a D. Prolatora da R. Decisão
alvejada:
"As notas fiscais que instruem o presente feito relatam que houve o
pagamento do frete, mas não há qualquer referência aos valores
discutidos nesta demanda, mesmo porque as autoras trouxeram aos autos
notas fiscais anteriores à entrada em vigor da legislação referente à
questão dos autos e notas posteriores, não havendo qualquer modificação
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na forma que eram realizados os pagamentos, bem como alterações
circunstanciais nos valores dos fretes, de sorte a poderem presumir que o
valor dos vale-pedágios estivessem agregados aos valores dos fretes.
Ainda, as testemunhas ouvidas em juízo não comprovaram o efetivo
pagamento desses valores pela ré, sendo certo que a testemunha das
autoras afirmou não ser possível constatar o reembolso dos valores
através das notas fiscais apresentadas. Sendo assim, não havendo
nenhum documento comprobatório do reembolso dos vale-pedágios por
parte da ré, deve-se concluir que este não foi realizado.
(...)
Some-se a isso o fato de que a pretensão das recorridas, dirigida à
recuperação dos valores correspondentes ao "vale-pedágio", não deva
ser compreendida como violadora do dever de boa -fé objetiva, haja visto
que o dever ético que se impõe nas relações contratuais, não possa ser
erigido em pedestal inalcançável, sob pena de se impor ao contratante,
tido como prejudicado, a impossibilidade de obtenção da tutela
jurisdicional, o que, diga-se de passagem, não se pode admitir, por força
do dogmático princípio da inafastabilidade da jurisdição." (fls. 618/622,
g.n.)
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 13 de 9
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Nesse contexto, tendo o Tribunal a quo concluído que as transportadoras cumpriram
com seu ônus de provar os valores devidos, e que a agravante não comprovou o pagamento de tais
valores, na forma da lei, a modificação do entendimento lançado no v. acórdão recorrido, nos termos
em que pleiteada pela parte recorrente, demandaria o revolvimento de suporte fático-probatório dos
autos, o que é inviável em sede de recurso especial, a teor do que dispõe a Súmula 7 deste Pretório.
Nesse sentido:
"AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE
COBRANÇA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO
AO RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DO AUTOR.
1. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a contradição apta
a abrir a via dos embargos declaratórios é aquela interna ao julgado,
existente entre a fundamentação e a conclusão da decisão ou entre
premissas do próprio julgado. Precedentes.
2. Esta Corte Superior entende que não há como aferir eventual ofensa
ao art. 333 do CPC/73 (art. 373 do CPC/15) sem que se verifique o
conjunto probatório dos presentes autos. Incidência da Súmula 7.
3. O Tribunal a quo, depois de examinar o conteúdo do contrato firmado
entre as partes bem como a narrativa fática e as provas que instruem os
autos, concluiu por aplicar a estimativa prevista no instrumento
contratual para apuração do débito porquanto a recorrente não
apresentou provas suficientes para demonstrar a distância que
efetivamente teria percorrido. Alterar tal conclusão, encontra óbice nas
Súmulas 5 e 7 dessa Corte Superior.
4. Agravo interno desprovido."
(AgInt no AREsp 1.280.604/DF, Relator Ministro Marco Buzzi, Quarta
Turma, julgado em 21/10/2019, DJe de 23/10/2019, g.n.)
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7. Agravo interno não provido."
(AgInt no AREsp 1.923.159/SC, Relator Ministro Ricardo Villas Bôas
Cueva, Terceira Turma, julgado em 22/8/2022, DJe de 26/8/2022, g.n.)
Ainda que assim não fosse, referida tese não aproveitaria à agravante.
Isso, porque, em que pese esta Corte Superior, de fato, no julgamento do REsp
1.520.327/SP (Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe de 27/05/2016), citado nas
razões do agravo interno, tenha restringido a extensão da incidência da regra do art. 8º da Lei
10.209/2001, isso ocorreu antes do pronunciamento da eg. Suprema Corte acerca da
constitucionalidade de tal indenização.
Dessa forma, afastada a violação aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade
pelo STF, em controle concentrado de constitucionalidade, com eficácia erga omnes e efeito
vinculante, descabe considerar o argumento de exorbitância da multa legal, analisado de maneira
abstrata.
Resta, então, apenas proceder-se à liquidação para obtenção do correto valor devido,
quando será necessária a análise dos documentos juntados aos autos, demonstrativos dos valores
despendidos a título de pedágio, conferindo-se rigorosamente o montante custeado pelas agravadas
em cada frete realizado, como base de cálculo para o pagamento da multa legal.
Ante o exposto, nega-se provimento ao agravo interno.
É como voto.
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 16 de 9
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no
Número Registro: 2015/0205987-4 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 767.766 / SP
Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MARCELO ANTÔNIO MUSCOGLIATI
Secretária
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto do relator negando provimento ao agravo interno, PEDIU VISTA antecipada
o Ministro Marco Buzzi. Aguardam os demais.
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 17 de 9
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no
Número Registro: 2015/0205987-4 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 767.766 / SP
Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. PAULO EDUARDO BUENO
Secretária
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Quarta Turma, por unanimidade, acolheu requerimento de prorrogação de prazo de
pedido de vista, nos termos da solicitação do Sr. Ministro Marco Buzzi.
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 18 de 9
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no
Número Registro: 2015/0205987-4 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 767.766 / SP
Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. PAULO EDUARDO BUENO
Secretária
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Adiado o julgamento para a próxima sessão (13/12/2022, às 9h).
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 19 de 9
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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 767.766 - SP (2015/0205987-4)
VOTO-VISTA
Voto
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constitucionalidade do artigo 8º da Lei nº 10.209/01, o qual prevê penalidade
indenizatória “equivalente a duas vezes o valor do frete”, a ser paga pelo embarcador
que não adiantar ao transportador (empresa ou autônomo) o vale-pedágio obrigatório.
Eis a ementa do referido julgado:
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 24 de 9
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reembolso dos valores de vale-pedágio.
Defende que embora o acórdão "(...) tenha entendido pela
constitucionalidade da lei nº 10.209/2001, deixou de se manifestar sobre os efeitos da
sua aplicação, vicio esse que deve ser sanado" (fl. 632).
Efetivamente não há falar em negativa de prestação jurisdicional na espécie,
pois a despeito dos embargos de declaração terem sido rejeitados, o Tribunal de origem
indicou adequadamente os motivos que lhe formaram o convencimento, analisando de
forma clara, precisa e completa as questões relevantes do processo e solucionando a
controvérsia com a aplicação do direito que entendeu cabível à hipótese, tendo
expressamente se manifestado acerca da questão envolvendo a constitucionalidade da
referida lei e os efeitos dela decorrente, inclusive a sua aplicabilidade no tempo,
considerando a data da sua entrada em vigência.
Ademais, ainda que de maneira diversa da pretendida pela parte insurgente,
houve expressa manifestação pelo Tribunal de origem acerca do alegado
comportamento contraditório e supostamente violador da boa-fé objetiva pelas autoras,
tendo tal alegação sido rechaçada pela Corte local com base nos seguintes
fundamentos:
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 25 de 9
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deliberação monocrática considerou ausente o devido prequestionamento da
matéria, circunstância que não se evidencia na espécie, tanto que sequer é
reiterado tal óbice no voto proposto. Por tal razão, acerca da questão acolhe-se
em parte o agravo interno para, no ponto, negar provimento ao reclamo por
fundamentação diversa.
Assim, não há falar em negativa de prestação jurisdicional na espécie, pois a
circunstância de não terem sido acolhidas as teses da parte insurgente não caracteriza
vício no julgado, notadamente quando a pretensão da parte era notadamente infringente.
3. Ademais, inviável acolher a tese de que a Corte local teria mantido a
procedência da demanda com amparo em meras presunções, bem ainda de que as
provas colacionadas aos autos teriam sido mal analisadas, porquanto suficientemente
aptas a comprovar que a ré, ora agravante teria efetuado a antecipação do pagamento
dos valores referentes ao vale-pedágio.
Isso porque, o Tribunal de origem, com amparo no acervo fático-probatório
dos autos, concluiu que as autoras comprovaram o fato constitutivo do seu direito,
notadamente a propriedade dos veículos utilizados na realização do transporte sobre os
quais foi cobrado o pedágio, bem como de que os valores devidos a título de
antecipação do vale-pedágio não foram adimplidos, principalmente por não terem sido
realizados de forma destacada como prevê a lei de regência.
Confira-se, por oportuno, o seguinte trecho do acórdão objurgado:
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 26 de 9
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convencimento, conforme regra contida no art.131, do CPC, e que assim
dispõe: "O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e
circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas
partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o
convencimento".
(...)
Superada a questão prejudicial e, no que diz respeito ao mérito, é de se
dizer que o recurso como intentado pela recorrente não deva ser
merecedor de acolhimento por parte da Turma Julgadora, posto que os
limites definidos quando da prolação da. R.Sentença hostilizada, se
mostraram plenamente adequados à realidade estampada nos autos.
(...)
Superados tais aspectos, necessário frisar que resultou
incontroverso nos autos, o fato narrado na peça primeira,
notadamente diante da inexistência de elementos outros de
provas, inclusive quanto à ocorrência de fato modificativo, ou
mesmo extintivo do direito evocado pelas autoras, no sentido de
lhes ser devidas as verbas correspondentes às despesas
despendidas com o custeio dos pedágios existentes no curso da
malha viária percorrida pelas autoras, ora recorridas.
Nesse sentido, como bem observou a D. Prolatora da R. Decisão
alvejada:
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 27 de 9
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probatório (art. 333, II, do CPC/1973, atual art. 373, II, do CPC/2015), cabendo ao
embarcador a demonstração de que o vale-pedágio obrigatório foi entregue
antecipadamente ao transportador, no ato de cada embarque que lhe era exigível tal
obrigação." (REsp 1714568/GO, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA
TURMA, julgado em 08/09/2020, DJe 09/09/2020).
No mesmo sentido: AgInt nos EDcl no REsp n. 1.987.470/RS, relator Ministro
Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 15/8/2022, DJe de 26/8/2022 e AgInt nos EDcl
no AREsp n. 1.836.047/PR, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma,
julgado em 16/11/2021, DJe de 19/11/2021.
Na hipótese, tendo as instâncias ordinárias concluído que as transportadoras
cumpriram com o ônus de provar a propriedade dos veículos e os valores pagos a título
de pedágio e que a agravante, de sua vez, não comprovou o adimplemento de tais
valores, na forma da lei, a modificação do entendimento, nos termos em que pleiteado
pela parte recorrente, demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos,
providência vedada a esta Corte Superior ante o óbice da Súmula 7/STJ.
4. Por fim, relativamente ao pleito de redução equitatitiva da penalidade
"dobra do frete", verifica-se que tal não se mostra viável, nesse momento processual,
por implicar em violação a expressa disposição de lei.
Embora já tenha esta Corte Superior, ante a aplicação do princípio da
razoabilidade/proporcionalidade restringido a extensão da incidência da regra do art. 8º
da Lei n. 10.209/2001 no bojo do REsp nº 1.520.327/SP (Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, DJe 27/05/2016), citado nas razões do agravo interno,
verifica-se que tal julgamento se deu em momento anterior ao pronunciamento da
Suprema Corte acerca da constitucionalidade da indenização, motivo pelo qual, já tendo
sido afastada pelo STF a aventada violação aos princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, não prevalece o argumento de exorbitância da multa, dada a aplicação
literal, pelas instâncias ordinárias, do texto normativo constante do art. 8º da Lei
10.209/2001.
Ademais, por ora, não se tem como certo o valor a ser eventualmente
custeado pela parte insurgente pois, o quantitativo ainda é de ser apurado em sede de
liquidação, não sendo possível cogitar, abstratamente, violação aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.
Na etapa própria, será necessário proceder a uma análise completa dos
documentos considerados pela demandante como aptos a corroborar o ressarcimento
Documento: 2213499 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/02/2023 Página 28 de 9
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de valores despendidos a título de pedágio, bem como uma apuração rigorosa do
montante custeado em cada frete realizado. Não é dado a esta Corte Superior, de
antemão, com base em meras estimativas apresentadas, de forma unilateral, pela
recorrente, conjecturar acerca de eventual enriquecimento indevido ou
desproporcionalidade da indenização/penalidade frente ao objeto principal
(vale-pedágio).
Certamente, se após ultimada a etapa de liquidação, verificar-se que o valor
indenizatório sobeja, de maneira irrazoável, o quantum da obrigação principal, na sede
própria, poderá o Judiciário, se devidamente provocado, revisitar a alegação de
exorbitância.
5. Do exposto, acompanha-se o e. relator quanto aos fundamentos utilizados
em seu judicioso voto, porém diverge-se no tocante ao dispositivo do julgado para
acolher em parte o agravo interno, dado o efetivo prequestionamento da matéria atinente
aos arts. 113, 187 e 422 do CC, para manter, no ponto, a negativa de provimento ao
recurso especial por fundamentação diversa.
É como voto.
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AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 767.766 - SP (2015/0205987-4)
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AgInt no
Número Registro: 2015/0205987-4 PROCESSO ELETRÔNICO AREsp 767.766 / SP
Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ELIANE DE ALBUQUERQUE OLIVEIRA RECENA
Secretária
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO
ADVOGADOS : ALDE DA COSTA SANTOS JÚNIOR - DF007447
TOMAZ DE OLIVEIRA TAVARES DE LYRA - SP311210
DENIS KALLER ROTHSTEIN E OUTRO(S) - SP291230
AGRAVADO : TRANSPORTADORA SANZANEZI LTDA - ME
AGRAVADO : SANZITRANS TRANSPORTES GERAIS LTDA - ME
ADVOGADOS : ANTÔNIO OSMAR BALTAZAR E OUTRO(S) - SP030904
ROBSON MARCOS BALTAZAR - SP157718
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto-vista do Ministro Marco Buzzi acompanhando o relator, a Quarta Turma,
por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto do relator.
A Sra. Ministra Maria Isabel Gallotti e os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco
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Buzzi (voto-vista) e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.
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