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Autos: 00016217-51.2010.8.16.0001
de: Embargos de Declaração Cível
Apelantes: MALINOWSKI E CIA LTDA. – ME e ANTONIO FLÁVIO MALINOWSKI
Apelada: CRISTIANE TEREZINHA BONATO DOS SANTOS
RECURSO ESPECIAL
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d) após, cumpridos os trâmites processuais, sejam os Autos e as razões
em anexo encaminhadas ao C. Superior Tribunal de Justiça, para apreciação e
julgamento.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba, 09/06/2021.
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COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DA TEMPESTIVIDADE E PREPARO
I. Síntese Fática.
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e pro labore não pagos referente aos anos de 2009 e 2010; c) concessão de tutela
antecipada no sentido de inibir a contratação de empréstimos ou operações financeiras
pela sociedade empresária; e d) pela condenação do segundo réu aos ônus da
sucumbência.
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Saneado o feito determinou-se (itens 3 e 4 do despacho de f. 190/191)
que os Recorrentes arcassem com às custas do perito, por entender que foi na petição
de f. 185/186 que foi solicitada a perícia judicial. Apesar da interposição de Agravo de
Instrumento manteve-se o ônus de pagamento em desvafor dos réus, ora Recorrentes.
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“3.1. Em face do exposto, diante das razões supra, JULGO, na forma do
art. 487, I do CPC, com a consequente resolução do mérito,
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados pela autora, para
os fins de:
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dispositivo, o que faço com fulcro no art. 85, §2º do Código de Processo
Civil.”
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Recurso Especial com fulcro no art. 105, III, "a", da Constituição Federal.
O Acórdão atacado violou lei federal, art. 1.022, incs. I e II, e art.
489, § 1º, VI, CPC/2015 , considerando que a Recorrente interpôs Embargos de
Declaração, ofertando nos mesmos o "prequestionamento" com fundamento no
verbete n.º 98 da Súmula do STJ1, para eventual interposição de Recurso Especial,
sendo lacônico o Acórdão, limitando-se a declarar que o Acórdão não contém
omissões, contradições ou obscuridades, atentando destarte o mesmo as normas
legais referidas como já decidiu este Tribunal e no seguinte aresto:
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Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm
caráter protelatório.
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Campbell Marques acompanhou a Turma com a ressalva de seu
entendimento. Precedentes citados do STF: RE 219.934-SP, DJ
16/2/2001; do STJ: EREsp 978.782-RS, DJe 15/6/2009; REsp
1.095.793-SP, DJe 9/2/2009, e REsp 866.482-RJ, DJ 2/9/2008.
REsp 866.299-SC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em
23/6/2009 (ver Informativo n. 395).
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Diante desta decisão, os Recorrentes opuseram embargos
de declaração a fim de suprir omissão quanto ao cerceamento de defesa e aos artigos
legais violados:
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Instituições de direito processual civil. vol. I, São Paulo: Ed. Malheiros, 2001, p. 215.
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irresignação dos Embargantes em ver-se tolhidos desse
direito.
No caso em análise o acórdão embargado afasta a
pretensão probatória da Embargante para
posteriormente no mérito negar provimento ao
Recurso de Apelação por insuficiência de prova.
Vejamos o teor do Acórdão Embargado:
“Portanto, não se trata de obrigação genérica, mas
específica, que foi constituída de forma certa e expressa
em lei. Veja-se: o art. 997 do Código Civil (CC) dispõe
que: “a sociedade constitui-se mediante contrato escrito,
particular ou público (...)”. Dentre os elementos que
devem constar por escrito no contrato social, o
mencionado dispositivo determina que devem estar
presentes (a) o “capital da sociedade, expresso em moeda
corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens,
suscetíveis de avaliação pecuniária” (inciso III); e (b) “a
quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-
la” (inciso IV).
(…)
Em hipóteses como a dos autos, a prova testemunhal é
admitida como complementar/subsidiária, desde que
exista início de prova documental, na esteira do art. 444
do CPC[2], o que não se observa nos autos...“
Quanto a liquidação das quotas societárias o Acórdão
embargado entendeu que a prova apontada seria
necessáriamente a documental e técnica. E apontando que
a prova Testemunhal seria viável apenas em caráter
complementar.
A apuração de haveres foi objeto de prova técnica nos
autos (doc. 1.60. 1.66). Contudo, a prova oral é
necessária para sanear algumas contradições gritantes.
Segundo a análise meramente tecnica apontou que
supostamente havia em caixa no fim de 2008, cerca de R$
80.000,00 em caixa (não apontou-se conta bancária ou
existência de cofre na loja). Contudo, observou-se que
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não houve registro contábil retirada dos recursos,
supostamente os sócios ficaram sem pagar aluguel,
estoque ou distribuir dividendos entre si. Conforme
destacado pelas assistentes períciais do Embargante (doc.
1.64) e ratificados pelo expert (1.66).
A época a loja era a única atividade remunerada dos ex-
sócios e se pretende ouvir a Embargada/Autora e os ex-
funcionários sobre como eram feitos os rateios semanais
do caixa da loja (pequena franquia da TIM). Apontando-se
a importância da prova oral.
Nota-se ainda pela análise técnica (doc. 1.60) a
informação de repasse da empresa de R$ 25.102,37
a uma filial, não houve indicação nos livros
contábeis acerca de qual filial era essa, outro ponto
que a prova oral seria essencial para elucidar era qual era
essa filial e qual foi a destinação desse investimento (a
empresa não tinha nenhuma filial à época).
Por fim, há que se pontuar que a loja dos ex-sócios é uma
Franquia da empresa TIM e inexiste previsão contratual
que garanta ao franquiado o direito de exclusividade, o
que existe é a política da empresa TIM firmada pelos seus
representantes comerciais.
É a TIM e não o Franqueado quem faz a análise de
mercado e autoriza uma loja abrir em determinado local e
é política da empresa primeiro oferecer a possibilidade de
abertura aos franqueados daquela região a possibilidade
de abertura de filial para só então permitir a oferta aos
demais interessados. Uma das testemunhas arroladas é
representante comercial da TIM e poderia ter esclarecido o
fato caso tivesse sido oportunizada a instrução probatória
plena.
O respeitável acórdão Embargado reconheçe que a prova
oral pode ser usada para complementar a prova
documental, conforme previsto no art. 444 do CPC:
Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da
obrigação, é admissível a prova testemunhal quando
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houver começo de prova por escrito, emanado da parte
contra a qual se pretende produzir a prova.
Contudo, a decisão é obscura ao não desenvolver
fundamentação acerca do porquê as provas solicitadas
pelos Embargantes seriam inúteis a prestar os
esclarecimentos acima apontados.
DA OMISSÃO
VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO ART. 445 DO CPC
Os sócios são primos (a Autora é casada com o primo do
Réu) e as relações familiares via de regra afastam a
formalização de contratos para cada ato da relação
societária, outro motivo pelo qual deve-se aceitar a prova
ora, conforme disposto no art. 445, também do CPC:
Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando
o credor não pode ou não podia, moral ou materialmente,
obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de
parentesco, de depósito necessário ou de hospedagem em
hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde
contraída a obrigação.
O respeitável acórdão não se manifesta sobre a
possibilidade de instrução testemunhal em situações como
a dos litigantes que são familiares próximos, fato que
naturalmente faz com que sejam afastadas determinadas
formalidades.
DA OMISSÃO
DO PREQUESTIONAMENTO EXPLICITO
O recurso de Apelação interposto pelos Embargantes é
explicito ao apontar que a sentença recorrida viola
frontalmente o disposto nos art. 1.026, §2º do CPC,
quanto a aplicação da multa, e arts. 369, 489, II, e
1.022, I e II do CPC no que tange a violação a ampla
defesa.
O código de Processo Civil garante as partes o direito de
poder influenciar a decisão judicial com a pretensão
probatória, conforme art. 369:
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Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os
meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda
que não especificados neste Código, para provar a verdade
dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz.
Entretanto, o acórdão embargado limita-se a apontar que
não houve violação a legislação apontada sem descrever
porque as provas solicitas seriam inúteis inviabilizando-se
assim que os Réus pudessem influir no convencimento do
juízo antes da promulgação da sentença.
Diante do exposto, verifica-se que o acórdão embargado
precisa de saneamento, sob pena de ofensa aos princípios
do contraditório, da ampla defesa e do devido processo
legal (art. 513, §5º, do CPC/2015 e art. 5º, LIV e LV da
CF/88).
III. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se o provimento dos presentes
embargos declaratórios, para que se dê o indispensável
esclarecimento suscitado acima, sob pena de o vício
aventado gerar nulidade da r. decisão hostilizada, por
ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa
(art. 5º, LV, da CF/1988) e por negativa de prestação
jurisdicional (art. 489, II, do CPC/2015, e art. 93, IX, da
CF/1988).
Por oportuno, a fim de evitar preclusão, e, ainda,
para o fito de prequestionar a matéria declinada,
deverá, esta Colenda Corte de Justiça, se manifestar
especificamente acerca da vigência de todos os
dispositivos legais supramencionados, sob pena de
negativa de prestação jurisdicional.
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“Os Embargos de Declaração constituem modalidade
recursal de estreito cabimento, adstrita à finalidade de
obter o aclaramento da decisão judicial eivada de vícios de
omissão, contradição, obscuridade ou erro material, nos
termos do art. 1.022 do CPC[1]. Nesse contexto, não se
destinam ao fim de rediscutir a matéria já deliberada pelo
julgador, tendo em vista a simples irresignação da parte
com o resultado que lhe haja sido desfavorável. É o que se
verifica no caso, em que a embargante pretende a reforma
do julgado, com a obtenção de provimento jurisdicional
favorável aos seus interesses, sem, entretanto,
demonstrar efetivamente a ocorrência dos vícios
anteriormente citados e legalmente estabelecidos.”
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Recurso Especial com fulcro no art. 105, III, "a", da Constituição Federal.
(…)
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requeridas pela autora, a tempo oportuno, constitui cerceamento de
defesa o julgamento antecipado da lide, com infração aos princípios
constitucionais do contraditório, ampla defesa e devido processo legal.
2. A violação a tais princípios constitui matéria de ordem pública e pode
ser conhecida de ofício pelo órgão julgador. 3. Recurso especial não-
provido. “
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por insuficiência de provas, por sopesar a prova técnica como superior sem que a
prova oral tivesse sido oportunizada:
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anos de atividade poderiam sim ter sido saneados pela instrução probatória
solicitada.
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Foram contraídos empréstimos em nome da Malinowski & CIA para
ajudar a financiar a nova loja. A autora se comprometeu inclusive a arcar com 50% do
valor da dívida contraída, obrigação com a qual jamais cumpriu.
Cumpre pontuar ainda que embora a autora tenha ficado com uma loja
nova ela se estabeleceu em ponto comercial de maior visibilidade, movimento e de
melhor acesso e isso só foi possível com a anuência do segundo réu junto a TIM, visto
que resta visível o prejuízo com estabelecimento de concorrência em região
extremamente próxima (a loja aberta pela autora tem sede a apenas 1.500 metros da
sede da Malinowski & CIA).
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anteriormente arroladas as quais desde já requer a intimação (petição de f.
185/186, doc. 1.16 do PROJUDI).
Contudo, não esclareceu porque a prova oral era inútil para provar o
acordo verbal entre os sócios. Provocado a se manifestar novamente através dos
Embargos de Declaração o acórdão recorrido foi lacônico ao simplesmente apontar que
inexistiam vícios a serem saneados.
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anular o acórdão e a sentença proladata, e os autos devem retornar a fase
probatória.
Recurso Especial com fulcro no art. 105, III, "a", da Constituição Federal.
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Foram opostos Embargos de Declaração para suprir a omissão acerca do
interesse probatório dos réus (ora Apelantes):
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
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cingem-se ao i-pagamento de haveres, incluindo o fundo de comércio, à
ii-distribuição dos lucros da sociedade, além do iiiprolabore, que,
segundo afirmou a autora, não teriam sido adimplidos.
“DA OMISSÃO
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loja em nome da Autora com recursos oriundos da sociedade que agora
se pretende ver dissolvida.
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Foram contraídos empréstimos em nome da Malinowski & CIA para
ajudar a financiar a nova loja. A autora se comprometeu inclusive a
arcar com 50% do valor da dívida contraída, obrigação com a qual
jamais cumpriu.
Cumpre pontuar ainda que embora a autora tenha ficado com uma loja
nova ela se estabeleceu em ponto comercial de maior visibilidade,
movimento e de melhor acesso e isso só foi possível com a anuência do
segundo réu junto a TIM, visto que resta visível o prejuízo com
estabelecimento de concorrência em região extremamente próxima (a
loja aberta pela autora tem sede a apenas 1.500 metros da sede da
Malinowski & CIA).
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de audiência para a colheita do depoimento pessoal da autora e
oitiva das testemunhas anteriormente arroladas as quais desde
já requer a intimação (petição de f. 185/186, doc. 1.16 do
PROJUDI).
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manifestamente protelatórios e visam apenas rediscussão de mérito,
condeno o embargante ao pagamento de multa de 1% sobre o valor da
causa, a fim de desestimular a reiteração dessa conduta.
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posto que não se pode confundir interesse processual legítimo a uma decisão
fundamentada com protelação processual.
Recurso Especial com fulcro no art. 105, III, "a", da Constituição Federal.
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O Superior Tribunal de Justiça 3 dá contornos a matéria, julgando
questões atinentes ao arbitramento dos honorários, que nos permite afirmar, partindo-
se inicialmente de pretensões condenatórias, que a referida expressão corresponde ao
benefício econômico almejado (ou efetivamente alcançado) pelo autor na ação judicial
por ele promovida.
3
Acórdão do Supremo Tribunal Federal, proferido sob a égide do CPC-1973. Caso que tratou de
embargos do devedor julgados procedentes, decidindo o Tribunal que a condenação em honorários
haveria de seguir o disposto no então §3.o (e não o §4.o) do art. 20. A não ser assim, atestou o voto de
relatoria, “a distribuição recíproca e proporcional das custas, em caso de parcial sucumbência recíproca
(CPC, art. 21), haveria de lidar com valores heterogêneos, um deles fixado pelo critério do §3.o e outro
pelo do §4.o, assim desequilibrada a relação de congruência entre um e outro.” (STF, RE 94.112-6, Rel.
Min. Decio Miranda, julgado em 26/06/1981, disponível: <www.stf.jus.br>).
(http://www.conjur.com.br/2016-out-10/arbitramento-honorarios-sucumbenciais-casos-
improcedencia#sdfootnote5sym )
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No caso em tela os pedidos afastados pela sentença devem ser
liquidados para se extrair o proveito econômico obtido pela defesa a fim de servir de
base de cálculo para sucumbência.
5. DOS PEDIDOS
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