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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A)

ANGELA ISSA HAONAT – RELATOR (A) DA APELAÇÃO CÍVEL N°

0008122-73.2021.8.27.2706 – C. 1ª CÂMARA CÍVEL D TRIBUNA DE JUSTIÇA

DO ESTADO DO TOCANTINS.

Processo n°: 0008122-73.2021.8.27.2706

GUIMARÃES E MOURA - LTDA, devidamente qualificado nos

autos epigrafados, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seu

advogado subscritor devidamente constituído, com arrimo ao artigo 1.022, inciso

II, e no artigo 1.025, ambos do Código de Processo Civil, opor:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Face ao V. Acórdão conexão ao evento de n° 10, com finco em sanar

omissão vislumbrada a luz da R. decisão, assim como Prequestionamento da

matéria em tela, bem como pelas razões de Direitos dispostas:


I – DA TEMPESTIVIDADE:

O Embargante fora regularmente intimado, através do sistema E-proc,

com data do início da contagem do prazo fixado aos dias 10/10/2023 (terça-feira).

Tendo em vista o prazo de 05 (cinco) dias úteis facultados para

oposição de embargos declaratórios, sob a herege do art. 1.023 do CPC,

encontrará termo final aos dias 18/10/2023.

Cumpre mencionar, ainda, que houvera determinação de suspensão

de prazos em razão do feriado nacional (12/10/2023 – Nossa Senhora Aparecida

e 13/10/2023 – ponto facultativo, por força do artigo 216 do CPC.)

II – DA OMISSÃO:

Sob a ótica dos autos epigrafados a tratativa primordial levada ao

conhecimento deste E. Tribunal se perfaz acerca na possibilidade de condenar o

executado ao pagamento de honorários advocatícios em face do pagamento

extrajudicial do crédito exigido nas hipóteses da não formação do respectivo

efeito citatório.

Nesta dimensão, há argumentos ensejadores oriundos de instâncias

superiores no sentido de não se admitir condenação em honorários advocatícios

a título de sucumbência nas hipóteses em que não houver, de pronto, a nítida

triangulação processual qual é exacerbadamente caracterizada através do ato

citatório, como no caso em comento.

Cumpre mencionar que o E. Superior Tribunal de Justiça no bojo do

Recurso Especial de n° 1.927.649 – PE, atribui que o pagamento em momento

posterior ao efetivo ajuizamento anterior a citação é incabível face a homenagem

aos princípios da causalidade e sucumbência, in verbis:


PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ARTIGOS 85, § 1º, 312

E 318 DO CPC. RECURSO ESPECIAL. PAGAMENTO EM

MOMENTO POSTERIOR AO AJUIZAMENTO E ANTERIOR À

CITAÇÃO. NÃO CABIMENTO DE CONDENAÇÃO DA

PARTE EXECUTADA EM HONORÁRIOS. DESPROVIMENTO

DO RECURSO.

1. O Município de Jaboatão dos Guararapes - PE pretende a

condenação da parte executada em honorários em decorrência

do pagamento do débito em momento posterior ao ajuizamento

e anterior à citação, por aplicação dos §§ 1º e 10 do art. 85 do CPC.

2. Existência de precedentes antagônicos desta Segunda Turma

acerca do tema em discussão. Necessidade de uniformização.

Precedentes do STJ.

3 A interpretação dos parágrafos deve ser lida em consonância

com o caput do art. 85, juntamente com os arts. 312 e 318, todos

do CPC.

4. De acordo com a doutrina de Frederico Augusto Leopoldino

Koehler, a condenação em honorários deve observar o princípio

da causalidade em complementariedade ao princípio da

sucumbência (Comentários ao art. 85. In: ALVIM, Angélica

Arruda; ASSIS, Araken de; ALVIM, Eduardo Arruda; LEITE,

George Salomão. (Coords.) Comentários ao Código de Processo

Civil. 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 2016, p. 155).

5. O art. 85, § 1º, do CPC, ao afirmar que os honorários são

devidos para a execução resistida ou não resistida, quer dizer,

em verdade - e conforme se depreende da leitura do caput do

mesmo dispositivo -, que, quando existe a formação d a relação

jurídica processual entre exequente e executado,

independentemente de apresentação de defesa em autor

próprios ou apartados, existe a incidência honorários

advocatícios.

6. Não cabimento de condenação em honorários da parte

executada para pagamento do débito executado em momento

posterior ao ajuizamento e anterior à citação, em decorrência da


leitura complementar dos princípios da sucumbência e da

causalidade, e porque antes da citação não houve a

triangularização da demanda.

7. Evidentemente, a causalidade impede também que a Fazenda

Pública seja condenada em honorários pelo pagamento anterior

à citação e após o ajuizamento, uma vez que, no momento da

propositura da demanda, o débito inscrito estava ativo. Nesse

caso, portanto, tem-se uma hipótese de ausência de

responsabilidade pelo pagamento de honorários.

8. Registre-se, por fim, tratar o caso concreto de execução fiscal

ajuizada pela Fazenda Pública Municipal, na qual não há

previsão de encargos da dívida ativa de forma automática,

hipótese diversa da Fazenda Pública Federal, em que o art. 1º do

Decreto-lei 1025/69 prevê a cobrança de 20% (vinte por cento)

sobre o valor do crédito, montante esse que substitui a

condenação em honorários de sucumbência. 9. Recurso especial

a que se nega provimento.

(STJ - REsp: 1927469 PE 2021/0076676-6, Relator: Ministro OG

FERNANDES, Data de Julgamento: 10/08/2021, T2 - SEGUNDA

TURMA, Data de Publicação: DJe 13/09/2021).

Por outro lado, a mesma linha de raciocínio respaldada através do E.

Superior Tribunal de Justiça também é firmada pelo E. Tribunal de Justiça do

Estado do Tocantins, vide:


AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.

PAGAMENTO DO DÉBITO ANTES DA CITAÇÃO DO

EXECUTADO. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS.

IMPOSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Ressalto que, em recurso dessa espécie, cabe ao juízo ad quem

apreciar, tão somente, o teor da decisão interlocutória

impugnada. As demais questões, inclusive o meritum causae,

deverão ser analisadas e decididas no processo principal, sendo

vedada a sua apreciação em sede de Agravo de Instrumento.


2. Não cabimento de condenação em honorários da parte

executada para pagamento do débito executado em momento

posterior ao ajuizamento e anterior à citação, em decorrência da

leitura complementar dos princípios da sucumbência e da

causalidade, e porque antes da citação não houve a

triangularização da demanda. Precedentes STJ.

3. Recurso conhecido e improvido.

(TJTO , Agravo de Instrumento, 0006391-26.2022.8.27.2700, Rel.

JOCY GOMES DE ALMEIDA , 3ª TURMA DA 2ª CÂMARA

CÍVEL , julgado em 03/08/2022, DJe 11/08/2022 15:28:26).

Não obstante, se pontua com a máxima vênia ao V. Acórdão

embargado.

No entanto, o manejo jurisprudencial sob a matéria revela que o

precedente padece de omissão vez que o próprio juízo sentenciante atribuiu

corretamente o vínculo entre o caso em tela e o Recurso Especial de n° 1.927.649

– PE, o que não fora enfrentando a luz do objeto embargado.

Ademais, não se vislumbra, qualquer argumento apto suficiente a

justificar a divergência jurisprudencial ou ponto de enfrentamento direto, com

respaldo acerca da triangulação processual, vez que é ponto primordial e

ensejador a classificar, de pronto a relação processual, com arrimo ao comando

extraído dos artigos 85, 240 e 312 todos do Código de Processo Civil.

Ante ao exposto, é salutar esclarecer que tais argumentos se mostram

capazes de infirmar a conclusão apresenta no v. Acórdão.

Tudo isso, primordialmente se faz necessário averiguar se há, de fato,

uma relação processual que justifique tal obrigação sucumbente, sob pena de

contrariar a imposição do art. 1.022, parágrafo único c/c com o artigo 489, §1°,

inciso V, da Lei Processual Civil.

Por fim, impõe-se reconhecer que, data máxima vênia, ao V. Acórdão,

este quedou-se omisso, em relação:


A) A divergência jurisprudencial sobre a possiblidade de condenação

da parte executada em honorários advocatícios quando não formalizada a

triangulação processual RESP n° 1.927.649 – PE.

B) As afrontas aos artigos 85, 240, 312 c/c 1.022 e 489, §1°, inciso V,

todos do Código de Processo Civil e artigo 2°, §2° da lei n° 6.830, de 1980, em que

dispõe sobre a cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública, e dá outras

providências.

III – DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, pugna que os presentes Embargos Declaratórios

sejam conhecidos e, no mérito, integralmente acolhidos para sanar as omissões

apontadas acima, de modo, que o Acórdão seja complementado com relação as

assertivas “A” quando versa sobra a probabilidade de divergência

jurisprudencial e “B” no que tange a violação dos referidos artigos sob a ótica do

Código de Processo Civil, bem como as entrelinhas do art. 2°, §2° da lei n° 6.830,

de 1980.

Termos em que, pede e espera deferimento.

Araguaína – TO, 18 de outubro de 2023.

Athos Wrangller Braga Américo.

OAB/TO 7.468

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