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PROCESSO Nº TST-Ag-AIRR-1000334-67.2017.5.02.

0607

A C Ó R D Ã O
(3ª Turma)
GMAAB/tpn/

AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO


EM RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/17.
DESPACHO QUE NEGA SEGUIMENTO A
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA.
PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Restou claro
no v. acórdão, à pág. 1088, que o e. TRT decidiu a
questão com completude, baseando-se na análise das
provas produzidas no processo, notadamente na prova
documental, não havendo que se falar, portanto, em
omissão do julgado. In verbis: “Já através da
Resolução nº 581/2003, vigente a partir de 1º-I-2004,
a nomenclatura "quebra de caixa" foi alterada para
"gratificação de caixa", além da criação da
"gratificação de caixa para as retaguardas de PV",
parcela excluída expressamente na inicial (ID.
ed8d9e5 - Pág. 4). Do que precede, extrai-se que o
autor pretende o pagamento de parcela extinta antes
mesmo de sua contratação, o que atrai a aplicação dos
princípios inscritos nos artigos 444 e 468 da
Consolidação, segundo os quais as normas que
revogam ou alteram vantagens só atingem os
trabalhadores admitidos após a modificação (TST,
Súmulas nº. 51, I e 288). Demais disso, vale lembrar
que como empresa pública, o empregador tem
autonomia para estabelecer sua política salarial,
desde que observada a legislação vigente e que não
acarrete prejuízo aos seus empregados. Ora, como a
extinção da parcela "quebra de caixa" se deu em 1º-
IV-2004 e o autor passou a exercer a função de caixa
apenas em 10-I-2013, não cabe cogitar em aplicação
de regulamento já extinto e tampouco de alteração
contratual lesiva”. Assim, tendo, portanto, a E. Corte
Regional se manifestado explicitamente acerca das
questões relevantes para o deslinde da controvérsia, a
pretensão recursal se consubstancia em mero
inconformismo com a decisão desfavorável aos seus
interesses, não se vislumbrando desse modo a
propalada sonegação da efetiva tutela jurisdicional,
tampouco o alegado cerceamento de defesa e nem a
afronta ao devido processo legal. Esclarece-se, por
oportuno, que o juiz não está obrigado a apreciar um a
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um todos os argumentos tecidos pelas partes, mas deve


indicar de modo claro e preciso aqueles que lhe
formaram o entendimento, como ocorreu no presente
caso, sendo que a valoração da prova é competência do
julgador que tem o seu livre convencimento embasado
no art. 371, do CPC, observadas as disposições dos
arts. 818, da CLT, e 373, do CPC.

QUEBRA DE CAIXA. Em que pese a possibilidade


de cumulação das verbas "quebra de caixa" e
"gratificação de função", o registro do Tribunal
Regional no sentido de que o reclamante foi contratado
em momento posterior à extinção da parcela “quebra
de caixa” impede o acolhimento do pleito. O recurso
de revista veio fundamentado em divergência
jurisprudencial e os arestos colacionados pela parte não
abordam a situação fática que orientou a conclusão
regional, no sentido de que a contratação do
empregado após a extinção da parcela impede a
concessão do pleito. Desta forma, incide o óbice da
Súmula 296, I, do TST.
CONCLUSÃO: Agravo conhecido e desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo de


Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000334-
67.2017.5.02.0607, em que é Agravante WAGNER CARVALHO DE ARAUJO e Agravado
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

Por meio do r. despacho às págs. 1247-1249, foi negado seguimento ao


agravo de instrumento do reclamante, contra o qual interpôs o presente recurso de agravo (págs. 1251-
1260).
Concedido o prazo de 08 (oito) dias para
apresentação de contraminuta, nos termos do art. 1021, § 2º, do
CPC/2015, a reclamada se manifestou, conforme certidão à pág. 1269.
É o relatório.

VOTO

Satisfeitos os pressupostos referentes à tempestividade e representação,


CONHEÇO.
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2 - MÉRITO

Ao recurso de agravo de instrumento do reclamante


foi denegado seguimento, adotando-se como razões de decidir o
respectivo despacho primeiro de admissibilidade de seguinte teor
(págs. 1247-1249):

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos


Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional.
Alegação(ões):
- violação do(s) artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal.
- violação do(a) Código de Processo Civil de 2015, artigo 489, §1º,
inciso IV.
Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de
nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a
decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso.
Com efeito, conforme se vê no julgado, a fundamentação apresentada
é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões
levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia
apontada no apelo.
A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento
de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e
jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide.
No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente
outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o
prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária.
Incólumes as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação.
DENEGO seguimento.
Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Quebra de Caixa.
Alegação(ões):
- contrariedade à(s) Súmula(s) nº 91 do colendo Tribunal Superior do
Trabalho.
- violação do(s) artigo 7º, da Constituição Federal.
- violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 620.
- divergência jurisprudencial.
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A r. decisão está em consonância com a Súmula de nº 51, I do C.


Tribunal Superior do Trabalho.
O recebimento do recurso encontra óbice no artigo 896, § 7º, da CLT,
e Súmula nº 333 do C.TST, restando afastada a alegada violação dos
dispositivos legais apontados e prejudicada a análise dos arestos
paradigmas transcritos para o confronto de teses.
DENEGO seguimento quanto ao tema.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao Recurso de Revista”.

Inconformado, o reclamante se volta contra o


despacho supra. Quanto à “preliminar de nulidade por negativa de
prestação jurisdicional”, sustenta que o v. acórdão regional
“entendeu pela prescrição, mas se negou a mencionar normativo
vigente no último quinquênio, capaz de fazer com que houvesse
conclusão distinta, é clara a nulidade de negativa de prestação
jurisdicional” (pág. 1252). Por sua vez, no tocante à “quebra de
caixa”, aduz que há divergência jurisprudencial acerca da matéria,
pois o recurso de revista baseia-se na diversidade de entendimentos,
pelos Tribunais Regionais do Trabalho, acerca do item 8.4 do Manual
Normativo RH 053 da CEF.
Sem razão a agravante.
Quanto à “preliminar de nulidade por negativa de
prestação jurisdicional”, restou claro no v. acórdão, à pág. 1088, que o e. TRT decidiu a
questão com completude, em que pese a forma sucinta, baseando-se na análise das provas produzidas
no processo, notadamente na prova documental, não havendo que se falar, portanto, em omissão do
julgado. In verbis:

“Já através da Resolução nº 581/2003, vigente a partir de 1º-I-2004, a


nomenclatura "quebra de caixa" foi alterada para "gratificação de caixa",
além da criação da "gratificação de caixa para as retaguardas de PV",
parcela excluída expressamente na inicial (ID. ed8d9e5 - Pág. 4).
Do que precede, extrai-se que o autor pretende o pagamento de
parcela extinta antes mesmo de sua contratação, o que atrai a aplicação dos
princípios inscritos nos artigos 444 e 468 da Consolidação, segundo os
fls. 5

quais as normas que revogam ou alteram vantagens só atingem os


trabalhadores admitidos após a modificação (TST, Súmulas nº. 51, I e 288).
Demais disso, vale lembrar que como empresa pública, o empregador
tem autonomia para estabelecer sua política salarial, desde que observada a
legislação vigente e que não acarrete prejuízo aos seus empregados.
Ora, como a extinção da parcela "quebra de caixa" se deu em 1º-IV-
2004 e o autor passou a exercer a função de caixa apenas em 10-I-2013, não
cabe cogitar em aplicação de regulamento já extinto e tampouco de
alteração contratual lesiva”.

Assim, tendo, portanto, a E. Corte Regional se manifestado explicitamente


acerca das questões relevantes para o deslinde da controvérsia, a pretensão recursal se consubstancia
em mero inconformismo com a decisão desfavorável aos seus interesses, não se vislumbrando desse
modo a propalada sonegação da efetiva tutela jurisdicional, tampouco o alegado cerceamento de
defesa e nem a afronta ao devido processo legal. Esclarece-se, por oportuno, que o juiz não está
obrigado a apreciar um a um todos os argumentos tecidos pelas partes, mas deve indicar de modo
claro e preciso aqueles que lhe formaram o entendimento, como ocorreu no presente caso, sendo que a
valoração da prova é competência do julgador que tem o seu livre convencimento embasado no art.
371, do CPC, observadas as disposições dos arts. 818, da CLT, e 373, do CPC.
No que tange à “quebra de caixa”, em que pese a
possibilidade de cumulação das verbas "quebra de caixa" e
"gratificação de função", o registro do Tribunal Regional no sentido
de que o reclamante foi contratado em momento posterior à extinção
da parcela quebra de caixa, impede o acolhimento do pleito.
O recurso de revista veio fundamentado em
divergência jurisprudencial e os arestos colacionados pela parte não
abordam a situação fática que orientou a conclusão regional, no
sentido de que a contratação do empregado após a extinção da parcela
impede a concessão do pleito.
Desta forma, incide o óbice da Súmula 296, I, do
TST.
Esclarece-se, por oportuno, que a Súmula 221 do
TST dispõe que "a admissibilidade do recurso de revista por violação
tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou
da Constituição tido como violado". Assim, a indicação genérica de
ofensa ao art. 7º da CF, sem explicitar o inciso ou alínea que
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efetivamente restou violado, e do art. 620 da CLT, que não tem


qualquer correlação com a discussão dos autos, não atende aos termos
do referido verbete sumular.
Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo.
Brasília, de de

ALEXANDRE AGRA BELMONTE


Ministro Relator

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