EM RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/17. DESPACHO QUE NEGA SEGUIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. PRELIMINAR DE NULIDADE POR NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Restou claro no v. acórdão, à pág. 1088, que o e. TRT decidiu a questão com completude, baseando-se na análise das provas produzidas no processo, notadamente na prova documental, não havendo que se falar, portanto, em omissão do julgado. In verbis: “Já através da Resolução nº 581/2003, vigente a partir de 1º-I-2004, a nomenclatura "quebra de caixa" foi alterada para "gratificação de caixa", além da criação da "gratificação de caixa para as retaguardas de PV", parcela excluída expressamente na inicial (ID. ed8d9e5 - Pág. 4). Do que precede, extrai-se que o autor pretende o pagamento de parcela extinta antes mesmo de sua contratação, o que atrai a aplicação dos princípios inscritos nos artigos 444 e 468 da Consolidação, segundo os quais as normas que revogam ou alteram vantagens só atingem os trabalhadores admitidos após a modificação (TST, Súmulas nº. 51, I e 288). Demais disso, vale lembrar que como empresa pública, o empregador tem autonomia para estabelecer sua política salarial, desde que observada a legislação vigente e que não acarrete prejuízo aos seus empregados. Ora, como a extinção da parcela "quebra de caixa" se deu em 1º- IV-2004 e o autor passou a exercer a função de caixa apenas em 10-I-2013, não cabe cogitar em aplicação de regulamento já extinto e tampouco de alteração contratual lesiva”. Assim, tendo, portanto, a E. Corte Regional se manifestado explicitamente acerca das questões relevantes para o deslinde da controvérsia, a pretensão recursal se consubstancia em mero inconformismo com a decisão desfavorável aos seus interesses, não se vislumbrando desse modo a propalada sonegação da efetiva tutela jurisdicional, tampouco o alegado cerceamento de defesa e nem a afronta ao devido processo legal. Esclarece-se, por oportuno, que o juiz não está obrigado a apreciar um a fls. 2
um todos os argumentos tecidos pelas partes, mas deve
indicar de modo claro e preciso aqueles que lhe formaram o entendimento, como ocorreu no presente caso, sendo que a valoração da prova é competência do julgador que tem o seu livre convencimento embasado no art. 371, do CPC, observadas as disposições dos arts. 818, da CLT, e 373, do CPC.
QUEBRA DE CAIXA. Em que pese a possibilidade
de cumulação das verbas "quebra de caixa" e "gratificação de função", o registro do Tribunal Regional no sentido de que o reclamante foi contratado em momento posterior à extinção da parcela “quebra de caixa” impede o acolhimento do pleito. O recurso de revista veio fundamentado em divergência jurisprudencial e os arestos colacionados pela parte não abordam a situação fática que orientou a conclusão regional, no sentido de que a contratação do empregado após a extinção da parcela impede a concessão do pleito. Desta forma, incide o óbice da Súmula 296, I, do TST. CONCLUSÃO: Agravo conhecido e desprovido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo em Agravo de
Instrumento em Recurso de Revista n° TST-Ag-AIRR-1000334- 67.2017.5.02.0607, em que é Agravante WAGNER CARVALHO DE ARAUJO e Agravado CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
Por meio do r. despacho às págs. 1247-1249, foi negado seguimento ao
agravo de instrumento do reclamante, contra o qual interpôs o presente recurso de agravo (págs. 1251- 1260). Concedido o prazo de 08 (oito) dias para apresentação de contraminuta, nos termos do art. 1021, § 2º, do CPC/2015, a reclamada se manifestou, conforme certidão à pág. 1269. É o relatório.
VOTO
Satisfeitos os pressupostos referentes à tempestividade e representação,
CONHEÇO. fls. 3
2 - MÉRITO
Ao recurso de agravo de instrumento do reclamante
foi denegado seguimento, adotando-se como razões de decidir o respectivo despacho primeiro de admissibilidade de seguinte teor (págs. 1247-1249):
“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO / Atos
Processuais / Nulidade / Negativa de prestação jurisdicional. Alegação(ões): - violação do(s) artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal. - violação do(a) Código de Processo Civil de 2015, artigo 489, §1º, inciso IV. Não há que se cogitar de processamento do apelo pela arguição de nulidade por negativa de prestação jurisdicional, tendo em vista que a decisão recorrida examinou toda a matéria posta no recurso. Com efeito, conforme se vê no julgado, a fundamentação apresentada é suficiente para a comprovação da devida apreciação de todas as questões levantadas, tendo sido esgotados todos os aspectos basilares da controvérsia apontada no apelo. A completa prestação jurisdicional caracteriza-se pelo oferecimento de decisão devidamente motivada com base nos elementos fáticos e jurídicos pertinentes e relevantes para a solução da lide. No caso dos autos, a prestação jurisdicional revela-se completamente outorgada, mediante motivação clara e suficiente, permitindo, inclusive, o prosseguimento da discussão de mérito na via recursal extraordinária. Incólumes as disposições legais e constitucionais pertinentes à alegação. DENEGO seguimento. Remuneração, Verbas Indenizatórias e Benefícios / Quebra de Caixa. Alegação(ões): - contrariedade à(s) Súmula(s) nº 91 do colendo Tribunal Superior do Trabalho. - violação do(s) artigo 7º, da Constituição Federal. - violação do(a) Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 620. - divergência jurisprudencial. fls. 4
A r. decisão está em consonância com a Súmula de nº 51, I do C.
Tribunal Superior do Trabalho. O recebimento do recurso encontra óbice no artigo 896, § 7º, da CLT, e Súmula nº 333 do C.TST, restando afastada a alegada violação dos dispositivos legais apontados e prejudicada a análise dos arestos paradigmas transcritos para o confronto de teses. DENEGO seguimento quanto ao tema. CONCLUSÃO DENEGO seguimento ao Recurso de Revista”.
Inconformado, o reclamante se volta contra o
despacho supra. Quanto à “preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional”, sustenta que o v. acórdão regional “entendeu pela prescrição, mas se negou a mencionar normativo vigente no último quinquênio, capaz de fazer com que houvesse conclusão distinta, é clara a nulidade de negativa de prestação jurisdicional” (pág. 1252). Por sua vez, no tocante à “quebra de caixa”, aduz que há divergência jurisprudencial acerca da matéria, pois o recurso de revista baseia-se na diversidade de entendimentos, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, acerca do item 8.4 do Manual Normativo RH 053 da CEF. Sem razão a agravante. Quanto à “preliminar de nulidade por negativa de prestação jurisdicional”, restou claro no v. acórdão, à pág. 1088, que o e. TRT decidiu a questão com completude, em que pese a forma sucinta, baseando-se na análise das provas produzidas no processo, notadamente na prova documental, não havendo que se falar, portanto, em omissão do julgado. In verbis:
“Já através da Resolução nº 581/2003, vigente a partir de 1º-I-2004, a
nomenclatura "quebra de caixa" foi alterada para "gratificação de caixa", além da criação da "gratificação de caixa para as retaguardas de PV", parcela excluída expressamente na inicial (ID. ed8d9e5 - Pág. 4). Do que precede, extrai-se que o autor pretende o pagamento de parcela extinta antes mesmo de sua contratação, o que atrai a aplicação dos princípios inscritos nos artigos 444 e 468 da Consolidação, segundo os fls. 5
quais as normas que revogam ou alteram vantagens só atingem os
trabalhadores admitidos após a modificação (TST, Súmulas nº. 51, I e 288). Demais disso, vale lembrar que como empresa pública, o empregador tem autonomia para estabelecer sua política salarial, desde que observada a legislação vigente e que não acarrete prejuízo aos seus empregados. Ora, como a extinção da parcela "quebra de caixa" se deu em 1º-IV- 2004 e o autor passou a exercer a função de caixa apenas em 10-I-2013, não cabe cogitar em aplicação de regulamento já extinto e tampouco de alteração contratual lesiva”.
Assim, tendo, portanto, a E. Corte Regional se manifestado explicitamente
acerca das questões relevantes para o deslinde da controvérsia, a pretensão recursal se consubstancia em mero inconformismo com a decisão desfavorável aos seus interesses, não se vislumbrando desse modo a propalada sonegação da efetiva tutela jurisdicional, tampouco o alegado cerceamento de defesa e nem a afronta ao devido processo legal. Esclarece-se, por oportuno, que o juiz não está obrigado a apreciar um a um todos os argumentos tecidos pelas partes, mas deve indicar de modo claro e preciso aqueles que lhe formaram o entendimento, como ocorreu no presente caso, sendo que a valoração da prova é competência do julgador que tem o seu livre convencimento embasado no art. 371, do CPC, observadas as disposições dos arts. 818, da CLT, e 373, do CPC. No que tange à “quebra de caixa”, em que pese a possibilidade de cumulação das verbas "quebra de caixa" e "gratificação de função", o registro do Tribunal Regional no sentido de que o reclamante foi contratado em momento posterior à extinção da parcela quebra de caixa, impede o acolhimento do pleito. O recurso de revista veio fundamentado em divergência jurisprudencial e os arestos colacionados pela parte não abordam a situação fática que orientou a conclusão regional, no sentido de que a contratação do empregado após a extinção da parcela impede a concessão do pleito. Desta forma, incide o óbice da Súmula 296, I, do TST. Esclarece-se, por oportuno, que a Súmula 221 do TST dispõe que "a admissibilidade do recurso de revista por violação tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da Constituição tido como violado". Assim, a indicação genérica de ofensa ao art. 7º da CF, sem explicitar o inciso ou alínea que fls. 6
efetivamente restou violado, e do art. 620 da CLT, que não tem
qualquer correlação com a discussão dos autos, não atende aos termos do referido verbete sumular. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do
Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento ao agravo. Brasília, de de