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PROCESSO Nº TST-AIRR-264040-36.2006.5.09.

0029

A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMMEA/lf/msp

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE


REVISTA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
ADVOGADO EMPREGADO. ART. 896, "C", DA
CLT - ILEGITIMIDADE DE PARTE. ART.
896, "C", DA CLT E SÚMULA 296, I, DO
TST - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
ADVOGADO EMPREGADO. ART. 896, "A", DA
CLT E SÚMULA 296, I, DO TST. Nega-se
provimento ao Agravo de Instrumento
que não logra desconstituir os
fundamentos do despacho que denegou
seguimento ao Recurso de Revista.
Agravo de Instrumento a que se nega
provimento.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em


Recurso de Revista n° TST-AIRR-264040-36.2006.5.09.0029, em que é Agravante PUBLICAR DO
BRASIL - LISTAS TELEFÔNICAS LTDA. E OUTROS e são Agravados CLÁUDIO CÉSAR
PINTO e LISTEL LISTAS TELEFÔNICAS S.A.

As Reclamadas Publicar do Brasil Listas


Telefônicas Ltda., Investimentos Globais Ltda., Cargarphics S/A e
Caderbrás Internacional Ltda. interpõem Agravo de Instrumento (fls.
02/14) contra o despacho de fls. 205/207, do TRT da 9ª Região, por
meio do qual foi denegado seguimento ao seu Recurso de Revista.
Contraminuta apresentada pelo Reclamante às fls.
220/224.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, nos termos do Regimento Interno do TST.
É o relatório.

VOTO

1 - CONHECIMENTO

Firmado por assinatura digital em 15/05/2013 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, nos termos
da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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Conheço do Agravo de Instrumento porque atendidos


os pressupostos legais de admissibilidade.

2 – MÉRITO

2.1 – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ADVOGADO EMPREGADO

O Regional denegou seguimento ao Recurso de


Revista com base na Súmula 221, II, do TST.
A Publicar do Brasil Listas Telefônicas LTDA, a
Investimentos Globais LTDA, a Cargarphics S.A. e a Caderbrás
Internacional LTDA reiteram a alegação de que a Justiça do Trabalho
é incompetente para julgar demanda envolvendo pedido de cobrança
formulado por advogado, ainda que empregado, conta pessoa jurídica,
por meio da qual requer o pagamento de honorários advocatícios,
objeto de contrato de honorários. Aponta violação dos arts. 114 da
Constituição Federal e 23 da Lei nº 8906/94.
Sem razão.
Sobre o tema, o Regional adotou os seguintes
fundamentos (fls. 173/173):

"INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO


Prevê o art. 21 da Lei 8906/94 que ‘Nas causas em que for parte o
empregador, ou pessoa por este representada, os honorários de
sucumbência são devidos aos advogados empregados’, os quais devem ser
‘partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida em acordo’
(§ único).
E versa o presente caso sobre advogado empregado, razão pela qual a
pretensão fundamentada no art. 21, supra citado, configura-se como verba
decorrente da relação de emprego, e não de ‘relação de consumo’.
Em assim sendo, nos termos do artigo 114, I, da CF/88, conforme
redação dada pela EC 45/2004, não procede a pretensão recursal de ver
declarada a incompetência material da Justiça do Trabalho para apreciação
do pedido.
Mantenho a r. sentença.
ILEGITIMIDADE PASSIVA ‘AD CAUSAM’
Em princípio, ressalte-se que o direito ao recebimento dos honorários
de sucumbência pagos por terceiros em ações judiciais está na participação
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dos advogados do réu (inclusive o autor) em demandas nas quais se obteve


êxito, razão pela qual resta evidenciado que o trabalho do reclamante trouxe
benefícios ao réu.
Sem razão, pois, quanto ao fundamento de que a parcela era paga por
terceiro.
No mais, o recebimento de honorários de sucumbência decorria do
vínculo de emprego, e não da participação no processo, o que afasta a
aplicação do art. 14 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia (Os
honorários de sucumbência, por decorrerem precipuamente do exercício da
advocacia e só acidentalmente da relação de emprego, não integram o
salário ou a remuneração, não podendo, assim, ser considerados para efeitos
trabalhistas ou previdenciários.), que confere natureza indenizatória aos
honorários de sucumbência recebidos pela atuação direta no processo.
Incontroverso que os valores percebidos pelo autor constituíam
contraprestação pelo trabalho, posto que estreitamente vinculados ao
exercício profissional do recorrido, nos termos do art. 457 da CLT. Além
do que, o art. 21 da Lei 8.906/94, incluído no capítulo que trata do
advogado empregado, estabelece, expressamente, o direito deste aos
honorários de sucumbência, de forma a conferir à parcela, inegavelmente,
natureza remuneratória.
(...)
MANTENHO".

Depreende-se da leitura do excerto acima


transcrito que a controvérsia existente nos autos decorre da relação
de trabalho havida entre as partes, o que é suficiente para inserir
a apreciação do litígio na competência da Justiça do Trabalho, nos
termos do art. 114 da Constituição Federal, ao qual não se divisa
violação.
Por outro lado, não se cogita de violação do art. 23 da Lei nº 8.906/1994,
que dispõe o seguinte: "Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência,
pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo
requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor", na medida em que não há
como se extrair, do mencionado dispositivo legal, a incompetência da Justiça do Trabalho para julgar
a lide de advogado empregado que pretende receber o pagamento de honorários de sucumbência em
razão do vínculo de emprego, e não da participação no processo.
Nego provimento.

2.2 – ILEGITIMIDADE DE PARTE

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O Regional denegou seguimento ao Recurso de Revista com base nas


Súmulas 23 e 126 do TST.
A Publicar do Brasil Listas Telefônicas LTDA, a Investimentos Globais
LTDA, a Cargarphics S.A. e a Caderbrás Internacional LTDA renovam suas alegações de
ilegitimidade para figurar no polo passivo da presente lide ao argumento de que os honorários
advocatícios são pagos por terceiros e não pelos empregadores e, ainda, porque, não se tratando a
mencionada parcela de "salário", as Reclamadas não têm legitimidade para serem acionadas em juízo
em demanda na qual se pleiteia o pagamento de honorários advocatícios de sucumbência. Apontam
violação do art. 14 da Lei nº 8.906/94 e transcrevem arestos para o cotejo de teses.
Sem razão.
Nos termos do excerto transcrito no item 2.1, inespecíficos os
arestos transcritos para o cotejo de teses, na medida em que versam
sobre situações em que o recebimento de honorários de sucumbência
decorre da participação no processo ou, ainda, de previsão de norma
coletiva, situações diversas da analisada no caso dos autos, em que
o Regional consignou expressamente que os valores percebidos pelo
Autor constituíam contraprestação pelo trabalho, posto que
estreitamente vinculados ao exercício profissional, nos termos do
art. 457 da CLT. Restou esclarecido, ainda, que, o art. 21 da Lei nº
8.906/94, incluído no capítulo que trata do advogado empregado,
estabelece, de forma clara, o direito do advogado empregado aos
honorários de sucumbência, de forma a conferir à parcela,
inegavelmente, natureza remuneratória, motivo pelo qual os
empregadores têm legitimidade para figurar no polo passivo da
presente demanda. Aplicação da Súmula 296, I, do TST.
Ademais, não se cogita de violação do art. 14 da
Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia e da OAB), que dispõe ser
"obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos
os documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua
atividade", porque tal matéria que não tem qualquer pertinência com
os fundamentos adotados pelo Regional.
Por outro lado, saliente-se que, nos termos da
alínea "c" do art. 896 da CLT, é inviável aferir-se lesão ao
Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. Assim, não

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encontra respaldo legal a indicação de vulneração do art. 14 do


referido Regulamento.
Nego provimento.

2.3 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ADVOGADO EMPREGADO

A Publicar do Brasil Listas Telefônicas LTDA, a


Investimentos Globais LTDA, a Cargarphics S.A. e a Caderbrás
Internacional LTDA sustentam que o Reclamante não tem direito ao
pagamento de honorários advocatícios ao argumento de que não
constituiu o seu direito em relação à mencionada parcela. Aduz que
transferir para a fase de liquidação a comprovação dos elementos
constitutivos do seu direito equivale a proferir uma sentença
condicional, o que é vedado no ordenamento jurídico brasileiro.
Aponta violação do art. 460 do CPC e transcreve arestos para o
cotejo de teses.
Sem razão.
O Regional adotou a seguinte fundamentação sobre o
tema (fls. 174/175):

"Quando, para determinar o valor da condenação, houver necessidade


de alegar e provar fato novo, é necessária a liquidação por artigos (art. 475-
F, CPC).
Fato novo é aquele resultante da condenação e que não foi discutido e
decidido no processo de conhecimento.
Determinar que, no caso concreto, a liquidação se dê por artigos, não
gera a pretendida sentença condicional, uma vez que a sentença é certa,
apenas ilíquida, não se observando a alegada vedação legal.
No mais, peço vênia para transcrever decisão proferida pela C. 5ª
Turma deste Regional que, analisando matéria idêntica, em processo no
qual figurou como partes, as mesmas rés, assim se pronunciou:
‘Conquanto o autor sustente que atuou em todas as ações
relacionadas na peça de ingresso, deve ser observado que as
reclamadas impugnaram, à fl. 339, de forma específica o rol
apresentado às fls. 17/20, motivo pelo qual deve prevalecer a
decisão no que se refere à necessidade de comprovação, pelo
reclamante, dos autos em que atuou como advogado das rés.
(...)
Também não merece prosperar a pretensão de que seja
expedido ofício aos juízos em que tramitam os processos
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relacionados na petição de ingresso, a fim de que seja reservado


o direito do autor aos honorários de sucumbência. Como bem
salientou o julgado primeiro, caberá ao autor demonstrar o
direito aos honorários de sucumbência das ações em que atuou,
providência que deve ser relegada à fase executória.
A decisão, como expressamente destacado (fl. 529),
constitui título executivo para o autor receber a verba em
questão perante o juízo competente, o que já consagra o direito
de reserva vindicado pelo recorrente.
As argumentações de que as rés firmaram acordo em
ações que o autor atuou, transacionando os honorários de
sucumbência ou recebendo-os, não ultrapassa o campo das
alegações. De qualquer forma, uma vez quantificadas as
referidas ações e verificada a ocorrência destas hipóteses,
caberá às rés, no último caso, responder pelos valores recebidos
indevidamente, oriundos das ações em que o autor atuou.
Em face do exposto, reformo para declarar que o autor faz
jus ao pagamento dos honorários de sucumbência fixados a
partir de 20.2.01, segundo os termos previstos na sentence".
No caso dos autos, restou incontroverso que o reclamante não recebeu
os honorários de sucumbência que lhe eram devidos, pelo que, o direito do
reclamante é certo, embora a sentença seja ilíquida.
Os fundamentos acima podem perfeitamente ser utilizados para o
caso que ora se aprecia, cabendo apenas alertar que o marco prescricional
aqui é 17-02-2001.
Assim, a Lei 8.906/94 já estava em vigor, no período abrangido pela
condenação, observada a prescrição declarada.
Ainda, a Lei nº 5.584/70 trata de honorários assistenciais, por isso
determina a reversão dos honorários advocatícios reconhecidos em Juízo,
para o sindicato assistente.
Finalmente, conforme bem observou o Juízo ‘a quo’, os percentuais
deferidos na sentença se originam na inércia da ré, que detinha maior
aptidão para a produção da prova, mas quedou-se inerte, o que justifica o
acolhimento dos índices apontados na inicial.
Assim, são devidos os honorários de sucumbência dos processos em
que o autor atuou a partir de 17-02-2001, conforme se apurar em liquidação
por artigos, na forma determinada pelo Primeiro Grau.
MANTENHO".

Não se cogita de violação do art. 460 do CPC,


segundo o qual "é defeso ao juiz proferir sentença, a favor do
autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o réu em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado",
na medida em que, no caso dos autos, foram deferidos ao Autor os
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honorários de sucumbência dos processos judiciais em que atuou, nos


estritos limites da petição inicial.
Por outro lado, inespecífico o aresto trazido ao
cotejo de teses às fls. 12/13, nos termos da Súmula 296, I, do TST,
na medida em que trata de situação em que a decisão deferiu direito
incerto, enquanto que, no caso dos autos, restou expressamente
consignado pelo Regional que o Reclamante, inequivocadamente, não
recebeu os honorários de sucumbência que lhe eram devidos, pelo que
o direito do Reclamante é certo, embora a sentença seja ilíquida.
Por fim, cumpre registrar que os arestos
transcritos para demonstração de divergência jurisprudencial às fls.
13 são inservíveis ao cotejo de teses, uma vez que perfilham tese no
mesmo sentido da decisão recorrida, segundo a qual a decisão deve
afirmar a existência do direito invocado, o que se verificou no caso
dos autos, em que a decisão consignou expressamente que o Reclamante
tem direito ao pagamento dos honorários advocatícios que não lhe
foram adimplidos.
Nego provimento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal Superior do


Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao Agravo de Instrumento.
Brasília, 15 de maio de 2013.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)


MÁRCIO EURICO VITRAL AMARO
Ministro Relator

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