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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-Ag-RR-1000322-67.2019.5.02.0030

Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100407D22B7D5D75C0.
A C Ó R D Ã O
(5ª Turma)
GMDAR/RGF/LMM

AGRAVO EM RECURSO DE REVISTA. REGIDO


PELAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017.
1. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI
13.467/2017. BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
GRATUITA. HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO
DEMONSTRADA PELO RECLAMANTE. Por meio
da decisão monocrática, não foi
conhecido o recurso de revista
interposto pelo Reclamante,
mantendo-se o acórdão regional em que
não concedidos os benefícios da justiça
gratuita ao obreiro. O Tribunal
Regional, com amparo no conjunto
fático-probatório dos autos, manteve a
sentença em que indeferida a concessão
dos benefícios da justiça gratuita ao
Reclamante, ao fundamento de que,
“(...) há necessidade de efetiva
comprovação de insuficiência de
recursos para o não pagamento das custas
processuais, o que não se verifica, no
caso. De resto, na hipótese, não basta
a mera declaração juntada pelo
reclamante, tal como se depreende do §4º
do art. 790 da CLT.”. Esta Turma vem
decidindo a matéria no sentido de que,
às reclamações trabalhistas ajuizada na
vigência da Lei 13.467/2017, como no
caso dos autos, aplica-se a norma
específica acerca da concessão da
justiça gratuita no âmbito da Justiça do
Trabalho, segundo a qual compete ao
Reclamante a demonstração da efetiva
insuficiência de recursos. Cumpre
salientar que, nos fundamentos do
julgado (Ag-RR-
10257-65.2018.5.03.0060, 5ª Turma,
Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT
13/12/2019), adotados como razões de
decidir, constou expressamente que:
“(...) a denominada Reforma Trabalhista modificou os
requisitos para a concessão do benefício da gratuidade
da justiça, exigindo-se, a partir da vigência da Lei nº
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13.467/2017, não apenas a mera declaração ou
afirmação que a parte não possui condições de arcar
com as despesas do processo sem prejuízo do seu
sustento e da sua família, como também a efetiva
comprovação da situação de insuficiência de recursos,
nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT (destaques
acrescidos): § 3º - É facultado aos juízes, órgãos
julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de
qualquer instância conceder, a requerimento ou de
ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto
a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento)
do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social; § 4º - O benefício da justiça
gratuita será concedido à parte que comprovar
insuficiência de recursos para o pagamento das custas
do processo”. Na decisão agravada
concluiu-se que, tendo em vista que a
ação foi ajuizada na vigência da Lei
13.467/2017 e inexistindo norma
específica sobre a concessão da justiça
gratuita na Justiça do Trabalho,
competia ao Reclamante comprovar a
efetiva insuficiência de recursos, ônus
do qual não se desincumbiu, conforme
restou consignado pela Corte Regional.
Ressaltou-se, por fim, que o Tribunal
Regional consignou que o salário do
obreiro (R$ 5.682,00) era superior a 40%
do limite máximo dos benefícios do RGPS,
não se enquadrando na hipótese do § 3º
do art. 790 da CLT, razão pela qual não
há que se falar em violação dos
dispositivos da Constituição Federal
apontados. Nesse contexto, não
afastados os fundamentos da decisão
agravada, nenhum reparo merece a
decisão. 2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
SUCUMBENCIAIS. ART. 791-A DA CLT.
APLICABILIDADE. 1. Caso em que foi
indeferida a gratuidade de justiça ao
Reclamante. O Tribunal Regional manteve
a sentença, na qual determinado o
pagamento dos honorários de sucumbência
pelo Reclamante, entendendo que as
disposições trazidas na Lei 13.467/2017
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são aplicáveis ao presente caso. 2. A
presente reclamação trabalhista foi
ajuizada em 19/03/2019, após a vigência
da Lei 13.467/2017, razão pela qual o
regramento relativo à condenação de
honorários advocatícios segue a
diretriz da referida legislação,
conforme art. 6º da Instrução Normativa
41/2018 elaborada por esta Corte
Superior. 3. Desse modo, a condenação do
Reclamante ao pagamento de honorários
advocatícios está em plena conformidade
com o artigo 791-A da CLT. 4. No mais,
embora seja reconhecida a
transcendência jurídica da causa, a
decisão Regional foi proferida em
sintonia com a legislação trabalhista e
o entendimento contido no artigo 6º da
Instrução Normativa 41/2018, não
desafiando reforma. 5. Ademais,
constatado o caráter manifestamente
inadmissível do agravo, impõe-se a
aplicação da multa prevista no artigo
1.021, § 4º, do CPC, no percentual de 1%
sobre o valor dado à causa (R$
36.355,94), o que perfaz o montante de
R$ 363,55, a ser revertido em favor da
Agravada, devidamente atualizado, nos
termos do referido dispositivo de lei.
Agravo não provido, com aplicação de
multa.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo


em Recurso de Revista n° TST-Ag-RR-1000322-67.2019.5.02.0030, em que é
Agravante MARCOS ROBERTO NEGRO e Agravada CTEEP - COMPANHIA DE
TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PAULISTA.

O Reclamante interpõe agravo em face de decisão às fls.


478/488, mediante a qual não foi conhecido o seu recurso de revista.
Houve apresentação de contraminuta.

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O recurso de revista foi interposto em face de decisão
publicada na vigência da Lei 13.467/2017.
É o relatório.

V O T O

1. CONHECIMENTO

CONHEÇO do agravo porque atendidos os pressupostos de


admissibilidade.

2. MÉRITO

2.1. AÇÃO AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017.


BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA. COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA NÃO
DEMONSTRADA PELO RECLAMANTE.

Eis os termos da decisão:

(...)
Trata-se de recurso de revista interposto em face da decisão do
Tribunal Regional, mediante a qual foi dado parcial provimento ao recurso
ordinário do Reclamante.
O recurso de revista foi admitido, conforme decisão às fls. 459/462.
Houve apresentação de contrarrazões.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, na
forma regimental.
Assim resumida a espécie, profiro a seguinte decisão, com lastro no art.
932 do CPC.
Observo que o recurso se encontra tempestivo e regular.
Registro, ainda, que se trata de recurso de revista interposto em face de
decisão publicada na vigência das Leis 13.015/2014 e 13.467/2017.
O Tribunal Regional assim decidiu acerca da matéria:
(...)
RELATÓRIO

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Adoto o relatório do Excelentíssimo Senhor Relator
originariamente sorteado, e o acompanho PARCIALMENTE no
mérito, conforme fundamentação que peço vênia para transcrever:
"RELATÓRIO
Data da distribuição da ação: 19/03/2019
Data da prolação da r. sentença: 28/05/2019
Dispensado o relatório, nos termos do artigo 895, IV, da CLT.
FUNDAMENTAÇÃO
VOTO
Conhece-se do recurso, já que observados os pressupostos legais
de admissibilidade.
Quanto à justiça gratuita, não prospera o pedido de reforma.
No tocante ao deferimento da justiça gratuita, de ver-se que a r.
sentença foi proferida em 28/05/2019, vale dizer, sob a égide da
chamada "reforma trabalhista".
Feito tal esclarecimento, diga-se que o art. 790, §§ 3º e 4º da
CLT, acrescidos pela Lei 13.467/2017, dispõem o seguinte:
"Art. 790. (...)
(...)
§3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento
ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a
traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.
§4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo."(destacou-se)
No caso, conforme TRCT juntado pelo autor (ID. e91a83c - Pág.
1, fl. 21), ficha de registro de empregado (ID. 8b9d438 - Pág. 1, fl. 113)
e ficha financeira (ID. 893978e - Pág. 2, fl. 151), o reclamante recebia
R$ 5.682,00, vale dizer, superior a 40% do limite máximo dos
benefícios do RGPS (R$ 5.839,45 - à época da prolação da sentença).
Assim, tendo em vista o que estabelecem os dispositivos acima
transcritos, para aqueles que recebam, ou tenham percebido na
vigência do contrato de trabalho, salário superior a 40% do teto
máximo da Previdência Social, há necessidade de efetiva comprovação
de insuficiência de recursos para o não pagamento das custas
processuais, o que não se verifica, no caso.
De resto, na hipótese, não basta a mera declaração juntada pelo
reclamante, tal como se depreende do §4º do art. 790 da CLT.
Dessa forma, não há falar-se em deferimento de gratuidade de
justiça ao reclamante.
Mantém-se a r. sentença.
Quanto ao pagamento de custas e honorários sucumbenciais, não
prospera o pedido de reforma.
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Conforma já analisado, restou indeferida a gratuidade de justiça
ao reclamante.
Dessa forma, correta a condenação do autor ao pagamento das
custas processuais e honorários sucumbenciais.
Ainda, de citar-se decisão do STF, que ora se adota como razão
de decidir:
"AGRAVO INTERNO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
COM AGRAVO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO
PROCESSO DO TRABALHO. ART. 791-A DA CONSOLIDAÇÃO
DAS LEIS DO TRABALHO, INTRODUZIDO PELA LEI
13.467/2017. INAPLICABILIDADE A PROCESSO JÁ
SENTENCIADO. 1. A parte vencedora pede a fixação de honorários
advocatícios na causa com base em direito superveniente - a Lei
13.467/2017, que promoveu a cognominada "Reforma Trabalhista". 2.
O direito aos honorários advocatícios sucumbenciais surge no instante
da prolação da sentença.Se tal crédito não era previsto no ordenamento
jurídico nesse momento processual, não cabe sua estipulação com base
em lei posterior, sob pena de ofensa ao princípio da irretroatividade da
lei. 3. Agravo interno a que se nega provimento" - ARE 1014675 Agr,
Relator: Alexandre de Moraes, 1ª Turma, julgado em 23/3/2018,
processo eletrônico DJe-070 Publicado em 12-4-2018 (destacou-se).
De citar-se, ainda, por analogia, a orientação contida no REsp nº
1.465.535, também adotada como razão de decidir, in verbis:
"6. O Superior Tribunal de Justiça propugna que, em
homenagem à natureza processual material e com o escopo de
preservar-se o direito adquirido, as normas sobre honorários
advocatícios não são alcançadas por lei nova. A sentença, como ato
processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos
honorários advocatícios, deve ser considerado o marco temporal para a
aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015.
7. No caso concreto, a sentença fixou os honorários em
consonância com o CPC/73. Dessa forma, não obstante o fato de esta
Corte Superior reformar o acórdão recorrido após a vigência do novo
CPC, incidem, quanto aos honorários, as regras do diploma processual
anterior".
No caso, considerando que a r. sentença foi proferida em
28/05/2019, após a vigência da Lei 13.467/2017 (11/11/2017), de
aplicar-se o disposto no art. 791-A, da CLT.
Ademais, não foram deferidos os benefícios da justiça gratuita
foram indeferidos ao autor, pelo que não há falar-se em aplicação do §
4º do art. 791-A da CLT.
Não há, no caso, qualquer violação aos princípios constitucionais
da isonomia, ampla defesa, do devido processo legal e da
inafastabilidade da jurisdição, tampouco ofensa aos dispositivos legais
mencionados no recurso.

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Com efeito, o dispositivo legal em questão goza de presunção de
constitucionalidade e encontra-se em consonância com o ordenamento
jurídico vigente.
Ainda, repise-se, os benefícios da justiça gratuita foram
indeferidos ao autor.
Assim, nada há a reparar.
[...]
Mantém-se a r. sentença".
(...) (fls. 405/407 – grifo nosso)
Inicialmente, ressalto que o Recorrente, nas razões do recurso de
revista, atendeu devidamente às exigências processuais contidas no art. 896,
§ 1º-A, I, II e III, e § 8º, da CLT.
Afinal, a parte transcreveu o trecho da decisão regional que
consubstancia o prequestionamento da controvérsia (fls. 450 e 453/454);
indicou ofensa à ordem jurídica, bem como divergência jurisprudencial; e
promoveu o devido cotejo analítico.
Anoto que o feito tramita sob o rito sumaríssimo, cujo cabimento do
recurso de revista se restringe às hipóteses de violação direta de norma da
Constituição Federal e de contrariedade a Súmula desta Corte ou a Súmula
Vinculante do STF, de acordo com o art. 896, § 9º, da CLT, razão pela qual
não cabe a análise de ofensa a preceitos de lei, nem de divergência
jurisprudencial.
No caso presente, com relação ao tema “justiça gratuita”, pontuo
que a presente ação foi proposta na vigência da Lei 13.467/2017.
Observo que o Tribunal Regional manteve a sentença em que
indeferidos os benefícios da justiça gratuita ao Reclamante.
Consignou que “conforme TRCT juntado pelo autor (ID. e91a83c
- Pág. 1, fl. 21), ficha de registro de empregado (ID. 8b9d438 - Pág. 1, fl.
113) e ficha financeira (ID. 893978e - Pág. 2, fl. 151), o reclamante
recebia R$ 5.682,00, vale dizer, superior a 40% do limite máximo dos
benefícios do RGPS (R$ 5.839,45 - à época da prolação da sentença).”
(fl. 406).
Assentou que “(...) para aqueles que recebam, ou tenham
percebido na vigência do contrato de trabalho, salário superior a 40%
do teto máximo da Previdência Social, há necessidade de efetiva
comprovação de insuficiência de recursos para o não pagamento das
custas processuais, o que não se verifica, no caso.” (fl. 406).
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Esta Turma vem decidindo a matéria no sentido de que, às
reclamações trabalhistas ajuizadas na vigência da Lei 13.467/2017,
como no caso dos autos, se aplicam a norma específica acerca da
concessão da justiça gratuita no âmbito da Justiça do Trabalho de que
compete ao Reclamante a demonstração da efetiva insuficiência de
recursos.
Cito julgado desta Turma nesse sentido
(Ag-RR-10257-65.2018.5.03.0060, 5ª Turma, Relator Ministro Breno
Medeiros, DEJT 13/12/2019).), cujos fundamentos adoto como razões de
decidir:
(...) o art. 4º, caput, da Lei nº 1.060/50, com redação dada pela
Lei nª 7.510/86, estabelecia que, para o deferimento da assistência
judiciária, bastava a mera declaração da parte de que não estava em
condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado,
sem prejuízo próprio ou de sua família. Transcrevo:
Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária,
mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está
em condições de pagar as custas do processo e os honorários de
advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.
Assim sendo, na vigência do referido dispositivo legal, competia
à parte contrária impugnar expressamente os benefícios da gratuidade
da justiça, e, somente após tal requerimento, o juiz intimaria a parte
beneficiária para comprovar a sua situação econômica e, à luz de tal
comprovação, deferir ou não a pretendida isenção.
Neste contexto, a jurisprudência do TST havia se consolidado no
sentido de que para a concessão da justiça gratuita à pessoa física,
bastava a mera declaração de hipossuficiência econômica da parte ou
por seu advogado. Nesse sentido a Orientação Jurisprudencial nº 304
da SBDI-1 do TST:
"HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO (
DJ 11.08.2003) Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, §
2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples
afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se
considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº
7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50)."
Com o advento do Novo Código de Processo Civil, aplicado
supletiva e subsidiariamente à Justiça do Trabalho, os artigos da Lei nº
1.060/50 foram expressamente revogados, de forma que a concessão
da gratuidade da justiça às partes passou a constar do art. 98 do CPC,
que em seu caput dispõe:
A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais
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e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.
Depreende-se, portanto, que na vigência do novo CPC, bastava
ainda a mera afirmação da parte requerente de sua insuficiência de
recursos para o deferimento da gratuidade da justiça.
Importante salientar que, de acordo com o CPC, a afirmação de
insuficiência de recursos da pessoa natural goza de presunção de
veracidade, e somente poderá ser afastada com a impugnação da parte
contrária que comprove que as circunstâncias reais demonstram que o
benefício não deve subsistir, art. 99, §§ 2º e 3º, do CPC:
"(...) § 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos
autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida
exclusivamente por pessoa natural."
E, para se adequar ao novo CPC, a Orientação Jurisprudencial nº
304 da SBDI-1 do TST foi convertida na Súmula 463, que em seu item
I passou a exigir que o advogado, para requerer a concessão da justiça
gratuita em nome da parte, tenha procuração com poderes específicos
para tal finalidade:
SUM-463 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.
COMPROVA-ÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304
da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) - Res.
219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 – republicada -
DEJT di-vulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência
judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de
hipossuficiência eco-nômica firmada pela parte ou por seu advogado,
desde que munido de procuração com poderes específicos para esse
fim (art. 105 do CPC de 2015)"
Entretanto, a denominada Reforma Trabalhista modificou os
requisitos para a concessão do benefício da gratuidade da justiça,
exigindo-se, a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, não apenas a
mera declaração ou afirmação que a parte não possui condições de
arcar com as despesas do processo sem prejuízo do seu sustento e da
sua família, como também a efetiva comprovação da situação de
insuficiência de recursos, nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT
(destaques acrescidos):
§3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento
ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a
traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios
do Regime Geral de Previdência Social.
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§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que
comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do
processo.
Assim, no caso, considerando que a reclamação trabalhista foi
ajuizada sob a égide da Lei nº 13.467/2017 (reforma trabalhista) e
havendo, agora, norma específica sobre a concessão da justiça gratuita
no âmbito da Justiça do Trabalho, competia ao reclamante provar a
efetiva insuficiência de recursos.
Nesse sentido, precedente da 5ª Turma desta Corte, de minha
relatoria:
RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO NA
VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. JUSTIÇA GRATUITA.
REQUISITOS. COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA
ECONÔMICA. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA.
A denominada Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) modificou os
requisitos para a concessão do benefício da gratuidade da justiça,
exigindo-se, agora, não apenas a mera declaração ou afirmação de que
a parte não possui condições de arcar com as despesas do processo sem
prejuízo do seu sustento e da sua família, como também a
comprovação da situação de insuficiência de recursos, nos termos do
art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT. No caso, considerando que a reclamação
trabalhista foi ajuizada sob a égide da Lei nº 13.467/2017 (reforma
trabalhista) e havendo, agora, norma específica sobre a concessão da
justiça gratuita no âmbito da Justiça do Trabalho, competia ao
reclamante provar a efetiva insuficiência de recursos, ônus do qual se
desincumbiu. A informação constante da inicial no sentido de que o
reclamante encontra-se desempregado, somado ao fato de que, na
vigência do contrato de trabalho em questão, bem como no contrato
seguinte, percebeu salário inferior a 40% do teto da Previdência Social
(conforme anotações lançadas em sua CTPS) autorizam, nos termos do
art. 790, § 3º, da CLT, a concessão do benefício da gratuidade
processual, inclusive, de ofício. Recurso de revista conhecido e
provido. (RR - 1000048-43.2018.5.02.0320 , Relator Ministro: Breno
Medeiros, Data de Julgamento: 26/06/2019, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 28/06/2019)
No presente caso, verifico que o reclamante não se desvencilhou
do seu encargo processual.
Com efeito, conforme menciona o e. TRT, o reclamante percebe
valores superiores a 40% do teto máximo da Previdência Social, o que
desautoriza, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, a concessão do
benefício da gratuidade processual com base na mera declaração de
insuficiência.
Nesse contexto, não tendo sido apresentados argumentos
suficientes à reforma da r. decisão impugnada, deve ser desprovido o
agravo.
(...). (fls. 9/13 – grifos no original)
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Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 100407D22B7D5D75C0.
Assim, no caso presente, considerando que a presente ação foi
ajuizada na vigência da Lei 13.467/2017 e existindo norma específica
acerca da concessão da justiça gratuita na Justiça do Trabalho,
competia ao obreiro demonstrar a efetiva insuficiência de recursos,
ônus do qual não se desincumbiu, conforme consignado pelo Tribunal
Regional.
Por fim, cumpre ressaltar que a Corte Regional ainda deixou
registrado que o atual salário do reclamante (R$ 5.682,00) era superior
a 40% do limite máximo dos benefícios do RGPS, não se enquadrando
na hipótese do § 3º do art. 790 da CLT.
Incólumes, pois, os dispositivos da Constituição Federal apontados
como violados.
NÃO CONHEÇO do recurso de revista.
(...) (fls. 479/486 – grifo nosso)

A parte sustenta que não merece prosperar a decisão


agravada, uma vez que, “declarou sua insuficiência de recursos, sob as
penas da lei (declaração de pobreza devidamente juntada com a inicial),
satisfazendo o requisito legal para a concessão da gratuidade
processual.” (fl. 492).
Assevera que “O artigo 5º, LXXIV, da Constituição
Federal estabelece como direito fundamental a “assistência jurídica
integral e gratuita” pelo Estado aos que comprovarem insuficiência de
recursos, como ocorreu no presente caso.” (fl. 492).
Aponta violação do artigo 5º, XXXV e LXXIV, da CF.
À análise.
De início, constato que a questão jurídica objeto do
recurso de revista, relativa ao tema “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA”,
representa “questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista”, nos termos do art. 896-A, IV, da CLT, porquanto se trata
de inovação legislativa oriunda das alterações promovidas pela Lei
13.467/2017, sobre a qual ainda pende interpretações por esta Corte
Trabalhista, o que configura a transcendência jurídica da matéria em
debate.

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Superado tal registro, observo que, este Relator, por
meio da decisão monocrática às fls. 478/488, não conheceu do recurso de
revista interposto pelo Reclamante, mantendo-se o acórdão regional em
que não foram concedidos os benefícios da justiça gratuita ao obreiro.
Com efeito, o Tribunal Regional, com amparo no
conjunto fático-probatório dos autos, manteve a sentença em que
indeferida a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao Reclamante,
ao fundamento de que, “(...) há necessidade de efetiva comprovação de
insuficiência de recursos para o não pagamento das custas processuais,
o que não se verifica, no caso. De resto, na hipótese, não basta a mera
declaração juntada pelo reclamante, tal como se depreende do §4º do art.
790 da CLT.” (fl. 406).
Conforme constou da decisão agravada, reitero que esta
Turma vem decidindo a matéria no sentido de que, às reclamações
trabalhistas ajuizada na vigência da Lei 13.467/2017, como no caso dos
autos, se aplicam a norma específica acerca da concessão da justiça
gratuita no âmbito da Justiça do Trabalho de que compete ao Reclamante
a demonstração da efetiva insuficiência de recursos.
Cumpre salientar que, nos fundamentos do julgado
(Ag-RR-10257-65.2018.5.03.0060, 5ª Turma, Relator Ministro Breno
Medeiros, DEJT 13/12/2019), adotado como razões de decidir, transcrito
na decisão agravada, constou expressamente que:

(...) o art. 4º, caput, da Lei nº 1.060/50, com redação dada pela Lei nª
7.510/86, estabelecia que, para o deferimento da assistência judiciária,
bastava a mera declaração da parte de que não estava em condições de pagar
as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou
de sua família. Transcrevo:

Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência


judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição
inicial, de que não está em condições de pagar as custas do
processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou
de sua família.

Assim sendo, na vigência do referido dispositivo legal, competia à


parte contrária impugnar expressamente os benefícios da gratuidade da
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justiça, e, somente após tal requerimento, o juiz intimaria a parte beneficiária
para comprovar a sua situação econômica e, à luz de tal comprovação, deferir
ou não a pretendida isenção.
Neste contexto, a jurisprudência do TST havia se consolidado no
sentido de que para a concessão da justiça gratuita à pessoa física, bastava a
mera declaração de hipossuficiência econômica da parte ou por seu
advogado. Nesse sentido a Orientação Jurisprudencial nº 304 da SBDI-1 do
TST:

"HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA.
COMPROVAÇÃO ( DJ 11.08.2003) Atendidos os requisitos
da Lei nº 5.584/70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência
judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu
advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a
sua situação econômica (art. 4º, § 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu
nova redação à Lei nº 1.060/50)."

Com o advento do Novo Código de Processo Civil, aplicado supletiva


e subsidiariamente à Justiça do Trabalho, os artigos da Lei nº 1.060/50 foram
expressamente revogados, de forma que a concessão da gratuidade da justiça
às partes passou a constar do art. 98 do CPC, que em seu caput dispõe:

A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios têm direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.

Depreende-se, portanto, que na vigência do novo CPC, bastava ainda a


mera afirmação da parte requerente de sua insuficiência de recursos para o
deferimento da gratuidade da justiça.
Importante salientar que, de acordo com o CPC, a afirmação de
insuficiência de recursos da pessoa natural goza de presunção de veracidade,
e somente poderá ser afastada com a impugnação da parte contrária que
comprove que as circunstâncias reais demonstram que o benefício não deve
subsistir, art. 99, §§ 2º e 3º, do CPC:

"(...) § 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se


houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do
preenchimento dos referidos pressupostos.
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§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural."

E, para se adequar ao novo CPC, a Orientação Jurisprudencial nº 304


da SBDI-1 do TST foi convertida na Súmula 463, que em seu item I passou a
exigir que o advogado, para requerer a concessão da justiça gratuita em nome
da parte, tenha procuração com poderes específicos para tal finalidade:

SUM-463 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA.


COMPROVA-ÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial
nº 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015) -
Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 –
republicada - DEJT di-vulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência
judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de
hipossuficiência eco-nômica firmada pela parte ou por seu
advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015)"

Entretanto, a denominada Reforma Trabalhista modificou os requisitos


para a concessão do benefício da gratuidade da justiça, exigindo-se, a partir
da vigência da Lei nº 13.467/2017, não apenas a mera declaração ou
afirmação que a parte não possui condições de arcar com as despesas do
processo sem prejuízo do seu sustento e da sua família, como também a
efetiva comprovação da situação de insuficiência de recursos, nos termos do
art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT (destaques acrescidos):

§3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes


dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a
requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita,
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que
perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por
cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.
§ 4o O benefício da justiça gratuita será concedido à parte
que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das
custas do processo.

Assim, no caso, considerando que a reclamação trabalhista foi ajuizada


sob a égide da Lei nº 13.467/2017 (reforma trabalhista) e havendo, agora,
norma específica sobre a concessão da justiça gratuita no âmbito da Justiça

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do Trabalho, competia ao reclamante provar a efetiva insuficiência de
recursos.
Nesse sentido, precedente da 5ª Turma desta Corte, de minha relatoria:

RECURSO DE REVISTA. ACÓRDÃO PUBLICADO


NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.467/2017. JUSTIÇA
GRATUITA. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO DA
HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. TRANSCENDÊNCIA
JURÍDICA RECONHECIDA. A denominada Reforma
Trabalhista (Lei nº 13.467/2017) modificou os requisitos para a
concessão do benefício da gratuidade da justiça, exigindo-se,
agora, não apenas a mera declaração ou afirmação de que a parte
não possui condições de arcar com as despesas do processo sem
prejuízo do seu sustento e da sua família, como também a
comprovação da situação de insuficiência de recursos, nos
termos do art. 790, §§ 3º e 4º, da CLT. No caso, considerando
que a reclamação trabalhista foi ajuizada sob a égide da Lei
nº 13.467/2017 (reforma trabalhista) e havendo, agora,
norma específica sobre a concessão da justiça gratuita no
âmbito da Justiça do Trabalho, competia ao reclamante
provar a efetiva insuficiência de recursos, ônus do qual se
desincumbiu. A informação constante da inicial no sentido de
que o reclamante encontra-se desempregado, somado ao fato de
que, na vigência do contrato de trabalho em questão, bem como
no contrato seguinte, percebeu salário inferior a 40% do teto da
Previdência Social (conforme anotações lançadas em sua CTPS)
autorizam, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, a concessão do
benefício da gratuidade processual, inclusive, de ofício. Recurso
de revista conhecido e provido. (RR -
1000048-43.2018.5.02.0320 , Relator Ministro: Breno Medeiros,
Data de Julgamento: 26/06/2019, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 28/06/2019)

No presente caso, verifico que o reclamante não se desvencilhou do seu


encargo processual.
Com efeito, conforme menciona o e. TRT, o reclamante percebe
valores superiores a 40% do teto máximo da Previdência Social, o que
desautoriza, nos termos do art. 790, § 3º, da CLT, a concessão do benefício
da gratuidade processual com base na mera declaração de insuficiência.
Nesse contexto, não tendo sido apresentados argumentos suficientes à
reforma da r. decisão impugnada, deve ser desprovido o agravo.
(...). (fls. 9/13 – grifos no original)
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O Relator da decisão agravada concluiu que, tendo em
vista que a ação foi ajuizada na vigência da Lei 13.467/2017 e inexistindo
norma específica sobre a concessão da justiça gratuita na Justiça do
Trabalho, competia ao Reclamante comprovar a efetiva insuficiência de
recursos, ônus do qual não se desincumbiu, conforme restou consignado
pela Corte Regional.
Ressaltando, por fim, que o Tribunal Regional
consignou que o salário do obreiro (R$ 5.682,00) era superior a 40% do
limite máximo dos benefícios do RGPS, não se enquadrando na hipótese do
§ 3º do art. 790 da CLT. Não havendo falar em violação dos dispositivos
da Constituição Federal apontados.
Nesse contexto, não afastados os fundamentos da
decisão agravada, nenhum reparo merece a decisão.

2.2. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. ART.


791-A DA CLT. APLICABILIDADE.

Eis os termos da decisão:

(...)
Quanto ao tema “honorários advocatícios”, ressalto que foi
indeferida a gratuidade de justiça ao Reclamante.
Ademais, o Tribunal Regional condenou o Reclamante aos honorários
advocatícios de sucumbência, por entender que as disposições trazidas na Lei
13.467/2017 são aplicáveis ao presente caso.
De fato, conforme artigo 6º da Instrução Normativa 41/2018 elaborada
por esta Corte Superior, a alteração promovida pela Lei 13.467/2017,
referente aos honorários advocatícios sucumbenciais, só se aplica às ações
propostas após 11 de novembro de 2017.
Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários
advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de
2017 (Lei nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente,
subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas
nos 219 e 329 do TST.
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Na hipótese, a ação foi proposta em 19/03/2019, portanto, após a
vigência da Lei 13.467/2017 e, desse modo, o regramento relativo à
condenação de honorários advocatícios segue a diretriz da referida
legislação.
A esse respeito o artigo 791-A da CLT dispõe in verbis:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão
devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor
que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
Incide, portanto, o disposto no artigo 791-A da CLT, de modo que
a condenação do Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios
não implica violação dos dispositivos invocados.
Não se tratando, portanto, de questão jurídica nova (transcendência
jurídica) ou de ofensa a direito social constitucionalmente assegurado
(transcendência social), ou ainda de questão em que esteja envolvido valor
da causa de montante elevado (transcendência econômica), não há como
processar o presente recurso de revista.
Ademais, não há, a partir das específicas circunstâncias fáticas
consideradas pela Corte Regional, jurisprudência dissonante pacífica e
reiterada no âmbito desta Corte, não se configurando a transcendência
política do debate proposto.
Ante o exposto, inexistindo a transcendência e amparado no artigo 932
do CPC, NÃO CONHEÇO do recurso de revista.
(...) (fls. 487/488 – grifo nosso)

O Reclamante, em seu agravo, sustenta ser indevida sua


condenação ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais, ao
argumento de que é parte hipossuficiente e beneficiária da justiça
gratuita.
Destaca estar demonstrada a transcendência do debate
proposto.
Afirma, ainda, que “o crédito trabalhista decorrente
de comando judicial possui natureza de verba estritamente alimentar,
conforme art. 100, §2º, da CF, da qual, portanto, o trabalhador se vale
para sua sobrevivência e de sua família.” (fl. 493).
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Aponta violação do artigo 5º, LXXIV, e 102, § 2º, da
Constituição Federal.
À análise.
Inicialmente, constato que o tema “HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS” representa "questão nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista", nos termos do art. 896-A, IV, da CLT, porquanto
se trata de inovação legislativa oriunda das alterações promovidas pela
Lei 13.467/2017, sobre as quais ainda pende interpretações por esta Corte
Trabalhista, restando, pois, configurada a transcendência jurídica da
matéria em debate.
Feita essa consideração, ressalto que foi indeferida
a gratuidade de justiça ao Reclamante.
No caso, o Tribunal Regional condenou o Reclamante aos
honorários advocatícios de sucumbência, entendendo que as disposições
trazidas na Lei 13.467/2017 são aplicáveis ao presente caso.
De fato, conforme artigo 6º da Instrução Normativa
41/2018 elaborada por esta Corte Superior, as alteração promovida pela
Lei 13.467, referente aos honorários advocatícios sucumbenciais, só se
aplica às ações propostas após 11 de novembro de 2017.

Art. 6º Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários


advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da CLT,
será aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017 (Lei
nº 13.467/2017). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as diretrizes
do art. 14 da Lei nº 5.584/1970 e das Súmulas nos 219 e 329 do TST.

Na hipótese, a ação foi proposta em 19/03/2019,


portanto, após a vigência da Lei 13.467/2017 e, desse modo, o regramento
relativo à condenação de honorários advocatícios segue a diretriz da
referida legislação.
A esse respeito o artigo 791-A da CLT dispõe in verbis:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão


devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco
por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar
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da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

Incide, portanto, o disposto no artigo 791-A da CLT,


de modo que a condenação do Reclamante ao pagamento de honorários
advocatícios não implica violação dos dispositivos invocados.
Por essas razões, embora reconheça a transcendência
jurídica da causa, verifico que a decisão Regional foi proferida em
sintonia com a legislação trabalhista e o entendimento contido na
Instrução Normativa do TST, não desafiando reforma.
Ademais, constatado o caráter manifestamente
inadmissível do agravo, impõe-se a aplicação da multa prevista no artigo
1.021, § 4º, do CPC, no percentual de 1% sobre o valor dado à causa (R$
36.355,94), o que perfaz o montante de R$ 363,55, a ser revertido em favor
da Agravada, devidamente atualizado, nos termos do referido dispositivo
de lei.
NEGO PROVIMENTO.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Quinta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo e,
constatando o caráter manifestamente inadmissível do apelo, aplicar ao
Agravante a multa prevista no artigo 1.021, § 4º, do CPC/2015, no
percentual de 1% sobre o valor dado à causa (R$ 36.355,94), o que perfaz
o montante de R$ 363,55, a ser revertido em favor da Agravada, devidamente
atualizado, nos termos do referido dispositivo de lei.
Brasília, 3 de março de 2021.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


DOUGLAS ALENCAR RODRIGUES
Ministro Relator

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